The Other Half-Breed escrita por Deh


Capítulo 12
2.5: "Everybody's got their dues in life to pay"




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Every time that I look in the mirror

All these lines on my face getting clearer

The past is gone

It went by like dusk to dawn

Isn't that the way

Everybody's got their dues in life to pay

Dream On - Aerosmith

Cinco horas da manhã tia Hilda me acordava:

—Tia Hilda? Aconteceu alguma coisa? -Perguntei ainda sonolenta.

Ela deu uma risadinha e disse:

—Bom dia querida, é hora de começar seu castigo.

Eu cobri minha cabeça e gemi em desaprovação.

—Te espero lá embaixo e não demore.

—Argh. -Resmunguei me levantando.

Levantei da cama contrariada, vesti uma blusa de alcinha azul com a escrita em preto I’m rebel, sim um pouco irônica eu sei, uma calça jeans lavada e calcei minhas sapatilhas pretas favoritas. Penteei o cabelo e fiz um rabo de cavalo, escovei os dentes e já comecei minha tarefa arrumando minha cama.

Logo desci para a cozinha e encontrei tia Hilda colocando o forno para aquecer.

—Zaira sove essa massa. -Ela disse apontando a massa que estava em cima da mesa.

Eu fiquei de frente para a massa de pão e a encarava, tentando me lembrar de quando era criança e via vovó ensinar tia Hilda.

—Você nunca fez pão?

Neguei com a cabeça e disse:

—Sem ofensas tia Hilda, mas cozinhar não é minha praia.

Ela deu uma risadinha.

—Igualzinha a sua mãe. -Rolei os olhos -Não disse?

—Eu não sou igual a ela... -Murmurei, mas ela não me deu ouvidos.

— Pegue a massa com as duas mãos, polegares acima dela e os outros dedos sob a massa. Levante a massa, vire-a 180º e jogue-a novamente na bancada. Em seguida, estique a massa e dobre-a sobre si mesma. Repita de 10 a 15 minutos até obter uma massa lisa e elástica.

Eu a encarei fazendo careta:

—Tia Hilda... -Resmunguei.

Segui suas ordens e finalmente o pão já estava assando, fiquei então encarregada de por a mesa, enquanto ela fazia o chá, acho que ela estava com medo que eu pudesse colocar veneno no chá da minha mãe.

—Querida pegue o jornal na sala, ele já deve ter chegado. -Tia Hilda me pediu cautelosamente e assim como ela disse, lá estava o jornal em russo. Deixei no lugar da toda poderosa e assim preparei o meu próprio café, bem amargo por sinal.

—Bom dia. -Zelda disse normalmente se sentando em seu lugar de costume e pegando o jornal, tia Hilda respondeu, eu permaneci em silêncio.

Logo vieram Ambrose e Sabrina.

Ambrose estava apreciando o pão:

—Tia Hilda esse pão está delicioso!

—Obrigada querido, Zaira sovou a massa.

De repente Ambrose parou de comer e eu o tranquilizei:

—Não se preocupe primo, não deu tempo de colocar raticida na massa.

Ele me olhou horrorizado e vi pelo canto do olho Sabrina descartar o que ela estava comendo.

—Acho que devíamos deixa-la longe da cozinha. -Ambrose concluiu.

—Adorei sua ideia. -Sorri brilhantemente.

—De maneira alguma. -Minha mãe se pronunciou sem ao menos desviar o olhar do jornal.

Após terminarmos o café da manhã, ajudo tia Hilda a desfazer a mesa e sou obrigada a lavar a louça no modo mortal, no entanto não dou a Zelda o prazer de me ver se queixar.

—Graças a Satã, terminei! E agora? -Perguntei para tia Hilda, mas foi minha mãe que desviou os olhos do jornal para ascender o cigarro e me responder:

—Você irá arrumar os quartos de todo mundo.

—Você só pode estar de brincadeira. -Eu disse frustrada, mas seu olhar me dizia que ela realmente não estava brincando.

E assim comecei pelo quarto de Sabrina, foi rápido, exceto por Salem que não queria sair de cima da cama. Depois fui para o de tia Hilda, onde me surpreendi que ela já estava lá:

—Esse aqui eu vou te ajudar, mas pelo amor de Satã não conte para a sua mãe.

Eu sorri travessa:

—Seu desejo é uma ordem tia Hilda.

Depois fui para o da minha mãe, entrei normalmente, mas não pude disfarçar o susto ao vê-la sentada de frente a penteadeira fumando.

—Não se assuste, faça de conta que não estou aqui, você faz isso muito bem.

Eu a encarei por alguns segundos me segurando para não fazer nenhum comentário, ignorando sua presença eu arrumei seu quarto.

Finalmente cheguei ao ultimo quarto o de Ambrose, ele também estava lá, mas ao contrario da minha mãe não era para supervisionar meu trabalho.

—Tia Zee nos proibiu de arrumar nossos próprios quartos.

Eu dei uma risada sem graça, antes de dizer:

—Ela está tentando dificultar minha vida.

Ele voltou a ler, mas não antes de dizer:

—Acho que eu nunca vi ela tão preocupada igual ontem, Zaira ela estava transtornada.

Rolei os olhos.

—Ela estava com medo do que quer que eu pudesse envolver Sabrina.

Ele deu de ombros:

—Não é Sabrina que está sem poderes...

Não disse nada, apenas arrumei a bagunça dele. Quando estava saindo do quarto ele disse:

—Sabe prima você e Sabrina não são muito diferentes.

Ergui a sobrancelha e dei um meio sorriso.

—Claro que não Ambrose, não somos ambas mestiças?

Ele esboçou um sorriso:

—E nenhuma das duas dá valor ao que tem.

Franzi o cenho e sai dali, o que nós duas temos em comum e não damos valor? Nossa dualidade? Acho que Ambrose está filosofando muito...

Tia Hilda já estava saindo para ir trabalhar quando me passou minha tarefa, que era nada menos do que passar aspirador na casa toda. Suspirei, ainda é só o primeiro dia de um longo mês...

Quando ela chegou a ajudei a preparar o jantar, afinal ninguém se sentia confortável em me deixar manipular alimentos sozinha, acho que era medo em relação ao meu comentário sobre o raticida. O jantar transcorreu com uma pergunta nada sutil de Ambrose perguntando se eu fui supervisionada durante todo o período em que estive em contato com os alimentos.

No dia seguinte fiquei encarregada de lavar toda a roupa da casa, louvado seja meu pai, para que usarem tantas roupas? Aposto que é de propósito...

Uma semana de escravidão se passa, em uma bela manhã de sexta Sabrina fala distraidamente de uma festinha mortal que ela quer muito ir e sinceramente eu não me importaria de ir, afinal uma semana de escravidão, sem contato com o mundo exterior está a ponto de me deixar louca.

—Você realmente quer ir a uma festa de mortais adolescentes Sabrina?

—Não vejo problema Zelda. -Tia Hilda diz, mas logo é silenciada por um olhar fulminante da minha mãe.

Eu então comecei como quem não quer nada:

—Eu acho que Sabrina é responsável o suficiente para ir e voltar sã e salva.

Ambrose escondeu um sorriso, tia Hilda me olhava estranhamente, os olhos de Sabrina brilhavam em realização e minha mãe? Ergueu a sobrancelha e me questionou:

—E você está ajudando-a a troco de que?

—Oras, estou sendo punida por tê-la envolvido em meus esquemas e ela também está, só acho que ela merece sair um pouco e não ficar confinada aqui....

—E você não se importa de vê-la ir?

Foi então que me ajeitei na cadeira e comecei, era hora de mostrar o que anos de pratica em negociações me ensinaram:

—Bem mamãe eu não me importo realmente em vê-la ir, no entanto devo ressaltar que venho desempenhando muito bem as tarefas impostas a mim, tarefas cruéis a propósito, se não fosse o bastante estar condenada a uma vida mortal, as tarefas domesticas são uma verdadeira tortura. Eu serei eternamente grata se a senhora me concedesse tamanha misericórdia me liberando por apenas essa noite.

Ela me analisava metodicamente e eu fiz o meu melhor olhar de rato perdido. Os demais membros da família olhavam para ela em expectativa, ela tomou um gole de sua bebida e disse:

—Nada de drogas.

—Eu não deixarei minha priminha experimentar drogas.

—Nada de álcool.

—Sabrina estará longe de qualquer coisa ilegal.

Ela ergueu a sobrancelha, suspirei em rendição.

—Eu prometo não me aproximar de álcool ou drogas.

Ela me olhou ceticamente:

—Descruze os dedos.

Suspirei em rendição e levantei  as mãos em sinal de rendição:

—Não vou usar drogas nem beber, eu juro, pela vida do meu pai.

—Seu pai é imortal.

Dei de ombros.

—Você também, mas achei que seria meio ofensivo jurar em seu nome.

—Estejam em casa as dez.

—A hora da bruxa seria mais adequado não acha?

Ela não me respondeu

—Onze?

Ela ergueu a sobrancelha.

—Dez e meia?

Ela cruzou os braços.

—Tudo bem, dez horas estaremos de volta.

Sabrina e eu terminamos o jantar depressa e fomos nos trocar, assim que troquei ajudei tia Hilda a tirar a mesa. Quando estávamos prestes a sair foi minha mãe que nos alertou:

—Não se metam em problemas ou eu dobro o castigo.

—Ok tia Zee.

—Você quem manda mamãe.

Depois que já estávamos a uma certa distancia de casa Sabrina começou:

—Eu não acredito que você conseguiu negociar com tia Zelda!

—Não diria que foi um bom negócio.

—Você está louca Zaira? Nunca conseguiria fazer ela me liberar de um acordo assim.

Dei de ombros:

—Ser filha do cara que faz acordos tem suas vantagens no fim das contas.

Ao chegarmos na festa eu disse:

—Sabrina divirta-se, mas com moderação. Me encontre as nove e cinquenta para podermos ir, não quero abusar da misericórdia dela. -Ela assentiu e eu completei. -E sério nada de álcool ou drogas, por mais divertidos que possam ser.

A festa estava até divertida, se bem que depois da semana que tive qualquer saída de casa poderia ser considerada divertida. Dancei, flertei com uns garotos e bebi ponche sem álcool, não é como as festas que costumo frequentar, mas dá pro gasto. 

E assim no horário Sabrina e eu nos encontramos e fomos embora.

—Eu estava precisando disso. -Ela me confessou.

Olhei para ela um pouco cética e ela continuou.

—As vezes é bom fingir que sou apenas uma garota normal.

Dei de ombros, se ela estava dizendo quem sou eu para discordar?

—Zaira você está bem?

Assenti

—É só minha cabeça, ela dói um pouco, mas estou bem.

E assim chegamos em casa as dez horas e Zelda se encontrava sentada a nossa espera.

—Boa noite tia Zee.

—Viu chegamos em casa sãs e salvas, e ainda sem usar qualquer substancia que deixaria bruxas da nossa idade mais “felizes”.

Ela rolou os olhos e Sabrina e eu fomos para nossos respectivos quartos, quando cheguei ao meu só vesti meu pijama e fui dormir, minha cabeça estava me matando e eu nem tinha ao menos bebido. Fechei os olhos e suspirei, amanhã com certeza seria um longo dia.


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