A Bela e as Bestas escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 26
Festa na Praia




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P.O.V. Cora.

Os Shadowhunters estão me vigiando. Sei que estão.

Eles tem medo de mim. A festa na praia foi memorável.

Eu me sai muito bem. Mas, agora é hora de ir para a escola.

—Oi Cora.

—Oi Will.

—Você está na minha sala. Vamos ter aula de artes. Odeio artes.

—Porque?

—Porque eu não tenho talento.

—Então tá. Pra que lado eu vou?

—Vem comigo.

P.O.V. Will.

Quando eu disse que não tinha talento, ela não disse que era bobagem ou que eu estava errado ela só concordou. E quando chegamos á sala de artes, a Dona Eliana pediu para que desenhássemos a nossa casa. Na tela.

E nenhum desenho ficou igual o da Cora.

P.O.V. Cora.

Desenhar a minha casa. Essa é fácil. Comecei com o céu, o céu de Eadon é vermelho, alaranjado em alguns lugares, o ar é pesado e cheira a enxofre. Demônios Edonmai voam pelo céu. O solo é seco, com rachaduras, as montanhas de lava flamejante, as cinzas brancas no chão, algumas árvores mortas brotando das rachaduras. As plantas de Eadon são todas venenosas e tóxicas.

—Pronto. Vamos ver os desenhos de vocês.

Todos ganharam parabéns, menos eu.

—Ahm, senhorita eu pedi para que desenhasse sua casa.

—E é a minha casa.

—E você nasceu no inferno?

Perguntou a moça. Becca. Não gosto dela.

—Não. Eu nasci aqui, mas aqui não é a minha casa. Eadon é a minha casa.

—Eadon? Isso é no Cazaquistão?

—Não.

—É assim que você vê a sua casa?

—É como ela é. Uma réplica perfeita. Bom, quase perfeita ainda falta o calor e o odor.

—Você é uma aberração.

—Eu não sou... aberração.

—Ahm, querida porque você não desenha sua mãe?

—Em que forma?

—Como assim em que forma?

—Minha mãe tem mais de uma forma. Três que eu saiba.

—Então, desenhe as três.

P.O.V. Eliana.

Essa menina precisa de atendimento. Talvez eu deva chamar o conselho tutelar.

Quando ela desenhou a mãe dela, eu fiquei horrorizada.

—É assim que vê a sua mãe?

—É assim que ela é.

—A sua mãe é um monstro?

Ela se virou para Rebecca Gomez e estava brava. Então, bateu na cara da menina.

—Minha mãe... não é... um monstro.

Com um tapa dela, a garota voou longe.

—Ai. Abominação.

A aluna nova continuou a avançar.

—O sangue da minha mãe... é o que me faz tão especial. Tão poderosa. E os outros me puniriam por isso, mas a minha mãe não. A minha mãe me ama.

—Você é maluca!

—Você está de detenção.

—Porque? Ela chamou a minha mãe de monstro. 

—Você a desenhou como um.

—Não. Minha mãe não é monstro. Ela é só... diferente.

P.O.V. Cora.

Eu fiquei de detenção. Por causa dela. Por causa da Becca e ela vai pagar por isso e por ter chamado minha mãe de monstro.

Algumas velas, um pentagrama e o meu sangue.

—Demoneum Meum parvulum te iq invoco.

Então, o demônio apareceu.

—Olá. Você vai fazer uma coisa pra mim ou eu vou contar pra minha mãe que você não fez. Tá vendo essa garota? Aterrorize ela e depois, traga ela pra mim.

Demorou um tempo, mas ele trouxe ela pra mim.

—O que é isso?

—Obrigado. Terei certeza de que a minha mãe saiba do que fez por mim.

Mandei o demônio embora.

—O que era aquela coisa?

—Um demônio. Um peixe pequeno.

—Um demônio? O que você quer?

—Você chamou a minha mãe de monstro e por isso vai pagar.

P.O.V. Becca.

Ela me acorrentou numa cadeira.

—Magia tulocks de terrox, Magia tulocks de terrox. Minha mãe é teimosa e obstinada, independente e forte. E ela me ama, mais do que qualquer coisa ela só... tem um jeito diferente de demonstrar.

—Me solta. Por favor. Me desculpe. Sua mãe é uma ótima mãe. Só... me deixa ir.

—E eu vou. Mas, vou castigar você primeiro.

Os olhos dela ficaram dum azul muito azul e ela arranhou o ar e eu também.

—Ai! 

—Uma lembrancinha. Assim você nunca mais vai falar mal de mim ou da minha mãe de novo.

Ela me soltou, mas o arranhão foi profundo. Ela destruiu o apartamento todo e então ligou para a emergência.

—Por favor, socorro. Tem uma colega de sala minha. O meu apartamento tá destruído e ela tá muito machucada.

Os médicos vieram e levaram a pobre Becca para o hospital. Desenhei a runa na mão e consertei tudo. Não quero que a Clary descubra que eu acabei com uma mundana.

E a irmã do Will me convidou para uma festa do pijama.

—Soube o que aconteceu com a Becca.

—Eu queria saber o que aconteceu lá. Ela tava toda machucada e a sala tava destruída. Parecia que tinha entrado uma legião de demônios Eadonmai lá dentro.

—Você é engraçada.

—Oi. Você deve ser a Cora.

—Sou sim senhora. Muito obrigado por me receber.

—De nada, é sempre bem vinda Cora. E me chame de Lisa.

—Obrigado Lisa. 

—Will me contou que você é adotada.

—Isso.

—A sua mãe é uma boa mãe?

—É. Ela é teimosa e obstinada, independente, forte. Ela é terrível, mas eu sei que do jeito dela ela me ama. Só tem uma maneira diferente de demonstrar. Me ensinou tudo o que eu sei.

—E como se chama sua mãe?

—Lilith.

—Lilith?

—Isso.

—Eu coleciono estátuas de cristal.

—É. Eu notei.

—E o que acha desta? Minha mais nova aquisição da casa Cristale.

Era um ser esquisito, um golfinho.

—É absolutamente horrível, mas eu acho que... é o que faz isso ser arte não é?

Ela riu.

—A sua amiga é muito autêntica. E fico feliz que tenha feito uma amiga.

P.O.V. Will.

Eu cheguei em casa e ouvi a voz da minha mãe.

—O que acha?

Então, a última voz que esperava ouvir.

—É absolutamente horrível, mas acho que é o que faz isso ser arte, certo?

Cora?

Minha mãe riu.

—Adorei a sua amiga. Ela é muito autêntica.

—Oi mãe.

—Oi Will! Você já conheceu a amiga da sua irmã?

—Sim. Cora.

—Bom, eu tenho que ir crianças ou vou me atrasar. Divirtam-se. E comportem-se.

Minha mãe saiu.

—Vejo que conheceu a Sophie.

—Sim. Ela é muito simpática e vocês adoram regras.

—Que tal vermos um filme?

—Tudo bem.

—Que tal um filme de terror?

—Tudo bem. Quer que eu estoure pipoca?

—Seria ótimo.

—Eu vou te ajudar.

Peguei o pacote de pipoca e uma travessa.

—Pode deixar. Eu estouro a pipoca.

—Tudo bem.

Voltei pra sala.

P.O.V. Cora.

Tomei cuidado para ver se eles não estavam olhando e coloquei minha mão sob o saco de pipoca e comecei a estourar. Abri a embalagem e coloquei na travessa.

—Pronto.

Will comeu um pouco.

—Esqueceu o sal.

—Sal?

Eu o vi jogar uma coisa encima da pipoca e chacoalhar o frasco.

—Pronto. O que vamos assistir?

—A Bruxa. Serve?

—Tudo bem.

P.O.V. Will.

Eu pedi pra Sophie colocar um filme que não desse muito medo na Cora e ela vai colocar esse?!

Então, o filme começou e de tempos em tempos nós tomávamos um susto. Por nós, quero dizer a minha irmã e eu, porque Cora só dava risada.

—Você sabe que esse é um filme de terror certo?

—Vocês tem medo de cada coisa. Quem fez esse filme não sabe nada sobre bruxas, demônios ou pactos.

—E você sabe?

—Querem mais pipoca?

—Claro. Vamos tentar um mais pesado.

—O que?

—Um filme mais aterrorizante.

—Está tentando me assustar?

—Estou.

—É. Boa sorte com isso. Eu cresci em Eadon, essas suas coisas não me assustam.

Sophie tentou de tudo. O Pacto, A Freira, A entidade, Arraste-me para o inferno e tudo o que Cora fazia era rir.

—Você é muito esquisita. Vou pegar alguma coisa pra gente beber. Que tal um refrigerante?

—Posso tomar alguma coisa quente?

—Quente? Está um calor de quarenta graus!

—O calor é relativo.

Sophie fez chocolate quente pra ela.

—Cuidado tá...

Ela engoliu aquele negócio fumegante duma vez só.

—Quente. Como você fez isso?

—Eu sou filha da minha mãe. E você não sabe o que é calor de verdade, vai por mim. Aqui é o polo norte comparado com a minha casa.

—O nome da mãe dela é Lilith. Como a Rainha do Inferno.

—Você é satanista por acaso?

—Vocês fazem muitas perguntas, mas não. Não sou.

—Porque você chama Cora?

—Por causa da mulher que me pariu. Ela tinha ou tem esse nome também. Não sei se está viva ou morta e realmente não me importa. Porque as pessoas continuam me perguntando sobre ela? Ela não é minha mãe, eu jamais a chamarei de mãe de forma alguma.

—Desculpe.

—Tudo bem.

—E o seu pai?

—Eu não tenho pai. Só a minha mãe.

—Seu pai foi embora?

—Eu não tenho pai. Minha mãe odeia o ex-marido dela, ele a traiu, a jogou para escanteio e roubou tudo o que era dela por direito. Ela teve um filho antes de mim, Jonathan. Mas, ele morreu. Foi assassinado.

—Nossa! Eu sinto muito.

—Obrigado. Apesar de tudo, minha mãe tem um forte instinto maternal e gosta de acenar para os bebês no berçário.

—O seu irmão também era adotado?

—Pode se dizer isso. Jonathan era como eu, exatamente como eu, só que homem. Minha mãe ficou arrasada quando ele morreu, ela mesma me contou. Antes do meu irmão morrer, ele chamou por ela, nos seus últimos momentos. E ela ficou possessa quando descobriu o que tinham feito com ele. 

—Caramba! E ela foi a polícia?

—Ela tentou trazer ele de volta. Por milhares de anos ela nunca conseguiu conceber um filho, minha mãe é estéril, mas então Valentim foi até ela e lhe pediu seu sangue para seu filho não nascido e ela sabia que assim como eu Jonathan seria muito poderoso para os Shadowhunters lidarem e criarem, então eventualmente Valentim o mandou pra ela e ela o amou com todo seu coração e nunca soube que se ele a amava de volta até ele ser assassinado. Ela reuniu trinta e três discípulos e tentou trazê-lo de volta. Boo!

Nós demos um pulo.

—Ah, como vocês são bobos. Não acredito que acreditaram. Ela enterrou meu irmão e depois me adotou.

—Você é sinistra.

—Obrigado. Podemos ir dormir agora? Ou tem uma regra contra isso?

—Não. 

—Boa noite então.

—Boa noite.

Ela subiu as escadas e ficamos só a minha irmã e eu. Na sala.

—O jeito que ela contou aquilo... foi como se acreditasse naquilo Will.

—Quando a professora de artes nos pediu para desenhar nossa casa, olha só o que ela desenhou.

—Nossa! O Inferno?

—Ela chamou de Eadon.

—Eadon. Tem um amigo da mamãe que é especialista em ocultismo. Vamos levar isso pra ele amanhã, o que acha?

—Legal.


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