Arquivos da Frota Estelar 1 - James T. Kirk escrita por Valdir Júnior


Capítulo 5
Tróia




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“Diário de Bordo, Data Estelar: 8481.16”

“A Enterprise e o cruzador klingon K’T’Linga percorreram duas vezes nas últimas vinte e duas horas as órbitas de todos os doze planetas do Sistema Rigel, habitados e desabitados, com seus sensores interligados e até agora não conseguiram captar sequer um traço de tri-cobalto. Sondamos também o extenso cinturão de asteróides rigeliano, com o mesmo resultado. Estamos tensos e apreensivos, porque daqui a aproximadamente treze minutos termina o prazo final programado para a detonação do dispositivo e que pode significar o início de uma guerra que estamos evitando há mais de meio século.”

 

O Rosto do comandante Kang, na tela principal da Enterprise, mostrava toda a sua raiva e frustração.

— Não entendo Kirk – disse ele – nós já devíamos ter detectado a bomba. E se nós tivermos sido enganados e o sistema rigeliano não era o verdadeiro alvo?

— É uma possibilidade, porém remota – respondeu Jim Kirk – lembre-se que nós achamos a nave do sabotador prestes a entrar na região e segundo as informações recebidas das outras naves que o perseguiram, ele não esteve em nenhum outro lugar antes de chegar aqui.

O klingon olhou diretamente para o capitão, sorrindo amargamente.

— Parece então que a nós dois só resta lamentar o fato de que estaremos em lados opostos de uma guerra daqui a alguns dias – disse ele.

Kirk suspirou, recostando-se na cadeira de comando e olhou em volta, para os seus oficiais na ponte.

— Um conflito que nenhum de nós queria – disse ele - me sinto como Ulisses (1), que foi envolvido na Guerra de Tróia quando só queria ficar em casa com sua esposa e filhos...

O capitão parou de falar e levantou-se subitamente da sua cadeira.

— Tróia... – repetiu ele. E olhou para seu primeiro-oficial – Spock! Acione nossos sensores internos e procure sinais de tri-cobalto.

— Sensores internos capitão? – estranhou o vulcano, mas obedeceu a ordem.

Depois de alguns segundos, o vulcano olhou de volta para o capitão.

— Fascinante! Estou captando um sinal massivo localizado na enfermaria – disse o imediato.

O capitão acionou o comunicador da sua cadeira e ligou para a engenharia.

— Scotty, me encontre na enfermaria imediatamente. E leve sua caixa de ferramentas – ordenou.

— Sim capitão – respondeu o engenheiro.

Kirk olhou para a tela e falou para o comandante klingon:

— Kang, afaste a sua nave. A bomba está na Enterprise!

— Como? – perguntou ele.

Mas kirk nem respondeu. Já estava entrando no turbo-elevador da ponte, seguido de perto por Spock .

 *  *  *

Scott já estava esperando na porta da enfermaria quando Kirk e Spock chegaram. Os três entraram rapidamente e se aproximaram do leito de suporte de vida onde estava o klingon em coma.

— O que está acontecendo capitão? – perguntou o Dr. McCoy preocupado.

— Magro, você notou alguma coisa diferente na prótese do seu paciente? – perguntou Kirk por sua vez.  

— Claro que não – respondeu ele – eu sou um médico, não um engenheiro.

Spock já estava escaneando a perna robótica do klingon com seu tricorder.

— Capitão – disse o vulcano – o dispositivo de tri-cobalto está aqui, sob os músculos hidráulicos. Calculo que vai atingir a massa crítica em no máximo cinco ponto sete minutos e explodir.

— Scotty, você consegue abrir a prótese para retirarmos a bomba? – perguntou Kirk a seu engenheiro chefe.

Montgomery Scott examinou rapidamente o membro biônico e disse, preocupado.

— Posso abrir capitão, mas vai demorar bem mais de cinco minutos.

James Kirk passou as mãos pela testa suada e disse subitamente.

— Então não há outra solução. Vamos levá-lo para a sala de transportes.

— Jim, você não pode... – começou a dizer o Dr. McCoy.

— Depois nós falamos sobre ética, Magro – respondeu o capitão secamente – agora preciso salvar minha nave!

Scotty já havia encostado uma maca anti-gravitacional à cama do klingon e eles o transferiram imediatamente para ela.

— Vamos – disse o capitão, já saindo pela porta, empurrando a maca, seguido de perto por Spock, Scott e McCoy.

A corrida até a sala dos transportes foi tensa. Nunca o capitão Kirk desejou tanto que seu primeiro-oficial estivesse certo sobre seus cálculos de tempo.

Assim que entraram na sala, o capitão e Spock retiravam o corpo de Klingon da maca e o colocavam sobre a plataforma do transportador, enquanto ele ordenava a seu engenheiro-chefe:

 - Scotty, programe o transportador para enviá-lo ao espaço, o mais longe possível da Enterprise e do cruzador Klingon.

— Capitão - disse McCoy – este homem está tecnicamente vivo.

Kirk encarou seu amigo e respondeu irritado:

— Trata-se de uma questão matemática, doutor. Somos nós ou ele. Se não gosta, pode sair.

O engenheiro acabou de fazer os ajustes necessários no painel de controle.

— Pronto capitão – disse ele.

— Acionar – respondeu o capitão, ainda sob o olhar assustado do Dr. McCoy.

O turbilhão de luz envolveu o klingon, e instantes depois a plataforma estava vazia.

Mal haviam se passado quarenta segundos quando uma silenciosa e violenta explosão fez toda a nave sacudir.

Depois que tudo se estabilizou, Kirk foi até o comunicador e contatou a ponte da Enterprise.

— Relatório de danos, Sulu – pediu o capitão.

— Mínimos – informou o piloto – apenas conduítes sobrecarregados em algumas áreas da nave.

— Entendido – foi a resposta – estamos voltando para a ponte.

 

 

Referência do Capítulo:

(1) Ulisses (em latimUlysses ou Ulixes) ou Odisseu (em gregoΟδυσσεύςtransl.: Odysséus) foi, na mitologia grega e na mitologia romana um personagem da Ilíada e da Odisseia, de Homero. É a personagem principal dessa última obra, e uma figura à parte na narrativa da Guerra de Tróia. É um dos mais ardilosos guerreiros de toda a epopeia grega, mesmo depois da guerra, quando do seu longo retorno ao seu reino, Ítaca, uma das numerosas ilhas gregas.

 


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