O IMPÉRIO DOS DRAGÕES escrita por GONGSUN QIAN


Capítulo 9
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Dawang: Majestade

Simbolo do dragão: Era o poder máximo, somente o rei poderia usar esse bordado, pois significava poder.

Palanquim: veículo para uma pessoa, usado em países orientais (como China e Índia) e que consiste numa espécie de liteira fechada ou de leito ou assento coberto, preso a um varal que é levado no ombro por dois, quatro ou seis homens ou, por vezes, no dorso de elefantes ou camelos.

Na antiga China os filhos de consortes não eram bastardos. Se eu fosse levar a história da China na vera, Amon seria o rei legítimo, pois ele era o mais velho e o mais apto também. Mas, como eu disse no 1º captulo, esse livro terá costumes próprios e que quem realmente conhece a história da china pode se confundir um pouco.

Estou avisando apenas pra caso de questionamento.

Só pra explicar, os Reis poderiam ter quantas mulheres quisessem. Ele se casava com todas, não era só "Olhou levou", naãão! Todas suas esposas eram acordos politicos e ele se casava com todas. Todas elas eram chamadas de Consortes. Tinha a mais antiga consorte que era a mais prestigiada do rei que era levada a titulo de "Nobre consorte, ela estava acima de todas as outras e somente abaixo da rainha". as mulheres novas que entravam no harém e não se casavam eram chamadas de concubinas. A rainha era o que tinha mais prestigio e comandava o harém. Era o simbolo de força entre as outras esposas, por isso a briga grande entre elas para se tornar a preferida do rei.



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O homem encapuzado entrou correndo pelo palácio do príncipe Amon carregando um rolo entre as mãos. Assim que alcançou os aposentos ouviu uma voz grave pedindo para que se aproximasse. O homem sem identidade tirou o capuz, se curvou e estendeu o pergaminho perfeitamente selado pelo General Qiang Mao o notificando sobre as noticias da fronteira. Com os dedos apressados, Amon retirou o selo e leu o conteúdo sorrindo. O general estava gravemente ferido e fora encaminhado para os curandeiros.

 E Finalmente seu pai estava morto.

― Mifu ― Amon chamou o primeiro ministro que se encontrava do outro lado dos aposentos sentado numa cadeira baixa olhando o palácio coberto de neve com um copo de vinho nas mãos esperando o ápice da noite. A queda de Kong Naran II e a ascensão de Amon ao tão sublime trono. – Vamos, está na hora.

Amon se pôs de pé e logo suas servas se aproximaram o vestindo com o hanfu negro com os bordados do dragão real, símbolo máximo do rei. Ao vestir aquilo ele já se intitulava o novo governante, e tinha plena consciência de que quando saísse por aquela porta estava se rebelando contra sua irmã. Em sua noite de coroação ele tinha que estar tão digno quanto seu pai jamais fora. Essa era a noite de sua glória e renovo ao mundo. Faria coisas que nenhum rei jamais fez. Finalmente tiraria seu título de bastardo e seria chamado como o "Rei Dragão" como seu antepassado Kong Naran I foram reconhecido pelos próprios deuses.

Os dois caminharam juntamente pelos pátios do palácio escoltados pelo exército até alcançarem a sala do trono. Mifu já tinha os pergaminhos necessários para tornar Amon futuro rei de Naran, e todas as provas necessárias para transformar a princesa herdeira numa criminosa.

― O veneno está no quarto de Mei Yang? ― Amon perguntou enquanto observava o trono de ouro que, até o final dessa noite coberta de traições, seria seu.

― Sim, a serva já implantou a prova necessária, agora é só esperar o espetáculo começar.

Amon estava nervoso, nunca pensou que seu dia estava tão próximo. O dia que seria rei, algo que tanto ambicionou desde que era apenas um garoto que corria tropeçando pelos próprios pés pelos corredores do palácio e nem sabia contar até dez. Desde sempre queria sentar na cadeira de seu pai e mandar como ele fazia. Porém, ele queria fazer da forma correta, nem que pra isso tivesse que retirar Mei Yang de seu caminho. O povo em breve o reconheceria como soberano quando trouxesse novamente as glórias que Naran um dia teve antes da revolta de Kase, quando seu reino fora fracionado em seis e Naran perdeu sua majestade.

Se dependesse de Amon ele restauraria o que ele não vira apenas ouviu falar, o poder, as riquezas. Derrubaria cada rei se necessário fosse apenas pra obter seu sonho de unificação e paz.

O povo sofreu o suficiente com toda guerra e separação, bárbaros atacavam cidades pequenas, saqueando casas, estuprando mulheres e levando as crianças como escravas para um reino desconhecido.

       Amon percebeu que as movimentações dos soldados por entre as pilastras já eram notórias, até que as portas se abriram e Mei Yang entrou apressada com um manto vermelho levemente amassado e os cabelos soltos denotando que havia acabado de acordar e corrido até ali, seguida de Mi Gu e os dois ministros que jamais trairiam as tradições de Naran para por o bastardo no trono, O ministro das obras e o secretário do tesouro nacional.

Amon tinha plena consciência que sua ascensão ao trono não seria fácil. Assim como ele tinha seus aliados prontos para deter qualquer lei antiga para lhe pôr ao trono, Mei Yang tinha os seus para defender os velhos costumes que ainda prezavam pela linhagem puramente real. Ela tinha aliados mais fortes que o seus. Os representantes dos comércios apoiavam a princesa, assim como os principais donos de terras, homens poderosos e antigos que nunca aceitariam sua coroação. Entretanto, Amon não se atentava a isso, quando tomasse a coroa daria um jeito de se livrar de todos da sua forma.

― O que vocês fizeram ao meu pai? – Mei Yang tomou uma coragem que nunca ousou ter em seus meros quatorze anos de vida. Os olhos negros da princesa finalmente ganharam o brilho que Amon sempre temeu em ver. O brilho que seu pai carregava nos olhos quando algo de ruim acontecia, a força do ódio que seus olhos tinham e a sede de sangue que ele sustentava em suas pupilas eram suficientes para fazer qualquer inimigo recuar em medo. Porém, estava acostumado a isso, e Mei Yang não tinha mais força, a partir daquela noite, ele seria o símbolo da força suprema em Naran.

― Onde está o nosso pai? Acho que Sabe a resposta, minha irmã! Onde está meu pai e o que fez com ele? – Amon sustentou o olhar de Mei Yang com falso ressentimento. Logo o breve silêncio fora cortado pela chegada das tropas de Naran que invadiram o local deixando todos os presentes atônitos. Os ministros de Naran entraram no salão buscando noticias reais sobre a morte do rei, mas ao presenciarem a cena de Amon perfeitamente vestido com os bordados do dragão real pronto a se sentar ao trono desafiando a autoridade de princesa herdeira que se encontrava cercada pelo exército tudo se encaixou. O Dia que todos temiam finalmente tinha chegado.

Amon e Mei Yang lutariam pelo trono.

― Onde está a flecha que matou meu pai? – um soldado se aproximou do príncipe e entregou o objeto fino e pontiagudo que tirara a vida do rei. Amon analisou por um momento a flecha e por breves instantes seu coração vacilou. Seu pai estava morto, aquele sangue encrostado naquela fecha era seu também, sangue de seu sangue, seu pai. E ali estava ele, encenando algo por cima do derramamento de sangue que ele compactuou para que morresse. Seu pai sentiria vergonha, talvez ele se arrependesse de tudo no futuro. Incriminar sua pobre irmã, mandar matar seu pai apenas por poder.

Amon se apressou em espantar esses sentimentos terríveis de ressentimento e encarou Mei Yang que chorava copiosamente ao ver a flecha banhada pelo sangue do rei.

― Veja, olha o que fez! ― Amon gritou ― Mandou matar nosso pai a troco de que? O trono? Se uniu ao rei Naki para destruir nossa nação, seu povo. O que ele te deu para que fizesse isso? Ou seria você que deu algo em troca para que ele se rebelasse contra nós.

― Eu nunca faria isso. Nunca encontrei o rei de Naki até a noite do meu aniversário ― Mei Yang protestou em completo desespero. ― Veja como está vestido, pronto para sentar ao trono que é meu por direito.

― Guardas! ― Amon ordenou e logo um grupo de vinte homens cercou a princesa e abaixaram suas lanças e espadas em direção a ela. Mi Gu, que olhava a cena distante, tentou se aproximar e salvar sua protegida, contudo fora pego por dois homens de Amon que o seguraram e o prenderam ao chão. ― Hoje é dia da minha vingança. Vingarei a morte do meu pai!

― Ninguém levará a princesa herdeira, ela é a legítima ao trono, você é apenas um bastardo que está simulando tudo isso por poder. ― o Ministro das obras falou se intrometendo entre as espadas direcionadas a Mei Yang ― Seu pai fora um homem honrado. Nem sempre concordei com todas as suas decisões, mas Kong Naran II foi e sempre será um rei justo. Ele sentiria vergonha de vê-lo arquitetar contra a sua própria irmã.

― Ministro ― Amon falou indiferente ― Temos provas suficientes contra a princesa. Se prefere continuar a defendê-la saiba que será incriminado como traidor junto a ela.

― Prefiro morrer como um falso traidor, do que servir um rei cruel e bastardo. ― o ministro egueu o rosto num gesto de honra e sustentou o olhar de Amon ― jamais me curvarei a um príncipe de sangue impuro

A ira de Amon se ascendeu de tal maneira, que ele mesmo ergueu sua espada e num movimento tão ligeiro atravessou a garganta do ministro.

Todos que estavam ali ficaram assombrados quando o corpo gordo do homem caíra ao chão manchando o salão do trono com o rubro do sangue e o grito de desespero que a princesa dera ao ver o ministro morrer ao seu lado.

― Um traidor deve morrer! ― Amon puxou sua espada de volta que agora escorria o sangue do ministro e ergueu. ― Ele protegeu uma assassina. Mei Yang Naran matou o nosso Rei. Vejam a flecha – Amon mostrou o objeto que arrancou a vida do rei. ― Ela fora banhada com o veneno conhecido pelos comércios de Naki. Veneno esse que foi fornecido para a princesa Mei Yang na noite de seu aniversário. Vejam esse frasco.

Os Olhos de Mei Yang focaram no vidro azul que ganhara do rei de Naki, o perfume que sua serva lhe disse que pertencera a uma deusa. Agora ali estava o vidro, tão intenso quando se lembrava da ultima vez que vira em seu quarto.

― É apenas um perfume, pergunte a minha serva. ­― Mei Yang gritou.

― É um veneno, o mesmo veneno que está na flecha que matou meu pai. Vai negar que arquitetou um plano maligno junto ao rei de Naki para destruir nosso reino. O que mais fez? Matou a rainha?

― Não! Eu nunca faria isso. Ela era minha mãe! ― Mei Yang não conseguiu segurar as lágrimas. Ela chorava copiosamente na frente de todos. Estava sendo claramente injustiçada. Amon, seu próprio irmão, a estava incriminando por algo que jamais faria.

Seria esse seu fim? Morrer como uma princesa assassina? Não estava preparada nem pelo que estava por vir.

Ao erguer seus olhos percebeu nas expressões de todos que ninguém acreditava em sua inocência. Apenas Mi Gu que estava ao chão lhe encarava com uma expressão de dor e derrota.

― Levem a princesa para a prisão. Iremos julgá-la de acordo com seu crime e as leis justas de Naran.

― As mesmas leis que dizem que apenas o sangue da linhagem do rei e da rainha devem de sentar ao trono. ― o secretário do tesouro ousou fazer um comentário.

― Quer se juntar ao ministro no outro mundo, senhor secretário? ― Amon foi incisivo em sua ameaça calando o homem.

Mei Yang tentou gritar, se soltar, porém era apenas uma menina fraca e indefesa, todos as chamavam de cabeça de vento. E pela primeira vez ela percebera como era imatura, infeliz. Achava que tinha a glória por causa de um título, entretanto nada tinha. Sua força eram seus pais, e agora eles não estavam mais aqui.

Pai... Mei Yang pensou com carinho na imagem do homem forte que lhe criou e de todos os conselhos, das ultimas palavras onde ele dizia que confiava nela, mas tudo isso pareceu amargo em seu pensamento.

Os guardas a arrastaram para fora do salão, logo os ministros também deixaram o local. Amon se viu praticamente só, se não fosse pela presença de Mi Gu que ainda estava ao chão sem conseguir se mover. Seus olhos estavam fechados e sua cabeça baixa. Pela primeira vez Amon viu aquela expressão no rosto do sábio. Aquele era o fim.

― Finalmente consegui tirar a sua expressão altiva, sábio! – Amon proferiu aquelas palavras com escárnio. ― Onde está a sua protegida? Devia ter me escolhido como rei invés daquela assassina que você tanto cuidou.

Mi Gu em momento nenhum respondeu. Sua cabeça ainda estava baixa pensando no quanto fora lento em descobrir todo plano da consorte. Agora era tarde.

― Foi fácil mostrar a verdadeira face de Mei Yang. Olhe para ela, presa e em breve terá seu fim, assim como você se ainda preferir continuar servindo a traidora.

― Amon ― Mi Gu finalmente ergueu seu rosto e encarou os olhos negros do bastardo vestido como um rei a sua frente. ― Nunca imaginei que agiria tão depressa. Sabia desde sempre sobre sua sede de poder, mas nunca pensei que fosse tanta a ponto de incriminar a própria irmã e levá-la a morte para tomar o que é dela por direito.

― Cale-se, servo maldito! ­― Amon desferiu um tapa do rosto de Mi Gu e sorriu logo em seguida. Sempre quis fazer isso durante as aulas maçantes que seu pai obrigava assistir juntamente com seus irmãos mais novos. Porém, agora era rei, e poderia fazer o que bem quisesse.

― Mandou um servo comprar um veneno nas ruas de Naki e implantou essa prova no quarto da princesa. Então, mandou matar o rei com a flecha que estava banhada com o veneno para incriminar Mei Yang. É tudo tão óbvio... Usar o argumento que a rainha morreu logo após ingerir o fakāi dado pela princesa e unir com o fato que de ela agora é a principal suspeita da morte do pai. Uma jogada de mestre. Se livrar da princesa herdeira e com isso terá um motivo para invadir Naki e se livrar do peso morto que o Estado vizinho nos trás. Poderia parabenizá-lo por te pensado em algo tão grande, mas tenho certeza que tudo saiu da mente engenhosa de sua mãe que não está satisfeita em estar no exílio. Você é apenas um tolo capacho dela.

― É um homem inteligente, Mi Gu. É uma pena que não sirva a mim. Posso deixá-lo viver se estiver disposto a se curvar a minha grandeza e jurar pelos deuses que me servirá pelo resto da sua vida. ― Amon abaixou até que tivesse cara a cara com o sábio. Mesmo que odiasse aquele homem, não poderia desprezar sua inteligência.

― Minha família serviu ao trono de Naran desde que Kong Naran I uniu os Estados na grande guerra dos senhores de terra. Lembro do meu avô servindo seu avô, lembro do meu pai que antes de morrer serviu ao seu pai e me pediu para que continuasse a geração de sábios da família Shan. Sou Shan Mi Gu, ultimo descendente Shan, designado pelo falecido rei legitimo como sábio. Jurei servir a princesa Mei Yang e era o que faria. Prefiro ver meu sangue correr por esse chão e ir com a honra a mim conferida pelo rei legítimo, do que viver em desgraça servindo um usurpador bastardo.

Amon apenas sorriu. Aquele homem ainda ousava desafiar seu poder mesmo em desgraça. Era mesmo admirável.

― Leve esse traidor para a prisão, ele viverá o suficiente para a ver glória do rei bastardo, a glória que nenhum rei legitimo jamais trouxe. Esse é o inicio do meu reinado.

― Engana-se Amon, esse é o inicio do seu fim! ― Mi Gu foi arrastado pelos guardas para fora do salão do trono e agora, finalmente Amon pode desfrutar da paz sentado em seu trono. Seu sonho estava muito próximo.

― Dawang* ― um servo entrou no ambiente se curvando. Era bom ser chamado assim. ― sua mãe retornou do exílio.

Amon correu pelo palácio até o portão de entrada onde entraria sua mãe. O dia estava quase nascendo e o canto do pássaro já anunciava a chegada do sol, assim como seu reinado. Um novo dia começaria para ele e para o povo de Naran.

Os portões se abriram a Ayame entrou por eles e sorriu ao ver todo o palácio aceso. Seu plano tinha sido certeiro, e seu filho agora era o novo rei.

― Finalmente, em casa ­― ela falou assim que desceu do palanquim. ― Meu Rei! ­

Ayame sorriu ao abraçar o filho.

Tudo tinha se concretizado. E finalmente seu sonho se tornou realidade. Enfim, era uma rainha. 


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!!!!!! ♥



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