Incompréhensible escrita por Sky


Capítulo 3
Le bon fils fait la maison


Notas iniciais do capítulo

Oie gente linda que esta aí desse lado da tela! Queria agradecer a duas pessoinhas lindas e maravilhosas que estão acompanhando essa fic. ♥ Significa muito para mim, de verdade.



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Le bon fils fait la maison

Dois meses depois do início das férias de verão, dois meses depois de se formar em Beauxbaton, um mês antes do início das aulas em Hogwarts.

 

Ela, mesmo com difculdade conseguiu por fim puxar o malão do porta-malas do taxista.

Não dando nem meio segundo desde que puxara a mala, o carro roncou e em poucos instantes estava virando a esquina. Ela despencou a cabeça para o lado esquerdo, em puro sinal de desaprovação, aquilo certamente herdará da mãe, sem dúvidas.

Arrastou o objeto, por algum motivo, deveras pesado, até às escadas da entrada, a casa por fora tinha um ar vitoriano, lembrava muito aquelas casas, que você passa pela frente, e somente deseja morar nela, porque por algum motivo, tudo a faz parecer mágica, como se famílias perfeitas e felizes viveram nela, sempre, sempre felizes. Mentira.

Arrastou-o até estar em cima do capacho de entrada, sem mensagem fofa, amorosa, feliz ou qualquer coisa semelhante. Puxou a alça da bolsa para mais perto, e começou a fuçar, em busca da chave perdida. Dá um bom nome para livros, pensou Cecília.

Ela ouviu um barulhinho no fim da bolsa, em meio a vários papéis de chiclete perdidos. Girou o molho nas mãos, buscando a chave no meio das tantas que lá haviam:chave de casa, chave dos fundos, chave do quartinho dos fundos, chave do quartinho das tralhas, chave para arrombar o armário de doces, chave para, etc, etc, etc…

Virou a chave para ambos os lados até destrancar a porta, a madeira de carvalho, do qual era feito a porta, rangeu conforme os movimentos da dobradiça.

Ela arrastou a mala para o hall, a largando no canto.

Trancou a porta outra vez e girou os calcanhares, o hall era luxuoso, talvez não muito grande, mais imponente, se é que hall's podem ser imponentes… Acima da mesinha onde deixavam as correspondências, havia aquele quadro, o quadro. Eram três irmãs, jovens adultas, tão lindas! Eram as trigêmeas Morgenstein, uma delas, a do meio, sua mãe, Marjorie, tão linda, na época tinha um sorriso maroto nos lábios, os olhos tinham um toque de aventura, sua roupa era de tonalidade azul, Corvinal, a sua direita, sua tia Marianne, um sorriso tão gentil, o brilho nos olhos parecia ter sido causado tão fácil na companhia das irmãs, usava amarelo, Lufa-Lufa, a esquerda, sua tia falecida, Marilla, os cabelos castanhos caiam pouco acima dos ombros, o sorriso largo e os olhos azuis, diferente por completo das irmãs, parecia tão viva, tão alegre, tão, incrível, verde, é claro, Sonserina, teria sido um privilégio conhecê-la. Teria.

Ela pendurou o casaco no gancho, e descalçou as botinas pretas, largas, que aterrorizavam os pesadelos de sua mãe.

Pegou outro chiclete na bolsa recém pendurada, foi até o batendo que levava a sala, o fogo crepitava na lareira, as cortinas quase completamente fechadas, deixando alguns feixes de luz do sol entrar no recinto, as almofadas tão alinhadas, céus! O portal que levava a cozinha, era as portas de entrada para um paraíso com cheiro de torta de maçã, o cheiro do café feito na hora havia aos poucos deixando o lugar, mais ainda estava impregnado no fundo das xícaras.

O escritório, os banheiros do primeiro andar, a sala de jantar, tudo, vazio.

Ela olhou pelas grandes janelas da sala, abrindo uma das cortinas, não havia ninguém na piscina, ou no jardim, ou na estufa…

Ela subiu para o primeiro andar, podia simplesmente chamar por alguém, pouparia seu tempo e teria sua resposta, mas mesmo que não quisesse admitir, sentiu falta de casa, e era bom rever os pequenos detalhes que compunham o lugar.

Entrou no primeiro quarto, a porta quase escondida atrás de algum armário de vidro, cheio de cobertores e toalhas extras. As paredes pintadas de preto e vermelho escuro, pôsteres de bandas de rock e heavy metal e da Grifinória pregados à parede, as estantes repletas de discos de vinil e CDs, um rádio e uma vitrola no canto, pés de sapatos perdidos pelos cantos, pilhas de roupas sujas espalhadas sobre algum móvel aleatório, cortinas fechadas, um forte cheiro de anil invadia o quarto, porta retratos espalhados com fotos de Camille, algumas dela com as irmãs, ou com amigos da escola. Umas garrafas de bourbon novas na coleção, ah, sim, Millie colecionava as garrafas antigas de bourbon do pai, sempre que ele terminava com uma, ela ganhava uma outra nova. Ela trancou a porta, e sentiu o assoalho ranger um pouco, “Céus, porque tudo nessa casa range ou faz barulho?!”, pensou ela. Foi até o quarto no meio do corredor, sem erro, entrou no cômodo.

O ambiente era tão claro e menos caótico que o anterior, as paredes azul bebê, tom do céu no pôr do sol, quando o céu vai de laranja, para rosa, então para o roxo, e por fim, aquele tom de azul, o azul que preenchia o quarto, pelo menos uma parte dele, já que o papel de parede arabescos cobria uma das paredes. A cama, sem um centímetro sequer de tecido fora de lugar, os perfumes e livros sobre a cômoda e estante, respectivamente, limpos, alinhados e sem um rastro sequer de poeira. As roupas organizadas por cor e estação, perfeitas e nenhum pouco amassadas. “Como ela consegue?”. O cheiro do lugar era, de lavanda, sem dúvidas, e as janelas abertas, às cortinas levemente, como seda, voavam em volta dos batentes. Um quadro grande sobre a cama, Corvinal.

Ela encostou a porta. Suspirou, deslizando para perto da porta do quarto dos pais, encostou na maçaneta gélida, ia abrir, mas, outra vez, não abriu.

Foi para o quarto, seu quarto, passava tanto tempo fora de lá, que aos poucos alguns de seus pertences foram deixando o lugar, e se espalhando pelo quarto que ficou em alguns de seus anos na escola de magia e bruxaria francesa, para o quarto na casa da tia, por aí. O quarto mais parecia de alguém que estava se mudando, as paredes brancas, algumas parte do papel de parede descascando, quadros, objetos e cabides guardados em  caixas, juntos com seus quadros e pôsteres da Lufa-Lufa, poeira acumulada em cima das grades de madeira na cama, o colchão fora coberto por feitiço, para impedir de mofar ou virar lar de ratos e baratas, uma escrivaninha, e penteadeira brancas, e repletas de pó, era como se Cecília tivesse deixado de existir, era como se ela tivesse envelhecido a tantos anos, que tudo ali não passavam de lembranças de sua infância, da época em que as coisas não eram difíceis, da época em que só se preocupava em não fazer barulho e acabar por acordar alguma de suas irmãs mais novas. Da época em que a mãe de fato parecia uma mãe, era uma mulher feliz, para a surpresa geral, agora era, amargurada, ressentida, magoada, indiferente, principalmente em relação a Cecília, em especial em relação a Cecília.

Ela ouviu a porta destrancar, os saltos e sapatos dos pais ecoando no andar de baixo, as botas das irmãs acompanhando-os.

Ela girou os calcanhares e desceu correndo até metade das escadas em “L”. As irmãs abriram sorrisos do tamanho do mundo, elas se juntaram em um abraço apertado, repleto de saudade, repleto de carinho e de amor. “Como senti falta dessas meninas, meu Deus!”. Ela olhou o pai, tentando vê-lo por trás da visão embaçada pelas lágrimas, ele abraçou-a colocando as sacolas que trazia consigo no chão, ela virou-se para a mãe. A mesma deu um risinho, logo parando, quando sentia os braços finos da filha a envolvendo.

— Ah! Pare, pare, sabe que eu não gosto de abraços Cecília!

Ela afastou-se.

— Tinha que tentar… Nunca se sabe quando a senhora realmente sente saudade ou quando só está tentando parecer educada, não dá para diferenciar…

— Cecília…- Ela escutou a voz do pai, em tom de leve repreensão, atrás de si.

Ela girou os calcanhares e enlaçou Clarisse e Camille com os braços, afagando-lhe os cabelos. Ah, a propósito, o cheiro de anil, nova cor de cabelo de Millie, agora loiro e cor anil. Porque céus, ela ainda, com a personalidade que tinha, parecia um anjinho? Por Morgana!


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Notas finais do capítulo

♥ Então, gostaram?



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