Arquivos da Frota Estelar 1 - James T. Kirk escrita por Valdir Júnior


Capítulo 4
Aliança Provisória




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Quando o capitão Kirk entrou na sala de transportes, Scotty estava a postos atrás do painel de controle. Lá estavam também três seguranças atentos e armados com pistolas phaser padrão apontados para a plataforma de transporte.

— Acabamos de receber o sinal da nave klingon – disse o engenheiro – eles estão prontos para vir a bordo.

— Acionar – ordenou o capitão.

O feixe do transportador fez surgir redemoinhos de luz na plataforma, que aos poucos tomaram a forma de dois guerreiros Klingon vestindo seus uniformes de batalha. Kang se encontrava mais à frente e logo atrás dele uma mulher muito alta e forte encarava os oficiais da Frota de modo selvagem. Os dois estavam portando adagas daqtagh (1).

O comandante klingon desceu da plataforma levantou as mãos devagar e dirigiu-se calmamente ao capitão, indicando os seguranças armados.

— Isso não será necessário Kirk. Como eu disse a pouco, estou aqui para conversar.

— Então eu pediria a vocês a gentileza de entregarem as suas armas – respondeu o capitão.

— Apesar de virmos em paz, você sabe que não é nosso costume andar totalmente desarmados – disse a mulher klingon secamente – muito menos entre adversários conhecidos.

Kirk olhou para os klingons como se os estivesse analisando. Sabia que devia ser cuidadoso, mas ao mesmo tempo não queria criar um incidente perigoso, insultando a honra deles.

— Muito bem – disse ele por fim – vocês podem conservar as adagas. Mas a segurança da nave os acompanhará em todos os momentos.

Kang assentiu com a cabeça.

— Isso é aceitável – respondeu ele.

O comandante indicou a sua acompanhante, apresentando-a.

— Esta é minha imediato K’ehloyr.

Ela fez um fez um ligeiro movimento com a cabeça, mal cumprimentando o capitão.

Kirk indicou a porta, que se abriu imediatamente.

— Por favor, me acompanhem até a sala de reuniões – disse ele.

E os três saíram para o corredor da nave, seguidos atentamente pelos seguranças.

*  *  *

Minutos depois, estavam sentados em volta da mesa oval da sala de reuniões Kang, sua primeira-oficial, o capitão Kirk, Spock e o tenente sulu, que eram os oficiais mais graduados da ponte de comando.

— Somos todos ouvidos – disse o capitão para o comandante Klingon.

— Como vocês devem saber, em nosso planeta natal, Qo´noS — começou Kang sem preâmbulos – toda a energia usada é produzida na nossa lua, Praxis. A pouco mais seis meses, nossos cientistas desenvolveram uma nova bobina que usa como força motriz um derivado concentrado de tri-cobalto, muito volátil, mas que aumentaria a eficiência da transferência energética das nossas usinas em Praxis para o planeta em quarenta por cento. O protótipo ainda estava em fase de testes, quando foi roubado de nós há dois dias. Poucas horas depois do roubo o nosso Chanceler recebeu esta mensagem de um grupo chamado Puq qeylIS ou  Filhos de Kahless na sua língua.

Kang entregou um disco de dados a Spock, que o inseriu no terminal de computador que estava no centro da mesa, reproduzindo a mensagem de áudio:

“Nós estamos cansados de esperar que este Conselho de covardes acorde e volte a agir como verdadeiros guerreiros Klingons, seguindo as tradições de coragem, conquista e honra ensinadas pelo inesquecível Kahless (2). Este tratado assinado com os humanos é uma ofensa à memória das grandes casas ancestrais que formaram o nosso império e envergonha tudo em que sempre acreditamos. Por isso vamos tomar a questão em nossas mãos. Converteremos a bobina que retiramos de Praxis em um dispositivo explosivo, e o programaremos para detonar dentro do Sistema Rigel, no espaço da Federação humana, daqui a dois dias, quando nosso sol se pôr. E assim, o Império Klingon voltará a ser respeitado e seus guerreiros terão a oportunidade de provar seu valor no campo de batalha. Serão dias gloriosos.”

— Porém os ladrões subestimaram o sistema de segurança da usina – continuou Kang – eles foram identificados como dois soldados veteranos que sempre se mostraram contrários ao tratado que assinamos com a Federação. Conseguiram cercá-los no espaço-porto e um deles foi morto, mas o outro conseguiu roubar uma pequena nave de pesquisa e fugir. Duas aves de rapina foram atrás dela, mas apesar de a terem atingido algumas vezes, ela conseguiu entrar em dobra. Todas as naves Klingon em patrulha foram mobilizadas para capturá-lo. Há algumas horas, captamos o mesmo pedido de socorro que vocês. Nosso Chancelar contatou seu Conselho diretor, alertando-os sobre o perigo e negociando para que nós viéssemos até aqui. Precisamos falar com o traidor imediatamente para saber onde está a bomba.

— Nós o transportamos para a nossa enfermaria – respondeu Kirk – mas ele estava quase morto. Neste momento sua vida está sendo mantida por aparelhos.

Kang bateu com força os punhos na mesa.

James Kirk olhou para Kang preocupado.

— Se esta detonação acontecer e comprovar-se que o dispositivo possui uma assinatura klingon, poderá ser vista como uma declaração de guerra – disse o capitão – porque o Alto Conselho não avisou a Federação antes ou pediu ajuda?

Kang respondeu com raiva.

— Por que eles são orgulhosos demais! O chanceler achava que era um blefe para pressioná-lo a romper o tratado com a Federação, e não quer ser humilhado se fosse um alarme falso, como já aconteceu outras vezes. Por outro lado, também existem conselheiros que estão ansiosos por provar seu valor em uma guerra contra os humanos e esta é a oportunidade de conseguir isso sem se comprometer.

O comandante klingon olhou diretamente para o capitão da Enterprise.

— Apesar de ser um guerreiro e já ter participado com alegria de muitas batalhas – continuou ele - reconheço que este tratado tem trazido muitos benefícios para ambos os nossos povos e uma guerra entre nós agora só atenderia os interesses daqueles que buscam glória sem honra ou dos nossos inimigos em comum, os romulanos.  Nós temos pouco mais de vinte e duas horas pela sua medida de tempo para unir recursos e acharmos a bomba, garantindo que este conflito insano não ocorra.

Kirk olhou para seu primeiro-oficial.

— o que você acha Spock? – Perguntou ele.

— Dispositivos de tri-cobalto não são muito comuns – respondeu o vulcano – atualmente apenas os romulanos os usam como armas. Se nós sintonizarmos os sensores das nossas duas naves poderemos criar uma rede de detecção razoável.

— Vamos fazer isso então – respondeu o capitão, já se levantando e se dirigindo ao seu primeiro-oficial  – Spock, contate o Comando da Frota informando a situação. Precisamos agir rápido, porque o tempo está contra nós.

 

 

Referências do Capítulo:

(1) O Daqtagh (ou d'k tahg) é a faca tradicional do guerreiro klingon. Consistia de uma única lâmina primária de borda reta e duas lâminas secundárias curvadas, que podiam ser fixas ou articuladas. Era comumente usado no combate corpo-a-corpo e tinha grande valor cerimonial na cultura klingon. O cabo continha um punho arredondado e cravado e às vezes trazia um emblema representando os membros da casa de seu dono perto da lâmina.

(2) Kahless é considerado o maior guerreiro Klingon que já existiu e seu primeiro imperador. Foi ele que uniu seu povo há 1.500 anos e definiu o padrão para a conduta de honra e força sob o qual todos os Klingons vivem.

 


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