Crônicas Mavidélicas escrita por Cebola1305


Capítulo 2
Comandante




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POV Mônica

            Estive analisando mapas e papéis na minha mesa durante todo o dia que nem percebi o passar do dia. Estudar as cartas desde o dejejum, única refeição que tinha feito até aquele momento. Era importante que preparasse o próximo ataque.

            Faz algum tempo que não planejamos mais ataques ao Império. Uma trégua estratégica que nos poupou recursos e serviu também como descanso. Fazia cinco anos que estávamos nessa guerra contra o imperador de Endívia. O país estava dividido desde então. Comecei a divagar sobre dez anos atrás quando fazia parte do grupo que derrubou a antiga imperatriz, lutava lado a lado com o novo governante endiviano e demais companheiros.  Porém os rumos mudaram, nos tornamos indiferentes e em alguns caso inimigos. Aos 20 pensei que iria conquistar a paz, hoje aos 30 anos, percebo que estou destinada a combater, e no momento, sem perspectiva de descanso.

            Enquanto estava em meus devaneios, alguém entra na minha cabana.

            – Comandante? – pergunta.

            – Entre! – digo saindo de minha transe.

            – Sou eu Marina. Faz horas que a senhora está aí observando esses mapas.

— Admito que me deixei levar pelo trabalho – falei – mas é preciso projetar e tentar prever os próximos movimentos nossos e de nossos antagonistas.

— Deveria comer algo – retrucou Marina.

— Daqui a pouco irei me juntar a vocês – falei sorrindo.

Ela assentiu com a cabeça fazendo uma referência respeitosa e saiu. Marina era minha tenente-general, meu braço direito. Ela lutara ao meu lado desde a derrubada da imperatriz. Continuou comigo após nos desligarmos do atual imperador. Ela era uma excelente combatente sempre me substituindo quando fora preciso, vencendo diversos combates e evitando derrotas piores.

Resolvi sair da cabana e me juntar à turma para o jantar, já era noite. Quando Marina falou que tinha passado horas não imaginei que era um dia inteiro. Segui para a mesa e tomei assento. Ao me sentar todas na mesa se levantaram e fizeram uma reverência. Pedi para que se sentassem e mencionei mais uma vez que não era necessário tais formalidades, porém sei que não adiantaria. Ser a líder das Amazonas é um dever que empenho com muito orgulho.

Possuir uma divisão de elite composta por mulheres foi uma ideia minha antes de me sublevar contra o governo de Endívia. Não tínhamos muitas distinções nos papeis de mulheres e homens dentro do exército, desde de que bem treinados, qualquer um poderia fazer parte deste. Não troco nenhuma das minhas guerreiras por outros exércitos mais numerosos, somos uma divisão consistente e forte. Elas me seguiram quando resolvi iniciar a revolta. Lutamos nesses cinco anos comandando a resistência e nesse período perdemos muitas companheiras, mas nos mantivemos firmes para honrar suas memórias. Desde as veteranas como a Marina, a Aninha, a Carmem, a Aninha, a Xabéu e a Dorinha, até as mais novas como a Irene, a Isa e a Maria Melo. Costumávamos fazer as refeições juntas para manter nossos laços de amizade e descontrair um pouco. Tentar levar uma vida normal no meio desse turbilhão.

Enquanto interagíamos senti falta de alguém...uma pessoa que costumava animar e provocar nossa reunião. De repente recebo um tapinha nas costas e um beijo na bochecha.

— Chefinha! Enfim saiu daquela cabana.

— Sim – respondi com um sorriso – e você onde estava Denise?

— Estava com o Xaveco fazendo a patrulha, oras! – respondeu.

— Só a patrulha? – perguntei sarcasticamente.

— Dessa vez só, fofa! Duvida da minha responsabilidade? – retrucou irônica.

— Um pouquinho – ri abraçando-a.

Denise, assim como Marina, era minha companheira de batalha fazia dez anos. Lutamos juntas todos esses anos, fazendo com que tivéssemos laços mais estreitos desde então. Ela era extrovertida e sempre nos animava durante os intervalos das batalhas. Lutava bravamente e sempre que preciso fazia patrulhas e incursões para espionar o inimigo. Ela e sua amiga Sofia, que sempre a acompanhava, eram minhas coronéis, estavam abaixo apenas de mim e da Marina em comando. Cabia a elas nossas defesas e a inteligência no campo de batalha.

O jantar foi servido e aproveitei para tomar um bom vinho! Era uma das formas que eu procurava me desestressar, juntamente com uma boa carne de javali assada! A verdade é que estava faminta mais de doze horas sem comer é dose! Após o jantar conversamos mais um pouco e me retirei para a minha cabana. Precisava dormir e acordar cedo no dia seguinte para trabalhar em novos planos. Antes, porém, ouvi um chamado. Me virei e vi Denise, Xaveco e Sofia se aproximando.

— Comandante! – falou o rapaz – durante nossa ronda percebemos movimentações estranhas próximo a nossos muros de defesa.

— O exército imperial? – perguntei.

— Duvido muito senhora – tomou a palavra Sofia – não parecia ser mais do que três ou quatro pessoas.

— Então qual o problema? Acham que são espiões?

— Não amiga – falou Denise – acho que são pessoas diferentes, não são do nosso reino.

— Como assim? – perguntei já confusa – acha que são refugiados?

— Pode ser...mas correram logo assim que nos viram. Uma atitude suspeita para refugiados. Estão mais para ladrões.

— Ladrões de galinha – riu Xaveco, mas logo ficando sério ao observar meu olhar de reprovação.

— Ladrões de galinha ou não, quero segurança reforçada esta noite. Não podemos facilitar com o exército imperial. Eles podem muito bem estar disfarçados.

— Sim senhora! – disseram os três.

— E antes que me esqueça – falei – quero que vocês três levem um pequeno grupo de batedores para capturá-los. Quero interroga-los e saber se são realmente refugiados e ladrões ou espiões a serviço do Império.

Os três se despediram e seguiram para a guarita avisar aos soldados para dobrar a segurança durante a noite. Entrei na cabana e tomei mais um pouco de vinho. Olhei para os mapas e cartas, suspirei e pensei: “amanhã, Mônica, amanhã”. Apaguei a luz e logo adormeci.


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