Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 65
Um acidente no meio da estrada




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Uma semana se passou desde que Bucky deixara Darcy.

Ela passou todo aquele tempo com seus pais em Willowdale, fingindo que não tinha acontecido nada, ainda que o casal visse a filha o dia todo deitada, dormindo, sem ânimo de levantar da cama pra sequer tomar um banho...

Sua rotina se baseava em tentar desesperadamente dormir, recorrendo a calmantes, acordando depois das duas da tarde depois de rolar na cama até às quatro da manhã e assistir aos programas musicais antigos da MTV da década de 90 enquanto comia brigadeiro debaixo dos lençóis, com Dexter por cima dela.

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Darcy Lewis parecia um zumbi...

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As olheiras eram nítidas...

A estagiária sequer penteava o cabelo quando acordava, ficando de pijama o dia todo, completamente descabelada...

Sua aparência era irreconhecível...

Kim tinha voltado para Nova York por causa de seu trabalho, mas implorou de joelhos pra que Derek e Steph cuidassem de Darcy.

Stephanie estava de férias e por isso ficaria mais alguns dias em Willowdale.

Kimberly explicou o que tinha acontecido e Derek apenas queria dar um belo soco na cara de Bucky Barnes.

Steph, que não sabia de nada, achava que Darcy teve o azar de ter levado mais um fora, já que Kim e Derek não podiam dizer nada sobre o Soldado Invernal para a loirinha.

A dupla seguiu até a casa dos pais da garota, para passar o dia com ela, porque que agora, a formada cientista Darcy Katherine Lewis se encontrava numa depressão profunda por causa do sargento.

A senhora Lewis deixou que ambos entrassem e a dupla rumou para o quarto da estagiária.

O rapaz bateu na porta.

— Darcy, sou eu, Derek! Deixa a gente entrar!

— Kat, trouxemos bolo!!! – A loira segurava uma caixa com um bolo dentro, de uma das confeitarias que a estagiária mais amava na cidade.

E então, depois de um minuto, Darcy resolveu abrir a porta do quarto...

Automaticamente, Derek e Stephanie arregalaram os olhos, porque a garota parecia...

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A Samara de ‘O Chamado’, depois de um trator passar por cima...

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Darcy sorriu... parecendo a Annabelle...

Os dois amigos recuaram um passo para trás... completamente alarmados...

— Stephanie...! Que saudades de você, minha amiguinha fofa e linda! – Ela correu para abraçar a loirinha, que se assustou com o comportamento da mesma.

— Hey, você nunca é carinhosa comigo! O que fizeram com você!? Ou melhor... ONDE ESTÁ A VERDADEIRA DARCY!? POR QUE ABDUZIRAM ELA!!!? – Steph gritou, com raiva de que algum E.T pudesse ter levado sua amiga e colocado uma aberração digna de filme de terror no lugar.

— Sempre te tratei bem... – Darcy ainda agarrava a amiga, e a loirinha sentia um cheiro estranho vindo do cabelo dela.

— Céus, Kat... quantos dias você não lava o cabelo...!?

— Sei lá... eu não contei... ahahahahahahahaha...! – A risada de Darcy estava completamente estranha e Derek cogitou a possibilidade de chamar um exorcista para visita-la.

— Nós trouxemos seu bolo favorito. – O rapaz puxou Stephanie de perto da estagiária e entrou na frente para analisa-la.

Darcy sorria de forma inocente... mas sua feição estava aterrorizante...

Steph fechou a porta do quarto logo depois.

O local que estava escuro, com as janelas e cortinas fechadas, era agora aberto por Derek, para que um ar entrasse e arejasse o ambiente.

Os fortes raios solares de mais uma tarde quente de verão, irritaram os olhos de Darcy.

— O que aconteceu, Kat? A Kim e o Derek me disseram que você tomou outro fora... é verdade?

Darcy sorriu.

— Bem... você sabe como fico quando tomo um fora, certo?

— Mas não me lembro de você ter ficado nesse estado tão deplorável por causa do Robert. O que esse outro cara fez com você!? – Protestava, perplexa.

— Bem... ele só me deu os melhores dias da minha vida...! – A estagiária ergueu os braços para o alto e se jogou na cama com um sorriso macabro nos lábios.

Os dois reviraram os olhos com a cena.

Diferente de antes, quando Robert lhe deu o fora e queria jogá-lo da ponte, dessa vez, era Darcy quem queria se jogar da ponte.

— Então... e o que você vai fazer agora que levou outro fora...? – Stephanie abria o bolo em cima da mesinha de centro ao lado da cama.

Os três se sentaram no carpete para comer.

— Bem... eu vou voltar para Nova York na semana que vem e retornar ao trabalho...

— Então você tá aqui só descansando? – A loirinha a questionava, um tanto preocupada.

— Sim... fiquei quatro anos estudando sem parar. Estou me dando esse descanso. Não é só porque levei um fora, então fiquem tranquilos porque logo vou me recuperar! – A garota dizia normalmente, como se tudo estivesse bem e sob controle.

Mas Derek sabia que não estava...

Darcy podia enganar todo mundo, menos ele.

Sua melhor amiga estava muito mal e a maior prova disso era quando a mesma fazia de tudo para não externar nada na frente de ninguém.

Era muito melhor quando Darcy chorava e se lamentava em sua frente, porque quando ocultava seu sofrimento, isso significava que a dor era mil vezes pior.

Foi assim quando seus avós morreram... e estava sendo assim agora que Bucky Barnes havia ido embora...

A estagiária se esforçou em viver normalmente no final do ensino médio, época do falecimento de seus avós, mas Derek sempre a pegava chorando escondido no banheiro da escola.

Então, com certeza ela chorava escondido por causa do soldado... e a noite toda... isso era nítido pela cara inchada e as olheiras...

O rapaz também sabia que se Darcy voltasse para Nova York seria muito pior, já que provavelmente...

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Se entregaria à bebida...

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E ele não estaria lá para impedi-la...

Precisava ter uma bela conversa com Kimberly quando saísse dali. A loira era a única que podia ficar de olho em Darcy e freá-la de se embebedar o tempo todo.

— Darcy... sério... você precisa reagir... – Derek lhe advertia, num tom agressivo.

— Mas eu estou bem...! – A estagiária sorria amplamente, porém ele sabia que aquele sorriso era falso.

— E esse cara, Kat... ele estava na apresentação do TCC, não é...? – A loirinha perguntava sobre detalhes, mas Derek a cutucou com o cotovelo, mostrando que estava sendo inconveniente.

— Ai! Me desculpa, eu esqueci! É melhor não falarmos sobre ele!

— Para gente! Vocês acham que estou triste porque ele saiu da minha vida!? Eu estou é com inveja, porque eu também queria poder sair dela, ahahahahaha!!!

Os dois a fitaram... desacreditados...

Darcy Lewis estava na fossa... céus...

E a garota sabia que seu amigo lhe conhecia muito bem, porém, não queria que o mesmo percebesse a intensidade da tristeza que estava carregando em seu peito naquele momento... era um peso mais denso do que jamais sentiu antes em sua vida...

— Vamos comer bolo! Foi pra isso que viemos aqui! – Stephanie gritou, animada.

— É isso aí! Vamos!!! – Darcy estendeu o braço, fazendo uma mini dancinha.

Já o rapaz... não estava nada feliz por vê-la fingir que estava bem, descaradamente na sua frente...

Os três permaneceram ali por horas, animando a amiga. Eles jogaram Uno e assistiram alguns filmes de terror clássicos junto com a estagiária.

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O Iluminado, a Noite dos Mortos Vivos e o Massacre da Serra Elétrica...

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Darcy estava feliz por ver que seus amigos se importavam com ela...

E os dois fizeram companhia a ela todos os dias, até que a garota voltasse para Nova York.

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Após uma semana, Darcy finalmente se preparava para voltar a Big Apple.

Ela se despediu de seus pais e resolveu viajar de noite, porque queria chegar na capital pela manhã.

Estava acostumada a dirigir por horas naquela estrada que ligava os estados da Virginia Ocidental, Maryland, Nova Jersey e Nova York.

Era mais de oito horas de viagem, de carro.

A garota entrou em seu veículo...

Ao se sentar no banco do motorista e olhar para o lado, se recordou dos dias em que viajou com James e do quanto os dois estavam tão felizes juntos...

Automaticamente, seu semblante derreteu... em pura tristeza e aflição...

No silêncio daquela noite... tudo sem cor... sem brilho... nenhum resquício de nada... apenas consternação e sofrimento...

Ela tentou conter as lágrimas, mas não conseguiu... saíram involuntariamente...

Darcy engoliu um suspiro cansado, tentando entender como seguiria a sua vida depois que Bucky Barnes passou por ela e deixou um gigante rastro...

Seu coração estava despedaçado... e nada mais fazia sentido... todos os seus maiores sonhos, ambições e desejos, não tinham significado algum naquele momento...

Ainda que o soldado tivesse escrito naquele bilhete que era melhor que ela seguisse com sua vida e realizasse tudo o que almejava, não seria tão fácil agora que ele tinha ido embora...

E o pior de tudo, era que no começo, quando percebeu que tinha se apaixonado por ele, Darcy apenas não colocou expectativas e sempre esperava o pior, mas... por algum motivo, seu coração parece ter lhe enganado de novo, já que se encontrava completamente em pedaços...

A garota então ligou o carro e passou a dirigir...

Por horas...

A temperatura aquela noite havia caído drasticamente, e fazia um pouco de frio...

A gélida brisa trespassava pelas janelas do carro... o vento assobiava pelo lado de fora da estrada...

Sozinha, conversava com a solidão... que a escutava, atenta como uma irmã...

Quando olhava o relógio do smartphone, já percebia que era três da manhã...

Sabendo que aquele silêncio não estava lhe fazendo bem, a garota ligava o rádio, com esperanças que qualquer barulho lhe distraísse e lhe fizesse parar de chorar...

A estação de rádio de sempre já estava sintonizada automaticamente...

A música que começava a tocar era bem conhecida...

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Faith No More – Easy...

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Know it sounds funny, (Sei que parece engraçado)

But I just can't stand the pain, (Mas eu simplesmente não posso suportar a dor)

Girl, I'm leaving you tomorrow, (Garota, estou te deixando amanhã)

Seems to me, girl (Me parece, garota)

You know I've done all I can (Você sabe que eu fiz tudo que podia)

You see, I begged, stole and I borrowed (Você sabe, eu mendiguei, roubei e pedi emprestado)

Yeah, uh...

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Ainda dirigindo, novas lágrimas saíram... desfocando sua visão...

Elas saíram porque não as conseguia guardar em seu peito... se as tivesse contido, provavelmente teria se afogado...

E Céus... que letra era aquela...? Porque tinha a impressão que parecia algo que o sargento lhe diria?

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That's why I'm easy, (É por isso que eu estou tranquilo)

Oh, oh, oh, oh,

I'm easy like Sunday morning, (Tranquilo como uma manhã de domingo)

Oh, oh, oh, oh…

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I wanna be high, (Eu quero subir alto)

So high, (Tão alto)

I wanna be free to know the things, I do are right, (Quero ser livre pra saber que as coisas que faço são certas)

I wanna be free, (Eu quero ser livre)

Just me, (Apenas eu!)

Oh baby!

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Ótimo… aquela música não estava ajudando… e a garota se perguntava internamente se Bucky Barnes estava se sentindo melhor, já que tinha se livrado dela pra sempre...

Não tinha ideia para onde tinha ido... nem o que aconteceria com ele no futuro... mas a estagiária tinha certeza que se as coisas dessem certo para o sargento, com toda a certeza, não ficaria sabendo... e isso doía... não saber sobre ele... nem sobre como estava... se tudo estava bem ou não...

Mas quem sabe o soldado não encontrasse alguém maravilhoso no meio do caminho, daquela nova jornada? Que fizesse com que a esquecesse? Se é que James se lembrava dela naquele exato instante...

Ainda na estrada vazia, na divisa entre Maryland e Nova Jersey, Darcy implorava para que a saudade fizesse o favor de nunca mais aparecer... como se odiava por ser tão estúpida e frágil...

Queria se ver livre da saudade por ele... não queria senti-la... mas a mesma se aproximava, apertando seu coração... e sorrateira, sem avisar, ia se acomodando, com lembranças que não desejavam ir embora de sua mente...

Doía muito... e corroía sua alma, lhe fazendo sofrer...

Rasgando o infinito de si mesma, ela apenas começou a chorar e soluçar enquanto dirigia...

Tentava prestar o máximo de atenção na estrada, mas não conseguia...

Ela apertava o volante entre seus dedos e fechava os olhos, no ímpeto de que aquele rio de lágrimas desabasse de seus olhos... esvaziando-se para que novas lágrimas surgissem e ocupassem novamente o vazio de seus olhos...

Tentava não abraçar a solidão e o sofrimento, mas via um ilimitado brilho naquela saudade...

Fechava os olhos e podia estar com ele...

Desenhando-o em sua mente...

Darcy podia sentir a presença dele, mesmo que por pensamento...

Não...

Não havia como fugir... não encontrava saída para aquele imenso deserto de agonia e sofrimento...

Sua dor se misturava com lágrimas e soluços... na penumbra da madrugada...

E assim, seus pensamentos cruzavam a distância e flutuavam para a lembrança dos dois juntos...

Darcy suspirava de saudades...

E a saudade era tão profunda, que voltava como estilhaços de vidros cortantes, onde sua defesa era o único amor que sentia por James Buchanan Barnes... e a pequena faísca de esperança que tinha de reencontrá-lo... mesmo que por um milagre...

Tentava desesperadamente se afastar das inquietações de sua alma, fugindo dos terríveis tormentos, mas estava sendo tão difícil...

Quando focou a visão na estrada novamente, era como se estivesse vendo o rosto da tristeza em sua frente...

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E ela estava sorrindo...

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Muito abalada, Darcy fechou os olhos e desviou o rosto para baixo por um instante, porém...

Não notou que um caminhão se aproximava rapidamente, dirigindo na contramão, exatamente em sua direção...

O motorista parecia estar dormindo e sequer percebeu que estava na parte errada da estrada...

Quando a garota abriu os olhos, já era tarde demais...

O caminhão já estava praticamente em sua frente e então...

Ela desviou de modo derrapado para o outro lado, no intuito de mover o carro para fora da estrada...

E a estagiária conseguiu, porém...

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Darcy bateu com o carro numa árvore...

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Ela bateu a cabeça com força, mesmo com os airbags sendo acionados...

A estagiária ficou inconsciente por um tempo...

Sangue passou a escorrer de sua testa...

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Longe dali, após chegar no continente Europeu dias antes, James seguiu para a Áustria, pronto para se encontrar com o líder da HYDRA...

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Barão Von Strucker...

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Mas o que o soldado não esperava, era que diferente de todos os líderes da HYDRA, o atual não parecia ser um homem tão ambicioso e perigoso.

Ambos se encontraram num local isolado em Graz, com Yelena intermediando.

Bucky o esperou, sentado num compartimento secreto de um bar, no fundo do local, na área suburbana da cidade.

Quando Strucker chegou, James se encontrava sentado num banco em frente ao balcão.

O atual líder da HYDRA chegava com dois homens vestidos de preto.

O sargento os analisou atentamente em frações de segundos.

Era certo que provavelmente tentariam leva-lo para algum laboratório e apagar a sua mente, porém, dessa vez, mais frio e calculista, James estava disposto a negociar.

Faria o que fosse necessário para que Darcy se mantivesse segura... e a única forma de conseguir, era que sua mente não fosse apagada, caso contrário, ele não se lembraria dela e não poderia protege-la se a HYDRA a ameaçasse.

— Sargento Barnes, é uma honra. – Barão Von Strucker estendeu a mão para cumprimenta-lo, mas tudo o que teve em resposta foi o olhar indiferente e desprezo dele.

Os dois homens atrás se aproximaram, no entanto, o líder da HYDRA gesticulou para que se mantivessem longe.

— Confesso que não esperava te ver aqui... achei que relutaria para me encontrar, já que Stephan não conseguiu trazê-lo... – Ele se referia do episódio em que sequestraram Darcy e um de seus mais confiáveis homens foi detido pelo Soldado Invernal, mas também pela garota.

— Eu estou aqui para negociar. – James foi direto, surpreendendo Strucker.

— Normalmente não negociaríamos com uma arma, mas... a HYDRA não está em sua mais alta posição para fazer exigências duras... eu estou ouvindo, então... me diga o que tem em mente...

— Aceitei vir até aqui para cooperar, mas... tenho duas exigências.

— Que seriam...?

— A primeira é que não se aproximem de mim com o intuito de me resetar, caso contrário, encontrarão resistência e não hesitarei em trucidar todos vocês, pois minha decisão é agir por livre e espontânea vontade, e a segunda é que se mantenham longe de Darcy Lewis.

O líder da HYDRA alargou o olhar ao ouvir tais palavras...

— Bem... você não acha que seria mais vantajoso se apagássemos suas memórias e o fizéssemos nossa arma novamente? – A pergunta parecia uma forma de deboche, mas de certa forma, Bucky percebia resquícios de traços menos desumanos em Strucker do que em seus antigos superiores.

— Bem... você sabe exatamente do que sou capaz de fazer por ela... eu nunca diria não para vocês... não enquanto me recordar dela...

— Está me dizendo que será mais fiel a nós se não tiver suas lembranças apagadas, do que se o resetarmos? Qual é a garantia?

— A garantia é se manterem longe dela... caso contrário, eu vou acabar com todos vocês... – O soldado articulava, com muita frieza e impassibilidade. Seus olhos reluziam com um brilho nebulosamente funesto.

— Ora... se entendi, então a garota na verdade é o nosso escudo contra você?

— Exatamente. Mantenham-se longe dela e terão a minha lealdade. Mas se tentarem me controlar como os antigos líderes da HYDRA ou ameaçarem a vida dela, não vou me conter em realizar a maior vingança de toda a minha vida. – James o ameaçava, e Strucker vislumbrava o olhar de uma besta feroz, prestes a entrar em ação.

Os dois homens que o acompanhavam, pareciam se posicionar para abater James, mas o líder da HYDRA ergueu a mão, indicando um gesto de pausa.

— Sargento Barnes... diferente dos demais líderes da HYDRA, estamos envolvidos em projetos mais audaciosos, e não temos o objetivo de chamar atenção de nenhum governo, principalmente o americano. Então, se está me fazendo essa proposta, acho que devíamos discutir alguns tópicos, para que possamos entrar num acordo. O que acha?

— Eu acabei de dizer minhas condições. Se você as cumprir, então não precisamos discutir sobre mais nada. Eu simplesmente farei o que me ordenar. – O tom de voz de Bucky era firme e sombrio.

O soldado estava disposto a matar e morrer por Darcy. Seria novamente o punho da HYDRA, contanto que escolhesse esse caminho, mantendo seu livre arbítrio intacto.

Barão Von Strucker entendia o que estava acontecendo ali e resolveu ceder.

A HYDRA não podia lidar com o Soldado Invernal naquele momento... não possuíam formas de retenção para impedir que um soldado de elite do nível dele fosse abatido.

Teriam de ceder...

E foi o que fizeram...

A partir dali, James seria uma arma novamente, mas por livre e espontânea vontade.

Tudo para que Darcy estivesse segura...

.

.

.

No continente americano, na estrada na divisa do estado, Darcy ficou meia hora desacordada...

A garota recobrou a consciência depois do acidente...

Ela abriu os olhos com muita dificuldade... no escuro breu da noite...

Sua mente demorou para assimilar a realidade a volta...

Quando finalmente focou sua visão, percebeu que estava em frente a uma árvore, onde seu carro colidiu...

A estagiária sentia uma dor aguda no alto da cabeça... e quando resolveu se mexer, percebeu que estava sangrando...

Gotas vermelhas escorriam e pingavam de sua bochecha, descendo até o queixo, manchando sua roupa...

— Oh... meu... Deus... – A estagiária entendia a gravidade da situação quando constatou que estava machucada.

Sua sorte era que estava com o cinto de segurança, caso contrário...

.

Poderia ter perdido a vida naquele acidente...

.

Então, ela se livrou do cinto, levantou com dificuldades e abriu a porta do carro...

Um pouco tonta, com a visão turva e cambaleante, a primeira coisa que fez, foi avaliar o estado que seu carro se encontrava.

O capô frontal e o para-choque estavam amassados parcialmente.

As lanternas dos dois lados ainda funcionavam e embora o baque tenha sido forte, a única preocupação era saber se o carro estava ligando.

Ao voltar para dentro do veículo, ela girou a chave na ignição e percebeu que o motor funcionava normalmente.

Mas era um tanto perigoso sair naquela situação... talvez devesse ligar para seus pais...?

— Não... – Disse a si mesma... não queria preocupa-los... não queria preocupar ninguém.

Resolveria tudo sozinha.

A estagiária resolveu primeiro olhar seus ferimentos, ligando as lanternas de dentro do carro, já que parecia ter se machucado feio, por conta da quantidade de sangue que escorria de sua testa.

Ela olhou para o espelho retrovisor de dentro do veículo...

Havia um corte no alto de sua testa, do lado esquerdo... mas nada grave... não precisaria ir até um hospital.

Então, a garota pegou um lenço e limpou o sangue de sua testa, e em torno do seu rosto.

Passados quinze minutos analisando sua própria condição física e mental, ao notar que parecia estar bem, resolveu ligar o carro e sair dali.

Era praticamente quatro da manhã. Em breve amanheceria e o ideal seria ir até um mecânico para que pudesse ter o carro avaliado por um profissional.

E foi o que a garota fez...

Ela voltou a dirigir, mesmo naquelas condições, com o veículo amassado parcialmente na frente...

Darcy estava pasma consigo mesma... um momento de distração foi o suficiente para que acabasse em um acidente de trânsito, embora não fosse culpa dela e soubesse que o motorista do caminhão invadiu a sua parte da estrada...

Céus... por pouco não havia morrido... porque não parava de pensar em James e o fato de o mesmo tê-la deixado...

O quão idiota e inconsequente era... mas ao mesmo tempo tinha vontade de rir...

Ele foi embora porque achava que se estivesse por perto, iria machucá-la... o que Bucky diria se tivesse visto que a mesma quase morreu porque estava deprimida por conta de sua partida?

— Não adiantou nada você ir embora, seu idiota... a minha vida continua em risco, mesmo sem você aqui... – Darcy falava sozinha, como se tais palavras fossem para ele...

Ela dirigiu por um tempo até encontrar um posto de gasolina que funcionava 24 horas.

Ali, a garota conseguiu informações sobre a localização de uma oficina mecânica mais próxima.

Mas teve de esperar amanhecer para dirigir até lá.

Darcy permaneceu no carro por duas horas, tentando dormir... estacionada do lado do posto.

E então, quando o relógio marcou sete horas da manhã, resolveu pegar um café expresso para despertar completamente.

A estagiária saiu do carro e no meio do caminho, percebeu seu telefone vibrando.

Era sua mãe...

Darcy explicou que teve problemas com o carro, mas que não havia se acidentado, apenas para não preocupá-la.

Talvez fosse um erro esconder tudo de seus pais... mas ela os amava tanto, que não queria que os mesmos se desgastassem por causa dela.

Depois de pegar o café expresso, a garota entrou novamente no carro e ligou para Kimberly...

A loira atendia com pressa, pois se aprontava para o trabalho.

Ao explicar a situação para sua melhor amiga, a mesma apenas surtou ao telefone.

— O quê, joaninha!? Você bateu com o carro!? Céus, você está bem!?? – A amiga perguntava, num tom alarmante, completamente preocupada.

— Estou bem... foi só um corte na testa. Não foi nada demais, então não se preocupe...

— Onde você está!?

— Estou em Glasgow, em Nova Jersey.

— Por que inventou de dirigir de madrugada!? Eu poderia tê-la buscado na casa dos seus pais!

— Eu não ia te pedir isso...

— É sério, Darcy... pelo amor de Deus, em quatro anos que você dirige por essa estrada pra ir e voltar de Willowdale, você nunca bateu o carro! Nem quando estava mal por causa do Robert! Você precisa ser racional! Se não está em condições emocionais pra nada, precisa pedir ajuda! Eu e o Derek estamos aqui pra isso!

— Me desculpe, eu só... não consegui... – E quando percebeu, lá estava ela... chorando de novo... Deixando as malditas lágrimas saírem, porque era um suplício contê-las o tempo todo...

A garota sentia uma dor de cabeça pulsante de tanto chorar horas atrás... e isso se agravou quando machucou a cabeça naquele acidente.

— Darcy, fique parada aí mesmo! Eu vou te buscar! Vou falar com o meu chefe pra me dispensar hoje e estou indo aí! Vou chamar o guincho para o seu carro!

— Mas não aconteceu nada demais com o carro... eu dirigi até um posto de gasolina e vou para uma oficina mecânica agora.

— O quê!? Você enlouqueceu!? Você não pode dirigir com o veículo desse jeito! Quer entrar em outro acidente de trânsito!? Onde está com a cabeça!?

— Desculpa, Kim... eu não estou pensando em nada direito... eu apenas não quis dar trabalho pra ninguém... – A garota enxugava as lágrimas de seus olhos, fungando e soluçando ao mesmo tempo.

Seu coração estava dilacerado por causa de tudo...

Não estava sendo fácil...

— Pare de ser tão individualista! Você é como uma irmã pra mim! Eu não vou te deixar sozinha! Me espere aí onde está! Mande a localização desse posto pelo aplicativo do maps, que eu estou indo aí!

— Kim...

— Sim...?

— Obrigada... de verdade... eu não sei o que eu faria sem você e o Derek... – Darcy chorava sem parar... as lágrimas não cessavam... Embora se achasse o ser mais azarado do mundo, ela sabia que tinha muita sorte por ter os melhores amigos do mundo.

— Joaninha, nós estamos aqui por você... Sei que faria o mesmo por nós... Você também me ajudou muito, nos piores momentos da minha vida e nunca vou me esquecer. Agora para de chorar e me espera chegar.

— Ok...

— Fica quietinha no carro, porque depois que resolvermos com o guincho, vamos direto pro hospital.

— Mas eu estou bem...

— Ainda assim é melhor você passar num médico, então me espere chegar.

— Tá... – A garota apenas resolveu obedecer a amiga. Não estava em condições de nada naquele momento... sua mente simplesmente não funcionava.

.

.

Quase do outro lado do mundo, Bucky andava pelas ruas de Viena, capital da Áustria, aliviado por ter feito um acordo com o atual líder da HYDRA.

Depois de acertar suas condições com Strucker, ele tinha certa liberdade para fazer o que quisesse, embora soubesse que precisaria obedecer suas ordens.

De certa forma, caminhar num país Europeu era menos tenso do que em solo americano, já que ali, as agências de espionagem não atuavam tão atentamente.

O sargento adquiriu uma identidade falsa e podia respirar tranquilamente por não se preocupar em ser constantemente vigiado, caso fosse achado.

Os dias em que passou em Nova York eram um verdadeiro milagre... ele realmente deu muita sorte de não ter sido achado pelo governo americano e as maiores agências de inteligência do planeta.

Ao andar por ali, num dia ensolarado, ele notou uma pessoa em sua frente...

Alguém muito parecida com Darcy... só que de costas...

.

Seu coração falhou diversas batidas...

.

Ele se aproximou daquela pessoa... em lentos passos... intrigado...

Não podia ser ela... Darcy não sabia onde ele estava...

Então, quando passou ao lado da mulher que se parecia com a estagiária, notou que de fato era outra pessoa...

O soldado não sabia se respirava aliviado por não ser quem pensava, ou se ficava triste por também não ser a sua garota...

Não... ela não era mais a sua garota...

Estava sofrendo de saudades... tudo o que mais desejava era tê-la em sua frente de novo... mas sabia que era impossível...

Céus... ele enxergava o rosto dela em todos os lugares...

Bucky enfiou as mãos no bolso de sua jaqueta e voltou a andar... com olhar fixo na avenida por onde passava...

O sargento transitava por muitas pessoas...

Por mais que não quisesse e tentasse evitar de todas as formas, a lembrança do rosto de Darcy arrebatava seus sentidos...

Se recordava de seus lábios sorridentes, quando lhe proferiam lindas palavras que o confortavam...

Foram tantas promessas... tantas declarações de amor...

E as lembranças de seu corpo... a mais linda e bela escultura que tocou e provou... a obra prima mais extraordinária que existia... ela significava tudo para ele...

Então, magicamente, seus ouvidos eram invadidos pelo som da voz dela... como se um eco com o seu timbre repercutisse em sua alma, atingindo certeiramente seu coração...

A implacável distância dela, tocava no ponto mais sensível de todo o seu ser, e o soldado sentia a imensa falta que a garota lhe fazia...

Darcy Katherine Lewis... a pessoa mais importante... o amor de sua vida...

Ele esperava que ela estivesse bem...


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