Quando os cinco herois chegaram à Mansão Wayne, um delicioso cheiro de panquecas estava no ar.

Alfred abriu a porta com um sorriso muito educado, e fez uma leve reverência a Diana, que lhe deixou um beijinho no rosto.

— Bom dia, Alfred! O tiramos da cama?

—Oh, não... Nunca deito na cama antes de minhas crianças, Lady Diana. Não se preocupe com isso. Sejam bem vindos, rapazes. Sua anfitriã foi se banhar e já retorna a sala de jantar. Enquanto isso eu os acomodados e farei companhia.-O mordomo esperou todos entrarem para fechar a porta, vendo-os tirar os casacos.-Por aqui, por favor.

A mesa estava posta de forma simples, mas extremamente receptiva. As xícaras, com seus voadores de café individuais, posicionados em frente os pratos. Os pós de café todos identificados e com uma receita sugerida em seus rótulos escritos à mão... Clark deu um sorrisinho. Pelo pouco que ele conhecia da filha de Bruce, aquele capricho todos era a cara dela.

—Boa noite, galera. Eu sou o Richard, muito prazer. Oi, tia Diana!

—Oi, meu amor. Onde estão seus irmãos?

—Damian está dormindo, Jason tá enfiado no quarto jogando e a mana está terminando de se banhar.-Então O rapaz fechou a cara para o milionário.-Você magoou minha irmãzinha!

—Não foi a intensão.

— Não importa. Você magoou ela. Não sei o que você fez, mas não gosto disso.

—Vou falar com ela.

—Hum...

Os passos na escada chamaram a atenção de Arthur. As tatuagens nas pernas fizeram o coração do mestiço balançar um pouquinho. Logo ele pôde ver os cabelos longos coloridos, um pouco diferentes do que ele lembrava, e o rosto delicado. Lábios finos, olhos amendoados, narizinho levemente arrebitado...

—Boa madrugada, gente! Por que ainda estão de pé? Vamos nos acomodar e começar a comer, sem cerimônias por favor.

Asa Noturna foi o primeiro, e ficou com o prato na mão, com um sorriso sem vergonha.

—Mana... Faz meu prato?

A moça riu e montou uma panqueca toda caprichada para o irmão mais velho. Clark ganhiubum beijo no rosto, assim como Diana.

—Daintness... Sem querer abusar, sendo muito abusado... Faz uma bonitona dessa pra mim também?

Depois do pedido do Super Man, todos acabaram ganhando a panqueca já montada com capricho, o que incluia o Batman. Mas Wayne sequer ganhou um olhar da filha.

Todos se serviram de café, chá ou água saborizada e passaram a comer tranquilamente, voltando ao tema da reunião da Liga naquele dia.

A mesa ficou vazia e logo todos decidiram ir dormir. Todos foram devidamente acomodados e Arthur ficou com os ouvidos atentos no corredor. Abriu sua porta furtivamente, se apoiando no batente. Os olhos dourados fixos na porta do banheiro do corredor.

Daintness saiu do cômodo sabendo que o mestiço estava esperando. Acabou sorrindo, um tanto constrangida.

—Você é filha do morcegão?

—Não exatamente...-O atlantis segurou a mulher pela cintura, trazendo-a para junto do corpo.-Isso não quer dizer que ele não vá tentar te matar, Arthur.

—Uhum...-Deslizou o nariz pelo pescoço pálido da mulher.-Você lembra meu nome...

— Eu não bebo, majestade.

—Deveria ter suspeitado.-O atlantis lhe roubou um beijo repleto de sensualidade.-Mas acho que preciso... Relembrar determinadas habilidades da senhorita. Acredito que o Álcool tenha ajudado a me impressionar.

—Quer bater uma aposta, majestade?

•~~•

Bruce encontrou sua menina na copa, comendo um pouquinho de seja lá o que Alfred preparou para o almoço. Ela estava com uma caneca de café é um livro em mãos.

—Quer conversar?

— Não.

—Está zangada comigo?

— Não.

—Magoada?

— Sim.

— Vai me responder só por monossílabos?-Dessa vez a moça permaneceu em silêncio, ainda sem olhar para o herói.-Daintness... Por favor...

— Vou sair de casa por uns dias.-Ela continuou sem encarar o mais velho.-Vai ser melhor.

—O melhor pra quem?-O herói acabou fechando o livro, deixando a página marcada com o dedo. Mas não ganhou os olhos da moça.-Me responde, Daintness! Diz olhando nos meus olhos! Eu não criei uma filha covarde!

Os olhos bicolores ficaram cheios de lágrimas, mas Daintness apenas afastou sua cadeira e levantou, se dirigindo para a porta anexa da garagem.

—Pra você, Bruce... Infelizmente... Pra você.

•~~•

Richard acordou e não demorou por dar falta da irmã. O mesmo aconteceu com Damian e Jason.

O caçula acordou mal humorado, e olhando torto para o pai deles, o que não passou despercebido pelos demais heróis.

Bruce não teve tempo de conversar com os filhos. Ainda haviam coisas da Liga, e ele precisava resolver logo para poder se focar apenas no que havia acontecido entre ele e a filha.

Jason sustentou, por horas, um sorriso de canto, sacana e malvado, que incomodou profundamente Asa Noturna. Até que o herói, usando o treino como desculpa, jogou o mais novo na parede.

— Você vai contar o que fez com a minha irmã? Ou vai esperar eu partir os ossos do seu rosto primeiro?

—Até onde vai seu "Complexo de Irmão mais Velho", Dicky? Chega ao ponto de você defender aquela vagabunda mesmo que ela tenha traído a confiança do papai?

O primeiro soco partiu o lábio inferior do mais novo, mas era só um aviso.

— Não ofenda a minha irmã, Jason.

—É o que ela é.-O rapaz virou o rosto para cuspir o sangue.-Uma vadia. Uma prostituta de merda. Que sai pela noite de Gotham e fode com o primeiro que aparecer. Enquanto você e o papai fazem ronda, distraídos, remoendo a preocupação com ela. Achando que ela está em casa. Sabe quem foi o último? Aquaman. E ela fodeu com ele bem embaixo do seu nariz. Mas me bata, defenda a honra da sua irmãzinha puritana.

—Minha irmã não é puritana, não é vadia e não é traidora!-A voz de Dicky era baixa, rosnada, ameaçadora.-E você vai repetir exatamente o que disse a ela, Jason... E acho melhor que a sua cagada seja reversível. Do contrário o tanto que eu vou te bater pode te deixar em maus lençóis.

—Disse a ela só o que é verdade, Richard. Que ela estava deixando o papai doente.-O mais velho franziu as sobrancelhas, confuso.-Você não percebeu? O papai está cada vez mais doente, isolado, carrancudo, triste... E a culpa é dela! Fica indo ao Arkhan pra testar o amor e a tolerância dele. Enquanto isso ele fica se corroendo, preocupado com a falta de noção dela! Imagine, a filha do Batman trancada numa cela de segurança máxima a mercê do Coringa. Não parece uma piada?

Dicky soltou o irmão e se afastou, apenas para acertar um soco que fez a cabeça do caçula ricochetear na parede.

Então se afastou de vez, voltando para seu quarto na Mansão Wayne.

Quando Bruce chegou até a Batcaverna encontrou Jason ainda tentando se levantar, com as mãos apoiando a cabeça.

O herói correu até o filho, o ajudando a se erguer. Colocou seu computador para examiná-lo, matutando o que poderia ter acontecido, até ver o olho roxo que Jason estava escondendo com a mão.

— Não acredito que provocou Dicky de novo... Discutiram por causa da Daintness?

— Por acaso não é sempre por causa dela? Ela só trouxe desgraça pra essa casa desde que você a trouxe!

O herói deu um suspiro pesado, passando a mãos nos cabelos, que estavam um tanto longos já.

—Juro que nunca vou entender a birra que você tem com a sua irmã. Mas seja lá o que você disse ao Dicky sobre ela... Sob hipótese alguma repita na frente do Damian. Até porque... Dicky consegue se controlar.

— Eu não tenho medo do fedelho.

—Deveria começar a repensar, Jason. Damian é filho do Batman... Mas é filho de Thalia Al'Ghul. Nunca esqueça disso.

—E dela? Eu não deveria ter medo? Afinal, sua menininha é filha do Coringa.

—Sua irmã não tem culpa de ser filha de um psicopata.-O herói acabou com o olhar no porta-retratos sobre a mesa do cantinho do café. Era uma foto de família.-Ela também não tem culpa alguma do efeito colateral de amor e super-proteção.

—Sentimentos bons tem efeito colateral agora?

—Sim, filho... Eles sempre vem acompanhados de um sentimento destrutivo: ciúme. Que é para o corpo e a mente o mais perigoso veneno.