O Incidente Delthara escrita por Valdir Júnior


Capítulo 5
Delthara




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Diário de Bordo, data Estelar: 8622.57

“Estamos no final do terceiro dia da nossa viajem e, segundo Spock, dentro de 27.56 minutos estaremos entrando no Sistema Alpha Centauri. Decidi navegar usando fator de dobra seis, para não forçarmos o motor e pouparmos energia para alguma emergência que possa surgir. Nos comunicamos com o posto da Frota Estelar em Alpha Centauri VII prepararando a nossa chegada. A equipe está entrosada e já repassamos quais os passos iniciais vamos seguir na investigação. Todos nós estamos focados e confiantes de que vamos cumprir nossa missão com sucesso.”

 

O capitão Kirk estava olhando para uma imagem do planeta Alpha Centauri VII na tela do computador da nave. Qualquer pessoa que não estivesse prestando atenção poderia confundi-lo com a Terra, tão parecidos eram os dois planetas, não só em atmosfera, mas em massa e clima. Kirk havia passado as duas últimas horas lendo e se atualizando sobre ele, pois a última fez em lá estivera ainda era um jovem alferes recém-saído da Academia da Frota Estelar (1). Mas quase podia ainda ouvir a voz do seu professor vulcano Tasav, nas aulas de História da Federação, que estava sempre repetindo e cobrando dos alunos nos seus testes os conhecimentos básicos sobre os membros fundadores:

“Alpha Centauri VII foi o primeiro mundo habitado encontrado por exploradores terrestres pouco tempo depois de Zefrem Cochrane (2) desenvolver o seu motor de dobra. É um planeta classe M (3),  quase  idêntico  à  Terra  e  sua população nativa não pode ser diferenciada da terrestre em termos físicos. Por ser um dos fundadores, lá se encontram alguns dos principais centros industriais e tecnológicos da Federação e o Complexo Universitário de Delthara, que fica na sua maior cidade, foi um dos primeiros centros de aprendizado fundado pela Federação Unida de Planetas. O instituto Cochrane, especialista em estudos sobre velocidade de dobra também tem sua sede lá”.

Era justamente no Instituto Cochrane que o tenente Torias estava trabalhando nos ajustes finais do núcleo de dobra da Excelsior e onde foi visto pela última vez. E era lá que o capitão pretendia começar a investigar, logo depois de se apresentar ao comandante da Frota em Delthara e ver se havia alguma nova informação que pudesse ajudar na localização do oficial.

A equipe de segurança da Frota em Delthara havia passado ao capitão alguns diários pessoais de Torias datados de antes do seu desaparecimento e ele os estava revisando, procurando qualquer pista sobre quem seria “Aysha", quando algo surgiu no monitor da estação tática onde estava Spock.

— Capitão – chamou o imediato.

Kirk se aproximou do vulcano, que digitava alguns comandos e lhe indicava a tela dos sensores, onde um pequeno ponto em amarelo piscava. Depois de alguns segundos, desapareceu.

— É a terceira vez que isto acontece nas últimas duas horas – continuou Spock – as primeiras vezes achei que eram reflexos de outras naves que estavam entrando no sistema Estelar, mas este último foi diferente. Desta vez ele se colocou em curso paralelo conosco e nos sondou. Agora, quando eu estava tentando localizá-lo e descobrir mais alguma coisa, o sinal sumiu novamente.

— Comandante, coloque-nos em alerta amarelo e me avise se nosso acompanhante aparecer de novo – disse Kirk para Spock. E ordenou a M´Ress – tenente, até entrarmos em órbita monitore qualquer tipo de transmissão fora do comum que você captar e me mantenha informado.

— Sim capitão – respondeu a felinóide.

Jim Kirk sentou-se preocupado. Talvez a missão fosse um pouco mais difícil do que ele imaginava.

 *  *  *

Delthara era uma das maiores cidades de toda a Federação. E uma das mais bonitas também, com seus imensos jardins e sua arquitetura única, completamente integrada ao meio ambiente do planeta. O cuidado dos centaurianos com a natureza exuberante do seu mundo era amplamente reconhecido e referenciado. Com o passar dos anos a capital havia se tornado uma megalópole cosmopolita, atraindo para suas indústrias e centros de educação representantes de quase todas as raças da Federação e de culturas aliadas. E com certeza, algumas outras que não eram tão amigas assim, o que trazia uma preocupação constante para o setor de contra-espionagem da Frota Estelar.

A nave do capitão kirk aterrissou no hangar do prédio reservado à Frota na base, onde o oficial comandante os recebeu. O comodoro Balzad, um andoriano (4) corpulento da etnia Bish'ee, parecia um pouco desconfortável com a situação.

— Desde que o tenente Torias desapareceu, designamos nossa equipe de seguranças para tentar descobrir o que pode ter acontecido. Estivemos em vários lugares onde ele teria sido visto, mas não encontramos nada que pudesse nos ajudar, apesar dele ser muito conhecido, principalmente nas boates e bares do lado mais “festivo” da cidade.

Spock olhou para kirk, levantando a sobrancelha de modo característico, o que fez o capitão sorrir. Em seguida perguntou:

— Comodoro, os senhores fizeram buscas no alojamento do tenente e no seu local de trabalho?

O andoriano olhou para Spock com ar ofendido, principalmente pela pergunta vir de um vulcano. As diferenças políticas entre os dois povos ainda não haviam sido totalmente superadas.

— Comandante – respondeu Balzad secamente – a eficiência não é característica exclusiva dos oficiais do QG da Frota de São Francisco.

Para não deixar a tensão aumentar, o capitão kirk interferiu.

— Comodoro, nós sabemos que o trabalho da sua equipe foi bem feito. O comandante Spock apenas quer ter a certeza que todos os aspectos da nossa investigação foram observados.

Balzad encarou Kirk de modo frio e entregou ao capitão um disco de dados e um cartão magnético.

— No disco encontrarão a lista das últimas localizações onde o tenente Torias foi visto no planeta antes de desaparecer, além de mapas e pontos de referência para vocês poderem se orientar. Este cartão lhes dará acesso ao alojamento ocupado pelo tenente e ao laboratório onde ele trabalhava. É tudo com que podemos ajudar por enquanto. Se necessitarem de auxilio, não hesitem em nos contatar. Boa sorte nas suas buscas.

 Dizendo isso o oficial andoriano sentou-se em sua cadeira e acionou o comando que abria a porta do escritório, deixando claro que a reunião estava encerrada.

 

 

Referências do Capítulo:

(1) A Academia é o centro de treinamento e formação dos oficiais da Frota Estelar e está distribuída por três unidades. Em São Francisco estão os alojamentos, salas de aula, laboratórios e bibliotecas; em Palo Alto, também na Califórnia, encontram-se os simuladores de naves, centro de treinamento de vôos Estelares e o departamento de educação física; e em Phoenix, no Arizona, está o centro de treinamento de sobrevivência, onde são recriados ambientes de vários tipos de planetas, usados para testes físicos e psicológicos para qualificação dos cadetes.

(2) Zefram Cochrane é um personagem fictício da franquia Star Trek. Ele é o inventor do motor de dobra e construtor da Phoenix, primeira nave da humanidade capaz de viajar em dobra espacial, em Bozeman, Montana, no ano de 2063, a partir de um antigo míssil nuclear, o Titan II. Seu primeiro vôo chamou a atenção de uma nave vulcana que passava pelo sistema solar naquele momento, proporcionando o primeiro contato da humanidade com uma raça alienígena.

(3) Planetas Classe M são, segundo a classificação planetária adotada na série Star Trek, aqueles encontrados na zona habitável de uma estrela. Eles têm aproximadamente de dez mil a quinze mil quilômetros de diâmetro com atmosfera oxidante e pressão por volta de 760 milímetros de mercúrio, contendo oxigênio e nitrogênio respiráveis a maioria dos seres vivos. Água em estado líquido e formas de vida animal e vegetal são tipicamente abundantes.

(4) Os Andorianos são uma das cinco raças fundadoras da Federação Unida dos Planetas. É a única espécie conhecida que apresenta características mamíferas e insetóides ao mesmo tempo. Sua pele é azul e eles possuem duas antenas, que são órgãos complementares da sua visão e audição. Sua população é formada por três etnias (Thallassan , Talish e os Bish'ee), que tem diferenças corporais sutis entre elas. Apesar da sua natureza violenta, também são conhecidos por serem extremamente disciplinados e por sua sensibilidade artística.

 


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