Não conte a ninguém escrita por StellaHime


Capítulo 4
Orfanato


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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— Senhor governador! Serena! O que vocês fazem aqui? – Seiya disse, surpreso.

— Eu fiquei intrigado com o leilão de ontem e pedi a um amigo que me dissesse onde eu poderia encontrá-lo, Seiya Kou – Kenji tomou a palavra. – Foi então que há pouco eu soube que você tinha salvado a minha filha de um grave acidente.

Seiya ficou intrigado com as palavras do governador e olhou para Serena, que estava cabisbaixa. Será que Artemis havia dito algo a ele?

— Fico feliz que o senhor tenha gostado da festa de ontem. E, sobre salvar a sua filha, bem, eu não fiz nada demais – ele respondeu e sorriu gentilmente.

— Oras, como você é modesto. Eu tenho uma dívida impagável com você a partir de hoje, meu caro. E devo admitir que você faz um trabalho incrível aqui. Quando fiquei sabendo que você é o responsável por tudo e por aquelas crianças, meu coração se encheu de alegria. E resolvi ajudar de alguma forma.

Quanta besteira para uma pessoa só. Provavelmente Kenji só estava falando aquilo porque queria se promover e se reeleger. Um governador caridoso, quem não gostaria? Mas, se ele iria fazer algo pelas crianças, já era ótimo. Seiya não poderia recusar.

— Nós agradecemos muito a generosidade, senhor.

— Me chame de Kenji, por favor – o pai de Serena o interrompeu e estendeu a mão para Seiya, que a apertou. – Quero agora selar um pacto de amizade com você e com as crianças.

— Muito obrigado, Kenji.

— Eu já ia me esquecendo – Kenji iniciou novamente e olhou para Serena, que ainda estava cabisbaixa. Ela ainda não havia olhado para Seiya desde que os dois começaram a conversar. - Como forma de oficializar nosso pacto, gostaria de convidá-lo a um singelo almoço neste domingo, para comemorar o aniversário da minha adorada filha. Será na nossa casa, ao meio dia.

Seiya olhou para a garota após o convite do homem. Ela finalmente levantou a cabeça e o encarou sem jeito, assentindo com um sorriso.

— Pode confirmar a minha presença, senhor. Ou melhor, Kenji. Estarei lá sem falta.

— Ótimo. Agora, se me dá licença, tenho que ir – Kenji mal terminou a frase e Serena pigarreou. Ele olhou para a filha sem jeito, num pedido de desculpas, e prosseguiu: – Ah, sim. Serena insistiu para vir comigo. Ela quer conhecer um pouco mais do seu trabalho aqui. Acho que será bom para minha filha.

Seiya deu um sorriso largo quando ouviu as últimas frases de Kenji e então assentiu, olhando para a garota. Ele agradeceu ao governador mais uma vez e os dois se despediram.

— Artemis está por ai, espero que não se importe – Serena disse num tom baixo, assim que o pai saiu do orfanato.

— Que nada, Bombom. Quanto mais gente melhor – ele disse com um sorriso e virou-se para ela, pegando a sua mão e dizendo: - Vem comigo, vou te mostrar tudo.

Serena não teve tempo de reclamar do apelido, porque logo ele a estava puxando e falando sem parar sobre os cômodos, os funcionários e, principalmente, as crianças.

Enquanto conheciam o local, Serena notou que Artemis fizera amizade com uma garotinha de cerca de cinco anos e de cabelos lilás, a qual Seiya disse que se chamava Diana.

Seiya mostrou a Serena todos os cinco quartos das crianças e os dois quartos dos funcionários. Além disso, conheceu também os principais funcionários do orfanato: Kakyuu, Taiki, Yaten, Haruka e Michiru. Por fim, quando ela estava conhecendo o último cômodo, a cozinha, uma garotinha de cabelos e olhos vermelhos apareceu e a olhou curiosa, inclinando a cabeça para o lado.

— Olá, como você se chama? – Serena disse com um sorriso à garota.

— Batizamos ela de Chibi, porque ela só fala isso desde que chegou aqui – Seiya interrompeu e prosseguiu: - Chibi, essa aqui é uma amiga do papai.

— Ué, ela é sua filha? Você disse que não era casado – Serena disse desconfiada, e então Seiya gargalhou e pegou a garotinha no colo.

— Eu a encontrei quando ela ainda era recém-nascida. Estava toda suja de sangue e abandonada perto de uma lixeira. Como aqui nós não aceitávamos recém-nascidos, convenci Kakyuu a acolhê-la e cuidei dela como se fosse minha filha - Seiya respondeu, mesmo sabendo que Serena não havia perguntado nada a respeito disso.

Aquela garotinha em especial era quem o incentivava a continuar lutando por aquele orfanato. Há dois anos ela havia se tornado o motivo de tudo o que ele fazia. Talvez aquilo tudo fosse só uma desculpa, uma forma de ele mesmo tentar evitar que tudo o que aconteceu a ele acontecesse a ela.

— O almoço já deve estar pronto. Você gostaria de almoçar conosco? Não é um almoço que você deve estar acostumada, mas garanto que está muito bom. Haruka cozinha muito bem! - Seiya disse alguns minutos depois que terminou de mostrar tudo a Serena, inclusive as crianças.

— Por mim, está ótimo. 

~~

Após o almoço, Serena e Seiya voltaram ao escritório enquanto as crianças foram escovar os dentes e tomar banho. Lá, eles se sentaram lado a lado e começaram a conversar.

— Seiya - Serena iniciou -, muito obrigada mais uma vez. Eu... Eu não sei no que estava pensando quando...

— Não se preocupe. Dá para ver que tem alguma coisa te preocupando - a resposta do moreno fez com que Serena arregalasse seus olhos, surpresa. Ele prosseguiu: - Desde o leilão eu percebi. Você não parecia muito à vontade nem muito feliz. Por isso, se precisar conversar, pode contar comigo.

— Estou passando por uns problemas, não está sendo fácil.

— Os problemas sempre vão existir, bombom - Ele retomou à palavra, mas, dessa vez, ela não quis se dar ao luxo de retrucar pelo apelido, apenas o escutou. E então ele a encarou com um sorriso no rosto: - Mas cabe a nós decidirmos se vamos nos resignar ou se vamos enfrentá-los e dar tudo de nós para mudá-lo.

A forma com que Seiya falava trazia tanta segurança à garota que ela não conseguia duvidar de uma só palavra dele. Quem era esse homem para ser tão seguro assim?

— Eu cresci aqui, sabia? E tive que aprender tudo da pior maneira.

De repente, Seiya fechou seus olhos por alguns segundos e quando os abriu, a garota percebeu um quê de tristeza neles. Ela percebeu também que o que viria a seguir não era dito a qualquer pessoa.

— Eu tinha quatro anos quando meus pais morreram em um acidente de carro. Eu não me lembro muito de nada, porque era muito pequeno, mas sei que vim parar neste lugar. Eu não tinha ninguém quando entrei aqui. Eu sabia mal meu nome... - Ele abaixou seus olhos enquanto falava, como se tentasse falhamente se lembrar de algo. - Mas, como eu disse, ou eu dava a volta por cima, ou continuaria como "mais um órfão". Eu cresci aqui, frequentei uma escola pública do bairro, aprendi a ler e a escrever. Aos quinze, arranjei meu primeiro emprego e aos dezoito entrei para a faculdade. Eu consegui me formar, subi na vida e hoje trabalho aqui, ajudando essas crianças. 

— Nossa, Seiya. Que história!

— Tudo isso para te mostrar que é possível. Eu consegui superar as dificuldades, apesar de tudo. Ainda enfrentamos muita coisa aqui, mas a gente sempre consegue dar um jeito. Nunca me faltou nada aqui. E eu não vou permitir que falte algo a essas crianças.

 Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, até que Seiya perguntou algo sobre o aniversário da garota e os dois conversaram por vários minutos.

Aquela garota ainda o deixava intrigado, mas, aos poucos, Seiya estava conseguindo conhecê-la um pouco mais. E, novamente, algo dentro dele ficou extremamente satisfeito quando conseguiu vê-la sorrindo mais uma vez. Quem era aquela garota, afinal? E por que aquele sorriso o fazia se sentir tão bem?


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Notas finais do capítulo

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