Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 33
Revelações na ponte do Brooklyn


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está super emocionante, já que teremos o desfecho do mistério que ocorre desde o primeiro capítulo. Quem será Katherine e porque ela se parece com a Darcy?
Divirtam-se.



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— Lar doce laaar...! – Darcy finalmente voltava para casa e agora, sem a tipoia no braço.

Mas ainda não estava totalmente recuperada. Seu ombro ainda se encontrava debilitado e a mesma já havia iniciado alguns exercícios de fisioterapia para restaurá-lo.

Era de manhã e estava repleta de afazeres. Precisava acertar os novos tópicos de sua apresentação, treiná-los e finalizar alguns textos para a monografia.

Seus amigos e colegas de grupo para o trabalho de conclusão de curso esperavam pela parte dela, para fecharem tudo.

O TCC estava chegando, e logo ela se formaria... Foram longos quatro anos de sofrimento e cansaço... Mal podia esperar para estar livre dos estudos de novo e dormir até tarde por um ano inteiro.

— Não... Um ano é muita coisa... Preciso me preparar para o mercado de trabalho, pois não posso continuar sendo uma estagiária, auxiliando Jane só com coisas sobre física quântica-

O barulho da porta do banheiro social lhe tirou a concentração e pela segunda vez...

Darcy se assustava com um certo Soldado saindo do banheiro com uma toalha cobrindo seu rosto enquanto secava o cabelo molhado.

— Bucky...?

Embora não entendesse porquê, o clima parecia estar um pouco pesado e o sargento se encontrava irritado.

Ele estava vestindo apenas uma calça jeans, deixando todo o peitoral à mostra, porque ainda se secava.

— Você não disse que chegaria só depois de amanhã...? – O tom de voz dele estava um tanto nebuloso.

Darcy ficaria uma semana fora, mas voltou dois dias antes.

— Por que você não atendeu as minhas ligações? Eu fiquei um pouco preocupada que algo pudesse ter acontecido... – A garota replicava, com a cabeça baixa. Estava com medo de que o soldado pudesse estar em um dia ruim e que sua presença estivesse lhe incomodando.

Ele lançou um olhar enigmático para ela, transparecendo o furor de um vulcão prestes a entrar em erupção.

Mesmo que tivesse um rosto com perfeitos traços de um anjo, James conseguia ser tão assustador e se equiparar à um demônio quando o ódio do Soldado Invernal tomava o controle de seu corpo.

Ele fixou o olhar no ombro dela, estreitando-o.

— Seu ombro está melhor...?

— Sim. Ainda sinto um pouco de dor, mas está melhor.

Ele não respondeu. Apenas se virou de costas e continuou secando o cabelo normalmente.

Darcy observava as costas fortes, o contorno dos músculos bem trabalhados e a forma como seus cabelos se encontravam perfeitamente bagunçados enquanto flexionava o cotovelo do braço humano segurando a toalha, no ímpeto de deixar seu cabelo seco.

Seus olhos focaram no bíceps perfeito e nas veias por baixo de sua pele branca... Um dos aspectos que mostrava a virilidade de um homem com o perfeito porte atlético.

Céus... Como ele podia ser tão belo, mesmo com um braço de metal...? Sabia que se ficasse mais de cinco segundos contemplando qualquer parte de seu corpo, suas bochechas já começavam a queimar, então ela desviou o olhar, limitando seu campo de visão justamente para não transparecer sua paixão quase desenfreada.

— Aconteceu alguma coisa...? - Indagou, imprecisa e receosa que pudesse ter feito algo errado sem saber.

— Você pode me acompanhar a um lugar? Tenho algo que preciso te perguntar...

Darcy estranhou.

— E por que você não pode me perguntar agora?

— Isso é algo que só posso fazer quando estivermos nesse lugar. Não faça perguntas e apenas se prepare para irmos até lá. – Finalizou, completamente ríspido.

A garota arqueou a sobrancelha, ainda assustada com sua resposta.

.

Após saírem do prédio, Bucky jogou o capacete rapidamente na direção dela e Darcy quase o deixou cair no chão. Estava muito nervosa por não entender o que estava acontecendo.

Os dois permaneceram em silêncio por todo o caminho e quando chegaram, perceberam que o local não estava tão movimentado, pois era segunda-feira de manhã.

.

A Ponte do Brooklyn...

.

Aquele lugar lhe causava efeitos devastadores... Era a primeira vez que pisava ali desde... 1941... Não estava acreditando que depois de tanto tempo e de tudo o que aconteceu, voltaria naquele local mais uma vez.

O tempo começava a fechar e em breve uma tempestade cairia, mas ambos não se importaram com isso.

O sargento caminhou na frente, com as mãos nos bolsos de sua jaqueta. Já Darcy, que o acompanhava logo atrás, estava totalmente apreensiva do porquê estavam na Ponte do Brooklyn.

Bucky continuou andando em passos largos e ela já não aguentava todo aquele suspense.

Foi quando a garota decidiu correr na frente e cerca-lo totalmente, impedindo-o de continuar andando.

— O que há de errado!? Por que me trouxe até aqui!? Por que está hesitando em falar comigo!? O que eu fiz!? – Várias perguntas e um semblante devastado.

Bucky mirou os olhos dela, sem quebrar o contato visual. Seu olhar era firme e ele parecia analisa-la no desígnio de descobrir se a garota estava lhe escondendo alguma coisa, mas ao fazer a leitura corporal dela, percebeu que a mesma apenas parecia apreensiva pelo comportamento severo dele.

— Eu preciso que você seja sincera comigo...

— E quando eu não fui...?

— Eu estou falando sério...

— Eu também... – A garota semicerrava o olhar, não entendendo onde Bucky queria chegar. O que havia feito de errado pra que ele a olhasse daquela forma?

— Eu me lembrei de um acontecimento do ano de 1941... E aconteceu aqui na Ponte do Brooklyn.

— É mesmo...? Qual acontecimento?

— Havia anoitecido... Era inverno e estava nevando. Ainda não tinha sido recrutado para a segunda guerra e nesse dia, eu estava aqui... acompanhado de uma pessoa...

— Uau... Parece ser uma memória muito detalhada... Se você está lembrando de todas essas coisas é porque foi algo marcante.

— Exatamente...

— E o que era...? – A garota perguntava um tanto indiscreta e com os olhos brilhando de curiosidade.

O soldado a respondeu no mesmo instante...

.

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— Você estava aqui comigo... Exatamente nesse dia...

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Darcy fez uma cara abismada, ou melhor, uma careta.

— Eu o quê...!? – Indagou, como se não tivesse entendido suas palavras.

— Você estava aqui. Era você! – James afirmava, um tanto indigesto e sem paciência alguma.

— Bucky... Do que você está falando...? Nem meus pais haviam nascido nessa época, então como pode dizer que eu estava aqui com você em 1941? – A garota contestava, atordoada com a recente afirmação do mesmo.

— Eu não sei... Mas era você... Eu tenho certeza... – Replicava convicto e também assustado.

— Eu sou 87 anos mais nova do que você! Eu nunca estive aqui nessa época...!

— Depois de acordar e ver um mundo onde tudo isso é possível, você acha mesmo que tempo e espaço é algo impossível de se controlar? Se não, me diga como você estava comigo nesse lugar e nessa época...? – O sargento exigia respostas e Darcy não sabia o que responder, pois não tinha ideia do porquê o mesmo estava tão certo de que era ela em sua memória.

— Eu nunca estive com você aqui em 1941, Bucky... O mundo mudou muito desde que você esteve dormindo na criogenia, mas até onde sei, não desenvolvemos nenhuma tecnologia que possa controlar o tempo e o espaço... Exceto...-

.

— Exceto pela tecnologia do Caveira Vermelha... – Ele contrapôs no mesmo instante.

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— Como você sabe...? – Darcy estranhava... por que de repente estava lhe interrogando sobre coisas que ela pensava que ele não sabia?

— Você deixou tudo na mesa da sala para que eu lesse, e eu li. Não foi por causa do Tesseract que houve a tal batalha de Nova York?

— Sim, mas-

— Estava escrito que o Asgardiano Thor levou o Tesseract de volta para seu planeta, e coincidentemente você convive com ele, além de ser amiga e estagiária de Jane Foster e Erik Selvig, esse que também foi um fantoche nas mãos do irmão de Thor e esteve em contato com a joia da mente, o que faz de você uma grande suspeita em usar esse tipo de tecnologia, ou poder, para fazer o que quiser com o espaço.

Instantaneamente a estudante franziu o cenho, tentando entender o teor de todas as suas perguntas.

— Você disse que não queria saber nada sobre a batalha de Nova York naquele dia em que fomos ao Central Park, então porque está me dizendo tudo isso...? E mesmo que eu tivesse acesso ao Tesseract, que é um poder que lida com o espaço, como poderia ter domínio do tempo!? – Darcy começava a ficar assustada com o rumo de todo aquele interrogatório.

— Isso eu não sei. Só quero saber porque eu tenho essas memórias desde te encontrei pela primeira vez... Eu preciso saber... – O olhar do soldado a defrontava fatalmente, ordenando que a mesma lhe dissesse a verdade.

— Você está me assustando...

— E você está escondendo algo de mim... – O timbre de sua voz ressoava de modo sombrio.

— Eu jamais esconderia algo de você... – A garota recuava um passo para trás, sentindo o olhar letífero queimando de forma intimidante.

— Me diga a verdade...

— Eu estou dizendo... Por que não acredita em mim...? – O semblante da garota se transformava em tristeza. Não havia nada pior do que a desconfiança dele... Era extremante doloroso...

— Eu quero acreditar... Então me diga... – Mesmo hesitando em desconfiar dela, sua natureza intimidante como Soldado Invernal ainda controlava suas expressões e gestos.

— Se eu disser que nunca estive nesse lugar e nessa época, você vai acreditar?

— Era você... Eu tenho certeza...

A garota ficou calada, sentindo o vento cortando o silêncio...

Ela podia reparar seu olhar distante e perdido no tempo... Desesperado pela necessidade de viver... E seu coração acelerado que vagava em torno de diversas indagações sobre ela...

O vislumbre de um brilho penetrante e cheio de mistério... Revelando a nudez de uma grande dor... Desvendando-se nas razões mais profundas...

Bucky não conseguia olhar para ela sem se recordar daquela lembrança e do quanto estava intrigado por todos os sonhos que tivera com a figura feminina com o mesmo rosto daquela que se encontrava em sua frente naquele momento...

Não entendia o porquê, mas precisava saber o motivo de a mesma estar em seu sonho... O porquê ela era a protagonista de uma memória tão distante e como tudo nela parecia tão familiar desde que seus olhares se cruzaram pela primeira vez em Washington.

Sua mente se encontrava em um turbilhão de dúvidas e perguntas sem respostas...

Sentia seu coração ansioso e frenético, pois o que viveu naquele dia foi extremamente marcante... e intenso...

Precisava descobrir, desesperadamente se ela era aquela pessoa...

Enquanto a fitava profundamente, sua mente transitava entre o sonho e a realidade, fazendo-o misturar tudo em sua volta, como se aquela na sua frente fosse de fato a mesma mulher na ponte do Brooklyn em 1941.

Darcy não sabia o que dizer ou fazer naquele momento...  E percebendo isso, James se aproximou lentamente e estendeu a mão humana, fazendo com que seus dedos tocassem o rosto feminino, delicadamente...

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— Katherine...

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A voz dele soou impetuosamente amável... Aquela foi a expressão mais humana e límpida que Darcy viu no rosto do soldado desde que se conheceram...

A estudante alargou o olhar... Ele a chamou pelo mesmo nome naquela noite em que quase perdeu o controle...

A brisa da manhã que antecedia uma tempestade, oscilava pela ponte, e estimulava o aroma inebriante dos cabelos da garota...

Maçã verde e baunilha...

Ele podia facilmente inalar aquele doce perfume tão singular, transcorrendo majestosamente entre seus sentidos...

Darcy se encontrava espantada... O choque decorria por seus olhos surpresos...

— Bucky... Por que me chamou de Katherine...?

 Ele suspirou lentamente...

— Porque nas minhas lembranças... Era assim que você se chamava...

A garota sentiu suas pernas tremerem, mas tentou manter a razão depois de tal declaração.

O vento começou a soprar, mais forte do que o normal... Os cabelos da garota esvoaçavam no ritmo da atmosfera impetuosa.

— Você me chamou assim naquela noite em que quase perdeu o controle... Eu fiquei assustada mas não disse nada porque... Pensei que você estava chamando por mim... – Darcy estava hesitante e ele não entendia.

— Por você...? Por quê...? – Contestou, completamente confuso.

.

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— Porque meu segundo nome é Katherine...

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A expressão de surpresa ficou evidente...

Ele não esperava ouvir aquilo e...

Tudo ficava ainda mais confuso...

— Você nunca me disse que seu segundo nome era Katherine...

— É porque eu não gosto muito dele... Mas foi uma homenagem à minha avó, Katherine Blanc Lewis.

Dessa vez, era ele quem esbanjava espanto e choque em sua face.

Darcy não entendia, porém...

Um instante depois, sua ficha caiu...

— Espere... Será que a mulher da sua memória... Era a minha avó...?

O sargento estava tão chocado que não conseguia dizer mais nada. Não era coincidência, mas todas as peças se encaixavam.

— Todos da minha família costumavam dizer que eu era a cópia da minha avó, na aparência e personalidade...

Bucky continuou em silêncio por longos segundos, assimilando tudo...

O tempo nublado se fechava cada vez mais, deixando todo o céu em tons de cinza escuro, além de algumas trovoadas potentes caírem...

— Você não vai dizer nada...? – Darcy contestava, esperando por sua resposta.

— Você quer mesmo saber...?

— Sim...!

— Na minha memória, nós estávamos nessa ponte e a questionei sobre quando iríamos ter um encontro e sabe o que ela respondeu...?

— O quê...?

.

.

— Que talvez me daria uma chance em outra vida...

.

.

Quando Darcy se assustou pelo que acabara de ouvir, repentinamente aconteceu o que o céu já avisava há minutos.

Num estalo, a violenta tempestade começava a cair e os fortes pingos de chuva molharam suas roupas...

E em poucos segundos, ambos ficaram encharcados...

Mas eles não se moveram um milímetro...

Totalmente impressionados com as recém declarações que fizeram um ao outro, ambos não conseguiram simplesmente deixar de se olhar profundamente depois de tudo.

A chuva caia forte como um pranto... Desesperada no chão...

Desastrosamente torrencial...

Atônitos e sem reação, a vista que ambos tinham um do outro era igual. Os olhares cruzados, como se expressassem algum sinal que não podia ser entendido por palavras, era a melhor forma de comunicação dos dois naquele momento.

O silêncio era a conversa do olhar...

Bucky contemplou a chuva em seu esplendor, transpor toda a pele da garota, fazendo com que suas roupas colassem facilmente em seu corpo, contornando ainda mais toda a silhueta feminina.

Tudo o que ela vestia era uma regata simples, calça jeans e tênis, além dos cabelos soltos que já se encontravam encharcados e respingavam inteiramente no chão, misturando-se com a chuva.

As gotas que escorriam pelos fios longos, assemelhavam-se a pequenos cristais que deslizavam como finas cascatas...

A pele extremamente cândida, e os olhos azuis que piscavam, imprecisos... Tudo nela estava diferente... E ao mesmo tempo igual aos seus sonhos e memórias recuperadas...

Havia decorado cada traço de seu rosto e a desenhava em sua retina... Como numa fotografia...

Na ponta de seus dedos, parecia trazer a digital de seu toque...

E em meio à tempestade, depois de todo o silêncio predominar e não chegarem à nenhuma conclusão, o soldado resolveu caminhar em direção a ela... Que apenas permaneceu imóvel e desnorteada perante tudo o que ouvira dele...

E entre gotas tépidas da chuva torrencial do recém-chegado e típico verão americano, o jeans molhado e o som do Tênis ressoando pelo chão de madeira da ponte, vibraram devagar nos ouvidos da garota, assistindo Bucky chegando até ela, quase como em câmera lenta...

Ele parou de frente para aquela que tinha a aparência da musa de seus sonhos e lembranças esquecidas...

Suas mãos se moveram e seguraram delicadamente o rosto dela...

Ainda com os olhos muito abertos, Darcy não sabia para onde olhar quando sentiu a mão humana de um lado e a mão de metal do outro lado, tocando suas bochechas...

Os olhos dela percorreram por todos os lados, sem a coragem de encará-lo e entender o motivo daquele toque...

As maçãs do rosto da garota ardiam... Sentia um calor envolvente que dimanava do soldado... Um ardor abrasante percorrendo a espinha e lhe fazendo enrubescer violentamente...

Ela não queria experimentar as malditas borboletas dentro de seu estômago que lhe tiravam o fôlego... Não queria parecer patética e nem alimentar nenhuma esperança de sua paixão precipitada e pré-adolescente...

Porém, Bucky era um perito espião e ela tinha o imenso medo de que descobrisse que secretamente nutria sentimentos fantasiosamente infantis por ele...

Mas era praticamente impossível resistir a ele naquela situação...

Com o vislumbre do seu olhar ela quase perdia a razão...

Não estava sabendo lidar com a expressão direcionada para si... Ele era tão perfeito... Em todos os sentidos...

Seus cabelos incrivelmente molhados e parte da franja cobrindo seus primorosos olhos azuis que a miravam atentamente... Era alucinante...

O cenário em volta, se encontrava completamente cinzento... Encoberto por nuvens e uma imensa tempestade que mostrava o majestoso poder da natureza...

O Rio East, separando o Brooklyn da ilha de Manhattan...

A bandeira dos Estados Unidos no topo da plataforma...

O panorama perfeito, para a situação incrível em que viviam naquele exato instante...

Bucky apenas continuou ali, tocando-a... Tentando entender como ambos conseguiram ter uma conexão tão forte que transpassava até mesmo o tempo... E que o encontro dos dois em Washington podia ser uma espécie de destino...

Pensava o quanto estava aliviado, ao perceber que tudo fazia tanto sentido... E do quão grato estava por aquele mistério que lhe roubava suspiros quase todas as noites, ter se desvendado naquela manhã...

Estava satisfeito por saber que Katherine era sua avó... E que a sensação guardada no mais profundo de suas memórias na verdade podia ser interpretada como...

.

Uma profecia...

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Absorto pelo rosto tão perfeito e em meio à tempestade, ele desejava ver o sol nascer nos olhos dela...

A pele da garota estava extremamente molhada, mas conseguia sentir sua textura marmorizada em meio a umidade da chuva... Os cílios piscando freneticamente e os detalhes encantadores que sua face apresentava eram tentadores... Ele nunca havia reparado, estando agora tão perto, que ela possuía algumas pintinhas singelas em seu rosto...

Seus traços eram tênues... O contato era semelhante ao toque de uma porcelana extremamente refinada...

Tudo nela era tão fascinante que sentia-se mergulhando no paraíso, deixando que as ondas o transportasse até as nuvens...

James não conseguia esconder a atração irresistível que sentia por ela naquele momento... era quase impossível de controlar...

Era na cumplicidade de seus olhares que via o sentido de tudo...

Calafrios... espinha abaixo... a sensação era forte demais para suportar... Aquela beleza que o enlaçava no ponto culminante de suas emoções e quase sufocando seu respirar...

Tudo era emblemático... um tormento que não entendia, mas seus desejos eram tão profundos, que se sentia inebriado e plenificado em sua presença...

Darcy não sabia... ela não tinha ideia dos impactos que causava nele... a ponto de confundi-lo por completo e quase fazê-lo perder o juízo...

A chuva continuava caindo impetuosamente, e a estudante sentia mais do que demonstrava... Sentia um ciclone de efeitos, mas faria de tudo para que o soldado não percebesse todo o conflito de sentimentos exorbitantes dentro de si, nem que precisasse virar uma pedra naquele exato momento...

Completamente imóvel e incapaz de mover um músculo sequer, a garota apenas quebrou o silêncio com a primeira coisa que vinha em sua mente...

.

— Se o extintor de incêndio pegar fogo, o que devemos fazer!?

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Darcy perguntava tamanho absurdo em alto tom, pois o barulho da chuva estava forte... E James franziu o cenho, sem entender porque aquela frase repentina e fora de contexto surgia exatamente no momento em que ele a vislumbrava quase como se fosse uma divindade...

— O que você disse...? – Indagou, perplexo... e ao mesmo tempo aliviado que a garota soltasse suas piadas fora de hora, justamente quando mais precisava...

Estava prestes a fazer algo que talvez se arrependeria...

— Estou perguntando o que devemos fazer caso a gente esteja num incêndio e o extintor pegar fogo. Isso veio na minha cabeça agora e fiquei na dúvida...

A garota olhava pra baixo, como se de fato estivesse refletindo seriamente sobre aquilo. Bucky continuava abismado e estava cogitando a possibilidade de pedir para ela visitar um psiquiatra, mas...

Ele segurou um riso e automaticamente, beliscou a ponta do nariz dela...

.

— Você é uma idiota...

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O toque da mão humana em seu rosto era a prova de que ele não estava mais apreensivo...

— Hey, isso dói! – Darcy protestou, tentando desprender os dedos dele de seu nariz.

Mas ainda que aquela situação cômica acabasse com toda a atmosfera fascinante em que estavam antes, o soldado deslizou suas mãos pelos braços femininos e segurou as mãos dela...

Aquele gesto apenas fez o pobre coração da garota derreter mais uma vez...

Completamente perdida em sua essência... Imersa nas gotas prateadas que delineavam ainda mais o rosto masculino... Darcy não soube como reagir.

O tato de suas mãos nas dela...

Pele e metal...

Metade quente e metade frio...

Completamente molhados...

A mão humana e a de metal, contrastando e lhe causando sensações fortíssimas, pela incandescente elasticidade do toque apetecível...

A dor que a enlaçava no ponto máximo, contendo sua respiração...

Os lábios dele moveram para dizer algo e a expectativa da estudante era gigantesca...

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— Fico grato por esclarecer essa dúvida que carreguei durante meses... Então, obrigado, boneca...

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Um sorriso floresceu logo em seguida... Mas não era algo singelo ou forçado como ele fazia de costume e sim um sorriso completamente aberto, jovial e alegre... Que expressava intensa satisfação e gratidão...

Darcy ficou sem defesa... Completamente exposta e sentia-se levitar... Não tinha ideia que conseguiria sentir tudo aquilo em níveis estratosféricos... Nunca havia experimentado nada assim antes... Era forte demais pra suportar...

Estava tão grata por vivenciar tudo aquilo... Estava alegre pelas palavras de consideração que ele tinha por ela... Estava tão feliz, que não sabia o que fazer...

— De nada, sargento... – A estudante esboçou um sorriso pueril e iluminado...

E então, depois de tudo, os dois finalmente começaram a se incomodar com a chuva intensa que caia, ensopando tudo ao redor.

— Acho melhor sairmos daqui e irmos pra casa... – A garota dizia enquanto sentia seu corpo quase congelando por conta das roupas completamente encharcadas, mas foi surpreendida por Bucky pegando sua mão e cruzando os dedos da mão humana nos dela.

— Vamos. – Ele piscou e Darcy arregalou os olhos, surpreendida...

E então, James a puxou e os dois começaram a correr pela Ponte do Brooklyn...

A dupla corria rapidamente, tentando se desvencilhar da chuva que caia, ao mesmo tempo que começavam a rir como dois idiotas...

Era obvio que Darcy poderia pegar uma gripe...

No meio do caminho, ela quase escorregou, mas o soldado a segurou pela cintura, impedindo sua queda.

O sorriso dele era tão largo e espontâneo, que a estudante podia vislumbrar a beleza dos lábios curvados, exibindo seus dentes brancos tão perfeitos...

Não havia resquícios de traços do Soldado Invernal pela primeira vez...

Ela apenas sorria de volta, alegre por vê-lo tão feliz naquele momento...

— Se eu soubesse que você ia me trazer pra tomar banho de chuva, tinha colocado um biquíni! – Replicava, completamente animada.

— Se eu tivesse falado que íamos enfrentar essa tempestade toda, você não teria saído de casa... – Ele respondeu no mesmo tom que ela.

— E por que você não trouxe um guarda-chuva, seu idiota!? – Darcy dava um soco em seu ombro.

— Porque queria acabar com sua escova e ver seus cabelos cacheados de novo... – E dessa vez o soldado a rebatia, a ponto de deixa-la com raiva.

— Você me paga!

— Tente... – Bucky a largou, apenas para sair correndo e deixa-la ali, espumando de raiva e aos risos. A garota começou a correr descontroladamente atrás do sargento, gritando vários xingamentos.

Desde que se conheceram, aquela manhã foi o momento mais marcante e normal que tiveram um com o outro desde então...

Sem as amarras do passado obscuro do Soldado Invernal para os impedir...

Mas...

Enquanto os dois corriam para fugir da chuva, havia uma pessoa que avistava toda a cena de longe através de um binóculo pela margem do rio...

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Yelena Belova...

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A loira sorriu maliciosamente, porém... Foi surpreendida por uma presença atrás de si, que a impediu de continuar olhando para o outro lado da ponte.

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— Доброе утро...

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A fala em russo não lhe surpreendeu e ainda de costas, a espiã manteve seu olhar inexpressivo, sabendo exatamente a identidade da misteriosa pessoa atrás de si.

— Deixe eu adivinhar... Você está correndo sem rumo por aí depois de jogar tudo pro ar e abandonar a SHIELD...? – A loira indagou debochadamente...

A pessoa atrás dela, apenas retirou o capuz que cobria seu rosto...

— Ora, ora... Parece que temos um Sherlock Holmes aqui... – Finalizava, após retirar os óculos, somente para confirmar que ela era ninguém menos que...

.

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Natasha Romanoff...

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Bucky e Darcy voltaram para o apartamento e estavam completamente encharcados. Cada um entrou em seu respectivo banheiro para um banho quente.

A garota saia do seu quarto com o cabelo úmido e suas tradicionais roupas de ficar em casa.

Logo foi para a cozinha com a intenção de fazer um chá, pois não queria ficar gripada.

Mesmo sendo verão, o clima em Nova York naquele dia estava abaixo do normal. A máxima era de 18 graus, mas o dia seguinte faria muito calor, de acordo com a previsão do tempo.

Ela ligou o rádio, em uma de suas estações favoritas.

Paradise – Coldplay tocava naquele momento.

A garota colocava água para esquentar na chaleira em cima do fogão. Depois disso, se dirigiu a sala, fechando a porta da sacada que estava um pouco aberta.

Ainda chovia... E no vidro da porta e janelas, os pingos escorregavam...

A chuva caia incessante do lado de fora...

O cheiro de asfalto molhado podia ser facilmente sentido...

Bucky saia do banheiro e Darcy logo virava o rosto, pois não queria vê-lo exibindo seu perfeito porte atlético de novo.

— O que você está fazendo? – Indagava, sentindo o aroma da água fervendo com alguma erva dentro.

E dessa vez a estudante não precisou tomar um susto, pois Bucky estava devidamente vestido com uma camiseta, mas o mais surpreendente era o fato de seu braço de metal estar exposto.

Parece que eles haviam progredido. Não havia necessidade de ser tão receoso com ela.

Demorou, mas agora ambos viviam numa relação mútua de confiança.

— Já que perguntou, eu estou fazendo chá de hortelã. Minha mãe me deu algumas folhas. – A garota dizia enquanto preparava a mesa.

— Hortelã... Acho que me lembro disso...

— Você costumava tomar chá?

— Sim. Era algo normal naquela época. Não sabia que as pessoas ainda faziam chá no século 21.

— Ainda mantemos as tradições... Estamos nos Estados Unidos. – Darcy colocava estendia uma toalha de renda e um arranjo com rosas num recipiente de vidro.

— Você ainda acha que os Estados Unidos é um país conservador?

— Bem, pelo menos metade dele ainda é.

— E isso é bom?

— Acho que sim. Você não?

— Eu não tenho uma opinião formada... – Bucky respondia enquanto observava toda a decoração que ela havia arrumado.

Darcy havia enfeitado a mesa e tudo era harmonicamente bonito.

— Você trouxe folhas de hortelã e rosas? É isso que costuma ter na sua cidade?

— Sim... E muitas outras coisas que Nova York nunca sonhará em ter, mas você verá com seus próprios olhos em breve.

— Você realmente quer que eu viaje com você?

— Sim. Você desistiu?

— Não...

— Então porque estamos tendo essa conversa?

Ele deu de ombros e a estudante revirou os olhos.

A garota correu para tirar algumas coisas de uma sacola de papelão, entre elas, uma torta de maçã embalada num plástico e...

Um pacote com uma peça de roupa.

— Bucky, adivinha o que eu achei quando cheguei na rodoviária?

— O quê...?

— Em comemoração à independência dos Estados Unidos que é amanhã, eu comprei uma camiseta com o símbolo do Capitão América! – E então, a garota exibia a peça preta com o escudo e a estrela no meio.

— 4 de Julho... É aniversário do Steve... – Bucky se recordava, e seu semblante se tornou melancólico.

— Iih, é verdade... – Darcy observava que toda vez que o Capitão América era mencionado em suas conversas, a tristeza podia ser vista em seus olhos.

— Bem, eu aposto que ele está com alguém que deve comprar algum bolo de aniversário, não acha? – A garota tentava animá-lo. Não sabia o que ele pensava a respeito de Steve, depois de ter recobrado parte de suas memórias.

— Não sei. Eu não tenho ideia de como ele tem vivido depois que o encontraram no gelo.

— Mas de qualquer forma, não é sobre o aniversário dele que estávamos falando e sim da minha nova camiseta. Você não gostou? – Darcy provocava, tentando fazê-lo rir.

Ele sorriu singelamente.

— Você é fã dele...? - Indagou, com um leve resquício de ciúme em sua voz.

— Eu sou, mas não tanto quanto você acha.

— Sei...

— Me diz... Você já segurou o escudo dele? – Indagou, curiosa.

— Sim. Por que a pergunta?

— É muito pesado?

— Por que tanto interesse no escudo?

— Aah... Por que todos falam o quanto esse escudo é indestrutível. – A garota sorria, abobada.

— É feito de Vibranium. É um metal raro, então, sim, é indestrutível, ou quase isso.

— Teorias da conspiração dizem que há um mercado negro de vibranium por aí.

— Eu não duvido...

— Sério? Existe mesmo? – Contestava, boquiaberta.

— Disse que não duvido, mas não afirmei nada.

— Ainda assim, se tiver, deve ser algo caríssimo... A única peça oficial de vibranium que circula por aí é o escudo do Capitão América, e ainda assim, é algo impressionante. - Os olhos dela brilhavam.

O sargento estava um pouco cismado. Depois que Steve se tornou o Capitão América graças ao soro de Super Soldado, ele estava praticamente invisível com as mulheres... O loiro chamava mais atenção do que qualquer um.

— Então quer dizer você nutre uma grande admiração por ele? Por que nunca me contou antes?

— Grande admiração? Eu nem o conheço! Ele é só o maior herói da América... Todo patriota se identifica com ele. Apenas isso. – Ela assegurava, tranquilamente.

— O Deus do Trovão também é alguém incrível? – Bucky não sabia nada sobre os Vingadores.

— Especialmente o Thor. - Ela sorriu de canto.

— E quanto aos demais Vingadores? Me fale sobre eles.

— Eu não sei nada sobre eles. Nada que o mundo todo não saiba... Não os conheço pessoalmente... Quer dizer... Teve o incidente com Bruce Banner na Universidade de Culver e-

Darcy arregalou os olhos e Bucky continuou observando-a, desconfiado sobre o porquê ela parou de falar.

— Aah, é melhor mudarmos de assunto. – Desconversava e ele não entendia.

— Por quê?

— Porque... O chá já está pronto! – A garota corria para o fogão.

— Darcy Katherine Lewis... Você é ingênua se acha que pode me enganar com essa atuação ridícula.

— Não sei do que você está falando... – Disfarçava, assobiando logo em seguida.

— Por acaso você estava na Universidade no dia do incidente que mencionou?

— Vamos esquecer sobre esse assunto.

— Por quê?

— Por que é complicado.

— Torno a perguntar porquê. – Bucky insistia.

— Eu não vou responder... – A garota tentava se desesperadamente sair daquele assunto.

— Não precisa mais responder... Você acabou de me dar a resposta...

Darcy se assustou.

— Como?

— A negação é uma afirmação. – Bucky sorriu de canto.

— Hey! Não use suas técnicas de espionagem pra descobrir sobre coisas que não quero mencionar!

— Isso não é técnica de espionagem. É só um gesto previsível que diz muitas coisas e qualquer um pode entender o contexto por trás.

— Não vou dizer nada a você. Desista.

— Tudo bem, boneca. Vou esperar pelo dia que você me dirá sobre isso por conta própria.

— Espere deitado!

— Tenho certeza que não vou precisar...

— Que tal voltarmos a falar sobre os Vingadores? – Ela tentava desconversar mais uma vez.

— Você não me disse nada demais sobre eles. Apenas poucos detalhes.

Darcy levantava uma sobrancelha.

— E o que você queria saber?

— O essencial.

— O mesmo essencial que você, que é só o melhor amigo do Capitão América!? Ok, então vamos lá! É verdade que ele fez voto de castidade!?

Bucky a olhou abismado... Mas pouco tempo depois, começou a rir.

— Steve sempre foi muito conservador... Ele é um homem tradicional e totalmente à moda antiga. Então acho que isso não deve soar bem nos dias de hoje.

— Tá brincando!? As mulheres praticamente devem se jogar em cima dele com todas as forças e diariamente!

— Elas já faziam isso quando ele se tornou o Capitão América...

— Eu imagino... – Darcy preparava o chá de hortelã em duas xícaras.

— Quanto aos outros Vingadores, um deles é um gênio e bilionário, dono de uma das maiores tecnologias do mundo e os outros dois são ex-agentes da SHIELD.

Bucky congelou quando ouviu a palavra “Agentes da SHIELD”.

— Todos os arquivos vazados da HYDRA, foram jogados em vários servidores pela Viúva Negra, uma ex-espiã Russa que trabalhava para a KGB. – A estudante afirmava, enquanto o observava.

Quando a Darcy mencionou sobre a Viúva Negra, Bucky se recordou de que a enfrentara ao lado de Steve e do homem com asas de falcão, na ponte... Antes da missão dos Aeroporta-aviões.

Havia anotado as recordações que tivera com ela nos cadernos que guardava em sua mochila.

— Darcy... Há um deles que eu conheço, tirando Steve.

— Um deles? Você fala dos Vingadores?

— Sim...

— Quem...? – Indagava, inocentemente.

Alguns segundos depois, ele resolveu responder.

.

.

— A Viúva Negra...

.

.


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Notas finais do capítulo

No próximo, teremos o encontro de Darcy com Tony Stark e Bruce Banner, além do aniversário do Capitão América, que receberá uma ligação do Homem de Ferro, implorando pra que ele vá para Nova York (sqn).
Em breve teremos o início de mais um dilema da Darcy, quando acaba tirando conclusões de que Natasha Romanoff é o amor da vida do soldado, e isso renderá muitas coisas engraçadas, além do sofrimento dela, por achar que vive um amor unilateral... ai que dó... xD



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