Preto|Branco escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 9
Justiça imperfeita


Notas iniciais do capítulo

O título se refere ao que vai acontecer neste capítulo a respeito do Victor. Pela justiça comum ele não vai preso, mas Zach vai fazer de tudo para prender o vilão. A justiça imperfeita é outro nome que eu dei para a vingança, porque todaa vingança é uma forma de justiça.

Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/770401/chapter/9

Durante toda a sua vida, Adolf foi ensinado a ser agressivo com as pessoas diferentes da ideologia que havia aprendido. A irmandade recrutava membros, incluindo seus filhos, e ensinava como a radicalização e a violência eram as únicas maneiras de se corrigir o mundo. Como ariano, ele seguiu até um certo momento esse pensamento e até ridicularizou pessoas no passado.

Tudo mudou quando sentiu a necessidade de se afastar do grupo após sentir que seus prazeres afloravam. Sempre escondeu a homossexualidade e vestiu a máscara de homem hétero e branco, porém o dia em que conheceu Sasha Beringer foi o dia que cruzou a linha vermelha.

— Fala a verdade. Você ficou me vendo a noite toda naquele dia. Está gostando de mim?

MESES ANTES...

— Claro que não... pra que essa conversa?

— Fica aqui — puxou o braço dele e o obrigou a sentar no sofá.

Os dois eram os únicos acordados durante uma bebedeira na casa de um colega na Carolina do Sul. Depois da reunião com membros da Ku Klux Klan, os jovens arianos se divertiram com bebidas e muito sexo.

Sasha alisou o rosto de Adolf, deixando o mais jovem excitado.

— Está apaixonado por mim?

— Não sei... eu não sei.

Ele pegou a mão de Adolf e colocou embaixo da sua camisa, passando sobre seu abdome. Willard não aguentou, seu nariz sangrava e a "barraca" aumentava. Sasha parou abruptamente, colocou a mão no pescoço do mais novo.

— Você deveria sair da irmandade. Não aceitamos bichas aqui — saiu como se nada tivesse acontecido.

Willard não se conteve com tamanha excitação e se trancou no banheiro.

...

— Você não saiu. Não aceitamos bichinhas aqui — falou Victor com um pedaço de madeira.

Os outros homens zombavam do rapaz, alguns até xingando, outros mandando beijos e imitando com voz fina.

— Eu não sou, cara. Que merda você tá dizendo?

— Não finja. Eu descobri toda a verdade. Agora a sua punição por enganar a irmandade está prestes a acontecer.

Ele foi agarrado por dois homens, conseguindo dar socos neles. Adolf revidou com o pouco que sabia de defesa pessoal ensinado pelo seu pai que era policial de Austin. No entanto, a grande maioria dos homens conseguiu imobilizá-lo, segurando-o por trás.

— Não faz isso, Victor. Por favor, cara.

Os apelos não foram ouvidos e Victor bateu com o pau nas pernas de Adolf que gritou por causa da dor. A pancada foi tão forte que fraturou o fêmur do jovem. Outra pancada na segunda perna.

— Vai aprender a respeitar a irmandade, viado imundo!

Cherokee foi extremamente impiedoso com o mais novo, espancando suas pernas diversas vezes. Ordenou que os outros chutassem o corpo dele que já estava no chão. A sessão de chutes durou até verem que a vítima havia derramado muito sangue e desmaiado.

— Vambora! — eles entraram no carro e foram embora.

O rosto de Adolf ficou desfigurado por causa dos chutes. Respirava pouco e praticamente foi deixado para morrer. Sua sorte foi que uma dupla havia visto o grupo saindo da garagem abandonada de forma suspeita.

As duas mulheres pregavam a Bíblia na comunidade quando viram o grupo sair em disparada. O portão da garagem ficou aberto, possibilitando as duas entrarem.

— Oh, meu Jeová. Chame a ambulância — falou para a outra mulher.

Elas viram o corpo de Adolf desfalecido e com muita perda sanguínea. 

Dez minutos depois, os paramédicos chegaram ao local e viram um pulso muito fraco. Levaram-no para o carro da ambulância. As duas mulheres disseram aos policiais sobre o grupo, mas que não notaram a placa do carro. O celular de Willard tocou no bolso da sua calça. Por uma sorte ele não foi destruído. Samantha quem ligava para ele, o paramédico atendeu.

 

Boston

Olhando para o sujeito com o capuz, Brittany pediu para ele tirar e se identificar. O sujeito relutou ao pedido da mulher e pediu que Crawford se afastasse e os deixasse a sós. Ela não concordou com a condição, pedindo para o amigo ficar perto.

— Confia nele. Vou estar logo atrás daquele pilar.

Zach pediu para ela manter a calma. Nervoso, revelou ser o seu marido, mas que havia sido vítima de uma experiência científica do atual noivo dela.

— Quer que eu acredite nessa ficção científica? Trocaram de corpos? Olha, moço, eu não tenho tempo de ficar aqui e ouvir de um estranho tamanha mentira.

— Não é mentira. Posso provar que quem fala é o seu marido — ele pegou um celular e colocou um vídeo do doutor Ramírez.

Ela pegou o aparelho e assistiu ao vídeo de cinco minutos com o médico revelando todo o plano de Strannix no dia em que Zach havia sido transferido.

— Quer dizer que...

— Pode fazer qualquer pergunta íntima que somente nós dois saberíamos.

Crawford pegou um chiclete de menta e mastigou enquanto esperava atrás do pilar. Daquela distância não ouviu as intimidades do casal.

— Meu Deus! Meu Deus! Mostre o seu rosto, por favor.

Ele retirou o capuz.

— Aquele homem que você prendeu no assalto da festa do James.

— Seu noivo me usou como cobaia da experiência de transplante de consciência. É como se minha alma e a do Sasha Beringer tivessem sido trocadas.

— Agora eu me lembro de ontem. Recebemos uma cabeça decepada de alguém e logo depois James atendeu a um telefonema. Eu ouvi a conversa dos dois e a voz do Zach... desculpa, estou confusa.

— Sou eu — ele tentou se aproximar dela, mas ela se afastou. — Entendo que esteja assustada comigo, mas precisa acreditar que eu estou neste corpo e aquele bandido está no meu.

— Ai meu Deus. Ai meu Deus!

— Que houve?

— Desculpa — ela chorou. — Eu... fiz sexo com ele uma única vez e nessa vez eu engravidei. Foi poucos dias antes dele se sair de casa com uma policial como amante. Eu fui atrás de satisfações, vi os dois se beijando, pensei que fosse você...

Ela parou por um momento para enxugar as lágrimas. Zach pediu para ela continuar o relato. Brittany revelou que havia sido atropelada e que o embrião no seu útero havia morrido. O choque foi intenso para ele que se ajoelhou e gritou. Ela se aproximou aos poucos e o abraçou.

— Você deveria ter me deixado morrer. Desligado os aparelhos.

— Desculpa. Eu não pensei que algo assim viria acontecer.

Levantou o rosto do homem, tentou beijá-lo, porém ele se afastou, alegando que ela nunca poderia tocar no seu atual corpo e que esperasse destrocar.

— O que eu fiz? Coloquei o homem que destruiu nossas vidas na minha vida e do nosso filho. James é muito esperto.

— Finja que não sabe ainda. É importante manter as aparências.

O celular de Zach tocou.

— Puxa vida, Sasha. Eu estava tentando ligar faz um bom tempo — Samantha ligou do hospital.

— O que houve?

— Encontraram o Adolf quase morto num local abandonado. Duas mulheres disseram que foi espancamento. Estou no hospital.

— Eu voltarei agora mesmo — desligou. — Um amigo meu foi espancado e precisa da minha ajuda.

— Vá vê-lo. Não se preocupe comigo.

Ela não aguentou e abraçou o loiro com força. Por mais que seja outro corpo, a alma de Zach estava ali e ela sentia seu marido naquele momento.

...

O médico responsável pela operação de Willard encontrou Samantha no corredor da UTI.

— E aí, doutor?

— Foi grave. Ele teve várias fraturas nas pernas, coxas e bacia. Teve duas costelas quebradas, nariz fraturado e inúmeros hematomas graves nos braços e rosto. Fizemos uma cirurgia para reparar a hemorragia interna, porque o osso da costela perfurou a parede do pulmão, mas conseguimos salvá-lo.

— Meu Jesus.

— Isso foi um crime de ódio. Nunca vi tamanha brutalidade num espancamento. Eles praticamente transformaram o paciente em farofa. Se aquelas duas não tivessem encontrado ou demorassem uns vinte minutos, ele com certeza morreria. Agora está entubado e em coma.

King olhou pelo vidro da porta o estado deplorável que Adolf se encontrava. Sabia muito bem o causador daquilo tudo.

Victor Cherokee comemorou o espancamento com uma bebedeira com os amigos. Retornou para a casa da prima, mas a porta estava trancada.

— ABRE A PORTA!!!

— Sai daqui, Victor. A partir de hoje não considero você da minha família — ela apontava uma espingarda pela janela superior.

— Abre aí, caralho! Eu fiz... fiz um favor de ter matado aquele viado. Não devia aceitar pederasta nesta casa... hic!

— A casa é minha, não sua. Vá procurar outro lugar ou eu atiro em você. Não vou te perdoar pelo que fez ao garoto.

— Quero... ver cê me impedir. Daqui num saio... hic.

Samantha deu um tiro no chão, assustando Victor. Ele correu dali chamando a própria prima de vagabunda e ameaçando de morte.

 

Depois de uma viagem longa, Zachary e Crawford chegaram em Nova Iorque e foram direto para a casa de Samantha. Não suportou a notícia do seu novo amigo ter sido brutalmente agredido e por Victor Cherokee. Odiava o homem desde a morte do pastor Johnson.

— Eu vou matá-lo. Vou matar aquele cara e vai ser agora.

— Segura ele, moço.

Zach saiu da casa e tentou entrar no carro, mas Crawford impediu o amigo de cometer uma loucura desnecessária.

— Você tá no corpo de um homem procurado pela justiça. Matar uma pessoa, mesmo culpada, vai complicar mais a sua situação.

— Eu não me importo! Eu não me importo, sabe por quê? Não posso deixar aquele canalha sair livre de novo. DE NOVO! Pelo Adolf, meu amiguinho que eu fiz virar uma boa pessoa e que me acompanhou durante vários dias de viagem. Eu devo muito àquele moleque.

Crawford acalmou Zach e o fez esfriar a cabeça.

— Estou cansado de ser o perfeitinho em tudo, de ser 100% bonzinho. Talvez eu devesse quebrar um pouco esse paradigma.

— O que você vai fazer, cara?

— Calma. Não pretendo machucar ninguém. Ainda conhece aqueles tiras corruptos?

— Sim, mas não mantenho contato com eles por motivos éticos.

Os dois entraram na casa, subiram ao quarto. Zach pegou a mochila de Adolf e retirou um envelope com dois mil dólares.

— Esta é a economia do Adolf. Ele trouxe para alguma emergência. Pague isto aos policiais e mande Victor para o inferno.

Samantha entrou no quarto e deu o endereço do restaurante que o primo trabalhava. Crawford saiu da casa para essa missão.

— Não se culpe. O culpado é unicamente o Victor. Mesmo que os outros não paguem pelo crime, ele com certeza vai pagar.

 

Restaurante

Duas viaturas policiais pararam na frente do restaurante. Quatro policiais fardados entraram e foram falar com o dono.

— Temos suspeita de tráfico de drogas aqui.

— Impossível, senhores.

O dono ainda não havia aberto aos clientes, somente alguns funcionários trabalhavam. Victor limpava o forno quando foi chamado. Cada um foi revistado. Na vez de Victor, o policial colocou papelotes de heroína no bolso da calça dele e fingiu tirar.

— Ma-ma-mas... impossível. Isso não é meu. Chefe, acredite em mim.

— Calado! Você está preso em flagrante por tráfico de drogas.

Victor tentou fugir, mas foi imobilizado com pistola elétrica. Foi levado preso pelos policiais. Cada um recebeu quinhentos dólares.

...

O capitão Broward voltou para casa a fim de almoçar com a esposa, encontrou a porta de casa aberta. Assim que entrou, viu a mulher morta com um tiro na cabeça.

— Pelos Céus!

— Ela suplicou para ficar viva. Suplicou como um cão.

Sasha apareceu da sombra. Agora usava dois brincos em cada orelha, vestia uma calça de couro preta e camisa de seda vermelha. Broward tentou pegar a arma, porém um capanga o impediu.

— Zachary, isso não vai ficar assim.

— Acontece que meu nome é Beringer. Sasha Beringer — deu uma cotovelada no peito e outro na garganta. A traqueia do capitão foi comprometida e ele morreu de insuficiência respiratória e infarto.

Por fim, Sasha saiu vitorioso. Acendeu um cigarro e vestiu o casaco de pele que havia comprado com o dinheiro que recebeu.

...

Dentro da cadeia, o carcereiro levava Victor por um corredor cheio de prisioneiros perigosos. Abriu a cela e colocou o homem dentro. Cinco homens negros compartilhavam a mesma cela.

— Eu não posso ficar aqui. Não posso!

— Se vira, mocinha. Aí, rapazes, este aqui é o racista que matou aquele pastor e saiu impune. Divirtam-se.

— EU NÃO O MATEI!!! Eu apenas...apenas...

Olhou para trás e viu os cinco prisioneiros, todos maiores que ele, prontos para a diversão naquela cela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Game Over para o Victor.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Preto|Branco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.