Miranda: Coven escrita por wickedfroot, mandyziens, HappyCookies


Capítulo 22
Seventh Waning Moon - Parte 2




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Greeny Wicked

— Não, vocês querem que eu destrua o único vínculo familiar, a única pessoa que resta da minha família. Isso não se faz. Vejo vocês depois. — Eu disse e em seguida dando uma risada típica de bruxa.

Eu me sentia perverso, e isso era maravilhoso, parecia que meus poderes se potencializavam a cada momento, será que eu estava enlouquecendo?

Voei para a floresta, colhi o primeiro ingrediente, acônito. Essa planta é sempre usada em rituais e feitiços. Depois colhi várias outras plantas que eram importantes para a abertura do portal: rosa, absinto, calêndula, margarida, girassol, antúrio e trevos.

Voltei para a montanha, as minhas irmãs estavam voando em volta do feixe de luz, enquanto Gerda ainda estava no cume da montanha com as nadadeiras abertas.

Assim que eu cheguei o feixe se apagou, as bruxas pousaram e vieram me saudar.

— Consegui encontrar tudo que precisávamos, acho que não falta nada.

— Perfeito, nós podemos começar.

As bruxas se posicionaram no heptágono, cada uma em um vértice consecutivo. No centro havia um heptagrama com candelabros em cada ponta, as velas estavam apagadas, mas assim que eu entrei no heptágono, elas se acenderam em uma chama verde. As bruxas deram as nadadeiras, só faltava eu. Eu estava apreensivo, será que Gerda ia cumprir sua palavra e traria Juan de volta ou era tudo uma forma de fazer um feitiço diferente com más intenções.

Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi um grito vindo do Oeste. Saí do heptágono, as velas se apagaram. Segui o som e percebi que eram Thay, Minkis e Marcus. Eles estavam amarrados em uma corda e estavam quase chegando no cume da montanha, mas Thay acabou se desequilibrando. Eu não podia deixá-los morrer, mesmo depois de tudo. Estiquei minha nadadeira e os puxei para cima. Eu os amava e não suportaria perder um deles.

Todos comemoraram dando pulinhos, menos Thay, ela estava séria, cabisbaixa e me olhava com decepção.

— Me deixem fazer isso, por favor. Nós vamos trazer o Juan de volta, eu sei!

— Greeny, me desculpa, mas eu não posso permitir. — Disse Minkis arremessando uma das esferas que Dylan usou ano passado em mim.

A poeira negra começou a subir, e então tudo escureceu completamente, eu não conseguia nem ver e nem enxergar nada. Aonde eu estava?

— Olá?

O silêncio era estranho, comecei a andar pelo lugar, vi uma luz, era Gerda, ela estava com as nadadeiras estendidas, com um sorriso no bico.

— Mamãe? — Perguntei. Estava tudo escuro, conforme eu chegava perto dela eu senti um cheiro forte, uma podridão. Parecia que algo estava em decomposição ali, e parecia ser alguma comida.

Então antes que eu pudesse ver o que estava atrás dela, tudo começou a clarear de novo, eu estava na montanha ainda, encostado em uma rocha, parecia que tudo depois do começo do feitiço tinha sido um sonho, porque as bruxas ainda estavam preparando o feitiço.

— Greeny, está pronto, nós podemos começar.

Me levantei e entrei no heptágono, as velas se acenderam, nós demos as nadadeiras, fechamos os olhos e começamos a repetir várias palavras que eu nem sabia o que significavam.

Então quando abrimos os olhos de novo surgiu uma rocha pontuda do chão, nela estava escrita várias outras palavras em outra língua. Gerda levitou a rocha e então todas as bruxas começaram a fazer o mesmo, eu não sabia se eu devia fazer o mesmo, mas mesmo assim fiz, fechando os olhos. Eu só conseguia escutar o barulho da rocha se quebrando, fazia uma ventania enorme que parecia até um furacão. A rocha se destruiu completamente quando um raio caiu do céu, Gerda avisou que seria melhor não abrir os olhos, pois poderia ser prejudicial, causando até cegueira parcial.

O barulho começou a aumentar, um barulho de vento, de ferro se destruindo e de trovões, muito trovões. De repente começou a esquentar, esquentar muito, e depois esfriou, esfriou tanto que comecei a tremer.

Eu senti folhas voarem por todos os lados, eu não podia abrir os olhos, mas eu estava muito curioso para saber o que era tudo aquilo, uma mistura de coisas, parecia que todas as estações estavam passando entre nós. Eu não imaginava que para abrir um portal necessitava tudo aquilo.

Senti neve cair no meu manto e também no meu bico, a luz forte se apagou e eu consegui ouvir barulho de vidro tilintando, pinguins mastigando e conversando. Subitamente ouvi barulho de fogo, e também senti como se estivesse próximo de mim. Barulho de madeira sendo cortada, árvores sendo derrubadas, risadas, felicidade, tristeza, raiva.

Parecia que estávamos nos movimentando sem sair do lugar, como se estivéssemos passando por várias dimensões, por vários lugares ou eu deveria dizer por várias épocas?

Eu sentia como se meu corpo estivesse parado, mas como se sua aura estivesse andando.

Ouvi gritos abafados, assim como todos os sons, parecia que eu estava os ouvindo com um fone.

Senti uma dor imensa em meu coração, eu parecia estar sentindo o sofrimento de um pinguim, um pinguim que não foi valorizado. Era uma sensação muito estranha e desconhecida.

Eu senti meus cabelos voando e meu manto também, parecia que eu estava em outro lugar, será que eu tinha viajado para a Ilha do Club Penguin?

De repente comecei a ouvir vozes gritando meu nome, era Minkis, Thay e Marcus pedindo para que eu parasse, mas eu não podia, se eu interrompesse ali quem sabe o que poderia acontecer?

— Greeny! Você precisa nos escutar, parece que está tudo se movendo! — Gritavam. Eu trancava meus olhos na tentação de abri-los.

Os barulhos começaram a ficar tão altos que eu não conseguia escutá-los. Raios, ventos, trovões.

O chão começou a tremer muito, como se alguém estivesse chacoalhando, ou talvez como se alguém quisesse sair.

Eu só queria acabar logo com aquilo, eu estava com medo, de repente eu comecei a desacreditar em tudo.

— Greeny, você não pode parar de acreditar! — Gerda gritou.

Senti um campo de força formar em nossa volta, e ele parecia queimar tudo que estava dentro, eu não sabia o que estava acontecendo, eu sentia como se tudo fosse explodir em algum momento dentro da cúpula que nós havíamos criado.

A temperatura se estabilizou por um momento, um silêncio tomou conta do local, até que ouvi gritos, não eram abafados, pareciam vir da minha frente. Eu não aguentava mais, eu estava ficando exausto e precisava abrir meus olhos. E quando abri eu senti que o mundo acabou. Comecei a gritar desesperado, nisso pareceu surgir uma explosão de energia vindo dentro de mim, empurrando todos para longe de mim.

Na runa que estava marcada no chão estava Thay, quase sem vida. Uma aura avermelhada me impedia de tocá-la, e ela parecia ficar mais fraca a cada segundo. E realmente estava. Percebi que seu pulso brilhava fortemente, ela estava tonta, e de repente ela fechou os olhos, lançando uma forte luz vermelha na lua, que automaticamente ficou da mesma cor.

— Acabou, meu filho, o sacrifício está completo e não há nada que você possa fazer. — Disse Gerda se levantando do chão ajeitando suas tranças.

Meus olhos estavam inchados, eu estava com muita raiva naquele momento, eu queria vê-la morrer lentamente com muito sofrimento, ela era a responsável por tudo aquilo.

Mentira.

Era isso que ela era, uma verdadeira mentira, todo o sofrimento que passou no passado foi pouco, ela merecia mais, e eu queria fazê-la sentir isso.

— Eu te odeio. — Eu disse encarando seus olhos enquanto fechava os olhos de minha amiga, aquela que me ajudou em minhas crises emocionais, que me contou várias histórias, que preferiu sentir dor ao invés de nos ver sentindo dor... Mas tudo que restava em mim naquele momento era exatamente isso, dor.

— O que você esperava? Eu sou o cavalo descorado da morte, querido. É isso que eu faço, é para isso que eu ainda vivo e é para isso que eu sempre viverei, Greeny Wicked.

— Agora a segunda corrente se quebrou, e ela está mais próxima do que nunca.

Meu coração estava acelerado, minhas nadadeiras tremiam, eu estava com o cabelo bagunçado, tudo que eu queria era destruir aquele lixo que um dia ousou dizer que era minha mãe.

— Acabou para você, querido. Eu sou sua mãe, um dia você vai me agradecer por isso. Sua mãe sabe mais!

Eu permaneci em silêncio, eu não conseguia encontrar palavras para me expressar, qualquer palavra não seria suficiente para simbolizar o ódio e a dor que eu sentia, vendo o corpo de Thay no chão.

Introduzi minhas nadadeiras no chão, perfurando a terra com força, apertei o punhado que estava em minha nadadeira e senti que a natureza não merecia meu ódio, mas Gerda merecia, e merecia muito mais.

Me levantei calmamente de cabeça baixa. Olhei os olhos claros da bruxa então levantei minha nadadeira, enforcando-a. Eu sabia que não poderia matá-la, ela estava com aquelas outras bruxas insípidas, eu seria destruído por ela.

Apertei até ela ficar avermelhada e depois a joguei no chão com muita força.

— Você não merece esse lugar, tudo que você merece é dor e sofrimento! — Eu disse conjurando a minha varinha, aquela que Elizabeth e Lucinda me deram anos atrás.

Eu a apontei para o céu e comecei a rodá-la, conjurando raios que iam direto para o lado de Gerda.

Eu não estava pensando direito, continuei a atirar raios naquele e ponto até formar algo grandioso capaz de destruir todas elas de uma vez, mas acabou surgindo outra coisa. Um portal.

Quando ele se abriu, um vento muito forte começou a surgir, ele empurrava elas para dentro, de uma em uma, Gerda era a última.

— Mamãe vai voltar! Não se esqueça! — Gritou antes de ser sugada para algum lugar que nem eu sabia qual era.

Quando todas foram sugadas o portal se fechou. Eu caí no chão, enfraquecido, talvez por ter usado muito poder, ou talvez por conta de Thay.

Me deitei em seu corpo, abraçando-a e chorando compulsivamente. Meu coração estava destruído, se é que ele ainda existia depois de tudo aquilo.

Não. Ele existia, Marcus e Minkis subiram a montanha e se assustaram quando me viram tão vermelho e tão inchado. Correram em minha direção e quando viram Thay... Não ficaram muito diferentes de mim.

Eu os abracei chorando muito, eu não acreditava que mais um de nós havia partido. Eu tremia muito e chorava, chorava, chorava.

Fechei meus olhos e senti como se eu tivesse morrido, teria sido melhor eu estar no lugar de Thay, ela nunca mereceu isso. Ela foi tão boa, nunca teria adivinhado isso, nem ela com sua precognição. Doce; simpática; solidária; engraçada; amiga. Isso era a Thay, alguém que eu sentiria falta para todo sempre, até meu último dia na terra.

Eu só queria chorar e me odiar, era tudo culpa minha, se eu não tivesse entrado para o coven nada disso teria acontecido.

Mas e se houvesse uma forma... Uma forma de trazer Thay de volta? Essa possibilidade arrepiava as minhas penas e talvez era minha única esperança. Antes que seu corpo começasse a se decompor eu peguei a minha varinha e fiz um feitiço de preservação.

Enquanto Marcus, Minkis e eu chorávamos abraçados, começamos a ouvir passos vindo em nossa direção. De novo não!

Fiz uma bola de fogo e me levantei com ódio, mas acabei levando um susto, um susto não tão ruim, era ele, estava vivo e com roupas diferentes, parecia bem para alguém que havia desaparecido por três semanas. Era Juan.

Ele veio correndo em minha direção me abraçando. Eu o abracei, mas comecei a chorar em seu ombro, lembrando-me do acontecido com Thay.

Ele não esbanjou muita reação, mas eu consegui ouvir um “Oh!” vindo de seu bico. Ele foi em direção ao corpo de Thay e passou a nadadeira em seus cabelos verde-água.

— Descanse em paz, minha amiga. — Ele disse secando uma lágrima.

Quando ia falar conosco nós escutamos um barulho de algo caindo no chão. Juan se levantou e foi até o meio da montanha que era aonde tinha caído algum objeto. Ele pegou e era uma corrente, não era pequena e nem grande, era daquelas que usam para trancar portões.

Juan parecia chocado, mas para nós era só uma corrente:

— É ela. Miranda está voltando.


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