O Incidente Delthara escrita por Valdir Júnior


Capítulo 7
Primeiras Pistas




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A diretora do Instituto Cochrane era a Dra. Juelin Loen, uma centauriana de meia-idade, alta e bonita. Assim que o capitão Kirk entrou em contato, informando que eles estavam chegando, ela os orientou como achar o laboratório onde o tenente Torias trabalhava. E foi lá que ela os recebeu, com um simpático sorriso.

— Sejam bem-vindos – disse a Dra. Juelin, cruzando as mãos sobre o peito e se inclinando levemente, segundo o costume centauriano.

— Obrigado Doutora - respondeu o capitão, retribuindo o cumprimento da mesma forma.

— Bem, este é o laboratório do Tenente Dax – disse ela, indicando a porta que estava a sua esquerda. –  Fiquem  a  vontade  e  tomara  que  possam  descobrir algo que ajude a localizá-lo. Se necessitarem de mais alguma coisa é só me procurar em minha sala.

 Antes que a diretora se retirasse, Spock a interpelou:

— Doutora, quantas pessoas tinham acesso ao laboratório?

— Apenas duas, comandante – Respondeu ela – o tenente Dax e eu. E mesmo meu acesso está restrito a entrar na sala em caso de emergência. Todos os equipamentos do laboratório estão codificados exclusivamente para uso dele. E o tenente trabalhava sozinho.

E se inclinando mais uma vez em cumprimento, a diretora foi embora.

Usando o cartão de acesso que o comodoro Balzad havia lhe entregado, o capitão abriu a porta do laboratório. Assim que entraram, ele olhou em volta impressionado. Kirk nunca vira uma instalação tão bem equipada. Contava com dois terminais de computadores quânticos isolineares de última geração, além de um grande sintetizador para produção de peças e circuitos e uma larga bancada eletrônica, dotada de um kit completo de ferramenta de montagem  e  testes.  E  no  centro  da sala havia uma tela horizontal de projeção holográfica exibindo um modelo em 3D em alta resolução do corte de uma seção de um núcleo de dobra, que girava parecendo solto no ar.

O comandante Spock imediatamente se sentou em frente de um dos terminais de computador. Assim que o sensor detectou o novo usuário, solicitou, numa melodiosa voz feminina:

Diga o código de acesso, por favor.

O vulcano recitou seu o código de comandante grau Um:

 - Spock-01-05-00-ent.

Acesso inválido— respondeu a máquina de imediato.

Levantando a sobrancelha, o comandante disse o código mestre emergencial da Frota, que o almirante Nogura havia fornecido:

— Com-f001-00-04-est.

Acesso inválido— repetiu o terminal.

Spock olhou então para o capitão e disse, demonstrando na voz certo tom de irritação, que Kirk havia aprendido a perceber ao longo dos anos:

— Parece que acessar os diários do laboratório será um pouco mais complicado do que imaginamos. Talvez seja mais produtivo vocês irem ao apartamento do tenente enquanto eu continuo trabalhando aqui para criar um canal de acesso alternativo aos arquivos. Não sei quanto tempo posso demorar.

— Muito bem Spock – disse o capitão – nós vamos ao alojamento dele para tentar descobrir alguma coisa que possa nos ajudar. Comunicaremos se acharmos algo que possa ser útil.

— Farei o mesmo – respondeu o vulcano, voltando-se mais uma vez para trabalhar no computador.

*  *  *

 O alojamento de Torias no setor residencial da base era limpo e organizado, e seguia o desenho padrão da Frota Estelar, com um quarto conjugado a um escritório, uma pequena mesa para refeições e um banheiro. Contava também com um terminal básico de computador e um sintetizador de alimentos. Tinha poucos itens de decoração, mas se destacava na parede uma cópia em tamanho real de uma conhecida aquarela de Joe Macwright, pintor australiano do final do século XX, retratando uma fragata navegando em um mar azul claro. E sobre a mesa de cabeceira estava o retrato de uma linda jovem com um sorriso enigmático. A larga faixa de pintas que começava atrás de suas orelhas e descia pelo pescoço mostrava que se tratava de uma mulher trill.

Enquanto o tenente Sulu pesquisava o computador, buscando uma pista nos últimos acessos que Torias havia feito, o capitão Kirk e a tenente M´Ress vistoriavam as gavetas e armários. Não encontraram nada, a não ser uniformes, roupas civis e alguns “pads” de manuais técnicos. Verificaram também que o sintetizador não era usado há vários dias.      

Kirk parou no centro da sala, desanimado. Olhou com esperança para Sulu, mas ele balançou a cabeça negativamente.

— Nada senhor – disse o piloto, frustrado.

De repente M´Ress olhou para a cama e alguma coisa chamou a sua atenção. Ela foi até lá, sentou-se e se abaixou, puxando um pequeno cartão que estava preso, escondido entre cabeceira e a parede. Voltou com ele na mão, lendo curiosa.

— Capitão, qual era mesmo o nome que o tenente Torias citou na sua última comunicação com a Frota? – perguntou a tenente.

— Aysha – respondeu Kirk.

A felinóide entregou o cartão ao capitão, que depois de olhar nos dois lados o mostrou a Sulu. O nome “Dagobah” em grandes letras góticas se destacava sobre um fundo azul brilhante, onde a figura de uma dançarina em 3D se transformava em uma garrafa de bebida, dependendo o ângulo que se olhasse. O endereço do lugar era bem perto da base da Frota e provavelmente era frequentado por muitos dos seus oficiais e cadetes. Quando Kirk virou o cartão, viu escrito no verso, em uma letra rebuscada, no idioma comum da Federação: “Preciso ver você hoje. Aysha”.

“Bendita visão de gato”, murmurou Sulu alegre, devolvendo o cartão ao capitão.

M’Ress olhou para ele, piscou os olhos dourados e ronronou, satisfeita.

Kirk bateu com os dedos no cartão e disse, sorrindo:

— Parece que nós já temos um compromisso para esta noite. 

E pegou seu comunicador, para contar a novidade ao comandante Spock.

 


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