Perdida Existência escrita por Heringer II


Capítulo 4
Deslizamento Temporal


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero me desculpar por demorar quase duas semanas para lançar este capítulo. Vou tentar explicar minha ausência em poucas palavras.

Aqui na minha cidade existe um grupo de teatro que estreou uma nova peça recentemente. Mas para abrirem essa peça, eles precisavam de um monólogo. E ADVINHA QUEM FICOU ENCARREGADO DE ESCREVER ESSE MONÓLOGO?

Além disso, este capítulo precisou de muita pesquisa, então, dêem um desconto. Kkkkkkkkk.

Eu juro que a partir de agora, os capítulos sairão com uma certa frequência.

Espero que gostem! ^^ ♡



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O carro de Oliver parou em frente à casa do Dr. Bernard Griffin. Oliver imediatamente estranhou o fato das janelas estarem fechadas, pois o seu amigo sempre as deixava abertas. Oliver imediatamente imaginou que Bernard tinha saído, ou quem sabe, tivesse acontecido algo pior... Ah! Esses pensamentos insistentes de novo, não!

Oliver saiu do carro e se dirigiu até o portão, onde do lado havia uma câmera de reconhecimento facial.

— Dr. Griffin? — chamou.

Lá dentro, o relógio Smartwatch de Bernard começou a apitar. Isso anunciava que havia alguém na porta.

"Identidade confirmada: Oliver Hayes", disse uma voz eletrônica saindo da câmera. O portão se abriu. Tudo estava escuro. Além das janelas fechadas, nenhuma luz dentro da casa estava acesa. Oliver continuou andando por aquela escuridão estranha. Só havia um cômodo iluminado na casa: o laboratório de Griffin. Oliver foi até lá.

— Olá, Oliver. — disse Bernard, sentado numa mesa, e sem virar para olhar para o amigo. — Como vai?

— Não muito bem, na verdade. Algum problema?

Bernard virou para Oliver e o ex-astronauta pôde ver os olhos exaustos do doutor.

— Você viu os noticiários?

— Não. A ABC estava fora do ar.

— Exatamente. Mas você viu o que foi transmitido depois que o sinal voltou?

— Refere-se à transmissão de Ethan Kimsky?

— Exatamente.

— Vi sim. Todos achavam que ele e a organização terrorista dele estavam mortos.

— Achavam. O governo americano nunca teve certeza da morte de Kimsky. E agora ele disse que pretende matar todos em Nova York.

— Eu acho que ele estava blefando.

— Não, não estava. Ele tem sido dado como morto há duas décadas. Ele teve tempo suficiente para bolar um ataque desse nível. E pode ter certeza, ele já  bolou. O que a Hidra de Lerna está procurando é uma peça fundamental para que o plano deles dê certo.

— E o que é?

— Eu.

Oliver não entendia a situação.

Bernard estava exausto. Não dormia há mais de 24 horas. Ele olhou para Oliver e o viu sumir. Simplesmente, sumir. Achou que era efeito do sono, mas logo depois percebeu que o amigo realmente não estava mais ali.

Oliver agora se viu numa praia, com enormes navios estacionados próximos à costa. Olhou para os lados e imediatamente reconheceu aquele lugar. Era Pearl Harbor. Um forte barulho de motor fez-se ouvir. Ao olhar para cima, ele avistou vários aviões do exército japonês se aproximando e sem soarem o alarme, bombardearam os navios americanos que ali estavam. Em poucos instantes, Oliver saiu daquele cenário caótico e estava de novo no laboratório de Bernard Griffin.

— O que foi isso? — perguntou Bernard.

— É sobre isso que eu quero conversar.

*

Susie acordou. Estava ainda amarrada ao pilar.

— Mike?

Michaelson estava desacordado ainda.

— Mike!? — chamou mais alto.

Michaelson acordou, um pouco desorientado.

— Mike, me passe essa barra.

— Que barra?

— A barra de ferro que Ethan te bateu. Está aí nos seus pés.

— Pra quê você a quer?

— Me passa logo!

Com um movimento com os pés, Michaelson levou a barra de ferro até Susie, que com outro movimento de pernas, a levou até as mãos. Utilizando a parte pontiaguda da barra, ela esfregou na corda que os amarrava.

— Você ainda sabe se desamarrar como ninguém. — comentou Michaelson.

— É necessário quando se trabalha na CIA.

Susie ajudou Michaelson a se soltar da corda também.

— Só precisamos achar um jeito de sair desta cela agora.

Quando Susie percebeu, Michaelson já estava correndo em direção ao portão da cela e se chocando contra ele, fazendo-o cair no chão.

— Sem fazer barulho... — disse Susie.

— Sem fazer barulho? Você deveria ter especificado antes.

No andar de cima, os homens de Kimsky perceberam a agitação.

— Que barulho foi esse? — perguntou um deles.

— Veio lá de baixo. — outro respondeu.

— Os prisioneiros! Vamos logo!

Os dois homens rapidamente se dirigiram para o andar subterrâneo.

*

— Eu fico passando por essas... Viagens no tempo. — explicou Oliver para Bernard.

— É intrigante.

— O que pode ser isso?

— Me responda uma coisa... Quando você faz essas "viagens no tempo", as pessoas percebem sua presença?

— Não.

— Acho que sei o que pode ser isso.

— Sério?

— Sim.

— E o que seria?

— Deslizamento de tempo.

— Deslizamento de tempo?

— Isso mesmo.

— O que é isso?

— Deslizamento de tempo ocorre quando um tempo se interconecta com outro, fazendo com que uma pessoa que esteja no meio dessa "conexão" experimente, de fato, uma rápida viagem no tempo. Existem vários de pessoas que afirmam terem visto soldados romanos marchando em uma estrada, aviões estacionados em lugares que antes eram aeroportos. Há ainda casos de pessoas que visitaram algum local de comércio, mas ao passarem por lá novamente, o local estava desativado e em ruínas. Porém, talvez o caso mais famoso de deslizamento de tempo seja o de Victor Goddard. Ele era um marechal e ficou conhecido na Grã-Bretanha por ser o pai da Royal Air Force, no período entre as duas guerras mundiais. Em 1935, ele estava voando em seu avião, quando acabou enfrentando uma forte tempestade. Mas, a tempestade logo passou e ele resolveu pousar. Logo avistou um aeroporto, mas havia algo estranho. Os aviões desse aeroporto eram amarelos, diferente do modelo cinza usado na Grã-Bretanha, e os uniformes dos operários eram azuis, e não marrons, como era o padrão. Além disso, por mais que Goddard sinalizasse avisando que ia pousar, ninguém parecia notá-lo. De repente, a tempestade voltou. Quando Victor olhou para baixo, viu o aeroporto deserto, os hangares caindo aos pedaços. O curioso é que, em 1939, o exército britânico mudou a cor dos aviões para amarelo e a cor dos uniformes dos mecânicos para azul. Ou seja, Victor Goddard teria viajado quatro anos para o futuro, por um breve instante.

— Me desculpe, Bernard, mas isso parece ter saído da mais barata ficção científica.

— Eu sei, é como os casos de OVNIs, a gente até tenta acreditar, mas temos que admitir que é difícil. Mas isso até tem fundamento científico. Lembre-se que espaço e tempo estão co-relacionados. Se podemos nos deslocar pelo espaço, porque não pelo tempo?

— Bernard, você é o cara mais inteligente que eu conheço. Deve saber que o simples fato de espaço e tempo estarem co-relacionados não significa que eles sigam a mesma constante.

— Com certeza não. Mas acredito que se o espaço pode ser distorcido, o tempo também pode. É o que acontece no horizonte de eventos de um buraco negro. Eu pesquisei isso quando construí o INFINITY-LOOP.

— Mesmo assim...

— E tem mais, Oliver. Segundo a teoria darelatividade de Albert Einstein, nem o tempo, nem o espaço são fixos. Eles podem muito bem variarem e se distorcerem. O conceito de horas, minutos e segundos é algo que a mente humana inventou para ter alguma noção de controle do tempo. Mas o tempo não é uma linha reta, e pode sim variar, e casos como esses podem sim ser reais. Além disso, Oliver, se essa teoria parece absurda para você, como explica os fenômenos que estão ocorrendo contigo?

Oliver se calou.

— Só tem uma coisa que eu não estou entender.

— E o que é?

— Em todos os casos de deslizamento de tempo, as pessoas passam por isso apenas uma vez. Por que será que isso está acontecendo com tanta frequência em você?

— Se você não sabe, imagine eu!

— Talvez...

— O quê? Talvez o quê?

— Talvez, Oliver, você tenha se tornado um corpo irregular no espaço-tempo.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que o espaço-tempo pode estar te considerando como um "estranho". E talvez o motivo disso seja a viagem no tempo que você fez dez anos atrás.

— Refere-se à missão na qual você me enviou?

— Exatamente. Você, por algumas horas, viveu numa época em que não deveria nem existir. Você vagou por tempos diferentes. Talvez isso tenha te transformado em um "corpo estranho", de forma que você está totalmente irregular no espaço-tempo. Esses deslizamentos de tempo podem ser apenas uma consequência disso.

— E quando eles vão parar?

— Sinceramente, eu não sei. Na verdade, não sei nem se eles vão parar.

— Escute, Bernard...

Oliver foi interrompido por um objeto jogado na janela, quebrando o vidro do laboratório de Bernard.

— É uma granada! — disse Griffin. — Vamos sair daqui!

Bernard e Oliver saíram correndo. A bomba explodiu, destruindo todo o laboratório.

Aos poucos, vários homens da Hidra de Lerna cercaram a casa de Bernard Griffin.

— Dr. Bernard Griffin! — disse um deles, usando um megafone. — Você está cercado! Entregue o que estamos querendo e prometemos que sua morte não será dolorosa.


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Notas finais do capítulo

Os próximos capítulos provocarão lágrimas.

Espero que tenham gostado! ^^ ♡



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