Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 64
A dor entre dois corações separados




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Já era de manhã e Darcy precisava correr para se aprontar para o grande dia de sua formatura.

Ao abrir os olhos, observou James dormindo profundamente...

Céus, que visão maravilhosa...

A garota sorriu... estava tão apaixonada por Bucky Barnes, que não se importaria de passar toda eternidade contemplando a linda imagem do soldado dormindo...

Seu rosto tinha uma expressão serena... era perfeito...

Tinha tantos planos junto com ele... só não sabia como fariam dar certo, sendo que havia muitos obstáculos no meio do caminho...

Entre eles, a própria mente desordenada do sargento...

Mas por ora, a estagiária resolveu deixar aquele pensamento para trás, pular daquela cama, se vestir e correr para a casa de seus pais, que provavelmente haviam chegado de viagem.

Só teria que se aprontar adequadamente para a ocasião e finalmente correr rumo a universidade.

A garota se levantou, fez sua higiene pessoal e se vestiu.

Depois de pegar tudo o que precisava, ela mais uma vez olhou para o sargento, apaixonada por sua feição e então...

.

Depositou um beijo suave em seu rosto, despedindo-se...

.

Darcy caminhou devagar, porque não queria fazer barulho e acordá-lo, e então, cruzou a porta, saindo do quarto.

Três segundos depois, Bucky abriu os olhos...

Estava acordado...

Fingira dormir, apenas para que não precisasse falar com a garota aquela manhã...

Em poucas horas partiria, talvez para sempre da vida dela...

.

.

Quando Darcy chegou na casa de seus pais, já havia três pessoas lhe esperando na entrada:

Jane, Erik e Thor.

Kim estava a caminho.

Todos viajaram para prestigiá-la em sua formatura.

— Onde você estava!? Por que não dormiu em casa!? Não me diga que estava com algum homem por aí!? – A senhora Elizabeth Lewis já puxava a orelha da filha, tentando entender porque a garota não estava em casa.

— Ai, mãe! Para de ser chata! Eu não estava com ninguém! – Mentia descaradamente, mesmo sabendo que sua mãe não gostava que lhe escondesse nada.

— Se eu souber que você voltou com o Robert, terei de usar a minha espingarda. – Dessa vez, era Christian Lewis, seu pai, que já subia o tom, ao imaginar sua garotinha com aquele crápula.

— Christian, eu te garanto que a Darcy não estava com o Robert. – Jane defendia a amiga, porque sabia o quanto Darcy estava fugindo e evitando o ex-namorado de todas as formas.

— Valeu, Jane... porque parece que os meus pais não confiam mais em mim. – A estagiária exibia uma carranca, decepcionada. Ela preferia namorar o Pennywise do que Robert de novo.

— Então vá logo se aprontar! Já são oito e meia da manhã e a cerimônia começa às dez! – A mãe de Darcy estava nervosa. Todos já estavam prontos, menos ela.

— Eu já sei! – A estagiária saiu pisando duro, com Jane seguindo-a logo atrás.

A astrofísica cochichava em seu ouvido, segurando os ombros da garota enquanto seguiam para dentro.

— Aonde você estava...?

— Eu estava espairecendo por aí... – Darcy revirou os olhos.

— Sei... quem é o cara...?

— Não tem cara nenhum, Jane, então vamos parar com essa conversa...?

— Tudo bem. Me mostre a sua beca! Estou louca pra te ajudar a coloca-la! – Jane estava animada. Fazia tempo que não pisava na universidade de Culver e reviver tudo aquilo era bem nostálgico, pois se lembrava da sua formatura.

Erik e Thor seguiram para a sala com os pais de Darcy.

O asgardiano estava encantado com a pequena cidade. Não conhecia muitos lugares da terra, já que na maior parte das vezes, permanecia trancado no laboratório e Jane mal o levava para sair.

A senhora Lewis serviu o café da manhã e todos aproveitaram o clima agradável, com Thor contando suas aventuras dentro e fora de Asgard.

Quarenta minutos depois, Darcy estava pronta...

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Se encontrava linda em sua beca...

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Jane sorriu, completamente satisfeita ao contemplar a amiga naqueles trajes tão formais...

— Você está linda!

— Obrigada por me ajudar com a maquiagem e a roupa... – A garota sorriu, um pouco tímida.

— Eu estou tão orgulhosa de você! – A cientista correu para abraçar a amiga.

Aquilo era muito raro, já que Jane raramente lhe tratava com tanta afetuosidade.

— Sério... isso é estranho... você não costuma ser tão carinhosa comigo... – Darcy fez uma careta. Que bicho havia picado Jane Foster?

— Me desculpe... você sabe que eu não sou boa com essas coisas, mas você também não é.

— Sim, eu não sou, mas você é bem pior que eu!

— Vamos parar de falar sobre isso? Eu apenas estou feliz pela minha amiga se formar hoje!

— Eu também estou feliz... – E então, a garota correspondeu o abraço.

As duas ficaram naquela posição por mais um tempo.

— Quando você disse que talvez ia embora para Los Angeles, eu fiquei muito triste e chateada... mas sei que você tem esse sonho de morar na costa oeste desde criança, então... se isso realmente é o que você quer, eu te apoio. Só quero que você seja feliz... – Confessava, num tom de voz mais suave... Jane estava um tanto emotiva aquela manhã.

— Obrigada, Jane. Acho que não posso ser sua estagiária pra sempre.

— Mas saiba que você sempre terá uma vaga no laboratório.

— Como estagiária? Não pode me dar um cargo melhor? Hoje vou me tornar uma cientista! Você acha que vou continuar como estagiária pra sempre?

— Pra mim, você será minha eterna estagiária!

— Sério, Jane... isso pode soar bonito pra você, mas não é pra mim...!

— Tá bom, é brincadeira... parei...

E então, as duas seguiram para a sala.

Todos bateram palmas quando Darcy cruzou a porta e a garota acenou majestosamente, fazendo pose de miss.

Um tempo depois, todos se apressaram para a universidade de Culver.

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Bucky havia preparado uma mochila, somente com coisas essenciais para viajar naquele dia.

Ele saiu do hotel, devolvendo a chave na recepção e então, seguiu para a universidade, no intuito de ver sua garota pela última vez.

Era uma manhã de sol... estava tão quente quanto os dias anteriores.

Darcy havia explicado o trajeto da universidade e o soldado pegava um ônibus intermunicipal que parava em frente ao campus.

Ao chegar no local, percebeu o tumulto de pessoas.

O lugar estava decorado e diversas famílias tiravam fotos com seus filhos, vestidos com becas escuras e os tradicionais capelos que eram os chapéus que faziam conjunto com o traje.

O sargento estava disfarçado com as roupas de sempre, então não teria problemas.

Como havia muitas árvores nas laterais do campus, James resolveu ficar atrás de uma, não muito longe de onde se encontrava o grande palco onde as turmas do curso de ciência política ficaria. A visão lhe permitia enxergar tudo com perfeição.

Muitas turmas de diversos cursos se formariam naquela manhã, não só a de Darcy, mas a de Derek também.

O lugar escolhido para a cerimônia foi o estádio do lado de fora do campus, que já se encontrava imensamente cheio.

Ao andar atentamente pelo local, procurando pela garota, Bucky finalmente a encontrou...

Darcy estava vestida com seu traje de formatura e falava com algumas pessoas.

Ele reconheceu quem estava ao lado dela naquele momento.

Seus amigos Derek e Kim, junto com outra garota loira, os cientistas Jane e Erik e o asgardiano Thor.

Havia um casal atrás, observando tudo com um sorriso satisfeito no rosto.

A julgar pela fisionomia de ambos, o casal parecia ser os pais de Darcy, principalmente pela semelhança que a senhora de meia idade tinha com a garota e até mesmo com Katherine Blanc, que provavelmente era sua mãe.

Ele observava atentamente a felicidade da estagiária... em como ela estava linda e radiante... em como ela era uma mulher forte e independente, que não parecia depender de ninguém...

Nem mesmo dele...

James estava feliz por ela. E tudo o que desejava era que a garota tivesse uma vida belíssima e de muito sucesso.

Ela não merecia sofrer... merecia ser feliz e ter tudo o que desejava... incluindo a realização de todos os seus sonhos...

O sargento só se entristecia pelo fato de não poder ajudar a realizar os sonhos dela... não tinha essa capacidade...

Após algum tempo, a cerimônia começou e todos se sentaram.

Uma pessoa foi chamada ao palco para discursar, e depois de longos minutos, o mestre da cerimônia começou a chamar os formandos para receberem seus diplomas e os cords, que eram cordas coloridas, indicando a origem da honra adquirida pelo aluno.

Basicamente havia vários tipos de fraternidade ou irmandade, esportes, entre outros.

O soldado esperou que Darcy fosse chamada pelo mestre de cerimônia...

E assim aconteceu...

Quando o nome dela foi chamado, a garota sorriu ao som das palmas de todos do local, e então caminhou sorridente até o palco...

James sentia seu coração aquecer ao vislumbrar o sorriso caloroso e o olhar reluzente que iluminava o rosto dela... Darcy estava tão linda...

A garota pegou o pequeno papel enrolado na mão do mestre de cerimônia e logo depois abaixou a cabeça, para que o mesmo colocasse os cords em seus ombros.

Todos aplaudiram e ela sorriu, satisfeita e vitoriosa.

Os pais da garota choravam de emoção...

Kim e Jane também...

Erik e Thor assobiavam...

Derek e Steph também assobiavam, fazendo o máximo de barulho.

E finalmente, a garota saia do palco, carregando seu diploma...

Ela estava radiante...

Todos os seus amigos correram para abraça-la, formando uma algazarra em torno dela.

O sargento virou o rosto, grato por ter visto sua garota se formar... Ele estava muito feliz por ela...

Darcy merecia tudo de melhor em sua vida... e estava cercada de pessoas que a amavam e a apoiavam...

Possuía amigos e uma família estruturada...

Ao contemplar aquela linda vista, Bucky sorriu, tranquilo e satisfeito, mas sua missão ali estava cumprida.

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Agora era hora de partir...

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E foi o que o sargento fez logo em seguida...

Caminhou largos passos para fora da universidade. O destino era a rodoviária mais próxima...

Sairia da Virginia Ocidental e depois dos Estados Unidos...

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.

Agora era somente ele e a HYDRA...

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Depois de meia hora, Darcy começou a olhar aos arredores do campus, procurando pelo soldado, esperando que o mesmo estivesse escondido em algum lugar, mas havia muitas pessoas ali, então ficaria difícil localizá-lo.

— O que você está procurando, filha? – Seu pai lhe indagou, porque a mesma estava totalmente distraída.

— Nada... – Darcy começava a estranhar... será que o sargento ainda estava dormindo e havia se esquecido de sua formatura?

— Venha... vamos para o salão comemorar... todos estão te esperando lá. – Christian Lewis colocou o braço ao redor dos ombros da filha, lhe guiando para o local.

No entanto, a garota se encontrava um pouco inquieta por dentro, já que James não parecia estar ali...

Onde ele estava...?

.

.

O dia se passou e Darcy tentou aproveitar ao máximo a ocasião, mas seu coração estava um pouco apertado, porque não avistou James em canto nenhum.

Ela enviou mensagens de texto para o celular que deixara com o mesmo desde quando o soldado passou a morar com ela em seu apartamento em Nova York, mas não obteve resposta.

Estava ficando preocupada...

— Joaninha, algum problema...? – Kim perguntava ao ver o desconforto da garota, apreensiva por algo.

— Eu não vi o Bucky em lugar nenhum hoje...

— Amiga... você acha que ele ia se aproximar com todos por perto? Você mesma disse que ele ficaria escondido, observando tudo de longe, então relaxa...

— Mas estou tentando contato com ele e não tive resposta.

— Já tentou ligar?

— Sim.

— Onde você acha que ele pode estar agora?

— No hotel onde ficamos ontem.

— Quer que eu te leve até lá?

— Sim.

Darcy resolveu se despedir de todos e sair do salão. Já estava tarde e a garota se encontrava apreensiva sobre o porquê James não respondia suas mensagens.

Ela se despediu de Jane e os outros e disse que talvez não voltaria para casa aquela noite, pedindo para seus pais não lhe esperarem tão cedo.

— Pra onde você vai, filha? – A mãe de Darcy a olhava desconfiada.

— Vou pra balada com os amigos, comemorar! O que mais eu faria!?

— Vê se pega leve na bebida... – Seu pai lhe advertia.

— Pode deixar, agora eu vou indo! Tchau, gente! – Ela acenava para todos que a acompanharam naquele dia.

Kim seguiu com ela para fora do campus.

Jane, Erik e Thor também saíram do local, rumo ao aeroporto. Voltariam para Nova York aquela noite.

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Enquanto dirigia, a loira observava Darcy extremamente tensa.

Era um dia especial e devia estar muito feliz, mas não era o que sua amiga constatava naquele instante.

— Joaninha... por que toda essa tensão?

— Estou desconfiada de algo...

— Desconfiada do quê?

— Ele pode ter ido embora sem dizer nada, Kim...

— E por que ele faria isso?

— É complicado explicar... – Darcy não diria a amiga que no dia anterior, o Soldado Invernal tomou o controle da mente de James e ele quase a matou.

A loira com certeza não entenderia...

Quando as duas avistaram o hotel, Kim mal estacionou e Daecy já saiu correndo para a entrada.

A estagiária falou com a recepcionista, que lhe entregou a chave do quarto onde ela e Bucky dormiram na noite anterior.

A mulher disse que o companheiro de quarto de Darcy havia saído pela manhã, mas não retornou.

— Ele não disse nada!?

— Não, apenas entregou a chave na recepção e saiu. Isso foi de manhã, por volta das nove e meia.

Apreensiva e com o coração na mão, a garota começou a entrar em desespero.

— Ele não deixou algum recado, um bilhete, nada!? – Kim tomava a frente, porque Darcy já estava em pânico naquele instante.

— Eu não sei... mas como vocês pagaram por duas diárias, o quarto ainda não foi ocupado. Você pode entrar lá se quiser procurar alguma coisa. – A recepcionista entregava as chaves na mão da garota, que imediatamente pegou o objeto de suas mãos e correu em rápidos passos rumo ao corredor.

— Obrigada. – Kim agradeceu a mulher, apenas para não parecerem mal-educadas, já que sua amiga estava fora de si.

Darcy corria com muito desespero rumo a suíte que compartilhou com James um dia antes...

Suas mãos tremiam e seu coração disparava violentamente...

Tudo o que mais queria naquele momento, era abrir a porta daquele lugar e encontrar o sargento ali...

Mas quando finalmente a garota rodou a maçaneta e cruzou a porta...

O cômodo estava vazio...

A estagiária sentiu uma forte compressão no estômago...

Ela correu e entrou no banheiro do quarto, procurando por Bucky, mas não havia ninguém...

Apenas um rádio sintonizado na mesma estação que sempre costumava ouvir junto com ele...

Uma música tocava de fundo... e num volume baixo...

.

Pearl Jam – Black...

.

Sheets of empty canvas, (Telas de pintura vazias)

Untouched sheets of clay... (Peças intocadas de argila)

Were laid spread out before me, (Foram dispostas diante de mim)

As her body once did. (Como o corpo dela um dia esteve)

.

Desesperada, sem saber o que fazer, olhou atentamente para todos os cantos, procurando os pertences dele, mas também não havia mais nada do soldado ali.

Kim entrou no quarto logo depois, e notou a amiga completamente aflita.

— Ele foi embora...? – A loira contestou, vendo o pânico instaurado nos olhos dela.

— Eu acho que sim... Céus, Kim, o que eu faço...!?

— Se acalme... – A amiga de Darcy sabia que precisava ser racional naquele momento. Darcy já havia perdido as estribeiras e tinha que mantê-la segura, caso a garota tentasse algo perigoso.

— COMO VOU ME ACALMAR!!!? ELE NÃO ESTÁ AQUI!!! O QUE EU FAÇO!!? AONDE EU DEVO COMEÇAR A PROCURAR!!? – A estagiária se encontrava desnorteada e já começava a chorar.

A loira olhou ao redor, procurando por alguma coisa que o sargento pudesse ter deixado trás e então...

.

Achou um envelope em cima da mesa de cabeceira, ao lado da cama.

.

Darcy não havia reparado porque estava muito nervosa.

— Joaninha... acho que ele deixou isso aqui pra você... – A loira pegou o envelope, entregando-o para a amiga.

No papel, escrito com uma letra muito bonita e legível, o nome dela...

.

Para Darcy...

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A garota arregalou os olhos ao pegar aquele papel...

Seu coração passou a disparar violentas batidas ao pensar o que estava escrito ali...

E então, ela abriu o envelope e desembrulhou o papel de dentro, de modo exasperado.

A música continuava fluindo de modo melancólico pelo local...

.

Oh all five horizons, (Todos os cinco horizontes)

Revolved around her soul, (Girando ao redor de sua alma)

As the earth to the sun, (Como a terra ao redor do sol)

Now the air I tasted and breathed, (Agora o ar que eu provei e respirei)

Has taken a turn… (Mudou de rumo)

.

Com um nó na garganta, e o estômago dando reviravoltas, a estagiária começou a ler o conteúdo que estava escrito no papel...

Era uma carta grande... havia muita coisa ali...

Kim a observava com pena... já imaginava o que estava acontecendo...

Darcy passou a ler tudo com muitas lágrimas nos olhos, engolindo soluços, gemendo em desespero...

Na carta, os seguintes dizeres:

.

.

“Boneca, estou escrevendo essa carta com um profundo pesar, e se você a encontrou rápido, é porque está desesperada me procurando. Por favor, se acalme. Eu estou bem, mas preciso te dizer algumas coisas, e prometo ser sincero... não quero mais te esconder nada.

Fui intimado pela HYDRA e resolvi ir atrás deles, não só porque fui ameaçado, mas porque você também foi, e esse não é o único motivo pelo qual estou te deixando. Estou indo também por causa de mim mesmo... eu não vou conseguir viver em paz enquanto tiver uma mente conturbada e perigosa, que coloque a sua vida em risco. Eu jamais me perdoaria se te matasse. Não posso viver com você enquanto não me curar. Sei que você diria que haveria um jeito, mas acredite, por enquanto, não há.

Não se trata de você, mas de mim. Eu não quero estragar os seus planos e sonhos. Nos encontramos de forma inesperada há mais de três meses e você tem sido o meu anjo protetor desde então, mas agora está na hora de seguir o meu caminho, que claramente não é ao seu lado... não nesse momento.

Eu quero que você seja feliz e que siga a sua vida. Não procure por mim, porque o lugar para onde estou indo, não há espaço para você. É perigoso demais e não quero que se machuque. É melhor assim. Quanto mais cedo você aceitar, menos vai sofrer.

Expresso aqui todo o meu carinho, admiração e amor por você... Eu te amo tanto que em primeiro lugar vem a sua segurança, e não me importo se tiver que morrer pra que você fique segura. A sua vida vale muito mais do que a minha, e no momento, o meu maior objetivo é me manter longe de você, apenas para que você viva, porque o verdadeiro amor sacrifica a própria felicidade se for preciso, para que a pessoa amada seja feliz.

Você me proporcionou os melhores dias da minha vida e vou me lembrar deles todos os dias. Eu queria que as coisas tivessem sido diferentes... queria ser egoísta o suficiente pra passar por tudo isso junto com você, ao seu lado, mas não posso... e espero que você entenda o meu lado. Não quero te prometer nada no futuro, porque ele é muito incerto pra mim, mas se mesmo depois de tudo, nossos caminhos não forem diferentes... Eu te prometo que a gente se encontra no final.

A vida é uma viagem. Obrigado pela carona.

Eu te amo. Pra sempre.

JBB.”

.

.

Ao terminar de ler, a garota apertou os olhos, fechando-os com dor, deixando as lágrimas rolarem por seu rosto...

Darcy começou a chorar desesperadamente e Kim se aproximou.

— Não... por quê...? Por que ele fez isso comigo...!? Por quê...!? – A garota chorava como uma criança, extremamente desolada, aflita e atormentada.

— Calma... calma... – A loira abraçou a amiga, colocando a cabeça dela em seu peito enquanto se sentavam na cama...

Darcy chorou no ombro de Kimberly, de modo inconsolável, totalmente destruída por dentro...

A amiga ficou em silêncio, tentando conter as lágrimas dela, em vão...

A estagiária apenas soluçava desesperadamente enquanto novas lágrimas caiam de seus olhos...

A dor a enlaçava, no ponto mais alto, sufocando seu respirar, fazendo sua alma chorar, tentando controlar a tristeza que invadia seu peito...

Mas ela não conseguia...

Quanto mais Darcy entendia a situação e assimilava a realidade à sua volta, mais seus soluços aumentavam, até que...

.

Se tornaram gritos...

.

Um grito agonizante de dor fluiu pelo quarto, se misturando com a melodia da música ao fundo, e Kim afagava o cabelo dela, trazendo-a para mais perto.

Aquela exclamação de suplício foi o som mais tortuoso que ouvira de sua amiga...

Era assustador...

.

Oh and all I taught her was everything, (E tudo o que ensinei a ela foi tudo)

Oh, I know she gave me all that she wore, (Eu sei que ela me deu tudo que possuía)

And now my bitter hands chafe beneath the clouds, (E agora minhas mãos amargas se esfolam abaixo das nuvens)

Of what was everything? (Do que um dia foi tudo?)

.

Um turbilhão de sensações lhe dominavam, fazendo-a perder a noção de tudo ao redor...

Não havia o que ser feito...

James Buchanan Barnes havia ido embora... lhe abandonado pro seu próprio bem...

Mas ela não conseguia aceitar...

A garota chorou no ombro de Kimberly por uma hora seguida, a ponto de seus olhos incharem completamente...

.

.

Longe dali, o sargento se encontrava dentro de um ônibus que o levaria para uma cidade onde pudesse cruzar a fronteira com o Canadá.

De Quebec, ele seguiria para a Europa, num transporte marítimo, já que de avião era muito arriscado.

Enquanto observava a estrada pela janela do ônibus, Bucky suspirou... completamente aflito...

Imaginava que naquele momento, talvez Darcy já tivesse lido sua carta e estivesse aos prantos...

Só de imaginá-la chorando por sua causa... o fazia se sentir a pessoa mais cruel e desprezível do mundo...

Mas não havia outra escolha... era pelo bem dela...

Que ser humano miserável ele era...

Sua vida não valia um único sorriso de Darcy...

O ônibus que fazia uma pequena parada numa rodoviária próxima à fronteira, se encontrava parado.

Do lado de dentro da rodoviária, a mesma música que tocava na estação de rádio no quarto do hotel em que Darcy estava naquele momento, ecoava de fundo...

Era exatamente como ele se sentia naquele momento...

.

All the love gone bad, (Todo o amor tornou-se mal)

Turned my world to black, (Transformou meu mundo em escuridão)

Tattooed all I see, all that I am and all that I'll be... yeah... (Tatuando tudo que vejo, tudo que eu sou e tudo que serei)

.

I know someday you'll have a beautiful life, (Eu sei que algum dia você terá uma linda vida)

I know you'll be a star, (Eu sei que você será uma estrela)

In somebody else's sky, (No céu de um outro alguém)

But why? why? (Mas por quê? por quê?)

Why can't it be, oh can't it be mine? (Por que não pode ser, por que não pode ser no meu?)

.

O sargento também sentia uma dor terrível petrificar sua alma... nunca pensou que fosse sofrer tanto por uma mulher, como estava sofrendo naquele instante por Darcy...

Um fio de calor escorria por seu rosto...

.

A lágrima perfeita em seus olhos...

.

Darcy não era a única que derramava lágrimas naquele exato momento, porém, o sargento já estava habituado a sentir dor... não era algo que não tivesse passado antes, embora parecesse mil vezes pior...

Ter sua mente fritada por uma máquina... suas lembranças apagadas... ser torturado e sofrer o pior tipo de violência física e mental por parte da HYDRA era muito mais fácil do que sofrer em deixa-la...

Não sabia como seria seu futuro sem ela... Depois de tudo o que viveram... mas...

Não havia outra forma...

.

Teria de perde-la para salvá-la...

.


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