One in a Million escrita por sayuri1468


Capítulo 3
One in a million




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“Ok, quantas músicas você tem?”, perguntou Gerald para Helga.

 

A reunião no quarto de Arnold estava a todo a vapor. Phoebe e Gerald estavam traçando atrações para show. Rhonda foi cotada para fazer um desfile de moda, Stink poderia tocar com sua banda, da qual Sid e Curly faziam parte. Gerald poderia tocar piano enquanto Arnold cantaria, afinal, já haviam feito esse dueto antes. Lila poderia fazer uma leitura dramática. Mas obviamente, Helga deveria ter mais apresentações, na opinião tanto de Gerald quanto de Phoebe. Por isso, era importante ter noção de quantas músicas ela poderia apresentar.

 

“Eu tenho umas 26 composições prontas!”, anunciou a garota num misto de orgulho com timidez.

 

Arnold, Gerald e Phoebe ficaram boquiabertos.

 

“Ok…”, Gerald vira para Phoebe “Quanto tempo teríamos?”

 

“Por volta de duas horas de show!”, falou após fazer algumas contas.

 

Todos sorriram satisfeitos com a resposta de Phoebe.

“Acho que é o suficiente! Temos nosso show!”, anunciou Gerald.

 

“Segunda conversamos com cada um na escola”, falou Arnold empolgado.

 

“Parece que vamos conseguir salvar a PS 118 afinal!”, concluiu Phoebe com certa alegria.

 

“Sorvete para celebrar?”, ofereceu Helga.

 

Gerald e Phoebe , prestes a aceitar ao mesmo tempo, se encararam. De repente, o acordo onde iriam se ignorar sempre que possível, veio à tona.

 

“Valeu, mas eu preciso voltar pra casa…”, falou o garoto.

 

“É, eu também! Combinei de sair com a minha família!”

 

Phoebe pegou sua mochila.

 

“Vejo vocês na segunda!”, falou a garota e saiu.

 

Gerald esperou um tempo, enrolando para guardar as coisas em sua mochila. Provavelmente para dar tempo de Phoebe sair primeiro, assim concluiu Helga.

 

“Gerald, não quer mesmo o sorvete?”, perguntou Arnold

 

“Não, cara, mas valeu!”, respondeu sem denunciar nenhum tipo de emoção.”A gente se fala depois!” Tchau Pataki!”

 

“Até, cabelo de poste!”, Helga falou tentando amenizar o clima.

 

Gerald deu um meio sorriso para Helga, e foi embora, deixando Arnold e Helga sozinhos.

 

“Hey, Arnold...você poderia me contar o que houve com eles?”, perguntou Helga repentinamente.

 

“A Phoebe não te contou?”

 

Helga fez que não com a cabeça.

 

“Phoebe é muito reservada! Ela nunca me conta quando tem algum problema, mesmo que esteja correndo risco!”, falou Helga se lembrando de quando Phoebe sofreu bullying das garotas da sexta série, e não pediu ajuda a ela.

 

“Bom, acho que não tem problema você saber, é de conhecimento geral…”, falou Arnold meio sem graça. “Phoebe e Gerald namoraram por muito tempo depois que...bom, você foi embora. Eles estavam juntos até ano passado. Só que depois que Gerald entrou pro time de basquete da escola, ele começou a chamar atenção das meninas. E o Jamie O, irmão do Gerald, meio que fez a cabeça dele, dizendo que ele tinha que aproveitar a vida, conhecer outras garotas e tal.”

 

“Que babaca!”, falou Helga.

 

“Sim, eu também disse isso pro Gerald! Mas esses comentários do Jamie O se mesclaram com o fato de que tanto Gerald quanto Phoebe quase não se viam mais. A Phoebe estava fazendo várias atividades extracurriculares, e Gerald sempre que tentava vê-la, não conseguia! Então, eles terminaram!”

 

“Mas só terminar um namoro não é motivo pra eles não se falarem!”.

 

“É que outra coisa aconteceu...Durante uma festa da Rhonda, Gerald meio que ficou com outra garota. Ele nunca imaginou que Phoebe iria para a festa, por que ela nunca ia. Mas naquele ano, ela foi. E viu. Fazia só três dias que eles tinham terminado!”

 

“Nossa senhora, hein! O cabelo de poste pisou na bola legal!”.

 

“É, e ele sabe disso. Mas durante a festa, Phoebe e ele brigaram feio, na frente de todo mundo. Daí, desde então, eles se ignoram!”

 

Helga ficou pensativa. Imaginou o quanto isso não magoou a amiga. Por que Phoebe não a havia procurado? Por que Phoebe não lhe contou? Helga sabia que era péssima para dar conselhos, mas pelo menos, poderia ouvir as reclamações, xingar Gerald junto com ela.

 

“Parece que o sorvete vai ter que ficar pra outro dia!”.

 

O comentário de Arnold fez Helga despertar dos seus pensamentos e olhar para a janela. Uma grande nuvem cinzenta e uma chuva torrencial tomou conta da paisagem.

 

“Caramba!”, falou a garota levemente surpresa com a repentina mudança no clima.

 

“Quer fazer alguma coisa, enquanto...espera a chuva passar?”, perguntou Arnold encabulado.

 

“Tipo o que?”

 

“Ah, um filme?”

 

Mas mal o garoto ofereceu, e as luzes se apagaram. Provavelmente uma queda de energia por conta da chuva.

 

Helga riu sem querer.

 

“A ideia é ótima, cabeça de bigorna, mas vai ter que pensar em outra!”

 

Arnold olhou em volta do quarto. De repente, uma ideia veio em sua cabeça.

 

“Que tal você cantar uma música?”, pediu o garoto apontando para o violão de Helga.

 

“Desculpe, mas eu cobro por shows particulares!”, brincou Helga.

 

Arnold pensou.

 

“Eu tenho sorvete no congelador!”, ofereceu.

 

“Ok, eu aceito esse cachê!”, falou.

 

Arnold sorriu e desceu a escadarias, deixando Helga sozinha no quarto.

 

Helga sabia que aquela seria a ocasião perfeita para finalmente abrir seu coração para Arnold. Era hora dela lhe contar toda a verdade sobre seu desaparecimento.

 

Arnold voltou cinco minutos depois, com duas taças de sorvete. Ele entregou uma para Helga.

 

“Obrigada, cabeça de bigorna!”

 

Helga tomou uma colherada do sorvete, depois o depositou na mesa do garoto. Foi até o chão, pegou o violão e o afinou.

 

“O que você vai cantar?”, perguntou Arnold tomando outra colher de sorvete.

 

“Uma música que fiz para alguém muito especial e querido para mim!”, respondeu.

 

Arnold sentiu seu coração acelerar. Desejou ardentemente que fosse ele, que aquela canção fosse pra ele.

 

Helga iniciou. (pra quem quiser acompanhar: https://www.youtube.com/watch?v=2Zh9fmsJPBs)

 

In the crowd you're the only face that I see

You're the only voice that I hear

The only one that I need

Oh nanana

When I'm underground

You're the only light that I see

You're the only air that I breathe

Oh, my heart beats for you

I just wanna say you enlighten my day

You make me feel right in so many ways

Oh the only fish in the sea

Together we're in harmony

The one thing that I need, is just you and me

Cause you're my missing puzzle piece

Luckier than winning the lottery

Oh you're one in a million, one in a million to me

Oh oh, one a million to me, oh oh

Nobody else can make me feel like you do

The way you make my heart move, move

Ooh, I'll give my all to you

You shine bright like the only star in the night

You make my only wish come true

Ooh, when you pass my by

I just wanna say you enlighten my day

You make me feel right in so many ways

Oh the only fish in the sea

Together we're in harmony

The one thing that I need, is just you and me

Cause you're my missing puzzle piece

Luckier than winning the lottery

Oh you're one in a million, one in a million to me

Oh oh, one a million to me, oh oh

I never knew about love until I met you

I never knew about love until I found you

I never knew about love until I met you

I never knew about love until I found you

The one thing that I need, is just you and me

Cause you're my missing puzzle piece

Luckier than winning the lottery

Oh you're one in a million, one in a million to me

Oh oh, one a million to me, oh oh



Quando Helga terminou e repousou o violão ao seu lado. Arnold novamente a encarava, sem saber o que dizer, e os dois ficaram em um silêncio profundo. Mas não era um silêncio incômodo. Era um silêncio em que parecia que tudo que não podia ser dito em voz alta estava sendo falado.

 

Porém, esse silêncio foi interrompido pelo celular de Helga.

 

Tanto Helga quando Arnold sentiram o coração saltar pelo susto. Helga, respirou fundo, se recompondo, e atendeu.

 

“Oi!...Não, tá tudo bem!...É, eu sei!...Pode deixar, eu...posso dormir aqui!”. Nessa hora ela olhou de lado para Arnold com o rosto avermelhado. “Eu vou ficar bem!...Ok, pode deixar...Até!”

 

Helga desligou seu celular.

 

“Era a Miriam!”, anunciou, “Está preocupada por causa do horário e da chuva!”

 

Arnold olhou pela janela e percebeu que a chuva continuava caindo incessantemente.

 

“Você pode dormir aqui, sem problemas!”, falou Arnold.

 

“Ah, eu não quero incomodar, Arnold! Só falei isso pra ela não ficar preocupada!”

 

“Mas não vai incomodar!”, falou subitamente, “Fique! Eu quero que você fique!”.

 

O tom decidido no qual falou isso fez tanto Arnold quanto Helga ruborizarem violentamente.

 

“Eu não trouxe nenhum pijama!”, falou.

 

“Eu te empresto uma camisa e um short!”

 

Imediatamente Arnold foi até o armário e entregou algumas roupas e uma toalha para Helga.

Helga, muito sem graça, aceitou e desceu até o banheiro.

 

Arnold sentia o coração bater em excitação. Helga passaria a noite em sua casa. Imediatamente, ele arrumou todo o quarto. Preparou o sofá para que ele pudesse dormir, já que, claramente, Helga dormiria em sua cama.

 

Enquanto Arnold olhava em volta, vendo se havia mais alguma coisa para arrumar, Helga voltou. Ela estava usando uma de suas camisas xadrez vermelha e um short preto, que normalmente é largo, mas a garota dobrou a barra para ficar mais confortável.

 

Arnold sentiu a respiração sumir ao ver Helga assim. Não sabia por que, mas estava com uma vontade enorme de abraçá-la.

 

“E...eu arrumei...a cama pra você!”, falou o garoto com o rosto todo vermelho.

 

“Obrigada, Arnold!”, falou Helga se deitando.

 

Arnold deitou no sofá e bateu as palmas, apagando a luz.

 

Os dois ficaram um tempo no silêncio da escuridão.

 

Arnold não conseguia parar de pensar: que diachos estava acontecendo com ele? Pensou. Por que Helga lhe era tão irrestítivel? Por que ele sentia essa urgência em ficar perto da garota? Eles não se viam há seis anos! Não é como se ela ainda fosse apaixonada por ele ou algo parecido. Nem ele por ela, não é? Ele namorou outra pessoa por muito tempo. Ele esqueceu dela. Não esqueceu? Por que raios, Helga Geraldine Pataki estava mexendo tanto com ele desde que voltara?

 

“Arnold…”, chamou Helga, tirando Arnold de seus pensamentos.

 

“O que foi, Helga?’, perguntou o garoto, sentindo a respiração pesar.

 

“Você pode vir aqui?”, pediu a garota, referindo-se a cama na qual ela estava deitada.

 

Arnold engoliu em seco. Ele levantou-se do sofá, dirigiu-se até a cama e deitou-se ao lado de Helga.

 

Helga estava virada para Arnold, e o garoto pode notar o rosto corado da amiga. De repente, ela pegou na mão de Arnold. O garoto sentiu sua respiração acelerar.

 

“Quando voltamos da viagem de San Lorenzo, eu nem podia acreditar que eu estava namorando meu adorado cabeça de bigorna! Saber que, de alguma forma, você correspondia meus sentimentos era mais do que eu podia pedir!”. Aproveitando o silêncio de Arnold, Helga iniciou um monólogo.

 

“Você é uma das poucas pessoas que sabe do problema de alcoolismo da minha mãe! Bom, só você e Phoebe sabem, na verdade!”

 

Arnold sentiu o coração parar. Helga finalmente estava contando para ele tudo o que havia acontecido seis anos atrás.

 

“Enquanto você estava em San Lorenzo, minha mãe teve...uma crise. Eu voltei de um passeio com a Phoebe, o Big Bob estava na loja, então, minha mãe estava sozinha em casa. Quando entrei, chamei pela minha mãe e ela não me respondeu. Achei que ela estivesse dormindo atrás do sofá, como sempre fazia, mas na verdade, ela estava...bom...ela estava no quarto dela, com...várias caixas de remédio vazio em volta dela.”

 

Arnold sentiu a mão de Helga apertar a dele.

 

“Eu me desesperei. Eu não tinha ideia do que aquilo significava, mas eu sabia que era alguma coisa ruim. Eu agi por instinto. Virei ela e a fiz vomitar. Liguei pro meu pai e pedi socorro! Meu pai nunca tinha atendido a uma mensagem tão rápido! Levamos juntos minha mãe no hospital e ela se recuperou. Mas meu pai não!”

 

Agora, foi a vez de Arnold apertar forte a mão da amiga. Jamais imaginou que ela teria passado por isso, e ouvir esse relato, sabendo que não estava lá para ajudá-la, fez o garoto se sentir extremamente impotente.

 

“Minha mãe foi diagnosticada com depressão profunda, e precisava de tratamento. Meu pai não queria que ela se tratasse aqui. Ficou traumatizado com a nossa antiga casa. Por isso, nós mudamos tão rápido. Ele não queria nunca mais pôr os pés lá!”

 

“A Dra. Blissey, que me tratava aqui em Hillwood, recomendou que nós três fizemos tratamento.Minha nova terapeuta gostava de colocar arte como forma de expressão, e por isso, aprendi a tocar violão, para mudar minha forma de expor meus sentimentos…”

 

“Durante todo o tratamento da minha mãe, meu pai e eu nos revezamos para cuidar dela! Era um tratamento caro, por isso, ele vendeu a loja para um indiano que já estava interessado havia tempo!”

 

“Eu queria muito ter te contado tudo! Ter escrito e telefonado! Eu senti muito a sua falta, Arnoldo, de verdade! Mas o Bob pediu para que eu não contasse a ninguém naquele momento! Ele não queria expor a minha mãe! E também...eu tive medo...eu tive medo de que se eu contasse, você se importasse e largasse sua vida aqui pra me ajudar...e tive medo de que se eu contasse, você não fizesse isso!”

 

Arnold arregalou os olhos com essa afirmação.

 

“Eu queria que você viesse, mas tinha medo de que não viesse! Mas também, não queria que você largasse suas coisas aqui!”

 

“Helga...eu…”, começou Arnold, mas Helga interrompeu.

 

“Quando a terapeuta do meu pai disse que devíamos voltar pra Hillwood, meu coração pulou de tanta alegria! Eu sabia que, mesmo que você me odiasse, eu pelo menos poderia te ver de novo! Eu queria muito te ver de novo, cabeça de bigorna!”, acrescentou a garota.

 

Nesse momento, Arnold não soube bem o que o levou a fazer o que fez. Mas, sem nem pensar duas vezes, Arnold se aproximou do rosto de Helga e a beijou.

 

Helga, apesar de surpresa, retribuiu o beijo.

 

Arnold pressionava seus lábios nos lábios de Helga, e deslizava por eles em um gesto gentil. Era um beijo carinhoso.

 

Quando se separaram, Helga e Arnold se encararam,

 

“Tudo o que eu queria, era te ver de novo, Helga!”, falou Arnold, apertando a mão da amiga.

 

Helga sorriu.

 

“Pode dormir aqui comigo, hoje?”, perguntou a garota.

 

Arnold a beijou novamente nos lábios.

 

“Com certeza!”, falou quando se separaram.

 

Arnold apertou a mão de Helga, repousando sua cabeça próxima a dela.

 

"Obrigada, cabeça de bigorna!"

 

"De nada, laço rosa!"

 

E assim, sentindo baixinho a respiração um do outro, os dois dormiram de mãos dadas.

 


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