— Sinto muito, ministro! - Harry começou a dizer já se levantando da cadeira - Mas eu não poderei ir a essa missão...

— Como? - O ministro perguntou levemente irritado pela audácia do jovem auror chefe

— Eu não sei se o senhor sabe, mas me separei por um período da minha esposa... - ele começou e fez um aceno com a mão para que o ministro voltasse a se sentar - Há 4 meses descobri que seria pai novamente e bem antes disso, fiz uma promessa para mim mesmo de que seria mais presente na vida do meu pequeno James. Tenho certeza de que se lembra dele. - Harry disse se lembrando do dia em que o ministro foi dar-lhe uma missão e ele estava em seu escritório com o pequeno bebê ressonando em seus braços.

FLASHBACK ON

— Quem é o amor da vida do papai?? - ele perguntava ao filho imitando uma voz de criança

— Jay! - o filho respondia com uma vozinha fofa

Harry estava mais uma vez com Jay e não reclamava disso. Queria mesmo recuperar o tempo perdido, então quando sentia saudades do filho, ou ligava para Gina pedindo que ela o deixasse lá antes de ir pro treino, ou ia busca-lo na T'oca e mandava apenas uma mensagem pra mãe do pequeno só para avisar.

— Tenho uma missão nova para você! - o ministro informou adentrando na sala e só então quando olhou para Harry foi que viu um menininho em seu colo - É seu filho? - questionou sorrindo

—É sim! Eu voltei da ultima missão com saudade dele e bem... quis ficar com ele um pouco - disse se explicando, achando que levaria uma bronca pelo pequeno estar ali

—Não tem problema. Eu entendo muito bem! - disse o ministro colocando os papeis com os detalhes da missão na mesa de Harry - Em três dias quero que sua equipe vá resolver isso... - falou já se dirigindo novamente a porta - Ele é sua cara. - o ministro se virou para falar - A não ser pelos olhos...

—Ele herdou os olhos da mãe! - Harry explicou sorrindo

FLASHBACK OFF

— Claro me lembro! - o ministro respondeu

— Então... O motivo do meu rompimento com Gina, foi justamente porque eu não era presente na vida dela e de James, por causa das missões. - o moreno falou e viu o ministro franzir o cenho - Não estou insatisfeito com meu trabalho. É bem pelo contrario, eu amo o que faço. Me sinto mais útil depois de tantas mortes que vivenciei desde que era pequeno. - ele explicou - Mas, eu falo agora por mim... Não quero ser um pai ausente para esse bebê que vai chegar. Eu quero estar ao lado de Gina antes, durante e depois o nascimento do meu novo filho. Espero que possa me entender... - Harry disse meio sem jeito, mas com esperança de que o tal senhor entendesse

— Sabe, Harry... Eu o admiro por isso. - o velhote disse - Você é corajoso, meu rapaz. Agora eu entendo o que Alvo via em você desde que era garotinho. Você é especial, Harry. E jamais deixe que alguém diga ao contrario ou que lhe jogue na cara as mortes daquela batalha, pois elas não foram sua culpa. Você foi apenas mais um instrumento de Voldemort, assim como vários do mundo bruxo. - aquilo reconfortou Harry de uma forma inexplicável - Eu sou pai e lhe entendo muito bem, meu rapaz. - ele parecia ser sincero, aos olhos do moreno, que estava sentado de frente para o velho - Então exatamente por isso, que estou te dando folga. Sei que sua esposa está prestes a completar 9 meses. Vá lá e cuide dela. Tenho certeza de que o Sr. Malfoy e o Sr. Weasley cuidaram muito bem do seu departamento em sua ausência. - o moreno acabara de receber a melhor noticia do mundo e sorria de orelha a orelha - Eu vi o quanto ficou perdido com a separação periódica, então por aí eu tiro o quanto sua esposa lhe faz bem. Por isso, não a deixe nesse momento. Você tem toda razão e teve uma ótima postura hoje perante a mim.

— Muito obrigada! - foi a única coisa que o moreno conseguiu dizer antes de tocar a maçaneta da porta, já pronto para sair e avisar aos amigos que eles lhe substituiriam

— Alvo teria um grande orgulho de você hoje, Harry! Tenha certeza disso! - Harry ouviu aquelas palavras sem nem sequer virar para encarar o ministro e apenas com um sorriso no rosto, por se lembrar do tão querido Alvo Dumbleodore, o homem de quem Gina tinha tirado espiração para escolher o nome do mais novo Potter.

Harry saiu da sala do seu chefe superior totalmente radiante. Ele agora se sentia completo novamente. Se sentia um novo homem. Recuperou, há umas semanas a esposa e o filho, que retornaram a morar com ele e ele agora fazia de tudo para ou chegar cedo e passar mais tempo com os dois, ou surpreender a esposa. E agora, ele teria folga até seu filho completar um mês. Tudo bem que ele queria estar com o novo bebê até ele completar um ano, mas não podia abusar da sorte.

— Vocês não vão acreditar! - disse um Harry sorridente entrando na sala de Rony e Draco e contagiou os dois

— O que foi? - Draco perguntou

— Adivinhe! - Harry disse

— Fala logo testa rachada! - Ron estava impaciente, mas todos riram do comentário

— Apelido novo, Harry? - Astória perguntou entrando junto com Hermione e ambas riram

— Calem a boca, ele estava prestes a nos contar algo importante. - Ron disse e Hermione o lançou um olhar mortal. Hermione sempre odiou que a mandassem calar a boca. - Desculpa, amor! - ele disse e todos riram mais da cara de medo do amigo

— Fala logo, Harry! - foi a vez de Draco ficar impaciente - Tem haver com a sua reunião com o ministro? - quis saber e Harry confirmou acenando com a cabeça

— Peguei folga! - ele disse animado e os amigos olharam ele meio que sem entender - Isso é uma coisa boa, sabiam? Vocês podiam ficar feliz por mim... - Harry pediu

— Nós estamos, só não entendemos o porque disso agora! - Ron foi o primeiro a se manifestar

— A gente sabe que você trabalha como um louco e que merece um descanso! - Draco completou e todos viram Hermione revirar os olhos, o que indicava que ela já tinha entendido tudo

— Vocês não veem que é por causa disso? - Astória disse

— Não só por isso... - Hermione finalmente falou, olhando para as próprias unhas - Justamente porque trabalha que nem um louco, da ultima vez Harry perdeu quase tudo da vida de James...

— Obrigada, Hermione! - Harry disse irônico por ouvir a amiga tocar naquele assunto de novo

— Ah Harry! Supera! Você sabe bem que isso é verdade! E se eu te conheço bem, o ministro te jogou outra missão, uma missão grande e você se negou... - ela disse e o moreno se calou, mostrando que ela estava certa e todos os demais presentes abriram a boca, pois Harry nunca recusava missões - Negou justamente porque quer estar perto de Gina e de Al quando ele nascer. Estou certa? - mais uma ver Hermione provando que talvez fosse uma vidente secreta

— Está sim! - Harry só pode confirmar e se sentou em uma cadeira ali perto de Rony. -Quero estar presente dessa vez! - confessou - Hoje vejo o quanto perdi da vida de James e não quero repetir o mesmo erro com Alvo!

— Espera! - Rony tomou a atenção de todos - Então a missão será delegada ao departamento de aurores de algum outro país? - quis saber

— Não! - Harry disse simplesmente

— NÃO? - Ron e Draco gritaram, mas ainda foi possível ouvir o toque do celular de Hermione

— Vocês que assumirão, juntos, as missões daqui pra frente! - Harry falara

Enquanto os três discutiam esse fato, Hermione pegou o celular e pode ver no visor que a chamada era de Gina e que já tinha perdido umas 7 ligações da amiga. Virou-se então de costas...

— Oi Gi! - falou baixinho, mas Asty ainda conseguiu ouvir e chegou junto da amiga

— Finalmente você atendeu, Mione! - Gina disse um pouco ofegante

— Algo aconteceu? - perguntou, ainda em tom baixo, bem alarmada

— Harry está com você? - a ruiva questionou e Hermione respondeu apenas um "Aham, porque?" - Preciso dele urgente, Mi!

— Me fala o que aconteceu1 - Hermione pediu ficando aflita - Você está passando mal?

— Hermione... - Gina suplicou do outro lado da ligação e Hermione virou para falar com Harry, mas ele já tinha se levantado com uma mão no colar, que brilhava, e a outra já alcançando a maçaneta.

— Já estou indo! - ele disse antes de bater a porta com tudo atrás de si e deixar todos petrificados

Ele aparatou nos jardins da casa e com um único feitiço, destrancou a porta, adentrando correndo, logo em seguida. Correu escadas a cima, a procura da esposa.

— Amor! - ele chamou assim que abriu com tudo a porta do quarto onde dormia com ela e foi então que a viu na cama.

Gina estava encostada na cabeceira da cama de casal, no meio da cama. Ela chorava e tremia ao mesmo tempo em que reclamava de uma dor leve dentro de si.

— Harry! - exclamou assim que sentiu ele a abraçar - Desculpe amor! - ela dizia chorando - Me desculpe! - pediu antes de soltar um gemido de dor

— Vem, Gi! Vou te levar ao St Mungos! - ele falou já a pegando nos braços

— Não! - ela impediu - Só fique comigo! Preciso me acalmar. Foi só mais um pesadelo! - explicou e então ele entendeu

Harry retirou os sapatos e subiu na cama, encaixando a esposa entre suas pernas, exatamente do jeito como tinha feito quando ela chegou no escritório reclamando da mesma dor.

Nem ele, e nem ela, sabem ao certo por quanto tempo ficaram daquele jeito. Ele notou que aos poucos ela foi se acalmando e a sua respiração passou de ofegante para tranquila.

— Quer me contar o que sonhou? - ele quis saber e ela respirou fundo, o que ele entendeu como se fosse um "não" - Se não quiser, não tem problema- falou compreensível, mas ela se afastou devagar dele

— Já está na hora de você saber mesmo... - ela começou

— Do que você está falando, Gin? - quis saber preocupado

— Do que Cho Chang aprontou comigo naquele ano em Hogwarts... - ela falou e ele empalideceu.

O que será que tinha acontecido de tão ruim?

FLASHBACK ON (VISÃO DA GINA)

Eu estava finalmente saindo daquela enfermaria. O lugar onde eu havia passado os últimos dias por uma simples queda da vassoura. Ou melhor, uma simples queda que me ocasionou a perda de um filho. Um filho meu e do amor da minha vida.

Naquele momento, eu não sentia fome, não sentia cede, não sentia nada. Apenas queria deitar e ficar enfiada em minhas cobertas pro resto da vida. Eu não tinha a mínima vontade de viver.

Estava em um momento da minha vida, que foi o meu inferno pessoal. Harry partira em busca aquelas merdas de Horcruxes e me deixou sozinha. Eu sentia raiva dele. Raiva por ele ser tão nobre. Por ele pensar apenas em todos ao redor e não nele. Ele levou consigo o meu irmão e Hermione, mas não podia me levar. Não podia, pois segundo ele... "É arriscado demais, Gi. Você sabe o que Voldemort faria com você se soubesse da nossa relação?".

Como se não bastasse estar longe do amor da minha vida, eu ouvia constantes gracinhas vindas da vaca da Cho Chang. Uma sirigaita com quem Harry se engraçou antes de mim. Ela me provocava varias vezes dizendo que Harry me deixou para trás e que a esse ponto, estava provavelmente se agarrando com qualquer uma que não fosse eu. E porque? Porque, segundo ela, eu era apenas uma Weasley. Uma diversão na vida dele. Aquela que ele usou e jogou fora. Uma pobretona que ele jamais iria querer quando voltasse, ou melhor... CASO voltasse.

Aquilo me doía na alma. Me doía porque Harry foi o primeiro e único grande amor da minha vida. Amar Harry Potter foi a melhor e pior coisa que aconteceu na minha vida. Do inicio ao fim eu me doei totalmente.

Eu fantasiei, junto a ele, diversas vezes o nosso casamento e a construção da nossa família. Filhos correndo pela enorme casa. Era tudo perfeito. Uma perfeita fantasia que criávamos varias vezes. E meu sonho sempre foi ser mãe. Ser mãe de um filho do amor da minha vida então, era a realização dos meus melhores sonhos unificados em um só.

Quando imaginei, junto a ele, a noticia da minha primeira gravidez, ela nunca incluiu que logo em seguida viesse que eu havia perdido nosso filho.

Pelas noites que fiquei naquela porcaria de enfermaria, me culpei. Me culpei por não ter percebido nenhum sintoma, por estar ocupada demais pensando em Harry e não perceber que meu corpo e que eu tinha mudado, por ter insistido em jogar mesmo passando mal, por ter sido fraca, por ter perdido aquele bebê. E por todas essas noites, eu chorei em silencio, pois haviam outros doentes ali.

Sai daquela enfermaria decidida a deixar tudo para trás, ou pelo menos tentar deixar. E eu estava conseguindo até uma rapariga de olho puxado entrar no meio do meu trajeto até a torre da Grifinória.

— Olha, parece que temos uma ruivinha solitária aqui... - ela começou - Cadê seu namorado? - provocou, mas eu não podia e não iria me estressar. Tinha acabado de passar por um aborto e não poderia ter fortes emoções. - Perdeu a língua além do namorado?

— Não estou para gracinha hoje, Chang! - a ruiva respondeu tentando manter a calma

— Porque? Ouvir verdades dói? - ironizou - Acho que só não dói mais do que ser deixada né?

Foi o fim para Gina ouvir aquilo. E ali, depois de ouvir aquilo, ela não se controlou. Partiu pra cima da chinesa sem sal, que mesmo apanhando, continuava provocando Gina...

— Bata mais, quero que fique roxo até Harry voltar para que eu possa mostrar a ele que você não tem classe alguma e que não merece o amor dele! - provocou e mais uma tapa foi dada em seu rosto

— Você é uma vadia! - Gina exclamou assim que Neville a tirou de cima de Chang - Não merece ninguém ao seu lado. Tenho pena de você, Chang! - afirmou com raiva

— Faça-me o favor! - ela disse arrumando as vestes - Você devia se olhar no espelho antes de ter pena de mim! Anda definhando, em todos os sentidos, só por causa de Harry! Cai na real, ele não vai voltar pra você. Não se ele tiver um pingo de juízo. - e dizendo isso saiu

Chang tinha dito coisas horríveis a Gina e por mais que ela tentasse acreditar de que nada daquilo era verdade, as circunstancias levavam a acreditar que era tudo verdade.

— Eu não aguento mais isso, Nev! - disse se apoiando no amigo - Eu perdi o amor da minha vida para guerra e perdi um filho. É demais para mim! - desabou em choro

FLASHBACK OFF

Harry estava espantado com tudo aquilo. Ele só não sabia expressar o que mais o impressionava. Se era o fato de saber mesmo o que Gina sentiu na sua ausência e na perda do filho deles dois, ou se era as duras palavras - totalmente maldosas- que ouviu de Cho Chang.

— Eu não sei o que falar, Gin! - ele disse secando as lágrimas que ela deixou escorrer pelas duras lembranças - Me desculpe por te fazer reviver isso... - ele pediu alisando os longos cabelos dela.

— E não foi apenas isso, Harry... - ela tirou forças, não sabe de onde, para contar tudo. Ele precisava saber de tudo!

— Tem mais? - questionou e ela só assentiu...

Ela então detalhou a ele tudo que tinha acontecido na conversa dela com Chang no aniversário de um aninho de James. E a cada palavra pronunciada por Gina, Harry ficava mais surpreso e com raiva.

Tinha raiva por não ter visto a cobra que Cho Chang era, por ter se envolvido com ela depois dela ter feito tudo isso com a mulher que ele amava, por ter deixado ela chegar perto de James, por ter se exibido altas vezes com ela ao seu lado, por tudo!

— Por Merlin, Gi! Como você aguentou isso tudo sozinha esse tempo todo? - quis saber - Me desculpe, você não merecia passar por isso! - exclamou logo em seguida

— Você não tem que se desculpar, Harry! Nada disso é sua culpa! - ela disse sincera e se aninhou em seu peito - Só fique aqui comigo... Pelo menos até que eu me acalme. Não quero te tirar de suas obrigações.

— Vou passar o resto do dia com você, Gi! Não tem nada e nem ninguém que me tire daqui hoje! - ele afirmou convicto do que estava dizendo

A abraçou com tudo, aproveitando aquele momento e pedindo para que o nervoso que a esposa estava sentindo passasse logo, pois caso contrário o filho deles poderia nascer agora. E o que eles menos queriam agora é que Alvo viesse prematuro.

— Você devia ao menos ligar ou para o meu irmão ou para Draco e avisar que não vai mais para o trabalho! - ela falou depois de um longo tempo, quando já estava calma

— A dor melhorou? - ignorou totalmente o que ela havia dito. No momento ele só se importava com o bem estar dela e do filho

— Sim... - disse calmamente, mostrando que era verdade - Agora ligue para um dos dois! - ela insistiu

— Não preciso! - ele disse e ela revirou os olhos pela teimosia dele - Não tenho que dar satisfação aos dois... - ela franziu o cenho sem entender o porque daquilo agora e ele achou melhor explicar antes que ela cresse que ele tinha brigado com os amigos ou algo do tipo - O ministro me jogou uma missão hoje mais cedo... - falou ele e a viu mudar de cor. Ele sabia exatamente o que ela pensou: que a história se repetiria - E eu neguei! - a surpreendeu

— Como? - perguntou como confirmação

— Vou ficar com você em casa até Alvo completar um mês! - disse e viu que ela mantinha a mesma expressão - Sei que não é grande coisa, afinal um bebê dá trabalho demais, mas já é alguma coisa. - ela o olhava incrédula - E também vou ver se consigo evitar missões muito longas por alguns meses. Tentarei também sair mais cedo quando der, para te ajudar com os dois e ...

— Harry... - ela o chamou, interrompendo o raciocínio dele - Respira... - pediu rindo e ele riu junto - Você está falando sério? - perguntou para ter certeza

— Estou, Gin! - ele disse alisando o rosto dela - Eu realmente quero reparar o erro que cometi. Não vou sair do lado de vocês. Quero ver meu filho nascer, quero estar lá para segurar sua mão e quero passar os primeiros dias da vida dele o admirando.

Os dois se emocionaram. Foi impossível conter as lágrimas de alegria que rolaram pelos dois rostos logo depois daquelas belas palavras ditas.

Ele falou tudo que ela precisava ouvir naquele momento e ela finalmente sentiu que estava em paz novamente. Sentiu-se protegida e viu que aquela escuridão que sentiu por meses, tinha realmente ido embora e tudo isso porque estava nos braços do amor da sua vida!