EnGraçadinha escrita por Sweet Madness


Capítulo 8
Ciúme Contracena




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Bruce acordou agitado, suado e com o coração disparado.

Essa cena estava se tornando comum demais.

Gotham estava em paz demais para o Cavaleiro das Trevas. Então ele tinha crises de ansiedade praticamente diárias agora.

E como sempre a porta se abria e logo olhos bicolores estavam próximos, e as mãos delicadas afastavam seus cabelos e acarinhavam seu rosto.

—Pai? Papai, está tudo bem... Respira... Eu tô aqui.

Bruce acabou sorrindo, antes de agarrar a filha, se escondendo no colo da moça, encolhido.

— Vou respirar... Prometo...

—Pode me soltar também, pai. Não vou sair correndo.

— Não acredito em você.

O impasse dos dois durou só até Bruce cair no sono outra vez. Então Daintness continuou com o cafuné até ele soltar o aperto, entrando em sono profundo.

A menina voltou para a cozinha, onde estava preparando massa de pão e outras coisas para o café da manhã.

Tomou um banho quente, vestiu uma calça jeans preta, uma camiseta roxa e prendeu os cabelos coloridos num coque, isso os fazia secar ondulados. Então fez uma cesta no capricho, passou para olhar os irmãos, deu um beijinho em Alfred e saiu da mansão.

Seu destino foi o Arkhan, e encontrou Oliver lhe esperando na recepção. O pisquiatra deu um sorriso para a amiga, e riu ao ganhar uma caixinha com uma generosa fatia de Red Velvet. Ela assinou sua entrada como visitante e foi até a Ala Sete, na companhia do mais velho.

—Quer dar os remédios dele pra mim, Ollie? Eu posso ministra-los.

— Sei que pode, Daintness... Mas eu não vou correr o risco do Diretor implicar com você e proibir suas visitas.

—Tudo bem...-A moça soltou os cabelos coloridos, dando um suspiro pesado.-Oliver... Se, em algum momento, você suspeitar que alguma fofoca sobre a Harley Queen chegou até ele... Me ligue.

—Tudo bem... Não entendi o pedido, Daintness... Mas vou acatar. Vem, vou abrir a cela.

•~~•

Coringa estava sentado na cama, olhando fixamente para a parede oposta com a mente vazia.

Sua filha não vinha vê-lo. Ele não sabia onde, como, com quem... E isso o estava corroendo. Nem mesmo seu psiquiatra tinha notícias de sua menina.

A porta se abriu e ele suspirou, ameaçando se levantar para ir até a cadeira onde tomava os remédios.

—Papai, a mesa é para o outro lado.-O vilão parou, olhou para a porta, abriu um sorriso infantil e correu para abraçar a filha.-Bom dia, papa...

—Minha graçinha... Fiquei tão preocupado...Você não veio me ver e...

— Desculpa... Estava resolvendo algumas coisas para mudar o meu curso na faculdade. Fiquei correndo Gotham inteira pra conseguir os documentos... E ainda tive um monte de encomendas pra entregar essa semana. Mas agora tudo vai voltar ao normal, e eu vou vir tooooodooos os dias. Até você cansar de mim.

—Nunca vou cansar de você. Não diga uma bobagem como essa, filha.

Os dois arrumaram a mesa e começaram a comer o café da manhã. O vilão tinha um sorriso bobo, vendo sua filha ficar com bigode de leite enquanto comia cookies.

—O que foi, papai?

— Você é tão fofa... Por que tem uma marca de mordida no seu pescoço? Essa gola alta não me engana, mocinha.

A garota ficou corada, dando uma risadinha constrangida.

—Ah, papai... Eu estava me divertindo... Só isso...

—Seu outro pai deixa?

A mocinha deu uma risada, beijando o rosto do mais velho.

—Quanto ciúme, paizinho... Não seja bobo. Por você eu teria um chip de monitoramento.

—É claro. E quatro ou cinco capangas a paisana vigiando quem chega perto de você.

—Que exagero...

—Sou seu pai, posso ser exagerado.

—Não vou discutir por isso. Aqui, eu fiz brownies. Experimenta...

Os dois curtiram a manhã juntos, até horário de visita acabar e Joker ter que tomar os remédios. Pai e filha se despediram, e Daintness pegou o rumo da Mansão Wayne.

Bruce havia proibido a filha definitivamente de morar fora. E a menina não fez muita questão de brigar por isso.

O encontrou enfezado e de braços cruzados na Bat Caverna.

—Estava no Arkhan?

—Estava.

— Não me avisou que ia?

—Não.

—Você quer ficar de castigo?

—É sério? Vai ter uma crise de ciúmes? Pai... Ninguém merece.

—Escute aqui, mocinha!

—Escute você! Pare de me tratar como se fosse sua garotinha! Que droga, Bruce!-O herói deu um passo pra trás.-Por que você tem tanto ciúme dele? Me cobra quando eu chego muito tarde do trabalho! Reclama quando eu saio pra uma festa sem te dizer onde eu vou! Briga comigo por ter dormido com algum estranho! Mas para de ter crises de ciúme por causa do Coringa! Ele é meu pai também, e por mais que não entre na sua cabeça dura... Vai ter que engolir o fato de que o pior psicopata de Gotham me amava. Dentro das possibilidades que ele tinha, Coringa me amou, cuido de mim, deixou o submundo por mim! Abandonou seu dinheiro, seu luxo, seu poder... Deixou de perseguir o Batman, que era seu passatempo preferido! Pra alguém como ele isso é uma conquista e tanto.

—E se ele girar a chavinha, Daintness? E se num acesso de loucura ele machucar, ou, pior, matar você!? O que é pra eu fazer? Matá-lo? Tortura-lo? Passar o resto dos meus dias me culpando por ter sido um pai tolerante? Porque se ele te matar parte da culpa vai ser minha!

—E você acredita mesmo que se eu morresse... Joker sofreria menos que você? Já falamos sobre isso, Bruce.-A moça deu um suspiro pesado, deixando a bandeja com lanchinhos na mesa de café.-Não é difícil ser amado quando se é um herói. É difícil conhecer o amor quando se é um vilão. Eu sou a única pessoa que o Joker conseguiu amar, além da minha avó. E hoje eu sou a única pessoa que o ama exatamente como ele é. Você tem quatro filhos, Bruce. Os quatro te amam incondicionalmente. Você realmente acha que esse jogo é justo?

A reposta do herói não veio, e Daintness resolveu que não ficaria ali. Voltou para seu quarto e foi dedicar um tempo a colorir, hidratar, lavar e secar seus cabelos, que agora estavam bem mais longos.

Então foi pintar as unhas, escolher uma roupa, fazer um penteado charmoso, uma maquiagem um pouco mais carregada, antes de montar uma nova cestinha de café e partir em sua moto para um parque natural que havia nos arredores de Gotham. Ela queria um pouco de paz.

•~~•

Bruce enrolou tudo o que pôde para responder ao chamado da Liga. Ele queria estar em casa quando Daintness voltasse. 

Mas isso não aconteceu.

Agora, reunido a Diana, Clark, Arthur e Barry, estava totalmente alheio as conversas que eles estavam tendo na sala presidencial da Wayne Interprises.

Damian havia prometido que lhe avisaria quando a irmã chegasse em casa, mas já passava da meia noite, e ele não tinha notícias da filha.

—Bruce? Aconteceu alguma coisa?

Clark foi discreto em perguntar ao colega, que balançou a cabeça negativamente, como se quisesse clarear os pensamentos.

—Discuti com a Daintness hoje de manhã. Assim que ela voltou do Arkhan.

—Ela foi visitar o pai dela?

—Como sempre.-Clark não comentou nada, mas viu como Bruce cerrou os punhos, um claro sinal de fúria mal contida.-Ela tinha parado de ir naquele lugar maldito. Tinha parado de por a vida em risco pra ver aquele desgraçado... E hoje ela resolveu sair de casa sem me avisar e passar a manhã inteira sozinha na cela daquela lunático.

—Posso ser bem sincero?-O herói relatou, antes de acabar positivamente.-Você está ficando cego pelo ciúme, Bruce. Sua filha precisa disso, e você precisa entender. Joker melhorou quando entendeu que era amado. Que tem alguém fora do Arkhan que o ama, e quer que ele volte pra casa. Pensa bem, Bruce... O que te levou a sair daquela prisão? Que te fez lutar contra todas as expectativas e obrigar sua coluna a voltar ao normal? Não foram seus filhos?-O cavaleiro negro abaixou o olhar.-Joker quer lutar contra a própria loucura para poder viver com a filha, Bruce. Em algum momento vai ter que entender.

O celular do milionário decidiu chamar, era Dicky.

Levantou da mesa com menos discrição que o normal e atendeu a chamada, nervoso.

—Tem notícias da sua irmã?

—Boa madrugada pra você também, morcegão.

—Sem piadinhas, Richard!

—Quanto mal humor... Daintness mandou perguntar se os outros não querem trazer a reunião aqui para casa, onde, segundo ela, terão uma recepção descente e mais tranquilidade para discutir.

—Diga a ela que aceitamos!

Clark e Diana falaram juntos, e foram ouvido do outro lado da linha, para o desespero do Batman.

O cavaleiro das trevas ouviu uma gargalhada sonora do filho mais velho, ante dele gritar a irmã e desligar a chamada. Merda... Não era o bastante Claro e Diana já conhecerem seus filhos? Os outros dois também iam conhecer os segredos mais preciosos do recluso Batman em alguns minutos...


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