Venha Comigo. vol 3: Vida Morta escrita por Cassiano Souza


Capítulo 8
Caminho de espinhos


Notas iniciais do capítulo

Finalmente saímos desse hiato quase interminável! Kkkk sempre é assim com Doctor Who! Mas capítulo que acabou demorando muito para sair, mas por diversas causas externas e interpessoais, mas o que importa é que aqui estamos. Eu gostei do capítulo, porém aviso que talvez você não goste, pois ele serve como um enorme aprofundamento da história e banho de sangue. Talvez pareça que eu estou mudando de assunto durante a leitura, mas não, tudo isso terá seu lugar. BOA LEITURA!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771366/chapter/8

 

 

Algum planeta gélido. 150.000.000 de anos atrás.

— Há uma informação urgente enviada pelo alto comando. - Avisou um Cyberman, a outro, numa sala de comandos.

— Qual informação?

— Os conflitos cósmicos estão se intensificando, devemos manter distância.

— Qual o significado desta colocação?

— Hibernação.

— Por quanto tempo?

— Por tempo indeterminado, apenas devemos nos preservar, as batalhas estão cada vez maiores.

— De acordo.

E assim, toda a cyber-tumba entrava em hibernação, mas, não apenas ali naquele frio planeta, e sim, em todos os centenas de cyber-postos espalhados pela galáxia.

E há 150.000.000 de anos depois, neste mesmo planeta, muita coisa já havia mudado, e onde antes era um imenso deserto de neve, agora era uma imensa floresta exótica.

— Onde você se escondeu, pequenino tarlhotarcoe? Não quero te machucar... E está se aproveitando das minhas condições. Se eu estivesse podendo correr. - Uooltc encarava rondando o mato a sua volta, e apontando uma arma. – Ah, você está aí!

Se aproximou do animal, mas, que estava ali, estirado no chão, um ser semelhante a um coelho, porém, com um severo casco de tartaruga.

— Eu ainda não atirei em você! Por que está assim? - O ser estava morto. – E esse tiro foi feio. Quem fez isso?!

— Eu sou o supervisor. - Respondeu uma voz eletrônica, sinistra. – Eu fiz isso.

Mas, reconhecendo aquela voz inimaginável, Uooltc logo se vira apontando a sua arma para um Cyberman, logo atrás dele.

— Este espécime estava causando sérios danos à cyber-tumba. - Esclareceu, o ser metálico. 

Entretanto, ignorando aquelas palavras, Uooltc apenas dispara constante contra a fera de aço, porém, que nada era afetado, graças a sua resistente armadura.

— Você é um Cyberman! - Exclama o caçador. 

— Correto. - Corresponde o supervisor. 

Porém, também ignorando aqueles pífios disparos, se aproxima o Cyberman, e retira à força a arma de Uooltc, das suas mãos, e a atira pela floresta, deixando assim, o pobre homem completamente indefeso.

— Me deixe em paz! - Pede o caçador, caindo no chão. – Não posso correr... Só posso andar. As minhas pernas estão cada vez piores!

— Você possui problemas que afetam a sua vida. Isso não precisa ser assim. Junte-se a mim, e você será atualizado.

— Não! Saia daqui! - Uooltc se arrasta até próximo de uma arvore.

— Você não possuirá mais problemas, você não terá doenças, você não irá envelhecer, você nunca morrerá.

— Eu não quero ser como você!

— De acordo, mas qualquer elemento contrário deve ser deletado.

— Não!

Então, ignorando as negações do humano decadente, se aproximava assim o ameaçador homem metálico, mas, Uooltc já chegando na arvore onde queria, acabava puxando uma corda, e assim, um enorme tronco pendurado por dois cabos de aço acabavam atingindo o terrível ser, e arrancando afora a sua cabeça, e o seu decapitado corpo caía então ajoelhado sobre o chão repleto de folhas secas.

— Eu disse pra sair. - Avisou o homem, tentando se erguer, segurando-se pelo tronco da arvore. – Mas no entanto.... Enquanto você perdeu a cabeça... Eu acho que estou prestes a perder as pernas.

Mas, ainda assim, tentava mesmo que desencorajado dar alguns passos, onde logo, percebia o quanto ele estava realmente prestes a perder as pernas, e conceder à sua filha mais velha as suas várias e indesejáveis maçantes responsabilidades. Enquanto ela, seria a sua representante física, ele, apenas ficaria nas sombras, como uma voz guiadora.

***

E há 25 anos depois, estava agora Gaaiu, partindo com as suas responsabilidades, ela, e os seus ajudantes e fiéis amigos, Lermin, Kral, Gharn e a sua jovem e subestimada irmã, Tyam.

— Estamos já bem acima do Lamet. - Avisa Gaaiu. – Nos preparamos muito para isso. Estão prontos? - Perguntou a todos, do pequeno compartimento da nave em que estavam os cinco, além do piloto, Neil.

— Estamos. - Respondem convictos, Lermin, Kral e Gharn.

— Que bom que estão, devemos mesmo. Eu também estou. - E fitou a sua irmã. – Mas e você, Tyam? Consegue?

A irmã, apenas encara amedrontada a Gaaiu, mas, ainda consegue responder confiante:

— Sim, eu estou. Eu sei que eu também vou conseguir.

— Muito bem, e boa sorte. Mas vamos lá. Neil?

— Pode deixar. - Respondeu Neil, direcionando os teletransportes para as naves de viagem. – Já estão na linha.

— Certo. Então, amigos... - Dizia Gaaiu. – Últimas palavras? Já fiz isto antes, mas falo assim porque nem sempre as coisas ocorrem como queremos, erros são inevitáveis. E essa é a primeira vez de vocês.

— Últimas palavras? - Indagou Lermin. – Certo, vamos salvar a nossa gente, apenas isso.

Após estas palavras, encaravam-se uns aos outros confiantes e determinados, mas, nem todos, Tyam apenas fingia isso. No entanto, como um imenso flash de luz, todos sumiam simultaneamente, sendo teletransportados aleatoriamente para as naves em que lutariam e fariam de tudo para salvar, e esta nave que antes estavam, partiria rumo ou refúgio novamente.

***

Os resquícios do que um dia já foram os Nipraas lutavam hoje como sempre pelo salvamento das pobres e iludidas pessoas dos Perobs, para que fosse de qualquer maneira evitado com que eles adentrassem ao não existente sonho da viagem ao Paradisum, e seguissem rumo ao grande pedregulho da morte, o Lamet. Mas, para que qualquer um se interessasse por esta viagem, precisaria este, de algo que alimentasse os seus sonhos e motivações de partida, além, das diversas propagandas, e para cada motivo, uma história diferente havia, para justificar aquela ação.

Perob-1, uma semana atrás.

De comércio em comércio, partia o jovem Aduen entregando currículos e mais currículos, porém, também era necessário, além de sua ficha técnica, a sua ficha de saúde. E era nestes momentos onde vergonha e preconceito ficavam cara a cara, e uma enorme desculpa era inventada, e o seu currículo cheio de mérito escolar era completamente ignorado.

Isso, devido a séria descriminação que a Seblmaproerio possuía, uma doença oriunda do vírus VIS, encontrada originalmente nos povos de Paradisum, mas, que em contato com os seres humanos que se deslocavam para lá e então retornavam para a sua terra, acabava se mutando e dando origem a doença que muitos acabavam herdando ou adquirindo sem saber, pela falta de conhecimento local. A educação era péssima, e os veículos digitais transmitiam apenas inúmeras propagandas enganosas sobre o paraíso que estaria ao lado.

Sendo assim, o preconceito era iminente, e continuaria a humilhar as pobres pessoas que sofriam com este mal crônico, e que de muitos sintomas terríveis era até mesmo capaz de matar o seu portador, se ele não se esforçasse em tratamentos, ou também, poderia deixa-lo vivo, porém, danificando algumas partes do seu sistema nervoso, e principalmente no que se tratava de algumas das funções motoras.

— Eu não aguento mais isso. - Sentou-se Aduen, em um banco, numa praça acinzentada por poluição. – Se eu nunca arrumar um trabalho descente... Nunca mais poderei sair daquilo.

Mas, avistando um telefone público, partiu o jovem até ele. E digitando cheio de tristeza aos números da tela digital do telefone, posicionava ele agora o pequeno aparelho de comunicação em sua escuta:

— Alô. - Diz Aduen.

— Você?! - Questiona uma voz masculina, impressionada.

— Eu.

— Não acredito que está nos ligando.

— Mas estou.

— E o que foi? Não havia dito que estava fora? Disse que queria sair.

— Eu... Mudei de ideia. - Soou em um tom sem esperança.

— Tá bom. - Disse, sem convencimento. – Mas por sua culpa agora eu acabei de perder uma aposta que fiz com ou outros, todo mundo disse que você iria voltar.

— Desculpa. Mas... O que eu quero saber apenas é... Tem algum serviço para mim? - Perguntou envergonhado, não parecia estar nada confortável com aquela ligação.

— Talvez. Alguns, sim.

E assim, Aduen sorria tristonho. A voz continua:

— Pode aparecer, temos trabalho, cachecol.

E recebendo esta confirmação, partia Aduen para os seus serviços urgentes, que ele nada se orgulhava em cumprir, e que até então, ninguém que ele pudesse chamar de amigo ou família podia suspeitar.

— A luz hoje está mais forte? - Pergunta o avô de Aduen, enquanto se sentavam na pequena mesa da também pequena cozinha, para jantarem.

— Não está mais forte, são apenas novas lâmpadas.

— Eu não comprei! Quem comprou?

— Eu comprei. - Disse tímido, e dando um colherada em seu prato.

— Me disse que estava sem dinheiro.

— E o meu trabalho?

— Me disse que estava sem trabalho. - Encarou o neto, desconfiado.

— Eu... Arrumei um novo emprego hoje.

— Que bom. - Sorriu crente. – Em quê? Não é como limpador de esgoto de novo, é? Você sempre chegava podre!

— Não. - Respondeu cheio de peso. – É apenas... É apenas algo novo. E tudo dará certo amanhã. É só algo novo.

— Como assim “algo novo”?

“Algo novo”, foi tudo o que Aduen insistia em dizer, como se a verdadeira essência deste algo não fizesse diferença, e todo o que ele buscasse fosse o próximo dia.

***

Mas, também buscando algo de novo para si, era onde outro jovem e o seu irmão há dez anos atrás desembarcavam agora, no pequeno refúgio onde era a vila, e apenas encaravam boquiabertos com o choque que era descobrir toda a verdade por trás de Paradisum.

Porém, após votarem e assistirem a morte dos pilotos, ganhavam um pequeno cômodo para se abrigar, e no dia seguinte, discutiam um com o outro.

— Isso tudo é uma droga. - Diz um dos dois irmãos, o mais velho. – Não acredito que saímos de tão longe só para acabarmos aqui. Qual futuro existe nesse...

— Cuidado com a boca, Lermin. - Ordenou o mais jovem.

— Ah, você só diz isso porque cresceu em um orfanato cheio de regras.

— E sou grato a isso. Existe um lado bom em tudo, sabia?

— Pode até ser, mas aqui não, com certeza.

— Estamos vivos! Como pode ser tão egoísta?

— Ora... - Tentava imaginar alguma resposta, mas, acabava se conformando com o que havia. – É, tudo bem, você está certo!

— Você sabe, eu sempre estou.

E nisto, Lermin gargalhava, e dá um cascudo na cabeça do irmão:

— Isso doeu?

— É claro!

— Ei, vocês? - Chamou Gaaiu, chegando até os dois, sentados numa calçada.

— Pois não? - Correspondeu Lermin.

— Eu estou fazendo a listagem de todos vocês que chegaram ontem. Quero saber em quê são úteis.

— "Úteis"?!

— Sim, você serve pra alguma coisa, não serve?

E aquelas palavras, e ditas aquela forma, soavam aos ouvidos de Lermin como uma enorme pedra em cada um de seus ombros, ou, como um chibata em suas costas, pois, ele havia partido de Perob justamente por sempre ter sido explorado por suas qualidades, e não conseguiria acreditar que acabaria agora vindo parar em um segundo inferno. Ele apenas encarava sem palavras, a vicie líder.

— O que foi, rapaz? - Quis saber Gaaiu.

— Nada.

— Bem, então me diga, em que é bom?

— Ele é um ótimo mecânico. - Respondeu o irmão. – O melhor mecânico de naves que você já viu. Ele entende do funcionamento, e elétrica também. 

Lermin, encara revoltado para a revelação do irmão, queria que calasse a boca.

— E por que não disse logo?! - Perguntou Gaaiu, surpresa. – Estávamos mesmo precisando de um desses! - A mulher, puxa o jovem mecânico pelo braço. – Venha, vamos aos geradores.

— Não posso, quem vai ficar com o meu irmão?! - Questionou Lermin. 

— E qual o problema dele, não já é grande?

— Ele não pode ficar sozinho!

— E por que não?

— Ele é cego.

E assim, o pobre irmão de Lermin se mantinha ainda mais cabisbaixo:

— Não precisa se preocupar comigo, podem ir. Não quero atrapalha-los.

— Eu não posso te deixar sozinho aí! - Insiste, o mais velho.

— Eu sei, mas irá dar trabalho me levar com vocês.

Gaaiu e Lermin se sentiam egoístas. era o que se percebia por suas faces. O mais novo insiste:

— Podem ir.

— Mesmo? - Possuía vergonha em seu olhar, o mais velho. 

— Sim. Quanto tempo eu já não o-esperei? Não será nenhum problema agora.

— Tá. Até mais, Harry

Então, Lermin parte para os geradores com Gaaiu, e Harry, permaneci ali, apenas sentado na calçada, e sentindo o calor do sol e a brisa do vento tocarem a sua pele.

— O problema eram estes fios, mas acho que já está bom agora. - Diz Lermin, após já terem terminado.

— Está ótimo na verdade! - Felicitou Gaaiu. - Bem que o seu irmão disse, você é bom.

— Obrigado. - Respondeu descontente.

— “Obrigado”? Me soou tão triste, não parece ser grato ao seu dom.

— “Dom”? Dom se nasce o-possuindo, e não tendo que apanhar até aprender.

— Apanhar?! Eu sempre odiei tudo o que o meu pai me fez passar, mas ele nunca me deu um só tapa. Me desculpe dizer, mas o seu pai deve ser um homem horrível!

— Ele é, mas ele não é meu pai.

— Não? Ou só está irritado?

— Sou adotado.

Gaaiu se mostrou curiosa. O rapaz prossegue:

— Mas não porque alguém queria uma criança para chamar de filho, e sim para me ensinar tudo o que ele sabia, e me fazer de escravo. Sabe quanto eu ganhava?

— Bem, pelo menos ganhava, aqui ninguém ganha nada. 

E assim, Lermin conseguia deixar escapar um pequeno sorriso. Gaaiu continua:

— Se você é adotado... O seu irmão também não deveria ser? Como simplesmente foram embora?

— Primeiro, porque eu já sou de maior. Segundo, porque ele nunca foi adotado, e eu não aguentava mais viver e trabalhar naquele inferno. Então... Aproveitei a época de viagem ao Paradisum, e nunca iria abandonar o meu irmão!  Eu adotei ele.

— De certa forma você é como um pai para ele.

— Sempre fui, eu acho.

— Eu também tenho uma irmã mais nova, Tyam. Acho que sou como uma mãe para ela também.

— Por quê? Também é adotada?

— Não! A nossa mãe apenas morreu dando a luz, e eu... Tive que cuidar dela como se fosse minha. Outra responsabilidade de irmão mais velho! E fiz o parto.

— Nossa! A nossa mãe também morreu. - Lembrou-se, ouvindo a história de Gaaiu.

— Eu sinto muito.

— Obrigado. E eu não quero mais falar nessas coisas, pode ser?

— Claro que pode, mas antes... - Estende Gaaiu a sua mão direita para um aperto com Larmin. – Gostei de você, moleque. Não é sempre que um estranho útil aparece por aqui. Amigos?

Esquecendo-se a tristeza das suas memórias carregadas de dor e solidão, aceitava assim o aperto da vicie líder, e se tornavam a partir dali, grandes amigos.

***

Lermin e Gaaiu, podiam até serem amigos, mas, nem todos possuíam esta sorte, muitas pessoas se diziam amigas umas das outras, e outras, nem ao menos faziam questão disso. Era nesta situação que Aduen se envolvia agora, como uma espécie de escambo, como uma troca de favores à traficantes.

Perob-1, na semana antes da última viagem.

 Os chefes de Aduen já haviam lhe advertido, ele não poderia mais simplesmente continuar entrando e saindo dos serviços no momento que simplesmente desejasse, o trabalho deles era muito delicado, muito sigiloso, e eles toleravam esse entra e saí dele apenas por se aproveitarem da aparência confiável que ele possuía, pois se pelo contrário... Já o teriam eliminado, e era difícil de encontrar aquele padrão de jovem entre eles. 

— Vamos lá, Aduen, você consegue. Mas quem disse? Eu estou dizendo.

Estava Aduen ali, conversando talvez não consigo mesmo, mas, sim com a sua apreensão e nervosismo, enquanto passava por uma das ruas mais seguras da metrópole, sendo aquela então a sua missão mais delicada. Ele estava armado, e carregando muitos quilos de dinheiro sujo por dentro do seu casaco, os-quais iria usar para comprar as drogas encomendadas por seus chefes.

Mas, para diluir a imagem estereotipada de um mal elemento, usava ele roupas muito apresentáveis, enquanto carregava alguns livros, isso, para se parecer como algum estudante ou professor. Mas, mesmo assim, não era uma boa ideia passar por aquela rua, ele apenas faria isso porque aquele era o único caminho até chegar no local de sua entrega.

Outra questão era que Aduen nunca havia atirado em ninguém, porém, ele sabia como, e devia sempre estar preparado para isso, caso precisasse.

— Eu estou perto. - Avistava alguns guardas na esquina da rua.

E assim, seguia em frene, tentando parecer tranquilo, mas, como uma má surpresa...

— Pare aí, garoto! - Ordenavam os dois guardas.

— Eu? - Aduen respirava ofegante, e o espanto estava mais do que estampado em sua face. Mãos tremiam, e dentes rangiam. 

— Você não, meu jovem, aqueles dois ali. - Apontavam para dois jovens menos bem vestidos.

— Eles?

— É, sai logo! Está ocupando o nosso tempo.

Então usando a descriminação, algo muito presente em Perob, os outros jovens que vinham logo atrás de Aduen acabavam sendo revistados, e ele, apenas continuava o seu serviço, enquanto olhava para trás, e via a injustiça inundar cada vez mais o seu dia a dia, e não era apenas ele quem estava na podridão.

Já chegando até o final da rua, e logo depois cruzando uma enorme avenida, chagava Aduen em uma outra rua, e assim, se dirigia para um estreito e escuro beco, por de trás de velhos casebres da periferia lamacenta.

— É você o carinha da compra? - Perguntou um rapaz encapuzado, com um sorriso largo, e olhos cansados. – Me avisaram sobre um cachecol.

— Sou eu sim. - Aduen olhava envolta. – Somos só nós dois?

— Muita gente chama atenção, dois parece normal, tem um monte de casal por aí.

Aduen apenas engole a seco. O outro continua:

— Mas como dizem em Perob-2; vamos logo aos negócios.

O rapaz das drogas, então trazia e mostrava o produto, e Aduen, abria o seu casaco, e o rapaz apanhava dali todo o dinheiro que lá estava guardado, em seus vários compartimentos costurados.

— É isso aí, compra feita, volte sempre, carinha. - Dizia contando as notas. – E quanto mais missões bem sucedidas eu cumprir... Mais possível será um aumento.

— Eu também adoraria um aumento. - Diz Aduen, em um tom frio, e vestindo uma luva. – Mas melhor do que um aumento, seria sair logo disso. - Apontou uma arma para o outro.

— O que você vai fazer?!

— Te roubar, idiota.

— Mas esse dinheiro nem é meu! Eu sou só um empregado, igual a você.

— Não me importa.

— Mas se você levar o dinheiro... O chefe irá pensar que eu roubei! Ele vai me apagar!

— Não, ele não vai te apagar, e nem pensar que você roubou.

— Não?

— Não. Ele vai pensar que você foi roubado, eu... - Tentava encontrar forças para terminar a frase. – Eu vou te apagar.

O rapaz rendido, logo se ajoelha e começa a implorar por piedade, e a saída de lagrimas eram iminentes por seus olhos.

— Pare de chorar! - Apontava Aduen a arma, para a cabeça do jovem.

— Mas eu não quero morrer!

— Eu também não queria ter de estar fazendo isso! Mas às vezes não tem jeito, a pior escolha é a única que sobra.

— Eu sei, mas não precisa me matar! Eu também já fiz isso.

— Matar alguém?

— Não! Eu estou falando disso aqui... Ter entrado no crime. Foi a maneira mais fácil de ajudar a família. E eu fui pai aos 14!

Aduen se sentia como um monstro naquele momento, pois, ele não se sentia bem nem ao menos matando um simples inseto como uma barata, então, imagine estar com uma arma agora em suas mãos apontada para outro ser humano.

— Pode ir. - Dispensou Aduen, largando o armamento no chão.

Ele estava sim poupando o outro sujeito, mas, não por ele ter lhe contado uma história triste qualquer, e sim, por aquele individuo ser uma vida, assim como Aduen era, e qualquer forma de vida deveria ser respeitada, apesar de todos os erros que ela carregasse.

— Você vai me deixar ir? - Estava descrente, o outro. 

— Vou! Se levante logo e vá embora.

— Obrigado! E o dinheiro?

— É do seu chefe. Leve para ele.

E assim, o rapaz das drogas se levantava sorridente, e agradecido:

— Obrigado de novo.

— É. Vá agora.

O rapaz dá as costas, e se retira dali.

— Ei, espero um pouco! - Pediu Aduen.

— O quê? - Perguntou amedrontado.

— Naquela hora eu tinha de perguntado sobre matar alguém e você disse “não”. Esse “não”, era para responder que não tinha matado, ou dispensar a pergunta?

— Eu só quis dizer que não, eu nunca matei ninguém.

Aduen desviava o seu olhar. O outro questiona:

— E você?

— Não.

— Mas teria coragem?

Mas sem querer ou saber responder aquela pergunta, Aduen simplesmente se retira dali, e deixa o outro jovem ali, se perguntando sobre o assunto. Talvez ele realmente conseguisse, ou realmente não, mas, o que ele queria agora não era saber disso, era apenas deixar aquela vida, era ir embora, e abraçar o seu avô, e por fim, deixar pela última vez aquele trabalho sujo, que nem se poderia chamar de trabalho.

E já chegando longe agora, fitava Aduen a vários cartazes que poluíam a estética das ruas, e pensava agora em apenas uma coisa; ir à Paradisum. Mas, que seria o mesmo caminho por onde a sua irmã já havia passado há muito tempo, e nunca mais voltado.

***

Entretanto, sobre esta questão de viagem, muitos nunca havia voltaram, e na verdade nunca voltariam, mas, aqueles que um dia partiram e foram resgatados, agora tentavam reconstruir as suas vidas, no pequeno refúgio que era a vila do planeta Refúgio.

Oito anos após o último resgate.

— Você é ótimo com isso! - Elogiou Tyam, impressionada com as pinturas de Harry. – Já eu... - Olhava para as dela, estavam eles no galpão.

— Claro que não, Tyam, posso até não enxergar mas eu tenho certeza de que você também foi capaz de fazer algo incrível.

— Bem, só se for incrivelmente horrível! - Encarava decepcionada. – Bem que todos dizem, eu não faço nada direito.

— Todos quem? Eu nunca disse.

— Bem...

— E também nunca vi ninguém dizer, e nem diga que foi a sua irmã, pois será mentira.

— Ah, mas... Eu não me acho forte.

— E por que não?

— Por causa do meu pai, ele me trata como uma criança! Eu não posso me arriscar em nada e nem fazer nada novo, apenas a Gaaiu me entende! E isso, quando ela está de bom humor.

— Eu sei, também é assim comigo, e com qualquer irmão mais novo, na verdade. Mas, quanto ao seu pai... Saiba que ele está apenas buscando ao seu bem, nada mais.

— Eu sei, mas isso é chato. Eu queria um pouco mais de independência.

— Eu também. - Soou triste. – Mas mesmo assim, agradeço por todos que insistem em ficar ao meu lado.

— Queria ser como você.

— Obrigado, isso foi... Muito gentil, eu nunca ouvi nada como, antes.

— Ah, vocês estão aí. - Diz Lermin, chegando ao galpão. – Eu precisava de ajuda, Tyam.

— E o que estava fazendo? - Pergunta Harry.

— Eu estava cortando lenha, mas precisava de ajuda pra carregar depois também.

— Mas eu queria ajudar. - Avisa Tyam. – Tudo o que houve foi que... O meu pai não deixou.

— Ah, já era de se esperar. Mas e cadê a Gaaiu? Tive que parar o trabalho, me disseram que ela estava chamando.

— Ela tá lá em baixo.

Então, descendo por um corredor subterrâneo, até uma pequena sala cheia de tranqueiras de mecânico, o Cyberman abatido por Uooltc há décadas atrás, se encontrava deitado sobre uma maca.

— Me chamou? - Chegou Lermin, na sala.

— Chamei. - Confirmou a vicie líder. - Preciso de você com isto aqui.

— E o que é isto? - Encarava curioso, ao homem de lata sobre a maca.

— Isto é um Cyberman. São eles quem estão nos enganando e se aproveitando do nosso povo.

— E por que então você tem um deles?! Está nos traindo?!

— Claro que não! Eu apenas estou tentando facilitar as coisas para nós. O meu pai está quase desistindo dele... Mas eu sei que ele ainda pode servir para alguma coisa.

— Você está pensando em usa-lo como um aliado?

— Sim, mas apenas algumas das suas funções conseguem ser acessadas. Muita coisa parece estar travada ou... Eu não sei. E ele perdeu a cabeça uma vez.

— E você quer que eu o-tente concertar?

— Quero. Eu só não o havia lhe mostrado antes por medo da sua reação!

Lermin cruzava os seus braços indisposto. A mulher insiste:

— Esta seria uma ótima forma de facilitar as coisas, pense nisso. Porque daqui dois anos... Teremos que ir ao Lamet novamente, e qual a melhor forma de acabar com o seu inimigo se não usando as armas dele contra ele mesmo?

E ainda de braços cruzados e olhos desconfiados, observava Lermin aos olhos pidões de Gaaiu, e sem querer negar a possível eficiência daquele plano ou o pedido de sua amiga, acaba Lermin sedendo: 

— Tá bom! Vamos ver no que isso vai dar.

Lermin, então começa a entender os mecanismos da criatura com base em tudo o que Uooltc e Gaaiu já haviam entendido, e logo, começava a operar os seus sistemas. Gaaiu e o seu pai não eram peritos em tecnologia, e Lermin também não, mas, ele ao menos sabia muito sobre, e já havia em toda a sua vida consertado os mais diversos sistemas eletrônicos de naves, robôs, e eletrodomésticos.

Após horas e mais horas de tentativas e carregamento de energia por meio de uma ligação com os geradores, terminava agora o conserto, e veriam então qual resultado haviam encontrado.

— Você acha que funcionou? - Pergunta Lermin.

— Só saberemos testando. - Gaaiu, sorria ansiosa, e pegando um objeto muito parecido com um controle, apertava alguns botões. – Direita. - Ordenou.

E assim, o Cyberman cumpria após o-retirarem da maca.

— Como você fez isso? - Questiona Lermin, assustado.

— Por este controle, foi o meu pai quem o fez. Mas até agora só conseguimos movimentos muitos simples. Mas depois desse conserto que fez... Talvez possamos agora tentar algo mais interessante.

— Como assim?

— Os protocolos dele, até agora nós não conseguimos acessa-los, mas se ele estiver aberto... Com certeza está com a sua memória formatada, e é aí que eu irei fazer dele um dos nossos.

— Não acho que seja tão fácil.

— Mas não é proibido tentar. - Manuseava o controle. – Acessar reconfigurações.

Porém, nenhuma resposta foi dada, nenhum resultado parecia ter ocorrido.

— Você acha que deu certo? - Quis saber, o mecânico. 

— Vou tentar de novo. Acessar reconfigurações!

E ainda, nenhum resultado.

— Não, acho que não deu certo. Perdão. - Pediu Lermin.

— Ah, tudo bem, como sempre tudo dá errado. Isso nunca foi uma novidade em minha vida

— É, na minha também não. Eu sinto muito.

— Mas, pelo menos nós desistimos difícil. Vamos lá, pode continuar o que estava fazendo, eu também já vou indo, mexo nesse ferro velho mais tarde.

Agora, desistentes e desanimados, acabaram se retirando da sala, e enquanto Gaaiu voltava para casa, Lermin permanecia ali, junto com o seu irmão e Tyam, que ainda faziam pinturas.

— Vocês já estão aí há horas, e apenas fazendo desenhos horríveis.  - Murmurou Lermin. - Eu não aguento mais esperar, Tyam. Vamos logo buscar a lenha!

— Espera! E são pinturas, não desenhos! E estão horríveis?! - Perguntou Tyam.

— Bom, eu não entendo nada de arte. - Olhava torto para as telas. – Parecem com um monte de borrões.

— Mas estes mesmos montes de borrões possuem montes de significados, sabia? - Diz Harry, dando algumas pinceladas.

— Possuem? - Perguntou, sem interesse. – E quais são?

— Que os problemas não existem para nos chatearem ou parecerem mais fortes do que nós.

— Não?! Então para que foram existir?

— Nos fazer menos mesquinhos, nos fazer crescer e se disporem para que nós possamos passar por cima deles. Os problemas sempre vem, mas a solução de cada um também, basta ter confiança em si mesmo e coragem para seguir em frente. É assim que eu penso. E eu sou muito grato a todas as pedras do meu caminho, sei que tiveram os seus propósitos.

— Certo, mas eu só queria agora que isso fosse verdade. E como assim você é grato?!

— Lermin...

Mas, de repente, um enorme flash de luz instantâneo rondava a sala, e todos ali apenas se encaravam surpresos.

— O que foi isso? - Assustou-se Tyam.

— Eu não sei. - Responde Lermin, olhando envolta.

E como outro espanto, as telas que Tyam e Harry pintavam eram então arremessadas contra a parede, e de trás de onde estavam, o Cyberman de Uooltc se revelava ativo. Lermin e Tyam encaravam assustados a criatura, e Harry, nada podia notar, apenas escutava o som dos tripés das telas caindo no chão.

— Esse é o robô do meu pai! - Diz Tyam, assustada. – O que ele faz aqui?!

— Eu sou um Cyberman. - Respondeu o homem de lata. - Eu tive o meu sistema reiniciado, as minhas funções foram restabelecidas.

— Quais funções? - Pergunta Lermin.

— Manter o progresso da sobrevivência. Vocês foram escaneados, vocês necessitam de atualização.

— Não, ninguém aqui quer ser como você!

— Mas devem. - E olhou para Harry. – O individuo mais jovem é o mais necessitado.

— Ele não quer ser como você! Ninguém aqui quer! Vá em bora!

— Não é você quem deve responder por ele, ele deve decidir.

E imediatamente, Harry avisava, convicto:

— Eu não o-conheço, e me desculpe, mas... Eu não quero ser como você.

— De acordo. - Correspondeu o Cyberman. - Mas todo elemento contrário deverá ser eliminado.

Entendendo aquilo, Lermin logo se coloca frente ao seu irmão, mas, acaba sendo atirado para longe, com um forte golpe do Cyberman. E cumprindo o elimine-o, assim o Cyberman posicionava a sua mão fria e prateada na amedrontada face do jovem Harry, e acabava assim, o-eletrocutando, e chocando a todos ali, o seu irmão e a sua amiga, que se horrorizavam gritando, e escutando os gritos de agonia do jovem pintor.

— Vocês devem ser os próximos. - Avisou o terror de prata. E Harry cai deletado.

Tyam, apenas intensifica os seus gritos, e Lermin, as suas lagrimas. Mas, deixando as lagrimas de lado, e assumindo um enorme ódio interior, Lermin então corre até os geradores de energia, enquanto o Cyberman, se dirige para Tyam, que apenas se espreme amedrontada na parede.

Mas, antes que ele cometesse mais uma nova barbárie, Lermin ligava um cabo transmissor de energia numa das pernas do Cyberman, e o eletrocutava, pondo os geradores em potência máxima. Faíscas e berros disformes não paravam de emanar pelo ser, que agora, já muito danificado acabava de joelhos no chão.

— Harry... - Se ajoelhou o irmão mais velho, até o cadáver, e lagrimas não paravam de escorrer de seus olhos, enquanto ele acariciava os cabelos do pobre Harry. – Fale comigo.

— Eu acho que ele... - Tentava Tyam completar a frase, mas não conseguia.

— Chame a sua irmã e o seu pai! - Exigiu irritado.

— Mas eles...

— Chame a sua irmã e o seu pai! Faça algo de útil, pelo menos uma vez! - Gritou, e assim Tyam se retirou correndo, enquanto Lermin, apenas continuou em prantos.

***

Correr em busca de uma função, foi isso que Tyam fez há dois anos atrás, e era isto que ela fazia agora.  Mas na verdade, foi o que ela sempre buscou para si, pois, sempre se sentia como uma inútil, devido ao zelo exagerado que o seu pai derramava sobre ela, e nunca a-permitia nem se aventurar ao fazer de um simples favor que alguém pudesse pedir.

No entanto, Tyam nunca se conformou com esta conduta, ela queria mais, queria mais liberdade, e queria provar a todos e principalmente ao seu pai de que ela era capaz de fazer qualquer coisa que qualquer outro pudesse. Então, aqui estava ela agora, na última missão de resgate.

— O que é isso?! - Perguntou um homem, pilotando uma nave de viagem Paradisiana, e vendo um enorme clarão surgir atrás de si.

— Eu consegui? - Pergunta Tyam a si mesma, observando o ambiente.

— Quem é você, o que quer?!

Tyam inspirou nervosa antes de responder:

— Eu...

— Você o quê?

— Eu vou ter que te dopar.

— O quê?!

E depressa, Tyam enfia um dardo de dormência no pescoço do homem,  que imediatamente se debatia sobre os controles, e logo, se estirava no chão. Agora, a jovem assumia a nave.

Ela e os outros haviam treinado como pilota-las através das outras naves capturadas pelas antigas missões. Porém, nada seria tão fácil, nunca era, e nunca foi, principalmente para o povo do refúgio. Pois, inúmeros e terríveis sanguinários Cyberdrones surgiam entre as naves, e começavam então a tentar deter Tyam, e os seus amigos.

— O que eu faço?! - Manuseava os controles, acelerando a nave. – Não parece adiantar, eles não param de me seguir! E essa nave não tem campo de forças, a lataria não vai resistir.

Sim, a lataria nunca iria resistir, mas Tyam continuava a intensificar a velocidade da nave, e que cada vez mais corria, porém, ainda era bastante perseguida. E no exterior, Tyam apenas avistava os outras também tentando fugirem com as suas naves, e tentando escapar dos Cyberdrones, ou as bagagens boiando.

Mas, logo em seguida, gritos cheios de assombro eram ouvidos pela jovem pilota. Contudo, ligando as câmeras do corredor de poltronas, notava Tyam várias das janelas das poltronas já destruídas pelos disparos dos Cyberdrones, e o oxigênio escapar, enquanto as pessoas eram por sorte mantidas lá pelos cintos de segurança.

— Desse jeito eles irão morrer!

Mas ela não permitiria aquilo, e com isso, partia para o corredor e tentava se segurar nos apoiadores de segurança, ela queria ativar a camada de blindagem metálica para proteger as janelas. Porém, se segurando nas ferragens de segurança e tentando alcançar o botão da blindagem, era então surpreendida por uma coisa, o estouro do vidro da frente da nave. Afinal, para Tyam estar ali, precisaria a nave estar em piloto automático, e assim, consequentemente acabava ela tendo a sua velocidade reduzida, e que por fim, acabava fazendo com que os Cyberdrones ultrapassassem a sua frente, e destruíssem a janela frontal.

— Socorro! - Gritava Tyam, em desespero.

Porém, quem ajudaria ela? Todos ali estavam em perigo! Era para ela que os pobres Perobenhos clamavam por ajuda também. Mas, ela estava condenada, pois com a janela da frente destruída, ela agora acabava sendo puxada para o vácuo do espaço, junto com o oxigênio. Os sues dedos escorregavam das ferragens, e assim, ela era arrastada, e ouvia os seus gritos até sair pela janela.

***

Um dia após a última missão.

O fim, todos tiveram ou terão um fim. Tyam teve o seu fim, Gaaiu teve o seu fim, e muitos dos que marchavam para Paradisum também, e aqui, agora, parecia ser mais um outro, onde Aduen estava ali, estirado no chão, sem forças, e sem sentidos.

— Este individuo deve ser atualizado. - Diz um dos Cybermans, chegando até Aduen.

— Incorreto. - Diz um outro Cyberman. – Este individuo não faz mais parte da lista de alvos. As suas informações devem ser atualizadas, existe um individuo em especifico para ser apanhado. Grace Holloway.

— Mas este individuo apresenta fatalidades em seu organismo, ele está em declínio, o seu prazo estimado de vida são de apenas dois anos.

— Correto. Mas ele não faz mais parte dos nossos objetivos, devemos apenas buscar Grace Holloway.

— De acordo.

E ignorando Aduen, seguiam em diante, e mais e mais Cybermans emergiam da cyber-tumba. Mas, surpreendendo aos Cybermans, todos os homens da patrulha chagavam agora, e apontando as suas armas, iniciavam um confronto. Lermin havia lhes mandado um comunicado, para que eles seguissem os Cybermats, e assim fizeram, e deram de cara com os maiores terrores de seus pesadelos.

— Que inferno! - Resmungou Lermin, chegando.

— Sim, é um inferno, mas vamos enfrenta-lo. - Comenta um dos homens.

— Pode deixar. - E se agachando até Aduen, Lermin checava o seu pulso. – O Aduen não está morto! Ele está vivo! - Exclamou feliz.

— Então salve ele.

— E vocês?! Preciso ajudar.

— Acho que damos conta! Salve o garoto!

Pensando então no bem estar do seu amigo, assim Lermin fazia, apoiava Aduen em um de seus ombros e o-segurava por um de seu braços, se retirando depressa, e se esforçando para suportar a dor do seu braço ferido.

Porém, no embate, mais Cybermans iam se despertando do demasiado sono que tiveram por 150.000.000 anos, e acabavam então com a maioria eliminando vários dos pobres patrulheiros, que tentavam os-combater. E em poucos minutos, alguns dos homens corriam desistentes, e outros, acabavam eliminados e estirados no chão.

***

Toda esta jornada, desde o inicio da vila até agora estava marcado por desgraças e desafios, duas coisas inevitáveis e que nunca demoravam a chegar, mas, tentando dar um fim neste ciclo de sangue e mentiras, estava agora o Doutor no chão, recobrando-se de todo o massacre que segundos atrás havia testemunhado frete ao Lamet, e sendo atormentado por um constante alarme.

Estava ele, na área da plataforma de teletransportes, que se encontrava num imenso alojamento de naves. Tristeza e horror emanavam de sua face, e o brilho de seus olhos se mantinha mais distante do que o brilho de qualquer estrela há anos luz dali. Aquele, com certeza era um de seus piores dias.

— Renda-se. - Avisou um grupo de Cybermans, chegando. – Você está cercado. - Outro grupo chegava de outro lado.

Respirando ofegante, mirou o Doutor um olhar torto e desolado para os homens de metal:

— Cybermans... Eu não terei piedade de vocês. - Avisou convicto.

— Incorreto. Você é o Doutor, você sempre tem piedade.

O Doutor, os-fitava furioso:

— Hum, querem fazer o teste?

***

E ainda fugindo dos Cybermans que viriam a sua procura, Grace continuava a correr contra o galpão, floresta a dentro, mas, agora, acabava sendo pega por uma armadilha, onde era suspensa por uma enorme rede apertada, que a levou para o alto, e acabava assim, se facilitando a sua possível captura.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o capítulo foi incomodo? Fale a verdade, preciso saber com sinceridade. E AMANHÃ TEM OUTRO! Mas não neste estilo, e talvez não amanhã, talvez fique para a sexta, já está escrito. Será a continuação direta dos últimos fatos ocorridos.
As histórias desse capítulo poderiam dar um bom original, não acha?
Mas uma coisa que eu queria avisar sobre a história é que todas essas outras coisas que eles possuem na vila e talvez você se pergunte como, vieram parar aí por meio de furto. Porém, furto às naves de comercio paradisíacas que possivelmente vendiam seus produtos para os Perobs. Não pus na história porque nunca achei um espaço, e que fizesse sentido.
Então, a doença do Aduen eu finalmente pude explicar ela aqui um pouco mais direito, e usar ela um pouco mais direito. E que no caso como já disse representaria a AIDS, ou até talvez outros problemas também. Mas neste caso a história dela foi inspirada na história da AIDS, bem... uma das possíveis histórias, já que a sua origem é muito incerta, e muito se especula sobre. Onde em algumas das teorias acredita-se que este vírus é surgiu do vírus SIV, um vírus muito mutante, e que se encontrado nos sistemas imunológicos de algumas espécies de macacos, e que daí com o contato com humanos ele teria chegado e se espalhado entre nós, isso aproximadamente em 1930. Mas tem outras hipóteses, tem gente que acha esse daí uma loucura. E dentro da história os macacos seriam os paradisianos, e o vírus VIS seria a AIDS.
E englobando esta questão, eu quis trazer isso do preconceito e discriminação que alguém que apresente alguma doença assim, ou deficiência acaba sofrendo no dia a dia, e então fiz disso um motivo para explicar porque alguém talvez fosse se marginalizar, que foi o que aconteceu com o Aduen, e é o que acontece com muitas pessoas, e seja também não apenas por isso, mas muitas pessoas também são dispensadas assim por sua cor ou orientação sexual.
E sim, se passaram 150.000.000 de anos desde os conflitos cósmicos até aqui. Sei que parece exagero, mas é que Doctor Who sempre exagera nessas idades e passagens de tempo, tipo na primeira temporada. Então achei que para o universo da série é pouco 150.000.000 anos! E nos faz imaginar como em tanto tempo a raça humana ainda está sofrendo as consequências disso, deve ter sido algo muito bombástico. E que na verdade me inspirei na quebra da bolsa de valores de 1929, e um pouco nas crises do Brasil! Kkk
E agora, muito obrigado pela leitura! E talvez amanhã ou sexta já tem um novo capítulo.