Preto|Branco escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 10
Funeral


Notas iniciais do capítulo

Imagem da capa:

A casa de Sam vista por fora e por dentro.



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Penitenciária Estadual de Nova Iorque

Victor caminhou com o carcereiro para sala de visitas. O rosto inchado devido às surras que levava dos prisioneiros, chamava atenção de quem o via. Andava devagar, pois havia sido violentado.

Sentou na cadeira, pegou o telefone e foi falar com Beringer.

— Parece que as coisas se inverteram novamente. Há quatro meses era eu nesse lugar... O que aconteceu no seu rosto? — Sasha vestia uma jaqueta preta, brincos nas orelhas e aneis nos dedos.

— Tem que me tirar daqui. Não aguento mais apanhar e ser estuprado. E você tem uma dívida comigo?

— Sobre?

— Eu sei o que você fez com o Ivan e com Derek. Se eu abrir o bico, colega, vai cair também.

— Huhuhuhuhu... E vai fizer o quê? Senhor juiz, o Zach não é ele, e sim um impostor. Essa eu quero ver.

Victor bateu contra o vidro e exigiu que o outro o libertasse. Sasha se levantou e disse que jamais ajudará um refugo irresponsável.

— Não sou mais ariano, lembra? Fica mal para um cara da minoria defender um eugenista. Você está pagando pela sua burrice.

— VOCÊ ME D... disse o segredo do Adolf Willard, esqueceu? Se você me disse é porque queria que eu o machucasse.

— Tudo fez parte de um plano, Cherokee. Meu alvo é o Zach Scott Thomas. Precisava atraí-lo de volta para cá e consegui. Obrigado, amigo. Ah, dê um oi para a rapaziada da cela.

— Beringer? BERINGER, MALDITO!!!

Os guardas seguraram Victor à força e o levaram para seus violentadores. Sasha sentiu que Victor se tornou uma página virada. Nunca mais o veria novamente.

 

Dois dias se passaram desde os últimos eventos que culminaram na morte do capitão Broward e sua esposa. No obituário, a data e o local do funeral e enterro. O cemitério era público.

— Ele não vem?

— Quem?

— Seu filho. Ele não vem comer conosco? — os dois eram os únicos que comiam à mesa.

— Ele detesta comer aqui.

— Eu sou como um pai para o Louis. Mereço um pouco de consideração.

— Mas você não é o pai dele! — James olhou Brittany surpreso pela forma ríspida. — Desculpa. A morte do capitão me abalou, porque eu o conhecia. Era o chefe do meu ex por tantos anos.

Strannix olhou para o relógio e viu marcar meio-dia. Brittany falou que levará Louis para Nova Iorque a fim de ficar com os avós. O noivo, porém, rechaçou a ideia.

— Confia. Ele vai ficar seguro comigo.

— Não. De jeito nenhum! — esbravejou. — Desculpa, querido. Tenho que pegar um voo.

— Vai de jatinho.

— Dispenso. Tenho voo marcado.

Ela deu um beijo em sua testa e saiu da mesa. Desconfiado com a atitude grosseira da noiva, mandou um dos seguranças vigiá-la.

O motorista da mansão foi dispensado por ela, preferindo dirigir apenas acompanhada do filho. Pegaram um voo para Nova Iorque. Tempo depois desembarcaram no Aeroporto J. F. Kennedy, pegaram um táxi. Atrás deles um carro preto perseguia.

— Eles já chegaram.

— Ótimo. Não os perca de vista — disse James.

Ela levou Louis para a casa de Bárbara O'Neal no Brooklyn.

— Você veio mesmo, filha.

— Fui convidada para o velório do senhor e senhora Broward.

A sua mãe mostrou o obituário no jornal. O local e a hora foram especificados. Cemitério Metropolitano.

O carro do espião parou uns trinta metros da casa da senhora O'Neal. Um homem calvo e de paletó bateu três vezes no vidro.

— Estou ocupado, senhor.

— Por favor, é só uma informação.

O espião abaixou o vidro.

...

Emily saiu da creche. Sam a pegou um pouco atrasada, deixando a filha a esperar nos degraus com a professora.

— Desculpa, meu amor.

— Agora há pouco um homem estranho veio pedindo informação sua e da sua filha. Parecia um detetive por causa do terno. Eu menti e disse que Emily não havia vindo hoje.

— Fez bem, obrigada.

As duas foram de bicicleta na rua que dava direção à sua casa. O celular de Sam tocava várias vezes.

— Tem alguém ligando...

— Eu sei — parou a viagem, pegou o celular do bolso da calça e viu o nome de Sasha. — Fala.

— Onde vocês estão?

— Um quarteirão de casa e levando Emily de volta...

— Não faça isso! Pare! Descobri que o meu ex-chefe foi assassinado. Você pode ser um alvo fácil.

— Como assim "ex-chefe"? Ex-chefe de onde?

Um furgão virou a esquina e parou bem na pista ao lado da casa. Do carro saíram quatro homens encapuzados carregando metralhadoras.

— Depois eu te ligo. Vem, filha — por sorte elas estavam longe suficiente para não serem vistas.

Os bandidos começaram uma saraivada de tiros quase continuamente durante mais de um minuto. A parte de vidro da porta e janela, as paredes de madeira foram atingidos pelos disparos.

— Verifiquem — um dos caras que atirou era Sasha disfarçado.

Três capangas arrombaram a porta e foram de cômodo em cômodo. O imóvel não era grande, facilitando a busca.

— Chefe, elas não estão.

— Merda! Vamos embora.

Por pura sorte, coincidência ou sei mais lá o que, as duas não continuaram no caminho para casa. A ligação de Zach havia salvo as suas vidas.

Com Emily com fome e sem poder voltar para casa, Samantha ficou sem rumo. Foi para a casa da sua tia a fim de deixar a garota sob custódia dela. A bonequinha não queria se afastar da mãe, mas foi obrigada.

— Eu te amo, filha. Queria sentir mais um pouco esse seu calor — disse, abraçando a menina.

— Também te amo, mamãe.

— Fique aqui com sua titia. Vou até o seu pai para ajudá-lo. Cuide dela, tia.

— Claro.

Com a sua bicicleta, King foi para o endereço que Zachary havia falado dias antes com seu amigo. Ela escutou a conversa atrás da porta sobre um funeral muito importante.

Um apartamento de Crawford que não era usado desde que havia se casado serviu como refúgio para Zach. Como Crawford viajou para Boston para ajudar Ramírez, Zach teria de se virar sozinho antes da cerimônia fúnebre. Colocou a gravata preta sobre a camisa branca, pegou uma pistola e foi almoçar macarrão em caixa. A campainha tocou.

— Sou eu, Sasha. Abre essa porta.

— O que faz aqui? — ela deu um abraço apertado nele.

— Eles destruíram a minha casa. Não sei quem foi, só sei que muitos caras desceram de um furgão e atiraram na casa.

— E a menina... quero dizer a minha filha. Como ela está?

— A salvo na casa de uma tia. Que armas são essas?

— Não devia ter vindo. Tá bom, eu vou pegar uns caras bem malvados que estão querendo nos matar. Eles possivelmente vão estar naquele funeral, sei disso. Preciso me precaver.

Samantha se ofereceu para ajudar na empreitada, porém o homem não queria arriscar a vida dela. Com a insistência dela, cedeu e entregou uma das duas pistolas a ela.

Enquanto isso no hospital, Brittany fez uma breve visita ao amigo do seu ex-marido. Pediu ao médico responsável para levá-la até o quarto da UTI em que estava. Ao chegar na porta, viu o rapaz com as pernas engessadas, a cabeça e o nariz enfaixados.

— Posso entrar?

— Sim, mas por pouco tempo.

Adolf já não precisava mais respirar por aparelho. Apenas dois dias foram suficientes para ele sair do coma.

— Ele é forte. Poucos dias e saiu do coma. Respirava com máquina de ventilação e agora nem precisa mais.

— Um milagre, doutor. Esse rapazinho é alguém de muita importância para meu marido. Por favor, cuide bem dele. Pago o tratamento que for para ele.

Repentinamente o jovem abriu os olhos, pegou no rosto enfaixado, mas o médico pediu para ele ficar tranquilo.

— Za... a esposa dele...

— Sim, meu querido. Sou a esposa dele e já sei de tudo — pegou na mão dele. — Descanse bem para se recuperar.

O médico pediu para trocarem o soro do paciente, um enfermeiro veio. O jovem de pele bronzeada trocou os soros e deu um analgésico na veia.

Brittany e o médico saíram, deixando o enfermeiro com o paciente.

— Que lindo você é. Pena que pessoas ruins fizeram isso contigo — passou a mão sobre os cabelos loiros descolorados do paciente e afagou.

Adolf sentiu o carinho vindo daquele rapaz e deu um breve sorriso.

...

Cemitério

Dezenas de pessoas assistiram ao funeral do capitão Broward e sua esposa. Os parentes e funcionários compareceram ao evento.Todos estavam assistindo a um velório na capela com o caixão perto do altar. O padre rezava suas preces.

— Ela chegou? — falou num rádio.

— Acho que sim, sargento.

O táxi parou na pista do cemitério, perto da capela onde vários outros carros ficaram parados. A bela e morena advogada desceu do veículo, trajando uma camisa e saia pretas pelo luto.

— Esperava por você, meu amor — disse Sasha por trás dela.

— Você? Já disse que somos divorciados desde o dia em que me traiu.

— Nah! Fomos casados por tanto tempo e você vem com esse pudor pra cima de mim? Esquece aquele velho, vamos voltar.

Ela encostou as costas no tronco de uma árvore. Sasha se aproximou dela na tentativa de seduzi-la, pondo seu braço em volta do pescoço da mulher.

— O que aconteceu com sua aparência? Brincos, aneis, roupas escuras...

— Sou um outro homem.

— E sou a mesma mulher, sempre odiei homens que se acham demais — retirou o braço. — Você nunca fez meu tipo.

Ele estranhou a palavra "nunca" ter saído naquele contexto. Relevou e voltou para dentro da capela.

Ao longe, nos sepulcros, Zach observava a movimentação com um binóculo. Viu a ex-mulher entrando e logo depois Beringer.

O corpo de Broward e a esposa foram enterrados por volta das 16:00. Os caixões ficaram em covas separadas, com as lápides em forma de anjos. Brittany assistiu ao funeral por completo.

— Descanse em paz — disse Zach colocando uma flor sobre o túmulo. Ele usava óculos escuros.

— Está se arriscando.

— Eu sei disso. Mesmo assim tive que vir e prestar uma última homenagem ao homem que tanto me ajudou.

O cano de uma arma encostou na nuca de Zach.

— Adivinha quem chegou? Sou eu, seu amigo de sempre. Agora vira. Não sei se te prendo, te mato aqui mesmo... sei lá.

— Sasha Beringer — retirou os óculos e olhou nos olhos do vilão. — Primeiramente tenho que dizer que você mudou meu corpo e minha vida de modos horríveis.

— A recíproca é verdadeira. Raspou meu cabelo! Cara, eu fazia tratamento nos meus loiros. Mas agora não importa. Vamos nós três para dentro da capela, batermos um papo de compadres?

Sasha revistou Zach, mas não encontrou nenhuma arma. Levou-os para dentro da capela que ficou vazia depois do enterro.

— Já que estamos aqui, deixa eu dizer umas coisinhas. Não quero mais destrocar de corpo.

— Você não pode...

— Posso sim, Zachary. Estou tão decidido a viver assim que fiz um acordo com Strannix que, se eu te matasse, ele me daria cinco milhões.

— Canalha — xingou Brittany.

Tentou dar adeus, mas Samantha apareceu de repente com as duas armas em punhos apontando-as para Sasha. Entregou a arma para Zach.

— Querida Sam, eu sou o verdadeiro  Sasha!

— Cala a boca ou eu atiro.

— Garota burra!

Os dois policiais também entraram armados e apontaram para Zach e Samantha.

O celular de Zach tocou.

— É pra você — entregou para Brittany.

— Mamãe! Mamãe!

— Louis!

— Capturamos o moleque só por precaução. HAHAHAHAHAHA!

...

BIOCORP

Strannix bebeu uísque o suficiente para ficar alterado. Saiu do escritório, desceu para o andar dos laboratórios. Fez biometria ocular, abrindo uma porta branca secreta. Fumaças de gelo se espalharam. No meio da câmara secreta um esquife de gelo e dentro dele uma mulher congelada.


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Notas finais do capítulo

Falta mais 3 capítulos para o fim e o Sensei Oji me vem com esse mistério no final xd. Sim, dá pra fazer muita coisa em 3 capítulos :)



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