Lolita escrita por desireebaker


Capítulo 4
Mona Dahl




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771030/chapter/4

Mona Dahl era uma jovem cuja pele sem interesse aos perturbadores senhores de idade avançada, cheirava a loção corporal e os olhos pareciam acompanhar os movimentos de qualquer homem com mais idade do que o seu próprio pai.

Guardava em si os segredos singelos de uma Dolores machucada, ainda mais que tentasse se esquivar de qualquer pergunta pessoal que os detetives a fizessem, em uma última tentativa de descobrir exatamente o paradeiro da senhorita Haze.

— Ela simplesmente sumiu – sua amiga mais próxima afirmou na sala de leitura do colégio. A contagem regressiva para o final das férias estava no ar, porém um bando de meninas, assim como Mona, estavam se organizando para estrear uma peça nova, cuja apresentação foi marcada para o meio de agosto – Ela estava na peça do Clare e então em um dia, ela não estava mais. Outra menina ficou no seu lugar.

— E ela não disse antes para onde iria? – Benson conduzia as rédeas dessa conversa, no qual não gerava frutos.

Mona cruzou os braços, a pensar. Clare era muito próximo de Dolly e Dolly o adorava. Admitiu entre suspiros que a amiga poderia ter um relacionamento secreto com o escritor, pois ela a ajudou a acobertá-la em uma ocasião onde Linda e Dolly estavam com uma partida de tênis programada e seu papai não iria buscá-la se Mona estivesse na casa deles, então ela escondeu sua amiga que estava a dar uns beijos – palavras da própria Dolores – com o escritor, perto da quadra de tênis.

— Como era o relacionamento entre Dolores e Humbert? – Elliot a questionou, o que gerou uma onda de arrepios no corpo da jovem astuta. Na hora, ambos agentes a viram se recolher em si mesma. Levantou-se com esmero e ainda de braços cruzados, declarou necessitar se ausentar dos questionamentos.

— Nós sabemos que Humbert e Dolores estavam juntos – Benson disse, mesmo que aquilo fosse uma mentira. Ela contava com a sua experiência em casos de abuso infantil, portanto sabia reconhecer um, contudo não tinha certeza se Humbert e Dolores estavam praticando incesto.

— Vocês não sabem – a voz estava pesada, quase melodicamente assustada. Elliot fez sinal para que a garota voltasse a se sentar e, obediente, ela fez – É normal.

— O que é normal?

Mona olhou para o lado, como se procurasse alguma testemunha que fosse lhe dedurar. Não vendo ninguém, ela prosseguiu.

— Eu já fiquei com um cara que era da marinha – declarou com o timbre polido. Estava afetada pelo nervosismo. Em sua cabeça, ela achava que seria punida por isso – E ele era mais velho.

— Quantos anos mais velho?

Ela voltou a se levantar.

— Eu preciso ir agora.

— Mona – Benson estava firme, mas ainda gentil. Controlava a voz para que se mantivesse entre essas duas extremidades, não além. Precisava descobrir o que a menina sabia – Nós não vamos fazer nada contra você. Só queremos a sua ajuda.

— Eu já disse tudo que eu sei!

— Não, você sabe que não disse – Benson afirmou – Você gosta da Dolores, não gosta? – a menina balançou a cabeça – Então, nos ajude. Para onde Humbert poderia ter a levado?

 

 

Dolores havia se cansado de pedir-lhe para parar. Deixe-me dormir em paz! Era a frase que ela mais expelia. O dia havia sido interessante, mas seu peito pulava de agonia em saber que Clare não sabia onde ela estaria. Dolly gostaria de ser salva das garras do seu padrasto infiel as leis da moral humana, gastando suas lágrimas com coisas banais ao invés de uma infância destruída.

Não se enxergava como uma vitima, no entanto. Dolores não pensava muito em si mesma, mas no conjunto. Nunca em sua mente lhe acometeu a ideia de que aquilo que lhe ocorria era um abuso extremo e que ela tinha opções de fuga pelo meio legal, ao invés de se esconder atrás de um escritor de peças infantis que lhe pedia nojeiras feias como seu padrasto. Ela estava tão familiarizada com aquele comportamento dos últimos dois anos, que via tudo aquilo como amor.

Naquela noite, no entanto, as coisas estavam com o leve ardor da decadência. Entorpecido pela bebida, Humby havia lhe chamado de Annabel pela segunda vez no mês, o que ela sabia, era estranho. Enquanto ele desmaiava de êxtase ao seu lado, Lolita procurou lembrar-se de qualquer amiga com esse nome, que seu pai poderia ter abusado. Não se recordando, cogitou ser alguém do próprio passado dele, alguém que não fosse ela, mas tivesse o jeito dela. Uma cópia, talvez. Isso lhe deixou agitada e a menina languida não conseguiu despertar a sua mente para o sono que os jovens necessitam.

Mais do que nunca, ela precisava encontrar Clare.

 

 

O relatório da viagem excepcional foi trazido a Cragen via telefônica. Dolores Haze, uma garota de quatorze anos, estava em um relacionamento incestuoso e abusivo com seu pai, Humbert. Sua mãe havia morrido quando a pequena estava com doze anos e desde então, seu pai a levou para viajar pelos Estados Unidos. Pratt, a diretora do colégio, confirmou que Clare era muito próximo a Dolores e a mesma estava de mudança para Nova York. Mona foi além e confirmou que tanto Humbert quanto Clare mantinham um relacionamento com Dolores, além de confirmar que Dolly estava sim em Nova York, em uma escola só para meninas chamada “Saint Mary”.

Acreditaram em Mona, pois, além da menina soar verdadeira, os fatos expelidos pela sua boca batiam com os da diretora. O colégio inicial para onde Dolores estava destinada a ir não havia aceitado a garota. Mona, na última vez que falou com Dolores, disse que sua amiga lhe contou com ar de preocupação que seu pai estava “lutando para um colégio nova iorquino a lhe aceitar fora de época, e que ela queria fugir antes que Humbert sumisse com ela de vez”.

Era evidente para os agentes que Clare era a válvula de escape de Dolores. De acordo com Mona, ele havia lhe prometido um papel em uma peça importante, uma imagem em um comercial – ele tinha meios – e muito conforto em seu lar. Tudo que tinha que fazer era concordar com suas vontades.

Mona corou-se toda quando lhe foi questionado sobre o verdadeiro motivo dessas vontades, o que encerrou por completo o interrogatório, já que a adolescente não estava mais apta a cooperar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lolita" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.