Me sinto suja.

Já tomei banho três vezes.

O sol está se pondo e eu posso ver a beleza do céu pela minha janela, mas diferente de outras vezes não consigo encontrar forças pra me levantar e fingir que nada aconteceu.

Sinto falta do meu pai mas ao mesmo tempo o odeio.

Queria olhar minha mãe nos olhos e dizer a ela tudo o que sinto mas sei que ela está nos braços de um homem que eu desejo a morte.

Luiz viajou... mandei várias mensagens pra ele mas elas nem foram entregues.

Me sinto perdida. Não aguento mais ficar aqui...

Saio do banheiro e visto uma roupa qualquer. Desço as escadas correndo, pego umas moedas e saio em busca da minha liberdade.

***

Julgamos os outros apenas com um simples olhar, elaboramos ideias a respeito de alguém e pensamos estar certos, na verdade não sabemos de nada, até o momento em que tudo o que você julgou, acontece exatamente com você.

***

Quando eu penso nas coisas erradas que fiz e deixei fazerem me sinto um lixo, o coco pisado dos cavalos de um mendigo da rua. Isso talvez chegue perto do meu estado de deploração, e o pior é que não importa quantas vezes eu diga que isso vai passar, eu sempre vou continuar sendo quem sou, nada pode mudar isso, talvez a única pessoa que me ajude a mudar seja eu mesma, mas sou tão fraca que não consigo.

As pessoas dizem “ah você é tão dramática”, “pensei que você era mais forte”, “só tem cara de durona né”, elas dizem isso porque não sentem o que eu sinto, não passaram pelo que eu passei, não sabem o que é lutar por algo, praticamente se matar por aquilo e depois vê-lo sucumbir no meio da areia movediça.

***

Perdoar?

Seria esquecer? Como eu seria capaz de fazer isso?

Dentro da minha cabeça não entra tal ideia.

Uma ferida foi aberta, e com certeza, não foi você que a fez sarar, ou cicatrizar. Basta apenas mais um passo em falso pra ela jorrar sangue novamente.

Perdoar?