EnGraçadinha escrita por Sweet Madness


Capítulo 10
Quem Comanda o Picadeiro




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Damian se sentia tonto.

Desde que a irmã foi embora, sem dizer onde iria, quando voltaria, se ficaria bem... O menino não interagia.

Se trancou na torre dos Jovens Titãs. Ele ainda não tinha afinidade com os demais, mas não suportava ficar na mansão.

Em alguns fins de semana, onde o mundo ficava estranhamente em paz, ele voltava até a Wayne Manor, e se deitava na cama da mais velha. Já não ligava que Dicky o pegasse agarrado ao travesseiro dela. Mais de uma vez, o mais velho dos irmãos Wayne havia feito pipoca para se deitar ali, junto do caçula, e aproveitarem o silêncio.

Mas ele não conseguia entender porquê estava tonto. Não sabia se era uma pancada na cabeça, se era uma droga ou outra toxina... Ele não lembrava de mais nada, além de ter ido para a cama na noite anterior.

— Não devia ter deixado você ir morar com seu pai, Damian. Que decepção.-A voz feminina fez um arrepio de puro horror percorrer a espinha do garoto.-Os rapazes vão dar um jeito de endurecer você enquanto eu estiver fora. Virou só mais um moleque molenga de 15 anos. Que decepção...

•~~•

Dicky estava prestes a sair de casa quando ouviu o motor da moto. Os cabelos coloridos, agora apenas em tons de roxo, verde e azul, de sua irmã ricocheteavam.

A moça desceu da moto e arrancou o capacete. Ali Dicky soube que algo estava prestes a acontecer.

—Onde está meu irmão caçula?

—Bom te ver também, peste.

Jason foi parar na parede, e a mais nova o olhava com tanto desprezo que Bruce chegou a dar um passo pra trás.

—Onde... Está... Meu irmão... Caçula..?

A pergunta veio entredentes, rosnada e ameaçadora. Dicky tocou o ombro da irmã com cuidado.

—Ao que parece... Thalia Al'Ghul levou nosso baixinho. Estamos prestes a procurar por ela e se quiser po...

—Ficar na mansão enquanto procuramos.

O lado protetor de Bruce falou anos alto, impedindo Dicky de convidar Daintness a ajudar a encontrar Damian.

Os olhos bicolores ficaram toda a raiva no herói, que quase deu mais um passo pra trás.

—Se quiser aquela vadia viva, Bruce...-Um sorriso maldoso, macabro, tomou o rosto da mulher. E isso fez os três engolirem em seco.-Sugiro que a encontre antes de mim. Ninguém toca no meu irmãozinho. Ninguém.

•~~•

Blackout.

Todos que estavam no armazém tiveram um minuto de breu absoluto.

Thalia foi a primeira acordar.

Estava acorrentada ao teto. Totalmente imobilizada.

Com certeza não era uma situação comum à filha de Haz Al'Ghul. Acostumar as estar no controle de absolutamente tudo, não podia mover seu dedo mindinho.

Havia um monitor em sua frente. Estava ligado, mas a imagem era negra.

Aos poucos, vídeos apareciam na tela. Seus homens estavam presos em armadilhas macabras.

Só pelo caminhar da câmera, ela via em detalhes que permitiam que advinhasse como aquelas armadilhas iam terminar.

Aos poucos, ela assistia frame a frame, de instruções macabras e funcionamento das máquinas.

Costelas arrancadas, pedaços decepados, crânios despedaçados... Seus homens tendo que sacrificar membros inteiros para tentarem sobreviver, apenas para descobrir que estavam envenenados...

A voz que falava ao fundo dos vídeos era feminina, bastante rouca, e ela tinha a impressão de que conhecia de algum lugar.

As amarras se contorceram como serpentes, a soltando. Assim que Thalia se estatelou no chão, um novo vídeo apareceu. Uma mulher, inteira vestida em courinho vinho, surgiu. Quando ela levantou o rosto, e apenas um de seus olhos brilhava sob o capuz, um olho verde-menta, ela soube de onde a conhecia.

—Olá, Thalia. Espero que ainda de lembre de mim. Você roubou uma coisa que é minha... Lamento, querida, mas a rainha do submundo de Gotham não costuma ser muito tolerante. Por que não vem até a mansão? Você tem quarenta minutos antes de sufocar com o veneno.-Ela se levantou da poltrona negra.-Te vejo em breve, depois que eu cuidar e mimar meu irmão como ele merece.

O grito de pura fúria foi ouvido do lado de fora do Armazém, onde Batman, Superman, Wonder Woman e Flash esperavam Aquaman descer da motocicleta.

•~~•

Damian sentiu alguém acariciar seu peito. Era um toque tão diferente do que teve nas últimas horas, que ele quase se agarrou a dona daquele toque tão suave.

—Acorde, meu amor... A mana fez um caldo tão gostoso pra você... Vamos...

— Não... Você não é real... Ela me roubou...  E o papai não vai me resgatar.

—Abra os olhos, príncipe.-A moça sentiu os olhos marejarem, e se abaixou para beijar o rosto do caçula. Dicky assistia do batente da porta, também sentindo o coração apertar.-Olhe pra mim, meu amor. A mana está aqui, eu vou te proteger pra sempre.

Ainda meio duvidoso, o rapaz obedeceu. Os olhos negros ficaram abarrotados de lágrimas quando encontraram os bicolores da maia velha. Damian se jogou no colo dela, chorando de medo, dor e angústia, sentido como ela fazia carinhos gostosos em suas costas maltratadas.

—Mana... Mana... Mana...

— Eu sei que está com medo... Pode chorar, príncipe... Você está seguro.

Daintness esperou o caçula colocar pra fora tudo o que ele estava sentindo de ruim. Então o levou para o banho e depois para a sala de jantar. Dicky se aproximou sem o caçula ver, aproveitando que ele estava sem os aparelhos auditivos, e chamou a atenção da irmã.

—Estão entrando na Batcaverna...

—Fique e cuide do Damian até eu voltar.-Ela tirou a pistola automática do cós da calça, e suspirou ao ver o 9lhar do mais velho.-Amo a nossa família, Dicky... Mas vocês não podem se esquecer de que eu sou a filha do Príncipe do Crime de Gotham.

Dicky beijou a testa da irmã, antes de abraça-la.

—Você é minha irmãzinha. Minha menina linda de olhos pidões e sorriso gentil. Que se foda de onde vem seu sangue.

Daintness sorriu, passou os dedos pelo cabelo do irmão caçula e se dirigiu para a Batacaverna, vendo Dicky se acomodar junto do mais novo.

O som dos coturno descendo as escadas fez Bruce e Thalia ficarem tensos. Clark, Diana, Barry e Arthur ainda estavam sem entender o que, exatamente, estava acontecendo.

O rei de Atlântida pensou em dar um sorriso engraçadinho para a mulher de cabelos coloridos, mas a frieza e a insanidade estampadas no rosto dela o impediram, e o fizeram ficar com um pé atrás.

—Finalmente, Thalia. Seus quarenta minutos estão á três de se esgotar.-A mulher caiu de joelhos, desesperada.-Que linda cena, a filha de Haz Al'Ghul prestes a implorar por sua vida miserável logo após chamar meu irmão, que não expressou dor alguma, de fraco... Ai Ai...- Ela balançou a pistola de um lado a outro, como se fosse um brinquedo.-Que decepção... Você e sua liga das sombras não são nada além de mitos e fama.

—Você é louca!

— Não.-Tosos viram a menina sumir numa nuvem de fumaça negra. E de repente surgir com a mão no pescoço de Thalia, e com o cano da arma pressionado no olho esquerdo aberto da mesma, praticamente esmagando sua córnea.-Eu sou a encarnação da loucura. Ou acha que meu pai escolheu meu nome apenas como mais uma de suas piadinha malvadas?

—Daintness, abaixe a arma.-A voz de Bruce saiu dura, mas Clark ouviu como o coração do herói acelerou desde que viu a filha entrar na Batcaverna. Sabia que os dois não se falavam há um tempo. Mas o olhar de desprezo da moça fez o coração dele falhar uma batida.-Por favor, filha...

— Não faz diferença alguma eu atirar ou não. Ela vai morrer, e eu não me importo.

—A instrução era achar você!

—Você achou, parabéns. Eu disse pra você vir buscar o antídoto. Não que eu ia dá-lo a você.-A arma disparou, e a bala se instalou no fêmur direito de Thalia, que deu um berro pela surpresa.-Suba e peça perdão ao meu irmão. Se conseguir fazê-lo te perdoar em um minuto e quarenta segundos te dou o antídoto.

—O que...

—Trinta e nove, trinta e oito, trinta e sete... Eu acho que você não quer viver.

A mulher passou a se arrastar até as escadas que levavam da garagem ao Computador Central, enquanto Daintness mantinha um sorriso macabro no rosto. Bruce acabou agarrando o braço da filha.

—Pare com isso!

—Parar com o que? Você fez alguma coisa quando soube que ela sequestrou meu irmão? Você pode apagar todo o terrorismo que ela fez com ele nessas quinze horas que o teve em seu poder? Você pode fazer as marcas que fizeram nele desaparecerem um passo de mágica?-A cada pergunta, a voz saía mais furiosa, entre os dentes apertados.-As regras do jogo são claras, Bruce. Não toque na minha família, e vai viver em paz. E a sua vadia ex-amante tocou justamente no meu irmãozinho... Que erro primário.-Com um puxão ela se soltou do herói, e se dirigiu até as escadas. Thalia estava começando a sufocar pelo envenenamento. Então Daintness, ao passar por ela, apenas atirou em seu crânio, sabendo que a bala havia atravessado o olho como ela queria.-Não subam de uniforme. Estão do ando cada vez menos discretos com suas identidades secretas.

—Daintness Wayne!

—Daintness Quinzel Kerr.-Ela voltou o olhar para o Cavaleiro das Trevas. Seu olho verde brilhava de forma sobrenatural e sombria.-E nunca mais esqueça disso. Sou eu quem dita as regras do picadeiro enquanto Joker estiver no Arkhan. O submundo de Gotham estão precisando de algumas... Reformas.


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