Wintershock escrita por ariiuu


Capítulo 31
As chantagens da espiã russa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é uma transição para os próximos eventos da fanfic. Não será nada muito alarmante no quesito drama, mas também não será algo muito confortável de ler, já que estou introduzindo uma vilã no arco. Mas essa vilã não será muito relevante, pois o foco é a relação do casal principal, porém, já adianto que Yelena Belova será uma pedrinha chata no sapato do soldado, e Natasha Romanoff estará lá para detê-la e deixar as coisas mais confusas na cabeça da nossa atrapalhada Darcy.



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Vinte dias se passaram desde o ocorrido em Amityville e Darcy se recuperava.

A garota foi trabalhar normalmente, mas não conseguiu dirigir até Willowdale e teve de se ausentar durante três semanas da universidade de Culver.

Mas depois de todo aquele tempo, ela precisava voltar para a faculdade.

Bucky ajudou a garota em todos os afazeres, que ficou com uma tipoia no braço durante todo aquele tempo.

As coisas estavam bem estranhas por conta do clima que havia pintado quando o soldado a resgatou em Amityville, mas ambos conviveram todos aqueles dias fingindo o máximo que podiam, e agindo de modo extremamente formal um com o outro.

Naquele dia em específico, Darcy se preparava para viajar para Willowdale de trem.

Bucky se encontrava apreensivo, por conta da preocupação com a estudante.

— Você vai ficar bem...? – Indagou, inquieto, enquanto fitava o braço da garota.

— Claro que sim. Derek vai me ajudar nesses dias, então não tem perigo.

— Esse seu amigo... Realmente vai cuidar bem de você nesse estado...? – Ele ainda olhava atentamente para o ombro dela, envolto da tipoia. Teria que ficar com aquilo durante alguns dias, até que seu ombro estivesse totalmente recuperado.

— Vou ficar fora só por uma semana, então não precisa se preocupar. Eu realmente preciso acertar toda a minha apresentação junto com meus colegas de grupo. Foram três semanas ausentes... Não posso mais ficar enrolando. – Ela fazia uma careta, sabendo que o problema maior não era seus afazeres do TCC, mas sim seus pais, que a encheriam de perguntas sobre o ‘acidente fora de hora’ que lhe fez deslocar o ombro.

Obvio que não diria nada a eles, mas ainda assim, era estranho mentir para seus pais.

— Eu entendo... – A voz de James soava um tanto melancólica.

— Eu ainda vou te levar para Willowdale um dia e você finalmente se livrará desse cenário 100% urbano de Nova York. Tenho certeza que você vai adorar! – A garota sorria ternamente, e ele se sentia mal por vê-la machucada... Por sua culpa...

— Quando...?

— Quando...? – Darcy não entendia.

— Quando você me levará pra lá...? – Bucky replicava, num tom modesto, lançando um meio sorriso para ela.

Seus olhos se alargaram em surpresa. Ele estava aceitando?

— Na semana da minha apresentação, no final de Julho. Depois que encararmos a banca avaliadora, acabou e então... Finalmente estarei formada...! – O sorriso era jovial... Não conseguia disfarçar o quanto estava feliz por ouvir que ele aceitava viajar com ela.

Depois de constatar que estava apaixonada por ele, Darcy decidiu que não o deixaria saber. Não podia bancar a adolescente imatura e se comportar como uma idiota na frente de um veterano de guerra... Não queria que o sargento tivesse uma impressão errada dela...

Ela preferia manter uma amizade real e sadia, mesmo que secretamente seu coração lhe pedisse por algo egoísta...

— Bem, então eu vou indo. - Ela pegava sua mochila, com pouco peso, apenas com coisas essenciais, pois iria direto para a casa de seus pais.

— Não faça nada estúpido... – Bucky advertia, exibindo uma expressão angustiada...

.

— Como eu poderia...? Estou deixando a estupidez com você! – E então, ela sorriu novamente, de forma ainda mais afetuosa.

.

A feição dele se desfez em espanto...

Se recordava de uma memória...

O soldado se lembrava de ter dito algo semelhante à Steve na véspera de sua viagem para a Inglaterra, ainda na segunda guerra.

Mesmo sem perceber, Darcy fazia com que cada palavra dita, em determinadas situações, uma nova memória ressurgisse.

A garota acenou e finalmente seguiu para as escadas do prédio.

Bucky fechava a porta do apartamento, um tanto intrigado...

Ela havia se arriscado por ele. E aquele ato foi totalmente inesperado...

A única pessoa que tinha certeza absoluta de se arriscar para salvá-lo, era Steve Rogers...

Darcy estava no mesmo nível do Capitão América agora? Como foi que as coisas chegaram naquele estágio?

Enquanto caminhava rumo à sacada da sala, o soldado passava mais uma vez ao lado do mural de fotos da garota.

Tantas fotos com tantas pessoas que ele não conhecia...

Muitas fotos de Darcy com seu melhor amigo Derek, bem ali... Outras de lugares que ela conheceu... Outras com várias garotas... Uma com Jane, Erik e Thor... Outra somente com Thor...

Ela era apenas uma garota normal... Mas...

Passar aquela temporada com a mesma estava lhe fazendo bem... E ele não tinha ideia do quanto sua ajuda estava sendo útil.

Ainda que sua mente estivesse instável e seu futuro fosse desconhecido, aos poucos estava voltando ao seu velho eu antes da guerra.

E a causadora de tal fenômeno era Darcy Lewis...

.

.

No mesmo dia em que a estudante viajou, Bucky saiu para tomar um ar fresco pelos arredores de Manhattan.

Sabia que a HYDRA ainda estava por aí... Poucos deles... Porém, depois do incidente em Amityville, a maior parte da organização se encontrava na Europa, e por ora, seu único empecilho era o governo americano e as agências aliadas que provavelmente procuravam por ele.

O sargento corria sérios riscos andando por Manhattan, mas seu disfarce era perfeito.

Mesmo ali, suas habilidades em se esconder, se disfarçar e de confundir as pessoas eram fenomenais. Procurava sempre por lugares pouco movimentados, que não tivessem câmeras, nem policiais e nem pessoas suspeitas.

Enquanto caminhava lentamente até o café que sempre costumava frequentar, sem muitas pessoas, percebia que talvez seria difícil ficar alguns dias sozinho. Suas terríveis crises sobrevinham nos momentos onde se encontrava sem ninguém, e normalmente Darcy o ajudava, ou procurava por ele quando algo estava errado.

Não sabia se conseguiria lidar com todos aqueles tormentos sem ela...

Mas ao mesmo tempo se surpreendia por verificar que havia se tornado um pouco dependente dela.

E ele não podia deixar que tamanho absurdo continuasse.

Seus problemas eram apenas seus. Darcy era só alguém que se compadecia de sua história inacabada e seu passado sombrio. Nada além disso...

Sua mente lhe forçava pensar que essa era a relação deles... não havia mais nada... não deveria haver mais nada...

Quando enfim chegou ao local, procurou se sentar no canto mais afastado do balcão, enquanto pedia o café de sempre, mas...

Seus instintos de espião apitaram quando alguém suspeito rapidamente se aproximou sem que percebesse.

Uma mulher, alta, loira, de estatura magra, roupas pretas e óculos escuros.

Ela apoiou os cotovelos no balcão de madeira enquanto sorria maliciosamente de canto...

.

— Há quanto tempo... James...

.

Bucky ficou sem reação diante da figura em sua frente...

.

.

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— HEY, SEU BASTARDO, VOCÊ DEMOROU!!! – Darcy já ia gritando com Derek quando o mesmo chegava correndo até a plataforma onde a garota havia desembarcado há vinte minutos.

— Olá pra você também, Darcy! – Derek já rebatia com raiva, enquanto levava altos socos da garota em suas costas.

Era típico de ambos, pois já estavam acostumados a se tratar como dois cavalos que se davam coice quando se encontravam.

Perto ou longe, o tratamento era sempre o mesmo.

Ele já puxava a mochila do ombro da garota, no ímpeto de ajuda-la, pois o outro braço se encontrava com a tipoia, atrapalhando seus movimentos.

— Isso que dá colocar um ex-assassino nazista e soviético dentro da sua casa. – O garoto retorquia desaforado, já sabendo de tudo o que havia acontecido em Amityville, e abismado com a decisão de sua melhor amiga em abrigar em sua casa um homem perigoso e foragido.

— Você sabe exatamente que as coisas não são bem assim... – O timbre da garota se desfazia num tom melancólico. Desde que levou Bucky para seu apartamento, ela sempre contava tudo para Derek... E ele sempre desaprova suas decisões.

O rapaz a fitou por longos segundos, enquanto ambos andavam para o estacionamento da rodoviária.

— Eu acho loucura... Imagine se seus pais descobrirem...?

— Eles nunca vão descobrir... E espero que você mantenha a sua palavra.

— Darcy... Eu nunca vou quebrar minhas promessas a você, pela nossa amizade de tantos anos, mas você está se arriscando... Você está quase se formando e do nada resolve colocar um empecilho gigante no meio da sua formatura?

— Ele não é um empecilho... – A estudante parou, um pouco antes de chegarem até onde o carro dele estava estacionado.

Derek deteve os passos no meio do caminho, completamente abismado ao fitar a expressão abatida de sua amiga.

— O que foi...? – Ela perguntou, inocentemente.

— Darcy... você...

— Eu...?

— Você se apaixonou por ele!? – O rapaz a indagava, demasiadamente perplexo.

A garota não soube o que responder. Ela apenas abaixou a cabeça e ficou em silêncio.

Estava tão na cara assim...?

— Céus, Darcy! Me diga que isso não aconteceu!?

— Não, não aconte-

— Me diga a verdade agora! – Derek bradou, completamente chocado.

A expressão de Darcy nublou... Ela não soube o que dizer, porém... não tinha mais como esconder ou mesmo insistir numa mentira...

.

— Eu... me desculpe...

.

Os olhos do rapaz se mantiveram mais abertos que o comum, tamanho impacto.

— Por quê!? Eu te disse pra você não deixar as coisas chegarem a esse ponto! Eu sabia que o nome de alguém numa borracha era um forte indício!

— Mas naquela época não era nada demais! Eu só... As coisas... chegaram a esse ponto sem que eu entendesse como e porquê...

— Como assim não entende? Eu avisei!

— Não adiantou, Derek... aconteceram muitas coisas e eu não consegui controlar... Minha profunda admiração e comiseração por ele se transformaram numa queda boba no início, mas depois... quando percebi... já havia afeto, consideração, muito interesse e atração por sua vida, de antes e depois da segunda guerra... tudo nele mexia comigo, então... quando percebi que ele podia se esquecer de mim, senti uma dor insuportável e perdi toda a razão que acumulei... não tinha mais o que fazer...

O semblante melancólico dela o quebrou.

Derek a olhou com pena. Sabia exatamente o que estava acontecendo, e era contra, mas não conseguia simplesmente dizer o que a estudante devia fazer.

— Quando isso começou...? – Contestou, enquanto soltava um suspiro de impaciência.

— Já faz algumas semanas... – Respondia, já sabendo o que ele perguntava.

— Por quê...? – Derek insistiu. Queria entender.

— Porque... Eu simplesmente vi o quão incrível ele é... o quanto ele se arriscou pra me salvar quando fui sequestrada, e como se esforça todos os dias para voltar a ser quem ele era...

— Você é mesmo uma louca...

— No amor, estou mais iludida que abelha em flor de plástico... Eu sei... – Replicava em tom choroso.

— Sim, por isso o cupido usa fralda... Ele só faz cagada... – Derek tentava animá-la na típica guerra de piadas. Eles sempre faziam isso quando estavam mal com alguma situação.

— Mas veja pelo lado bom... Os amores desgraçados costumam render belas histórias...! – E então, a garota fez uma careta horrenda.

— Se você fizer essa careta na frente dele, talvez ele decida ir embora...

— Então, o que eu faço...? – Ela fez beicinho e uma expressão de drama.

— Pra começar? Devia procurar um terapeuta...

— A Kim é minha terapeuta.

— Aquele lactobacilo não conta.

— Pare de tratar a Kim mal! Ela cuida de mim em Nova York porque você está aqui e longe de mim!

— Aquela lagartixa não faz mais que sua obrigação!

— Então vem morar em Nova York e aí vocês ficam quites. – Ela sorriu, pois queria seu melhor amigo por perto.

— Não posso morar na mesma cidade que ela.

— Sei... Você não pode morar na mesma cidade que a Stephanie... – A garota riu, debochadamente.

— Nós combinamos de ir pra Los Angeles, lembra? Vai quebrar sua promessa?

— Bem... Eu ainda não sei o que fazer depois que me formar...

— Sabe sim! Vamos pra Los Angeles realizar os nossos sonhos! – O rapaz replicava, empolgado.

Era um antigo sonho de infância dos dois, mas quando percebeu, Darcy já estava compartilhando aquele sonho com Kimberly e Stephanie também.

— Vou pensar a respeito, mas... – Darcy não conseguiu terminar de falar. Quando pensava que Bucky partiria um dia e que nunca mais o veria, por causa do curso da vida de cada um, ela começava a se sentir miseravelmente triste.

— Hey... o que você está pensando? Por que não terminou o que estava dizendo?

— Por nada... então, vamos!? – Ela cortou o clima ruim e voltou a sorrir no mesmo instante.

.

.

Bucky permaneceu imóvel por longos segundo após ouvir a misteriosa mulher dizer claramente seu nome.

De alguma forma, embora não se lembrasse, ele sabia que a conhecia...

E tudo ficou ainda mais claro, depois que a mesma tirou os óculos.

Eles se conheciam há muito tempo... E a fisionomia era extremamente familiar.

A mulher alta, de cabelos loiros até os ombros e olhos azuis, só podia ser...

— Елена Белова...? – Indagou o nome dela em russo... Não necessariamente tendo certeza se era ela, mas... Era como se sua memória fotográfica lhe revelasse no mesmo instante sua identidade.

— Bingo... – A loira replicou, de modo petulante.

.

Yelena Belova...

.

Espiã russa à serviço do governo russo com o codinome Viúva Negra.

O Soldado Invernal colaborou com algumas missões ao lado da espiã, quando a HYDRA e o governo russo ainda trabalhavam juntos.

O semblante de Bucky se tornou tenso e seu punho de metal por baixo da luva de couro se fechou.

— Hey, se acalme... Não estou aqui para começar uma luta... Apenas... Para conversar... Você se importa? – A espiã sorriu, com um expressivo sotaque russo em seu inglês americano.

— O que você quer...? – O rosto de James se encontrava nebuloso e seu corpo rígido. As memórias que havia se recordado da época em que colaborou com a KGB, não eram as melhores...

Foram muitos assassinatos...

— Bem... Vou direto ao ponto...  – A expressão da espiã era de puro deboche e o soldado já se encontrava pronto para um ataque, caso a mesma tentasse algo.

— Diga... – O sargento decidiu que a deixaria falar. Até onde fosse conveniente.

— Sabemos o que aconteceu com a HYDRA e temos a exata localização do novo quartel general do líder... Se você está pensando em destruir essa organização de uma vez por todas, chegou a hora, mas... tenho uma proposta melhor...

Alguns segundo depois, Bucky a surpreendeu, sorrindo de modo mortífero. Sabia exatamente onde ela queria chegar.

— Eles estão em Sokovia. E por que você se daria ao trabalho de vir até Nova York para me avisar sobre isso...?

— Temos nossos contatos... – Ela jamais diria que a tal pessoa que entrou em contato seus superiores era Darren Cross... logo quando soube que o Soldado Invernal estava em Nova York, o presidente da PYM Tech avisou seus ‘conhecidos’ e isso foi o suficiente para não só raptarem Darcy que estava com Bucky, mas reforçarem a missão com Yelena que já estava na capital para ‘negociar’ com James.

— Eu não quero saber dos seus contatos. Quero saber por que está aqui... – Replicou, fitando-a com o típico olhar frígido, mostrando traços de coléricos naquele instante.

A espiã russa sorriu... e cada sorriso era um tanto emblemático...

Ele odiava aqueles joguinhos...

— Você já sabe a localização deles, certo...? Mas não sabe que eles me pediram para vir até aqui te convencer a voltar para a sua casa...?

Os olhos de James a rodearam, absortos...

A HYDRA havia a contratado para leva-lo de volta?

— Já era de imaginar que a HYDRA não desistira de mim...

— Sim... mas há outra possibilidade também...

E a loira seguia com seus joguinhos....

— Que possibilidade...? – Indagou-a, averiguando o que a espiã tinha a dizer... precisava analisa-la para entender qual era o seu objetivo real ali, com ele.

— Você sabe que ainda trabalho pra... Eles...

Bucky a observava, totalmente desconfiado.

O soldado não tinha acreditado quando leu em vários livros e jornais que Darcy deixou na mesa da sala, sobre a queda da URSS. Sua intuição lhe dizia que tudo aquilo não passava de uma grande fachada, pois o regime não conseguia mais se manter de pé durante a guerra fria contra os Estados Unidos.

Mikhail Gorbatchov, o último presidente da União Soviética declarou a democratização da Rússia, colocando fim ao regime.

Mas os russos mais fiéis aos ideais comunistas nunca abririam mão de governar o mundo, do jeito deles...

— Que eu saiba, vocês se dissolveram um pouco depois da queda do muro de Berlim... – O soldado inquiriu, totalmente cético.

A feição de Yelena era de cinismo.

— E você realmente acreditou? Você melhor do que ninguém sabe que isso seria impossível, mas esta história não vem ao caso. Estamos focados apenas em eliminar todas as pedras de nossos sapatos...

— Exato. E é do interesse de vocês que a HYDRA suma de uma vez por todas da face da terra, assim como também era com a SHIELD... – Afirmava convicto.

— Sim... E você sabe o que tem que fazer...

Não era uma pergunta. Era uma afirmação. Yelena Belova estava ali para dar ordens dos seus superiores ao Soldado Invernal.

A expressão letal do sargento, soava como se fosse estraçalha-la bem ali... Há milésimos de segundo... Porém, deixaria a conversa, que ele chamaria de ameaça, correr livremente, até onde julgasse adequado.

— Eles devem saber que eu não estou seguindo ordens de ninguém... Não mais...

— Ooh...!? Mas você sabe que não tem escolha... Não quando o seu antigo superior nos deixou uma cópia daquele diário, com aquelas... – Ela pausou antes de enfatizar...

.

— Palavrinhas mágicas... – Finalizou.

.

O tom cínico e sombrio da espiã, ecoou perfeitamente como uma terrível e dolorosa melodia em seus ouvidos...

O diário com as palavras que o fazia se tornar a excepcional máquina perfeita de matar... Demasiadamente implacável...

Apenas por mencionar sobre isso, Bucky sentiu seu estômago revirar, sua respiração pesar e o coração disparar violentamente em seu peito...

O olhar de Yelena naquele momento, era como de um demônio... Seus incríveis olhos azuis despontavam um brilho monstruosamente pernicioso...

Não era mais somente a HYDRA... O submundo do governo russo o queria de volta...

A mulher tirou uma arma que estava em sua bolsa e a colocou no balcão. Ela pediu um cigarro e uma garrafa de Jack Daniel’s para o barman.

James não conseguiu responder naquele momento. O seu ponto fraco havia sido atingido. Não era somente a sua mente que poderia desestabilizar de uma hora pra outra, mas a existência daqueles diários... Meros papeis escritos com palavras que podiam lhe controlar como bem queriam, para fins que não sabia, lhe causavam uma avalanche mental, destroçando o pouco que havia reconstruído ao longo dos dias estando com Darcy...

A loira apenas o observava em silêncio, se deliciando com o fato de o fazer sofrer... Mentalmente e lentamente com algo que não estava em seu controle...

— Não precisa responder imediatamente... Mas você tem um prazo. Então, na próxima vez que nos virmos, você me dará uma resposta satisfatória, certo? Você pode escolher voltar para a HYDRA ou se unir ao governo russo de vez. Você decide. – A mulher já se levantava do banco em frente ao balcão, colocando sua arma de volta na bolsa, prestes a sair dali.

Bucky continuou parado, tentando controlar sua mente, que já se encontrava trêmula por conta da recém ameaça.

A espiã russa apenas o fitou de cima em baixo, atentando para a postura do soldado, que se encontrava repleta de brechas.

Estava vulnerável...

Se quisesse, poderia leva-lo dali à força, mas não era assim que as coisas funcionavam.

Porém... poderia brincar com ele e tirar uma casquinha, já que James era um homem fatalmente esbelto e interessante...

— Foi ótimo te rever, soldado... – E então, ela se aproximou rapidamente, e depositou um beijo suave no rosto dele... Despedindo-se... Para logo depois, sair do local carregando a garrafa de Jack Daniel’s enquanto fumava o cigarro que pediu minutos atrás...

E por longos minutos, Bucky continuou ali... Parado... Se sentindo exposto e desarmado...

Havia duas pessoas no café, que sequer perceberam algo, além do garçom que sempre o atendia, mas que se encontrava ocupado demais arrumando uma das cafeteiras.

Ninguém ali percebeu nada...

E então, com muita dificuldade, ele saia do café, um pouco trêmulo e com a respiração ofegante. Teria de chegar no apartamento de Darcy antes que a crise se agravasse.

Mas já era tarde... Sua mente estava em pânico e todos os malditos sintomas já tomavam conta de seu corpo e sua mente...

Ele só queria fugir e se esconder... Até que o mundo esquecesse que ele existia...

Enquanto caminhava com dificuldades pela rua ao entardecer, parecia que o barulho de tudo ao redor havia aumentado de volume, lhe causando uma irritação profunda.

Era como se pudesse ouvir o som de todos os motores dos carros que passavam por ali, as vozes das pessoas ao redor, o soprar do vento nos galhos das árvores e o som de alguma atração cultural, muito típica naquele bairro.

Segurava o braço de metal, como mecanismo de defesa, pois a maldita dor fantasma estava voltando para lhe assombrar...

Ele avistou o prédio onde Darcy morava e ao entrar, o soldado passou a subir as escadas com muita dificuldade.

Sua visão estava um pouco borrada e se sentia extremamente tonto...

Quando aquele inferno ia acabar...?

Bucky queria enterrar todas as memórias doloridas e as cobrir com pó...

Seu olhar se enchia de dor ao ver que o vazio se mantinha no lugar em que ele tinha um coração...

O abismo entre quem era e quem desejava ser era muito largo...

Quando abriu a porta e a trancou por dentro, automaticamente seu corpo tombou para o lado e ele caiu no chão...

Desmaiado...

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Notas finais do capítulo

Coitadinho do nosso soldado. Quando o mesmo se vê confrontando seus fantasmas do passado, as crises vêm, as dores voltam, sua mente fica perturbada e ele se vê sem chão... justo agora que a Darcy viajou :(
No próximo, teremos uma boa interação da Darcy com seus pais e... adivinhem? Finalmente o sargento terá pistas sobre a mulher de suas lembranças que se chama Katherine, a qual ele sempre se perguntou desde que viu a Darcy pela primeira vez, no primeiro capítulo (esse mistério está desde o começo). O que essa mulher tem a ver com a Darcy? Isso será esclarecido no capítulo 33, que será outro capítulo bem emocionante pro nosso casal.
Outra coisa: O Nyah está muito parado. Se você curte essa história, deixe seu incentivo através dos comentários. Ler é fácil, quer ver comentar, ahahahaha, te desafio.



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