Miranda: Starve escrita por wickedfroot, mandyziens, HappyCookies


Capítulo 3
Say Goodnight N' Go




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Greeny Wicked

Novembro de 2018

Eu estava péssimo, horrível, tudo parecia destruído para mim, eu sentia um clima frio, cada vez mais escuro e mais nublado. Eu ainda estava incrédulo em relação a tudo aquilo. Thay, as bruxas, Juan e tudo que ele contou, sobre essa Miranda, Dylan e aqueles seres desprezíveis de capuz.

Eu estava de luto, e pretendia ficar assim até pelo menos o fim do mês. Tinha passado apenas alguns dias depois do enterro de Thay, mas para mim tudo parecia ter acontecido há tanto tempo... Cada minuto, cada segundo sem ela parecia uma eternidade.

Era seis horas da tarde do dia 6 de novembro, já estava escuro, as árvores estavam desfolhadas devido ao outono e estava nublado, muito nublado, sempre parecia que iria cair uma grande tempestade, mas no fim eram apenas nuvens. Eu gostava de pensar que aquelas nuvens eram Thay em repouso.

Eu tomei um banho, vesti uma blusa preta de botões, coloquei uma capa de inverno preta e calcei um all-star preto acompanhado de um chapéu também preto. Como meus olhos estavam inchados de tanto chorar, eu também coloquei óculos escuros. Peguei meu guarda-chuva caso a tempestade deixasse de ficar só nas nuvens e segui meu caminho para o cemitério no qual Thay repousava. A paisagem parecia cada vez mais triste, ou era só eu que estava e sentia que tudo ao meu redor também estava deprimido.

Chegando no cemitério com um buquê de margaridas, as favoritas de Thay, eu cheguei em sua cova. Sempre que eu ia lá eu gostava de me sentar perto dela como se estivéssemos conversando. Coloquei as margaridas no seu túmulo e sentei no chão ao lado passando a nadadeira na cerâmica do seu sepulcro.

— Oi, amiga... Eu sinto sua falta, sabe? Tem sido muito difícil viver sem você e com sua singularidade especial... — Derramei uma lágrima — eu espero que esteja feliz e descansada. Eu ainda não consigo me sentir em paz, sinto que foi tudo minha culpa. Você foi tão companheira... Talvez se você não fosse amiga você não estaria aqui, debaixo da neve. Eu só queria um sinal de que você está em paz. Eu tenho tantas perguntas para você... Será que foi tudo culpa minha? Será que se eu tivesse percebido seu comportamento estranho você estaria viva? Eu não sei, apenas sei que quero você comigo, conosco. Amanhã eu prometo voltar para visitá-la, quem sabe eu não trago bolinhos e um disco da sua banda favorita para tocar? Amar você foi bom, foi doce, foi diferente, mas amar você teve consequências. — Terminei chorando. Eu estava realmente muito mal, acho que nunca estaria em paz até saber que ela está.

Levantei-me do sepulcro e saí do cemitério, parecia que eu carregava um peso nas costas, mas eu merecia, depois de tudo eu realmente merecia sofrer.

Dezembro de 2018

Havia se passado um mês e alguns dias após o falecimento de Thay, todos pareciam radiantes e felizes devido ao grande Festival do Solstício de Inverno, menos eu. Eu já tinha tirado as minhas roupas pretas no primeiro dia do mês, eu acreditava que Thay ficaria decepcionada se eu não cumprisse a minha promessa de só usar preto em novembro.

O clima estava normal, na verdade mais ou menos depois do primeiro pronunciamento da primeira-ministra, mas tudo piorou com o segundo que seria no Centro, pois no primeiro vários pinguins não conseguiram entrar na sala onde tudo foi comunicado.

— Bom dia a todos. Vejo que os preparativos para o Solstício estão indo muito bem, mas temo que teremos que dar uma pausa no festival, pois tenho notícias nada agradáveis: Vejam bem, ontem dei o comunicado de entraríamos com o uso da reserva alimentar que ficava guardada no cofre da prefeitura, mas um incidente aconteceu. Algum pinguim perverso saqueou o cofre e infelizmente não há mais nada lá. A polícia em conjunto da Elite Penguin Force já está trabalhando para que esse malfeitor seja pego. Até lá peço que armazenem seus alimentos e se preparem para pelo menos três semanas sem alimentos nos supermercados. Enquanto a polícia investiga o crime, a equipe construtora comandada por Rory estará tentando destruir a barreira de gelo que se formou nos limites da ilha. Peço que tenham calma e se alimentem com moderação. Obrigada. — Disse a primeira-ministra saindo do altar em que estava acompanhada de seus seguranças. Mas antes de entrar no carro ela chamou Minkis, Juan e Marc avisando para que fôssemos para o quartel general da EPF urgentemente. 

Os pinguins já estavam bastante assustados, o festival estava praticamente cancelado e as ruas começaram a ficar vazias. Que clima adorável.

Minkis, Juan, Marc e eu fomos para o quartel. A primeira-ministra estava nos aguardando na mesa central. Todos se sentaram aguardando que ela falasse. Como ela chegou tão rápido?

— Nos últimos meses vocês vêm mostrando uma capacidade de investigação magnífica, e isso instiga a todos nós. Por isso eu em conjunto com o serviço público de segurança e a Elite Penguin Force convidamos para que vocês ajudem a encontrar esse ladrão. Cada um de vocês tem uma singularidade especial, mas receio que não poderemos contar com Greeny Wicked devido ao problema que tivemos com as bruxas. Lamento, sr. Wicked. Por causa disso vocês poderão contar com uma de nossas melhores agentes, agente Bella se apresente! — Ela disse. Eu estava decepcionado, mas não surpreso. Eu já podia imaginar que o problema com aqueles ratos de rua poderia acarretar nisso e muitas outras coisas. Revirei meus olhos e saí da poltrona em que eu sentava para dar lugar a agente substituta. Antes que ela pudesse se apresentar eu saí da sala, não queria saber sobre ela e nem como ocorreria a maldita investigação. Todos ficaram espantados me chamando, mas eu simplesmente não me importava. Depois do ocorrido com Thay nada mais importava. Todos pareciam diferentes comigo depois daquilo, e não me importava, eu só queria minha amiga de volta.

Fui para o meu iglu e fiquei um tempo lá. Não havia nada para fazer, o festival tinha sido suspenso, o natal provavelmente seria também. Li alguns livros até ouvir alguém bater na porta. Levantei-me e inseri a chave na fechadura, destrancando o iglu. Era Marcus:

— Oi amor, você está bem? Parecia chateado...

— Bem mesmo eu nunca vou ficar. Bem... Eu me sinto completamente inútil e horrível. Vocês vão ter a chance de ajudar a ilha e encontrar o ladrão, enquanto eu fico aqui sem fazer absolutamente nada além de chorar e reclamar. — Respondi me sentando no banco que ficava em frente ao meu jardim.

— Você não é inútil e nem horrível... Os pinguins sempre vão querer julgar, não importa se você é bom ou ruim, sempre vão encontrar alguma forma de te criticar. — Ele disse abaixando a cabeça olhando para o chão. Ele aparentava estar triste.

— O que foi boo-bear? Aconteceu algo?

— É que eu me sinto mal em te ver assim... Sua ajuda seria ótima... Você até poderia mudar essa reputação horrível.

Eu assenti, ele falou mais algumas coisas sobre a investigação e a nova colega deles, Bella. Só me estranhava Juan e Minkis não terem me visitado, eles sempre iam quando terminavam de trabalhar.

Marc recebeu um telefonema, era Minkis pedindo que ele retornasse ao quartel. Ele nem teve tempo de se despedir de mim...

Como eu não tinha absolutamente nada para fazer resolvi investigar a misteriosa mansão que vimos... Naquele dia.

Preparei minhas coisas, uma bolsa e desci a ilha na esperança de encontrar a edificação.

Quando finalmente cheguei no Dojô não a encontrei. Estranho, eu lembrava exatamente de ela aparecer naquele lugar... Minhas dúvidas foram respondidas quando eu me lembrei cada detalhe do lugar, era de noite e como eu nunca tinha a visto, eu comecei a acreditar de que ela só se revelava de noite.

Voltei para o meu iglu, a caminhada era grande e eu sempre ouvia algum comentário maldoso em relação a mim.

Logo que eu cheguei eu estava exausto, mas muito curioso.

Quando anoiteceu a mansão ainda não havia aparecido, esperei por um tempo e nada. Jantei uma salada de algas bem temperada e voltei a observação. Nada. Quando deu meia-noite eu pensei em desistir, mas fui surpreendido por uma forte luz aparecendo na Estação de Esqui. Era a mansão. Eu peguei meu celular para fotografá-la, mas assim que liguei o aparelho surgiu outra luz forte no Iceberg, a mansão tinha desaparecido da Estação, agora estava no Iceberg. Rapidamente coloquei no cronometro e vi quanto tempo a mansão demorava para mudar de lugar. Dez minutos depois ela aparece na Praia ao lado do farol. Era dez minutos, eu tinha dez minutos para ir para lá.

Só que me ocorreu uma coisa: eu tinha esquecido completamente de visitar Thay. Desci as montanhas para ir ao cemitério. Eu me sentia imensamente triste a cada passo que eu dava. Eu amava ir no iglu de Thay para tomarmos uma bebida e comer algumas besteiras. A saudade é uma coisa assustadora.

Logo que cheguei em seu túmulo eu me sentei e fiquei conversando um pouco com ela, contando sobre meu dia, sobre o pronunciamento, a mansão e até sobre a entidade Miranda que Juan contara. Eu sabia que estava apenas falando com uma catacumba, mas eu me sentia perto dela.

Ah! Como eu queria que ela me respondesse.

 


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