1998, praia de Boa Viagem.

         Uma linda tarde ensolarada na Praia de Boa Viagem, Arlette bebia com Michelle ao som de Alceu Valença, Olavo estava incomodado com os jovens de humanas na frente da casa dele.

— oi.

— qui é Olavo?

— você tá com esses comunistas?

—  tô sim.

— incrível!

— a praia é publica tá, o neoliberalismo ainda não privatizou.

— sua guerrilheira rebelde...

         De um beijo em uma praia, Olavo e Arlette se casaram de 1999, no ano seguinte ela foi novamente mãe.

— oi minha pequena feminista.

—não começa não, ela vai ser uma mulher de direita.

— nunca! Filha minha não reproduz machismo.

2018, Espinheiro.

         Melissa e Amelie choram juntas, após a vitória da extrema direita, a homofobia é um constante na vida dos homossexuais Brasileiros.

— vão nos matar, meu amor.

— mas nós vamos resistir.

— em que?

— eu sou uma mulher negra e lésbica, a minha vida é um ato resistência.

— eu tive que lidar com a homofobia dentro de casa.

         Inês está arrumando as malas, Wanderson chega em casa com uma barca de sushi, Otávia está sorrindo, Plaberkson estava admirando a foto de Arlette.

— ei Pablerkson para de admirar a Arlette, ela não gosta de você.

— a Arlette casou com a Barbie fascista, eu tenho chance.

— cara eu entendo ela, tu tem que tá muito na merda pra casar com o Olavo.

— ou pegar o Wanderson.

— ela gostava dele.

— eca!

— Pablerkson dessiste.

         Inês sai com as malas enquanto Wanderson vai atrás dela.

— por quê?

— Wanderson, eu preciso pedir asilo político, eu não quero viver em país governado pela extrema direita.

— e pra isso a gente tem que acabar?

— você ainda não acabou com a Arlette, a Otávia separou vocês, mas a Erica uniu vocês.

— e o que isso tem a ver com a gente?

— Wanderson, eu quero ir embora.

         Suzy vai á casa de Saul, que estava olhando um jornal do círculo de estudo da bíblia.

— oi Saul.

— Irmã Suzy.

— Hadassa está lá em casa.

— e daí?

— você ainda quer casar com ela?

— sua filha é uma pecadora, talvez se disciplinarmos ela.

— eu juro a você que ela se arrependeu.

— sendo assim irei ver Hadassa.

         Suzy sai da casa de Saul e liga pra Otávia que acabava de voltar da missa.

— fala Suzy.

— o casamento de Hadassa vai sair.

— sério?

— sim.

— te felicito Suzy.

— obrigada.

         O julgamento de Ketny foi marcado pro fim do ano.

— você acha que ela vai falar?

— é difícil dizer Otávia.

— o problema é a Arlette, a Suzanna tem que casar a Hadassa logo.

— ela já sabe que ela é a Erica.

— ela não deve se aproximar.

         Em um quarto de motel com estampa de zebra, estava Michelle com uma fantasia de coelho sexy, e Sidney com uma cueca de onça, estavam querendo se pegar há muito tempo.

— Michelle, casa comigo?

— Sidney, quero sim.   

Arlette foi notificada sobre o julgamento de Ketny, ela pensou em Erica, em não poder acompanhar o desenvolvimento da filha, como Inês ela também não teve o direito de ser mãe; Melissa tinha comprado uma pizza de queijo congelada, tava de regata e short.

— que foi mainha?

— mainha te ama.

— foi carta do correio? Era o quê?

— era sobre a Erica, você me acha uma boa mãe?

— você é a melhor mãe do mundo, sempre me aceitou, me deu apoio, carinho e muitas broncas, a Erica seria muito feliz em ter você como mãe, eu te amo.

— também te amo, Melissa.

         Saul vai até a casa de Suzy com Naomi e um ramalhete de flores.

— oi Hadassa.

— oi? Você me esfaqueou...

— mas ele se arrependeu, filha.

— o pastor já marcou a data, Suzy, do dia 25 de janeiro, esse casamento não passa.