Crônicas Mavidélicas escrita por Cebola1305


Capítulo 3
Mavidele




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POV Cebola

            Acordei com o sol no meu rosto ainda atordoado. Me sentei e rapidamente me dei conta do acidente. Desesperado, procurei logo por meus amigos que estavam caídos próximos a mim. Fui ao encontro deles socorrê-los.

            – Nós morremos? – perguntou Yugi divagando – que lugar bonito, estamos no Éden, nos Campos Elísios – continuou divagando.

            – Se morremos, por que minha cabeça dói tanto? – perguntou Cascão com as mãos massageando as têmporas.

            – Pessoal...onde está o carro? – pergunto olhando ao redor – ele não deveria estar por aqui.

            – Verdade! – nota Cascão levantando.

            – Não lembro dessa região ter uma paisagem como essa. – comentou Yugi apontando para a vista ao nosso redor.

            A visão nos deslumbrou. Era uma vasta estepe verdejante com uma relva cobrindo o solo. Ao fundo alguns montes davam um toque a mais nessa região. Havia a formação de um vale no local próximo aquele relevo com um pequeno riacho correndo. A leste, um bosque com árvores de médio a grande porte e uma pequena trilha entre elas. Parece que não estávamos mais na Itália.

            Começamos a caminhar em direção do bosque procurando onde a trilha poderia nos levar. Íamos em busca de ajuda, pois não estávamos entendendo o que poderia ter ocorrido conosco. Logo chegamos à trilha. Quando íamos adentrar Cascão lembrou:

            – Nossos celulares!! Vamos ligar para alguém e avisar do acidente. – gritou entusiasmado.

            Yugi e eu ficamos animados com a ideia do Cascão. Estávamos tão desnorteados que esquecemos que poderíamos ter comunicado à polícia ou chamado alguma ambulância. Nosso amigo pegou se aparelho móvel e veio a frustração: não tinha sinal. Caminhamos em todas as direções e nem se quer uma barrinha para nos dar esperança. O meu e o de Yugi também não funcionavam e para completar nossa desilusão, a bateria acabou.

— Droga! – praguejou Cascão – estamos perdidos no meio do nada, sem nenhuma comunicação com o exterior.

— Vamos voltar à trilha – disse Yugi – talvez encontremos alguém ou alguma comunidade que possa nos ajudar e nos dar informações.

— Ou nos comer – retrucou cascão já estressado.

— Não é o Holocausto Canibal, Cascão – falei tentando convencê-lo.

— Me garanta? – questionou.

— Eu garanto que se tiverem canibais evitaremos que eles te devorem e passem mal com sua falta de banho – falei rindo enquanto ele taca um graveto em mim.

— Com ou sem canibais temos que procurar ajuda – comentou Yugi em tom mais sério.

Começamos a caminhar pela trilha procurando alguém que pudesse nos dizer onde estávamos e ter uma ideia do que havia acontecido conosco. Caminhamos por um tempo, me pareceram horas, e não encontramos muita coisa. Nos deparamos com um rio, provavelmente o mesmo que tínhamos visto no vale e resolvemos acampar por ali. Nos hidratamos e buscamos algumas frutas na mata.

POV Cascão

            Comecei a procurar por alguns frutos comestíveis naquele lugar esquisito. Até que o bosque tinha macieiras e pereiras carregadas, as quais colhi para que pudéssemos passar a noite. O grande problema é que não confiava muito na região. Por mais bonita que a paisagem fosse, não me transmitia confiança, me lembrava coisas que aconteciam nos filmes; alguém ou alguma coisa com más intenções poderia surgir a qualquer momento e ceifar a vida do pobre Cascão.

            Deixei esses pensamentos de lado e segui caminho torcendo para que o Cebola tenha conseguido alguma lenha para fazermos uma fogueira e o Yugi pescado alguma coisa. Pelo que conheço dos dois vamos ter que fazer alguns esforços a mais. Caminhei em direção ao rio. De repente comecei a perceber alguma movimentação. Fiquei nervoso e comecei a notar que estava sendo seguido, pelo menos achava. Acelerei o passo e desviei algumas vezes para tentar confundir o que quer que me seguisse. Logo que cheguei ao rio informei a meus colegas que já estavam lá:

            – Pessoal! Alguma coisa está me seguindo – falei ofegante.

            – Tem certeza que não é sua imaginação? – perguntou Yugi incrédulo.

            – Não – falei sério – algo estava me observando. Por isso demorei, fiz o máximo de curvas e outras rotas para tentar despistá-lo.

            – Se realmente for alguém observando temos que tomar precauções, mesmo que seja um animal selvagem. Ele pode estar faminto e nos caçar – comentou Cebola.

            – Acha que devemos acender a fogueira? – perguntei.

            – Se for um animal selvagem, o que é mais plausível, a fogueira vai ajudar a espantá-lo – replicou Yugi ainda cético.

— Podemos acender duas fogueiras. Uma para despistar nosso intruso e a outra para nos aquecermos. É só procurarmos um ângulo em que somente nossas sombras sejam vistas. – falou Cebola com um sorriso malicioso.

— Mas se nossas sombras aparecerem aí é que vão nos encontrar – falei sem entender.

Cebola sorriu mais uma vez e comentou:

— Vamos criar alguma coisa que forme sombras semelhantes a dos humanos. Podemos confundir o perseguidor e fazê-lo pensar que estamos em determinado local e até mesmo fugindo, nos dando tempo de nos ocultarmos caso percebam o plano.

— Fala como se fossem humanos atrás do Cascão – comentou Yugi – e se for um animal?

— Ele atacará os objetos que se parecem com forma humana e ao perceber o erro irá desistir.

— É uma boa ideia! – falei entusiasmado.

Começamos a alinhar algumas lenhas para que elas formassem sombras semelhantes a de pessoas. Acendemos as fogueiras com o restante da madeira e procuramos uma posição onde somente a silhueta dos bonecos aparecessem. Nos colocamos de frente a uma árvore para que não fossemos percebidos.

Passou-se algum tempo e ouvimos ruídos nos arbustos. Ficamos tenso torcendo para que o plano de Cebola desse certo. O barulho ficou mais intenso e logo vimos que estava próximo de nós. Prendemos a respiração e logo algo surgiu em nossa frente: um javali! Nossos suspiros foram ouvidos pois estávamos aliviados. Um pequeno animal, provavelmente buscando comida.

— Parece que o Yugi estava certo – falei dando o braço a torcer.

— Viu?! Não tinha com o que se preocupar – falou Yugi com um ar de satisfação.

Porém, no mesmo momento ouvimos mais uma movimentação. Dessas vez não parecia um animal. Pudemos observar que eram pessoas! Pensamos em conversar com elas, todavia, vimos que portavam lanças. O medo falou mais alto e nos embrenhamos no meio da mata desesperados.

Dia seguinte

POV Denise

Me levantei cedo. Era preciso cumprir a ordem de fazer a pequena incursão ordenada pela comandante Mônica. Percebi que Xaveco já tinha saído. Ele e sua mania de não querer acordar sua noiva, eu! Me despi e fui à tina tomar um banho e relaxar um pouco. Logo após vesti minha roupa de combate e segui ao refeitório. Meu noivo e Sofia já estavam lá.

— Bom dia amor! – cumprimentei-o dando-lhe um selinho.

— Bom dia – respondeu retribuindo o beijo.

— Bom dia Dê! – falou Sofia de boca cheia.

— Bom dia Maitê! – retribuí.

— É Sófia...deixa pra lá – respondeu irritada.

Esses dois eram meus companheiros desde que servíamos ao Império. Xaveco era um dos poucos oficiais que seguiu o lado da resistência. Ele não via motivos nas ambições do imperador. Disse que este se igualara à antiga monarca de Endívia, continuava ganancioso e prepotente e não era mais a pessoa que havia lutado dez anos atrás. Nos tornamos noivos a três anos, quando nos aproximamos bastante nas batalhas travadas contra o governo. Começamos a namorar e ele logo me pediu em noivado. Aceitei! Sua devoção, valentia e senso de justiça me encantaram, não há um só guerreiro no Império que seja capaz de derrota-lo.

Já a Sofia foi recrutada pela Mônica quando esta viu seu desempenho para defender sua família que tivera a fazenda saqueada pelas tropas imperiais. Ela era extremamente forte. Uma guerreira nata, era nossa principal defesa e uma grande companheira. Se tornou minha grande amiga. Eu pessoalmente pedi a comandante para que ficasse sobre meu comando. Atendido o pedido, saímos para várias missões, a de hoje seria mais uma. Bem simples se comparada às que temos normalmente.

Após o café-da-manhã, saímos e convocamos mais dez soldados. Deveríamos dar conta desse pequeno grupo de saqueadores (ou ladrões de galinha como dizia o Xaveco). Começamos a vasculhar os arredores, partindo do local onde os vimos pela última vez. As fogueiras ainda estavam frescas. Delas ainda saiam um pouco de fumaça. A ideia de acender as duas em lugares diferentes para nos confundir foi bem bolada, já que admito que nos enganou um pouco. Passamos a seguir alguns rastros no trajeto do rio. E logo nos deparamos com os invasores bebendo água. Agora eu podia ver: eram três. Não me pareciam uma ameaça, mas tínhamos que fazer nosso trabalho. Então dei a ordem:

— Atacar!!

O Xaveco correu atrás do primeiro que correu, desesperado pela visão de nossa pequena tropa. Logo o alcançou.

— Calma aí rapaz! É melhor se render – falou apontando sua espada – mas o que?! – exclamou de repente.

— Parado invasor! – ordenou Sofia acertando uma rasteira no outro rapas. Mas repentinamente se assustou – Você!!

Eu estava ocupada perseguindo o último fugitivo com mais três soldados. Ele me ajudou ao tropeçar em uma pedra que estava em sua frente. Meus soldados se aproximaram e apontaram suas lanças para ele. Porém, a feição deles também mudou. Me aproximei para ver o que estava acontecendo. Qual o motivo de tanto espanto? Logo descobri.

— Muito bem senhor fujão, o que faz aq... – neste momento também me espanto. Não podia ser ele – imperador Cebola?!


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