Preto|Branco escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 6
Noivado




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O barco atravessou o rio Hudson para um porto de Brooklyn. A tensão foi grande pois Sasha era procurado pela justiça e Zach estava em seu corpo, sem falar que muitos policiais estavam trabalhando na cidade, haja vista 4 de julho era no dia seguinte.

Victor pegou a mochila do loiro e se dispôs a levar, acreditando que o homem à sua frente era Beringer. Pegaram um Uber... motorista jamaicano.

— Pode botar Bob Marley, amigo?

— Pra já, patrão.

Victor olhou abismado para o loiro. Ouvir música de negro seria inconcebível para Roy, mas Sasha ficou estranho.

A corrida demorou pacas. Foram para o sul do Brooklyn e de lá pegaram um barco até a península praiana que moravam.

— Tcharam!

— Que lugar é este? — perguntou Adolf.

— Não vai falar, Sasha? Seu amigo perguntou que lugar é este? Perdeu a memória? Bom, é aqui que ele dá umas fodidas com a minha prima. Ele tem até uma filha com ela.

Zach assustou-se com a informação e se engasgou. Victor bateu nas costas dele tentando parar a tosse.

— FILHA?!

— É! Filha — Samantha apareceu com um revólver e apontou para Zach.

— Uow! Calma, prima.

— Safado, cretino, cafajeste, canalha, estúpido, misógino, pai ausente, filho duma cadela. Como ousa tratar a sua filha daquele jeito?

Zach não entendeu absolutamente nada, mas pensou na merda que Sasha devia ter feito para deixar a moça com muita raiva. Tentou pedir desculpas, mas ela apontou a arma em sua testa.

— Por favor, não me mate. Faço tudo o que você quiser...

— Tudo... hum, sei não. Olho pra você e me parece outra pessoa. Então tá — ela deu um pulo em cima de Zach e o derrubou no chão. Ficou beijando o pescoço dele.

— Espera... eu preciso tomar banho primeiro.

— Hoje vou fazer sexo contigo mesmo que não queira — saiu de cima dele.

Adolf riu da cara do amigo, porque sabia que era outra pessoa no corpo de Sasha que estava levando a bronca.

Sam pegou as mochilas e mostrou o único quarto de hóspede da sua casa. Sorriu maliciosamente ao falar que seu ex dormiria no seu quarto. Zach dispensou a proposta e pediu para dormir junto com Adolf.

— Tudo bem. Não sei por que tá fugindo de mim. Normalmente você gosta de uma boa transa.

Ao chegar no quarto, Adolf ficou envergonhado por ter que dividir a cama com o amigo.

— Espera... ainda não guardei as minhas coisas.

— Você vai me brechar.

— Mas eu sou homem. Homem pode ver homem pelado.

Zach não caiu na conversa do mais jovem e o expulsou do quarto, trancando a porta a seguir. Retirou a roupa e entrou no banheiro.

— Droga. Por que que foi justamente um hétero que trocou de corpo com o Sasha? — saiu desanimado.

Samantha sorriu diabolicamente, saiu de um quartinho perto, pegou o molho de chaves e abriu a porta. Zach tomava banho no chuveiro quando sentiu os seios da ruiva espremerem suas costas.

— O que é isto? — ficou vermelho.

— Temos uma filha e namoramos no passado. Estou tentando reatar nosso romance.

— Mas... você não pode...

As mãos de Samantha agarraram o "clarinete" do loiro. Foi o bastante para a alavanca subir na hora, mas o pingo de consciência ele teve ao lembrar que era casado e assim saiu só de toalha. Ao sair correndo para fora do banheiro, esbarrou em Adolf. Zach derrubou a toalha ficando nu.

— Olha pra onde anda... UAAAU! — Adolf desmaiou depois de ter uma hemorragia nasal.

...

Samantha pediu desculpas por ter constrangido o ex-namorado daquele jeito. Adolf continuou vendo estrelas. Zach, envergonhado, pediu para que fosse tratado com mais respeito.

— Não sou mais o mesmo, mudei. O Sasha que vocês conheceram antes não existe mais.

— Desculpa. Mas o que aconteceu contigo? Há muito tempo que não te via. E tem também o fato de você ter desaparecido quando fugiu da cadeia.

— Fugir da cadeia?

Zach suspirou. Precisava encontrar uma resposta rápida para o que aconteceu.

...

A ambulância chegou ao hospital com Brittany tendo hemorragia no útero. O seu atropelamento não lhe causou danos severos como ossos quebrados, mas sua condição de gravidez deixou seu estado gravíssimo. Foi levada para a UTI.

Bárbara chegou poucos minutos depois. Aguardou no corredor enquanto a filha era atendida. O médico lamentou a perda do filho dela.

— Ela não me contou, doutor. — chorou Bárbara.

O avô, a irmã e amigos foram visitar a moça no hospital. Brittany ficou em estado de choque, olhos sem vida, amargurada e com muito ódio no coração.

Sasha foi o último a visitar a mulher, mas foi barrado pelos familiares dela.

— Você é um canalha, Zachary! Sua traição não ficará impune. Já falei com o pastor da sua igreja e você será expulso — disse a cunhada.

— E eu com isso? — acendeu um cigarro. Um funcionário repreendeu o homem.

— Não reconhecemos você, Zach. O que houve quando estava desaparecido? Suma das nossas vidas, da vida da minha filha. Por sua culpa ela perdeu um filho.

Sasha se aproximou de Bárbara e expirou a fumaça na cara dela. A senhora O'Neal deu um tapa em seu rosto.

— Quer saber, sogrinha? Vou querer o divórcio, porque não aturo mais aquela advogada de porta de cadeia, chata e amargurada. Parabéns, a família dos macacos vai ficar livre de mim. Até nunca mais!

Brittany escutou a gritaria e chorou incessantemente.

James Strannix chegou ao hospital na noite daquele dia. Levando um buquê de flores, o bigodudo jogou charme para cima da família O'Neal.

— Não devia ter se incomodado, doutor. Hoje é o pior dia da minha vida.

— Eu sei, sua mãe me disse. Eu fiquei impressionado que o seu marido se tornou tão fútil a ponto de traí-la e não se importar com o seu bem-estar. Eu me importo contigo, Brittany.

— Doutor — abraçou o mais velho.

— Sabe, eu tive essa mesma tristeza quando viuvei. Parece que há um vazio dentro da nossa alma, e todos os prazeres do mundo acabam. Mas se deixarmos a tristeza nos dominar, seremos vítimas da depressão. Pare de chorar, estou aqui, seu chefe que gosta tanto de você.

Os dois se beijaram. Brittany, 30 anos, ficou confortável nos braços de um homem com quase 60.

— Desculpa... não deveríamos ter feito isso.

— Há quanto tempo você trabalha pra mim? Seis anos? Quando minha esposa morreu, você veio para me confortar. Desde então eu fiquei apaixonado por ti, linda Brittany.

Jimmy jogou o seu charme europeu para cima dela. Naquele dia, o coração de Brittany se abriu para um novo homem.

...

4 de julho, dia da Independência

A primeira vez que Zach viu Emily, ficou encantado. Infelizmente, por ter apenas quatro anos, a menina não conhecia o pai e o chamava de tio. Samantha quis mudar e escancarou que o loiro era o seu verdadeiro pai.

— PAPAI! — disse ela sem questionar, abraçando o homem.

— Espera... deixa eu respirar.

A conversa entre Sam, Zach e Adolf foi interrompida com a aparição de Victor.

— Sam e Emily... por favor?

— Vamos, filha.

— Eu conversei com o Derek Bauer. Cara, tu tá ferrado demais. A irmandade não te perdoou pelo que fez com os cinco membros naquela festa. Parece que estão querendo te matar.

Sem se preocupar com essa questão, Zach se controlou para não espancar o homem que ele prendeu no passado.

— Sabe alguma notícia sobre aquele policial que te prendeu?

— Hehehe. Aquele corno deve tá levando chifre da vagabunda da sua mulher. Aposto que aquela macaca dá para qualquer homem. Eu lá sei o que ele tá fazendo! Ainda vai me pagar caro.

— É mesmo, é? — esmagou a latinha de refrigerante na mão. Foi preciso Adolf controlar o amigo.

— Mas me fala. Poucos dias atrás cê me ligou de Boston dizendo que tava num hospital e agora acaba de chegar do Oeste. Que brincadeira é essa? Tem algo a ver com aquele velho?

— Velho? Que velho?

— Não se faça de desentendido. Um velho rico quase me mata para conseguir informações tuas. O nome dele era... James alguma coisa.

— Strannix?

— Isso. Ele se chamava por esse nome esquisito. Ele me deu um cartão e ameaçou a nossa família caso eu não te entregasse.

Zach pediu um binóculo para Sam e viu pela janela um carro esquisito com um homem dentro. Victor quebrou o vidro do carro, bateu várias vezes no detetive particular e ameaçou matá-lo. Zach evitou que uma desgraça ocorresse.

— Por que não deixou eu matar aquele X9? Ele vai falar pro velho sobre você!

Ignorando os gritos de Victor, Zach pediu o notebook de Sam para verificar o perfil público de Strannix. Descobriu que o dito cujo morava em Boston, era médico e neurocientista, muito rico, influente, recém convertido ao judaísmo e que teve um projeto aprovado pela suprema corte três anos antes.

— Transplante de consciência é aprovado por 6 a 3; cientista milionário almeja o Nobel com relativo sucesso ao T.C da BioCorp; religiosos dizem que James é um herege; milhares de adeptos do PETA marcham pela vida de animais dos laboratórios; presidente americano critica Obama por facilitar o T.C...

Ele viu um hospital conveniado a BioCorp com o nome de Avigdor Mosam em Boston e que graças à aprovação do projeto, o hospital fora batizado com esse nome.

— Senador Nelson e James Strannix comemoram a aprovação do projeto; a aprovação do T.C foi quase ignorada pela mídia por causa da aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo; Strannix noivou com uma bela jovem... — fechou o notebook quando Adolf entrou no quarto.

— E aí?

— Tenho quase ideia do que aconteceu comigo. Fique aqui que eu preciso sair para ver um amigo meu.

— Mas a sua aparência?

Zach não perdeu tempo. Utilizou o cortador de cabelo que comprou e pediu para Adolf raspá-lo.

— Preciso ir — agora com cabelo bem curtinho, conseguiu se disfarçar dos policiais.

Crawford era o seu melhor amigo no trabalho e o conhecia desde quando eram moleques. Teve que sair a fim de pedir a sua ajuda.

— Strannix... o chefe da minha esposa. O que ele tem a ver com isso?

 

Victor ficou desconfiado com as atitudes de "Sasha" desde que chegou. Recebeu a ligação de Bauer.

— Ele chegou?

— Desde ontem.

— E por que não me avisou, seu idiota? Cadê ele?

— Não sei, ele saiu.

 

2016 - Restaurante Freedom

Em Brooklyn, Victor trabalhava lavando os pratos quando o dono do restaurante praticamente gritou da porta dos fundos contra um mendigo negro. Na semana seguinte, ele sequestrou o pobre coitado.

Num lugar completamente escuro, o mendigo, amarrado numa cadeira, viu Victor vigiá-lo. Um carro parou do lado de fora da garagem abandonada e dele saiu um homem com cabelo espetado e vermelho fogo, vestido numa roupa punk preta, chamado de Derek Bauer.

— Deixa eu matá-lo? Estou louco para fazer esse crioulo sangrar até a morte.

— Não. Nosso acordo é você sequestrar dois homens. Bico calado e toma sua parte — deu um cheque ao portador de cinco mil dólares.

 

Dias depois...

O pastor Johnson orava pela sua vida enquanto permanecia amarrado no mesmo canto que o mendigo. Bauer, agora vestindo uma calça vermelha e com uma camiseta preta que mostrava suas inúmeras tatuagens nos braços, pagou dez mil em dinheiro vivo.

— Preciso de uma última coisa. Quero que seja o principal suspeito das futuras mortes dele e do mendigo.

— Como farei isto?

— Enganando a justiça e o idiota do meu chefe, Sasha Beringer. Ele vai tentar te ajudar o máximo possível.

Victor postou numa rede social que havia dado um fim no pastor. Foi preso por Zachary Thomas e foi julgado. Derek permanecia assistindo ao julgamento quando soube do resultado final e da inocência de Victor. Longe dali cumprimentou o jurado que desempatou o resultado.

— Você foi muito bem, irmã.

— Sim. — a moça era uma professora de direito aposentada que fazia parte da KKK.

Victor saiu radiante do fórum. Entrou num carro preto e foi embora.

Zach tentou procurar a testemunha que depôs a favor do racista, porém não conseguiu achá-lo.

 ...

Winona vigiou a casa de Samantha, sequestrou Victor e o levou para um lugar desconhecido. Ao chegar perto da praia, num terreno abandonado, tiraram a venda dos seus olhos. Viu o policial que o prendera.

— Olha só, eu estou limpo, não me meto mais em encrenca...

Sasha se aproximou dele e o abraçou. Winona e os outros policiais estranharam a atitude do sargento.

— Quem te deu o ingresso do Super Bowl? Quem uma vez te apresentou para o meu pai a fim de aceitá-lo na irmandade mesmo tendo parentes judeus?

— Sasha... — Victor arregalou os olhos.

...

As comemorações do 4 de julho movimentava bem Nova Iorque. Mesmo sendo um feriado, algumas lojas permaneciam abertas pois o fluxo de turistas era enorme.

Crawford deixou a polícia da cidade e procurou emprego temporário na prefeitura para limpar rua. Foi do céu ao inferno, porque nunca havia feito nada e tinha que trabalhar numa profissão menos remunerada.

— Não se mexa — disse Zach com um revólver apontando para as costas do amigo.

— Calma, rapaz.

— Vamos indo. Entra aí — colocou o amigo no carro que pediu emprestado a Sam.

Os dois foram para o mais longe possível da aglomeração de pessoas. Parou num estacionamento pouco movimentado, tirou o boné e o óculos.

— Você é o cara foragido!

— Crawford, pode parecer absurdo, mas eu sou o Zachary. Sei que parece insano, talvez nem vai acreditar... Mas eu sou o Zach.

— Não acredito.

—Tome. Está carregada — entregou o revólver. Crawford apontou para a cabeça do outro.

— Vou te prender aqui e agora. Deixei de ser policial, mas como cidadão ainda me resta fazer a coisa certa — pegou seu celular do bolso da calça e ligou para o 911.

— Quando tínhamos onze anos, brincamos na chácara do seu pai, tentamos subir perto de um cacho de abelha e fui picado várias vezes. Ainda mais novo você se acidentou quando pescava com o seu pai no lago perto da chácara. Escorregou nas pedras e teve um grave ferimento no seu joelho direito. Você guarda ainda a cicatriz.

Zach começou a chorar. Crawford abaixou a arma e desligou o celular. Tais informações eram impossíveis para estranhos saberem, pois nem mesmo seus parentes, exceto seus pais, saberiam disso.

— E quando tínhamos quinze anos, fomos ao planetário e você deu em cima daquela garota surda da outra classe... falo da tua esposa, Wanessa.

— Oh Deus. Zachary! — abraçou o amigo. — Como pode isso? Estou sonhando?

— Minha... minha vida virou um inferno, cara. Desde que eu acordei neste corpo. Não é nada absurdo, pois o homem naquela delegacia é um impostor.

Aos prantos, Zach foi consolado por Crawford. O ex-policial pediu para conversarem num lugar melhor. Chegaram num barzinho.

— Preciso de informações sobre James Strannix. Esse cara é o patrão da minha mulher e tenho quase certeza que foi ele quem fez isso comigo... Crawford, tudo bem?

— Tá... eu acho.

— Fala logo.

— A Brittany. O impostor se separou dela faz alguns dias.

— Oh porra! Como assim?!

— E isso não é o pior. Ela se mudou pra Boston e foi morar com esse James Strannix. Sinto muito, sua ex-mulher noivou com outro homem.

 

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Quando acontece a cena no hospital ainda está no passado. Depois se passaram dias e Zach e Adolf chegaram na casa de Sam. Mas eu não deixei explícito essa discrepância de tempo justamente para o plot twist no final. Acontece que as cenas com a Brittany já ocorreram quando acontece as cenas do Zach. Na cena do Sasha com o Victor na praia, já é o presente, portanto ele já está divorciado da mulher.

Para o desespero de Zach, ele, além de tentar reverter a cagada que o James fez com ele, vai ter que falar a verdade para a ex-esposa. Só que ela mora em outra cidade na casa de outro homem, e levou o filho dele, Louis de 7 anos, pro cientista criar como pai.

Enfim, aposto que o James tá pior do que o Sasha e o Victor como vilão.



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