Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 55
Sentimentos esplendidamente correspondidos


Notas iniciais do capítulo

Hey galera, tudo certo? Espero que sim.
Hoje finalmente esse casal vai acontecer. Divirtam-se.



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Darcy dirigiu até o centro de Willowdale, entrando num estacionamento ao lado do clube de dança.

A dupla seguiu para o local, de braços dados.

Ambos felizes e radiantes...

A estagiária e o soldado entraram no clube, pagaram a entrada e correram para a pista principal.

O lugar não era como as danceterias que Darcy frequentava em Nova York. Era algo mais arcaico e rústico... com uma decoração mais requintada, e coincidentemente semelhante aos clubes da década de 40, segundo o julgamento do sargento.

As paredes eram de tijolos, os balcões, mesas e cadeiras de madeira, e a iluminação incandescente, deixando os arredores do ambiente em tons alaranjados.

Mesmo com toda aquela aura clássica, o local era extremamente elegante.

Tudo estava perfeito...

— Esse lugar lembra muito os clubes que costumava frequentava antigamente... – Bucky estava vislumbrado com o lugar.

— Eu sei! É por isso que resolvi te trazer aqui! – A garota sorriu, docemente.

Uma banda se apresentava no palco, ao vivo, e tocavam uma música agitada.

Havia uma pista de dança e muitos curtiam a música de várias formas: Algumas pessoas estavam unicamente ali para prestigiar a banda, que embora não fosse muito conhecida, se destacava por tocarem divinamente bem, e outras estavam ali para dançar, beber e se descontraírem.

A banda que se apresentava era muito técnica e os integrantes tocavam diversos instrumentos clássicos, desde guitarra acústica até piano, trompete e saxofone.

O fato de haver saxofone e trompete em alguns arranjos, já fazia o soldado mergulhar numa bela viagem para os anos 40.

Curiosa para saber mais a respeito daquela banda, Darcy se aproximou em um dos balcões do clube e logo foi indagando o barman sobre a banda que se apresentava.

— Hey, quem são eles? – A garota apontava para o palco.

— O nome deles é The Reign of Kindo. É uma banda Nova-yorkina. Eles são ótimos! Misturam vários estilos em um só. – O barman respondia enquanto enxugava vários copos com um pano de prato.

— Uau, Nova York!? E quais são os estilos que eles tocam?

— Hmm... são muitos... Indie Rock, Progressivo, Jazz Fusion, Alternative e Funk.

— Uau… é algo bem incomum!

— Sim, mas você devia aproveitar a noite, senhorita. O rapaz ali atrás não para de te encarar. – O barman se referia a James, que a observava com um semblante ternamente encantado.

— Obrigada! – Ela se afastou do balcão e correu para perto do soldado.

— Quer uma bebida antes de dançarmos? – Darcy sugeriu, risonha.

— Acho que não... quero te manter sóbria essa noite. – O sargento sorriu sugestivamente, e ela entendia a referência...

— Ooh, então nada de álcool hoje!? – Contestava, insinuante.

— Você está proibida de se embriagar essa noite, boneca. – James sabia o que aconteceria com Darcy se ela bebesse... não desejava que a garota perdesse os sentidos de novo e desmaiasse em seus braços...

Desejava aproveitar cada momento ao seu lado, sem que nada os atrapalhasse...

A garota o fitava com certa curiosidade...

O sargento mostrava resquícios de mistério no olhar que lhe lançava... parecia estar planejando algo, embora não tivesse a mínima ideia do que era.

Bucky correspondia as expectativas de Darcy, uma a uma...

Ela estava muito empolgada.

— Então, me concede essa dança, sargento Barnes? – A estagiária estendeu a mão em sua direção e aquilo o fez rir.

— Regra número um, senhorita... É o homem quem faz o convite... – O sorriso dele era completamente cínico.

— Estamos no século 21, soldado... – A garota continuou com a mão estendida, sorrindo teimosamente em resposta, esperando que ele aceitasse o convite.

— Essas são regras de etiqueta dos anos 40, mocinha. Eu sou seu professor e você prometeu que seria uma boa aluna. – Bucky cruzava os braços, esperando que ela obedecesse, não por imposição e sujeição forçada de um homem a uma mulher, mas apenas por cavalheirismo e cordialidade, aos moldes mais clássicos e tradicionais do século 20.

— Tudo bem... sou uma mulher de palavra. – E então, Darcy desistiu de estar na linha de frente, deixando-o assumir.

O sargento se afastou, agachou-se, mantendo a perna direita um pouco engatada, e finalmente, estendeu a mão na direção dela...

— Pode me dar a honra desta dança, milady...? – A reverenciou, esboçando um meio sorriso de canto... sua voz soou rouca e incrivelmente atraente... sua expressão era demasiadamente sedutora ao enfatizar o termo ‘milady’, uma expressão inglesa britânica que se dava a uma mulher nobre ou elegante...

— Claro, gentil senhor... – Darcy pegou na mão dele, mas de modo inesperado...

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Bucky segurou delicadamente a mão feminina, e como um galanteador nato que era, rapidamente a ergueu, beijando as costas da mão feminina, exibindo uma leve piscada e sorrindo marotamente sedutor, mostrando seus incríveis dentes brancos....

.

A estagiária corou no mesmo instante... James Buchanan Barnes estava em seu auge aquela noite, mostrando todo o seu extraordinário charme da forma mais garbosa que existia...

Ele a conduziu para o meio da pista, onde vários casais dançavam animadamente, como se estivessem num concurso de dança.

Ao chegarem ali, se juntaram a todos que balançavam ao ritmo acelerado da música.

A garota ficou um pouco inibida ao ver que todos os casais dançavam super bem e acertavam os passos da música agitada com muita facilidade.

Darcy se encolheu sob o peito do sargento, tímida...

— Eu nunca dancei assim antes... não vou saber como me mexer... – Confessava, com uma expressão encantadoramente acanhada na face.

— Não se preocupe, senhorita... eu conheço todos os passos e vou te conduzir... basta apenas me acompanhar e seguir seus instintos...

A estagiária sorriu largamente em resposta... o que deveria ser difícil e tenso, estava se tornando leve e divertido.

— Certo, mas se eu pisar no seu pé, a culpa é sua! – Advertiu, risonha.

— Regra número dois... cada vez que pisar no meu pé, terá de recompensar seu parceiro de dança com algo... – Ameaçou-a, mentindo descaradamente.

— Hey! Isso não parece ser uma regra de etiqueta! – Darcy protestou, porque sabia que o soldado tinha intenções malignas.

— Seja uma boa menina e só siga os meus passos. – James replicou suavemente em seu ouvido, lhe arrancando um arrepio agudo na espinha...

Quando se afastou e a encarou novamente, sentia que os olhos azuis da garota, exibiam parte de um oceano de felicidade, que só ela conseguia transmitir...

Era como se a sua felicidade, estivesse escondida... entre o olhar dela...

Bucky poderia admirá-la para sempre... seu olhar esplendidamente azul era como um manual para ler estrelas...

Então, Darcy segurou o ombro do soldado, que em contrapartida deslizou sua mão pela cintura feminina, apoiando os dedos na curva de suas costas, enquanto a mão metálica e enluvada segurava a mão direita dela.

Eles se entreolharam intensamente... na hora exata em que a banda anunciava que tocaria uma nova música, intitulada...

“Let it Go”...

A melodia começava com o solo de um piano e fortes batidas nas caixas do baterista, marcando o compasso, para logo depois um arranjo de guitarra acústica completar a canção, deixando tudo ainda mais sonoro.

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Don't know what I'm thinking… (Não sei o que estou pensando)

But I can tell that something's different tonight… (Mas posso dizer que algo está diferente hoje à noite)

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A voz do vocalista era linda… e a música perfeita...

James comandava os passos, puxando o corpo da garota através da mão humana que se encontrava apoiada entre sua cintura e a curva de suas costas.

Darcy era leve como uma pluma e era fácil guia-la para onde queria.

A mão cibernética também lhe ajudava a liderar os passos da dança, e ela se sentia como uma boneca manobrável, sendo carregada até certo ponto, já que seu corpo o seguia por instinto...

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I know that my heart's been here before, (Eu sei que meu coração já esteve aqui antes)

But my mind could never find the words to say, (Mas minha mente nunca poderia achar as palavras para dizer)

How feeling so small yet so adored, (Como um sentimento tão pequeno, porém tão adorável)

It takes me away… (me leva pra longe)

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O sargento movia seus quadris com maestria, exibindo passos graciosos e exímios, numa dança em que tinha muita experiência...

Recobrar as lembranças da época em que dançava em vários clubes em Nova York, era o que mais agradecia de relembrar naquele momento...

Suas pernas deslizavam majestosamente pela pista, e Darcy o acompanhava, surpreendida pela incrível destreza do soldado... seu talento para dança era incrível...

A garota sentia-se sendo transportada para o tempo dele... para uma época em que nunca fez parte...

Por várias vezes ela mostrou para Bucky como era o século 21 e toda a tecnologia e modernidade de seu tempo, mas agora, era o contrário... viajava no tempo, retrocedendo os relógios, numa jornada alucinante, e com o homem ao qual estava perdidamente apaixonada...

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And I don't believe that I could let it go… let it goooo….

I can't believe that I would let it go, let it gooooo….

.

Um solo transitório de saxofone podia ser ouvido...

O ambiente estava impecável... as luzes, a música, as pessoas, o clima... tudo estava tão perfeitamente nos eixos, que os dois apenas desejavam que aquele momento durasse para sempre...

Os dois sorriam um para o outro. Estavam em êxtase pela música e pela dança...

A cada passo... e a cada compasso da música, era como se encontrassem a felicidade...

James sentia como se a garota fosse um universo que se expandia para dentro de seu peito...

Amava quando o sorriso dela descansava no seu...

O soldado ergueu a mão da garota para o alto, sugerindo que ela rodopiasse, e Darcy riu de nervoso, não tendo ideia de como faria aquilo, porém, o movimento foi espontâneo e a mesma girou seu corpo por duas vezes, até que no terceiro giro Bucky enlaçou fortemente sua cintura, segurando-a de modo firme enquanto a garota inclinava seu corpo no sentido contrário, com a cabeça para trás e o queixo para o alto... num movimento tão clássico de uma dança a dois...

O sargento segurava o corpo da estagiária, que se encontrava curvado para trás...

Lentamente, ele se inclinou para ela também, mantendo-a equilibrada enquanto detinha suas costas...

Ambas as mãos permaneciam com os dedos entrelaçados...

Eles se encaravam e riam como duas crianças...

O coração dos dois pulsava em um ritmo que acalmava, mas ao mesmo tempo inflamava... eram tomados por uma alegria infinita... um êxtase... um frenesi envolvente... uma sensação tão mágica que os tornavam dependentes de toda aquela energia resplandecente...

James e Darcy amavam aquela mágica vibração que a melodia causava... amavam a ideia de suas almas estarem presas a uma música...

Era como se ela fosse o tom e ele a nota... ambos se tocavam e se gravavam em si mesmos...

Bucky a puxou de volta para ele, voltando a conduzir aquela dança maravilhosa...

Um sorriso de canto insinuante brotava nos lábios dela, ao perceber que conseguiu executar lindamente aquele passo...

Ele a observava em silêncio... seus olhos em chamas... totalmente enfeitiçado por aquela ao qual seu coração se inclinava...

E enquanto continuavam dançando, Darcy elevou o rosto, sussurrando palavras no ouvido dele...

— Eu não imaginei que estaria hoje nesse lugar... com você... – O timbre dela lhe derretia por inteiro...

— Sinta-se privilegiada, porque de todas as mulheres com quem já dancei, você é a que mais está me divertindo... – Replicava, convencido.

— Ah, claro! Afinal, eu sou a esquisita do século 21 que faz todas as donzelas se sentirem deusas, comparadas a mim, que sou uma ogra!

— Você é uma ogra fascinante, Darcy... – Um sorriso esculpia os maravilhosos lábios de James Buchanan Barnes naquele instante...

Amava o som da voz dele chamando seu nome... e amava a luz que caia sobre seus olhos...

O soldado sentia uma infinidade de emoções ao estar ao lado dela... era apaixonante... e ao contemplá-la, tão bela e plena, viajava... se entregando aos efeitos que sua visão lhe proporcionava...

James amava aquele jeito de menina com certa malícia... que através do meigo contato de suas mãos, lhe incendiava... fazendo-o queimar com seu caloroso toque...

Amava também a delicadeza do olhar... que com jeitinho o alucinava... lhe embriagando e iluminando... sendo a fonte de toda a sua vivacidade...

Darcy lhe narcotizava por inteiro... a textura de sua pele lhe aprazia... sentia tensão e tesão... efeitos insanos, infames e profundos... lhe inflamavam a ponto de esquecer do mundo, de seu nome e até de suas piores dores...

Seus olhos brilhavam... de paixão e ansiedade...

Ele só queria vê-la, tocá-la e senti-la... então...

O sargento levantou-a, erguendo o corpo da garota nas alturas enquanto a segurava pela cintura, surpreendendo-a de imediato...

A estagiária sorriu amplamente diante daquele movimento, e um brilho extenso moldou o seu rosto... tudo nela estava reluzente, ainda mais quando a claridade do salão cintilava fortemente acima de sua cabeça, quase ofuscando a visão majestosa que tinha dela naquele momento...

O soldado sorriu de volta... Céus, ela estava tão linda, tão radiante... tão esplêndida...

.

And I don't believe that I could let it go… let it gooo… 

.

Darcy morava em todas as suas terminações nervosas, habitava em todos os traços de seu corpo e passeava em todos os grãos de sentimentos que ardiam em seu peito.

Descobria estar apaixonado pelo universo que vivia nela... tão límpido e lívido...

A garota era a musa de suas mais intrínsecas idealizações...

Sentia-se ultrapassado, antiquado e um tanto arcaico... um soldado centenário da segunda guerra mundial... perdido na antiguidade de sua época e cheirando a mofo... preso num cenário acinzentado, congelado e sombrio, mas...

Darcy coloria sua vida, enfeitava seus dias e acalorava seu coração enferrujado e corroído...

Ele queria sentir intensamente a presença dela em seu ser...

Enquanto a mantinha nas alturas, o sargento a rodopiava no ar... Estava imensamente enfeitiçado pela beleza sublime da estagiária...

E então...

Quando os braços dele cederam para coloca-la de volta ao chão, James simplesmente paralisou... estava tão envolvido e atraído pela expressão magnífica naquele rosto tão belo, que tudo parou de fazer sentido novamente...

A garota percebia que o semblante do soldado era de puro fascínio... era como se o mesmo estivesse apaixonado por ela... o que seria algo inacreditável se ele próprio não lhe dissesse ou mostrasse...

E foi o que o sargento resolveu fazer naquele exato momento...

Não apenas mostrava tal evidência, como provaria que seus sentimentos por ela eram reais e verdadeiros...

Bucky observava Darcy corando diante de seu olhar apaixonado... ela tentava disfarçar com uma feição peculiar, tão típico nela e que secretamente o mesmo amava...

Ele não a colocou no chão... pelo contrário... em vez disso, envolveu-a em seus braços, num aperto firme, mantendo os pés da garota fora do chão...

.

Num abraço...

.

A pressão fortemente tangível sobre o peito do soldado era instigante...

Sua resistência havia se esgotado... não podia mais resistir a ela...

Darcy lhe tentava em todos os sentidos... amor, paixão, tesão e desejo...

Lentamente, o rosto da garota foi descendo na direção do rosto dele... e mesmo sentindo seu coração num turbilhão de batidas, ela não desviou a face e nem seu olhar daqueles maravilhosos olhos azuis tão cristalinos que lhe petrificavam...

Os rostos de ambos, muito próximos... e as respirações se misturando...

A testa da estagiária tocava levemente a testa do soldado... e os dois se entreolhavam intimamente... sem quebrar o contato visual...

Ele a segurava com muita facilidade...

A fragrância maravilhosa de James lhe entorpecia... seu perfume refrescante e levemente amadeirado flutuava em torno de si... ozônico, incisivo, metálico e gelado...

Um aroma apetecível e inefável...

O sargento também se embriagava com a essência floral da garota... o cheiro doce, límpido e nectáreo de uma fruta apetitosa e adocicada...

Cereja...

Tudo o que o mesmo conseguia vislumbrar naquele momento eram os lábios carmesim dela... tão convidativos... tão cobiçosos...

Sua boca parecia ser o entorpecente mais viciante que existia... e Bucky se sentia cada vez mais hipnotizado e tentado a provar... estava prestes a enlouquecer de vontade...

O rosto da estagiária e do soldado se encontravam perigosamente próximos... suas testas ainda se tocavam...

Mesmo com o rosto extremamente ruborizado, nem mesmo Darcy conseguia se opor ao que sentia pelo sargento... ele era irresistível... e ela o desejava mais do que tudo naquele momento...

Então...

A garota ergueu a mão direita não direção do rosto dele e passou a acaricia-lo... percorrendo os dedos delicadamente pelas costeletas na altura da mandíbula até o queixo...

O sargento se sentiu estremecido...

Darcy manteve a testa contra a dele e tentou regular sua respiração superficial e célere...

Se James lhe pedisse... ela lhe daria tudo...

Seria todo ouvidos para sua voz... toda pele para seus toques... todos olhos em sua direção... e toda alma para seu querer...

Queria abraça-lo para juntar os fragmentos de sua mente despedaçada... beijar suas feridas até sararem... ser a calmaria em meio às tempestades de suas crises traumáticas... a paz para suas consternações...

Darcy queria acolhê-lo com todo o amor que tinha para lhe oferecer... ela faria de tudo pra ver o mais belo de seus sorrisos e seus olhos brilhando de felicidade... queria segurar a mão dele e prometer que de agora em diante, todos os seus dias seriam felizes e tudo seria diferente...

Ela queria lhe dizer que cuidaria para sempre de seu sofrimento, de sua mente aflita e de seu coração quebrado... que abraçaria sua alma e lhe protegeria daquele mundo triste, cruel e sombrio, que não o merecia...

Faria o possível e o impossível para que James tivesse paz...

Mas somente se ele permitisse...

No entanto, a estagiária foi tirada de seus devaneios quando o sargento a manteve defronte a ele, mantendo os pés dela fora do chão, e passou a apertar um pouco mais os braços ao redor de sua cintura, puxando o corpo da garota para mais perto...

As mãos espalmadas de Darcy pressionaram o peito musculoso por baixo do terno, quase estremecendo por sua vibração ardente...

Era como se o amor emanasse de si mesmos...

Uma coleção de palavras inexplicáveis e não ditas... nos toques que não haviam acontecido... no beijo entre os olhares... na matemática dos corpos... no horizonte infinito do oceano das íris cristalinas de seus olhos azuis...

O amor de ambos morava em cada letra que formava seus nomes... em cada frase implícita, em cada gesto e até mesmo em seus pensamentos secretos, que nenhum dos dois tinha conhecimento...

Naquele instante, desejavam que esse mesmo amor os encontrasse... e se perdessem inteiramente...

Os corações disparavam descontroladamente e seus lábios estavam a menos de um centímetro de distância... Tudo o que seria necessário para um beijo naquele momento, era uma leve inclinação da cabeça da garota e então... Bucky poderia ter o que sempre quis...

Desejava beijá-la mais do que tudo... e antes que o mundo acabasse...

Em meio aos segundos que pareciam eternos, o soldado acariciava com o olhar os lábios entreabertos da garota...

Ele podia jurar que ouviu um gemido, dissonado e extasiado... provindo daqueles lindos lábios que lhe tentavam de todas as formas existentes e inexistentes...

James a observava atentamente... fatalmente seduzido... e seu prazer se intensificou ao vislumbrá-la naquele exato momento... como um convite silencioso... permitindo que ele lhe beijasse...

Sentia-se inebriado... tamanho deleite... sem nem ao menos tocá-la...

Sua respiração queimando a epiderme...

Uma agonia antecedente os envolvia... magicamente...

A estagiária se encontrava inerme ao charme donairoso de James...

Darcy sentia um impetuoso frio na barriga de antecipação...

Seus corações batiam desvairadamente ao se encararem... tão envolvidos... tão apaixonados...

Os dois congelaram diante do que estava prestes a acontecer...

Ambos fecharam os olhos... naturalmente... devagar... lentamente...

A garota o sentia a segundos de um beijo...

E então... finalmente aconteceu...

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James gentilmente pressionou seus lábios contra os dela...

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Enfim, depois de tantos impasses, um emaranhado de dúvidas e sentimentos desencontrados, ambos selaram o que já devia ter acontecido há semanas... mas por medo, receio e incertezas, havia sido arrastado e adiado de forma dolorosa...

Era um toque celeste... excelso... e insigne...

Não existiam palavras que pudessem descrever o que sentiam...

A garota se perdia divinamente nos lábios do sargento...

Instintivamente, Darcy passou os braços em volta do pescoço masculino, correspondendo ao beijo...

O encaixe era perfeito... e tudo o que a estagiária podia sentir era suas pernas bambeando sem sustentação, um arrepio gigante percorrendo todo o seu corpo, numa onda de eletricidade que lhe inflamava e congelava... tudo ao mesmo tempo...

Bucky experimentava a textura macia dos lábios da garota, e sentia-se flutuar ao sabor do beijo que provocava loucura...

Seus instintos afloravam... alucinados... Sentia o chão se abrindo ao toque de seu primeiro beijo com Darcy...

O contato com sua pele era delicioso e completamente apetecível... Seu toque formava um selo perpétuo, puro e cristalino...

A respirações de ambos, se encontravam inteiramente misturadas...

A garota se deixava guiar... James mantinha um ritmo suave, delicado e lento... não tinha pressa alguma, pelo contrário... desejava conduzir aquele beijo da forma mais perfeita que existia...

Tudo o que Darcy experimentava era o aflorar de um carinho límpido, diáfano e imaculado... um roçar de lábios modesto, casto e digno...

Nunca nenhum homem lhe beijou daquela forma... era mágico, envolvente e virtuoso... Não havia palavras para descrever o que estava sentindo...

James experimentava o sabor adocicado dos lábios dela... céus... o gosto mélico, nectarino e sedoso lhe aprazia de formas que sequer imaginava...

Um rio de sabores... desaguando...

Darcy era tão graciosa e ternamente meiga... tinha medo de quebra-la... e isso explicava porque ele a tocava com tanta delicadeza, doçura e suavidade...

A garota continuava com os olhos fechados, absorvendo todo aquele prazer... Estava diante do melhor beijo de toda a sua vida...

Depois de tanto pensar como seria aquele momento, não era como o sargento imaginava... Não era nada como se tivesse a capacidade de idealizar... foi muito melhor... não ousaria sequer descrever... Darcy havia dado o mais extraordinário de todos os presentes que ganhara em sua vida... não existia nada que pudesse ser melhor do que beijá-la...

O soldado deleitava-se com seu néctar... e também com a suavidade apetitosa dos lábios da garota, quando os percorria lentamente...

Seu coração bombeava, incendiava, se contraia e expandia... num lapso de loucura...

Estava perdido no labirinto infinito da pele nívea, acetinada e tênue... definidamente pelo indefinido…

Depois de longos segundos experimentando os lábios macios e quentes da estagiária, naturalmente, ambos diminuíram o ritmo e lentamente afastaram seus rostos, terminando o beijo...

Ainda com todo o peso dela em seus braços, Bucky resolveu coloca-la no chão...

Um solo de trompete fechava a música, ao som do piano e o ritmo da bateria, de harmonia...

Aquilo tinha sido perfeito...

A música terminou, e todos na pista de dança aplaudiam a banda...

James e Darcy se encararam por um tempo... nenhum deles soube o que dizer... ainda sentiam um milhão de emoções diferentes, que podiam ser notadas na expressão satisfeita das faces de ambos...

Bucky se aproximou novamente e pressionou sua testa contra a dela, encaixando suas mãos no rosto feminino, enquanto recuperava o fôlego...

Os lábios de Darcy estavam úmidos e sua respiração ofegante... seu coração batia descompassadamente...

Ambos apenas ficaram imóveis por um longo tempo... ouvindo tudo ao redor... ouvido os músicos da banda agradecendo os espectadores, e anunciando uma nova música... A iluminação do salão, tão incandescente e ofuscante... a atmosfera envolvente...

A respiração do soldado, queimava sua pele... lhe tirando de órbita...

James sabia que depois daquele beijo, as coisas não seriam mais como antes... e provavelmente a garota ficaria confusa...

O soldado afastou seu rosto do dela, apenas para fita-la... Suas mãos deslizaram para os lados, no ímpeto de acariciar as madeixas onduladas...

Os olhos penetrantemente azuis do sargento lhe provocaram uma forte compressão no estômago e a estagiária olhou para baixo, mordendo o lábio inferior, sentindo sua confiança desmoronar sob seu olhar...

O cabelo dela era macio entre seus dedos...

A face enrubescida de Darcy e o olhar cabisbaixo mostrava o quão encabulada se encontrava naquele momento...

Céus... aquela expressão era fascinante... e quanto mais a contemplava, mais vontade tinha de beijá-la de novo...

Ela permaneceu em silêncio, sem saber o que dizer... suas mãos suavam frio e seus joelhos estavam levemente trêmulos...

O homem ao qual era apaixonada a beijou... e a garota tinha muita curiosidade em saber o porquê, então...

Ela ergueu o rosto, ainda muito acanhada, se preparando para dizer algo...

— O que foi isso exatamente...? – Indagou-o... sua voz se encontrava mais suave... mais aveludada...

James sorriu... aquela era a hora onde teria de dizer tudo a ela...

— Isso foi o que reprimi durante semanas... a vontade de poder te tocar e me conter de todas as formas inimagináveis...

Ao ouvir aquela declaração, os olhos de Darcy arregalaram levemente em surpresa.

— O que você quer dizer com isso...? – A maldita negação por conta de seus traumas com Robert não lhe permitia acreditar no que estava ouvindo...

— O que eu quero dizer é que... – Ele se aproximou novamente, e passou a sussurrar pausadamente perto dos lábios avermelhados da garota...

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— Eu estou loucamente apaixonado por você, Darcy Katherine Lewis...

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A estagiária congelou... aquelas palavras eram demais para seu pobre coração suportar... sua respiração engatou... numa pré-asfixia...

O mundo havia parado... uma sensação maravilhosa tomou conta de todo o seu corpo e seus sentidos se ampliaram de tal forma, que tudo ao redor ficou mais intenso... sua visão, olfato, tato e paladar...

Darcy estava imersa num sorriso torto, explodindo de felicidade, mas ao mesmo tempo, exibindo um imenso conflito... Não podia crer no que acabara de ouvir...

Sua paixão era correspondida...?

— Você... está dizendo que gosta de mim...? – Se encontrava tão desacreditada que precisava ouvir quantas vezes fossem necessárias para ter certeza que não estava delirando.

— É mais do que isso... – Ele sussurrava em seu ouvido, de modo ardente, fazendo seus sentidos delirarem com o potente... deixando-a petreamente sem chão...

Todos os pelos do corpo da estagiária eriçaram com o arrepio agudo que sentia na espinha...

— Mais...? – O questionava, em êxtase... seu entusiasmo era evidente...

.

— ты моя жизнь...

.

O soldado sussurrou em russo... à beira de seu ouvido, num tom carinhoso e malicioso... pretensiosamente...

E ela, esbanjava um aspecto seriamente áspero em resposta...

Estava ficando interessante vislumbrar as feições zangadas de Darcy, toda vez que ele a respondia em russo.

— Você está complicando as coisas falando em russo... eu não consigo entender. – Redarguiu, com uma carranca fofa no rosto.

— Eu disse... que você é tudo pra mim, boneca... – O sargento piscou, fitando-a intensamente... estava tão atraído por ela, que não conseguia mais segurar aqueles sentimentos em seu peito. Precisava deixá-los transbordar... ou enlouqueceria...

James sorriu para ela... e Darcy apenas sorriu de volta...

A estagiária amava o contorno perfeito dos lábios do sargento... seu cheiro... seu toque... sua existência...

Parecia que o mundo desabava... sobre as duas cabeças vazias... de felicidade...

Acabavam de ter a experiência mais extraordinária de suas vidas... e desejavam repetir a dose...

Bucky enquadrou o rosto dela com suas mãos novamente, deslizando o polegar humano por sua bochecha...

E lá estava ela... completamente receptiva... fascinada por cada toque que James lhe dara...

Darcy o levava até o céu... lhe tirava do chão, deixando-o sem rumo...

O soldado inclinou levemente a cabeça, aproximando-se novamente... seus olhos fixos nos dela, guardando na memória a expressão belíssima do rosto da estagiária...

Ela era perfeita... Darcy representava a imagem da mulher mais linda e no auge da feminilidade e juventude... sua beleza estonteante era simetricamente a mais formosa que já vira em toda a sua vida... Ela personificava o seu tipo ideal...

A garota amava quando os olhos dele se perdiam nos seus...

James sinalizava que a beijaria... no entanto, não prosseguiu, e parou no meio... como se estivesse pedindo permissão para avançar... num gesto cavalheiro e educado...

Os dedos femininos percorreram a nuca dele... o soldado amava estar sob as digitais dela...

E Darcy não esperou...

Não somente lhe daria permissão quantas vezes fossem necessárias para lhe tocar, como resolveu assumir o controle...

A estagiária ergueu o rosto, enlaçou o pescoço masculino com seus braços, fechou os olhos e capturou os lábios do sargento... num toque docemente alucinante...

Dessa vez... ela tomava a frente e lhe mostraria do que era capaz...

A garota o abraçava e o beijava devagar... ganhando tempo de assimilar a realidade à volta para ter certeza que não estava sonhando...

Queria mergulhar em sua fragrância e se inebriar com seu gosto...

Darcy queria entregar todos os beijos que não havia dado ao soldado, todas as vezes em que sonhava e desejava tocá-lo, mas pensava não ser correspondida...

Desejava beijá-lo até a infinidade... eternamente...

Bucky movia-se no ritmo dela... lento, meigo e manso... deliciosamente enlouquecedor... apetecivelmente caramelizado...

O soldado encontrava-se rendido nos lábios da garota... tão afáveis como mel...

A estagiária o explorava com maestria... absorvendo sua essência... sugando seus sentimentos através do toque... libando parte de suas profundezas...

Ela acendia o fogo de sua tentação... era maravilhoso senti-la liderando os movimentos... enquanto se afogava em seu beijo...

James amava a forma como Darcy conduzia seus lábios... era apaixonante e incrivelmente excitante...

Almejava eternamente o cheiro dela sobre seu olfato... seu toque sobre sua pele... seu gosto sobre seu paladar...

Porque fluía pleno, absoluto e irrestrito... ela tinha o sabor do infinito...

Seu calor, ardendo em paixão... uma tempestade que o revirava... dimanava como um sol, um vulcão, um furacão... uma avalanche, um tsunami, um terremoto...

Eles compartilhavam parte de seus fôlegos... misturando suas respirações numa oscilação majestosamente saborosa...

Não existia nada mais delicioso do que senti-la lhe beijando daquela forma...

Darcy incendiava ainda mais seu fogo aguerrido... destruindo a fortaleza de aço que possuía, quebrando tudo em pedaços, numa explosão violenta...

Seus lábios moldavam-se inebriantes... vagarosos... deleitosamente veementes...

Ele a beijava de olhos tão fechados, mantendo-a firme e segura em seus braços...

Sentia seu mundo unido ao dela...

Se lhe perguntassem que horas eram, e que dia estavam, não saberia responder...

Os lábios se entrelaçavam, apaixonados... deslizando-se de forma melodiosa... suavemente enlouquecedor...

A estagiária sorria enquanto o beijava... sorvendo os lábios que tanto desejou beijar... e se surpreendendo ao experimentar o gosto enérgico, ativo e glorioso do soldado...

Perdidos e intensamente inermes a forma calorosa como aquela carícia transcorria tão naturalmente, eles se entregavam, sem resistência... como se tivessem sido feitos um para o outro... tão bem encaixados... quase sob medida...

E aquele era apenas o segundo beijo... o melhor... o recomeço, a metade, o inteiro, ele, ela, eles, juntos e apaixonados... selando o presente e prevendo o futuro...

E se o amanhã representasse a saudade, que o hoje fosse eterno, porque...

.

Eles dançaram aquela noite... como se não houvesse amanhã...

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