Extreme Elite escrita por Gothic Princess


Capítulo 3
Capítulo II - O convite


Notas iniciais do capítulo

Hello, heroes!! Capítulo novo, espero que gostem ;)



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Paris, França

13 de Julho, 2044

 

Amari não era do tipo que invejava os outros. Era grata pelo que tinha, e tudo o que tinha, ela conseguiu com muito trabalho duro. Ainda assim, ela não podia negar que sempre invejou um pouco pessoas que conseguiam ter sonhos normais. Seus colegas de escola sempre contavam como sonhavam com mundos fantásticos com castelos, fadas, dragões, ou como tinham pesadelos depois de assistirem a um filme de terror. Ela nunca foi capaz de contar seus sonhos para seus amigos, pois nem mesmo ela os entendia.

Em seus sonhos, Amari estava sempre flutuando no meio das estrelas. Se se movesse, portais coloridos apareciam ao seu redor, e não importava o que ela escolhesse entrar, sempre acabava no vazio. Por isso ela preferia ficar apenas flutuando, imóvel, esses eram seus sonhos. Monótonos e silenciosos, e se eles significavam alguma coisa, ela nunca soube.

Essa noite, no entanto, a serenidade do seu sonho foi interrompida repentinamente. Ela estava flutuando com as mãos atrás da cabeça quando viu uma mão sair de dentro de um dos portais. Poderia se passar por humana, se não fossem pelos dedos longos e garras, e ela ficou parada ali, como se esperasse que Amari a tocasse.

Quando ela o fez, a mão segurou a sua com uma força que quebraria os ossos de uma pessoa normal. Ela acordou com um salto, sentido algumas gotas de suor descendo pelo seu rosto. Seu corpo estava frio e duro, como se ela estivesse em choque, porém sua mente não sentia que algo estava errado.

— Não sabia se já estaria acordada — Amari se virou para Dylan quando ele entrou no quarto, já pronto para sair para trabalhar com seu terno e gravata. O cabelo ruivo dele estava um pouco bagunçado, ela adorava quando ele ficava assim. — Tudo bem? Está um pouco pálida.

Se ele estava falando isso, era porque estava bem aparente. Sua pele negra sempre parecia saudável, essa com certeza foi a primeira vez em que foi chamada de pálida em sua vida. Antes que pudesse assegurá-lo de que estava bem, o ruivo já estava sentado ao seu lado na borda da cama.

— Só tive um sonho estranho, nada demais — ela suspirou, e em seguida deu um sorriso para ele. — Eu pedi para me acordar cedo, queria fazer seu café hoje para comemorarmos.

— Você sabe como adoro te ver dormir, você sempre parece tão em paz. E não acha que comemoramos o suficiente ontem a noite? — Dylan riu quando ela negou com a cabeça. Ele, então, acariciou o rosto dela, descendo os olhos até seus lábios antes de beijá-la. — Podemos comemorar mais quando eu voltar de Veneza.

— Vou sentir sua falta — Amari posicionou uma das mãos na lateral do pescoço dele, desenhando a linha de seu queixo com o dedão.

— Vou estar de volta antes que perceba — ele sorriu, virando o rosto para beijar a mão dela.

Dylan era curador de arte, trabalhava na maioria das vezes para pessoas muito ricas, o que fazia com que viajasse bastante. Ele era bem conhecido pelo mundo, Amari praticamente vibrou quando ele lhe disse que queria usar algumas das obras dela em uma exposição enorme na Inglaterra. Depois disso, o relacionamento deles só evoluiu e já estavam há três anos juntos.

— Ah, e antes que eu me esqueça, — ele se levantou, estendendo a mão para ela. — Você tem visitas.

Visitas? Ela não estava esperando compradores hoje, nem modelos, e não haviam parentes seus que sequer imaginavam onde ela vivia, então só poderia ser…

A jovem pulou para fora da cama, felizmente lembrando-se de ir ao banheiro antes para limpar seu rosto e escovar os dentes no meio da sua empolgação. Se um de seus amigos estava lá, ela mal podia esperar para vê-los, a ansiedade quase a fez empurrar Dylan para o lado quando desceram as escadas da cobertura.

Quando entrou em seu estúdio, que era basicamente toda a sala de estar, vasculhou o local repleto de telas e baldes de tinta. Tudo o que viu foi uma mulher de pé ao lado de um quadro que havia pintado recentemente, um repleto de cores que lembrava muito um dos portais de seus sonhos. Ela era mais baixa do que Amari, cabelo ruivo escuro, olhos castanhos e ela carregava apenas uma mochila branca nas costas.

A empolgação de Amari se esvaiu, pois não conhecia aquela mulher.

— Posso ajudá-la? — tentou ao máximo não demonstrar o desapontamento em sua voz, e falhou.

— Sim, chica, — quem respondeu foi um homem, uma voz familiar com um leve sotaque mexicano. — Eu gostaria de comprar essa pintura. Dou quinhentos mil nela.

Um homem de estatura mediana e cabelos negros ondulados saiu detrás da obra. O sorriso que apareceu em seu rosto não era grande o suficiente para demonstrar o quão feliz ela ficou em vê-lo, precisou fazer um grande esforço para não pular em cima de seu amigo e lhe dar um abraço de urso. Afinal, ainda havia uma estranha no meio de seu apartamento.

— Isso não vale mais do que dez mil, Diego.

— Está duvidando do meu conhecimento sobre obras de arte, senhorita Balewa? — Diego arqueou uma sobrancelha, andando até ela.

— Você não sabe droga nenhuma sobre arte. Vem cá, engraçadinho — Amari o abraçou, e ele retribuiu com a mesma vontade. — Fazem o quê? Onze meses desde que nos vimos?

— Quase isso, e é tudo culpa sua.

— Eu não tenho um jatinho particular como certas pessoas.

— Estou sempre muito ocupado, poderia pelo menos me ligar mais do que uma vez por mês — Diego se afastou, sorrindo de orelha a orelha.

Os dois ouviram Dylan limpar a garganta atrás de Amari e se viraram para ele.

— Estou indo. Me ligue se precisar de algo, querida — ele depositou um beijo em sua testa antes de apertar a mão de Diego e deixar o apartamento.

— Me diz que esse anel no seu dedo é o que eu estou pensando — o moreno apontou para a mão esquerda dela.

— Nada passa por você, não é? — ela riu e deixou que ele segurasse sua mão para ver o anel de ouro branco. — Ele me pediu ontem, estou noiva!

— Parabéns! — Diego poderia tê-la abraçado de novo e, dessa vez, a erguido para fora do chão. Sabia o quanto a amiga amava o namorado desde o começo e só queria o melhor para eles.

Ele queria estar lá para conversar com ela e saber sobre mais detalhes sobre o noivado, mas não estava por lazer. E tinha a impressão que a morena já sabia disso.

— Amari, quero que conheça a mais nova chefe do departamento médico da Extreme Elite, — Diego gesticulou para a mulher estranha, que agora estava olhando suas outras obras. — Katya Zeigarnik.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Dimensionist — a mulher, Katya, se aproximou, estendendo a mão na direção da outra.

Agora que podia vê-la melhor, Amari percebeu que Katya não era mais velha do que ela. Era extremamente nova para ser chefe do departamento médico de toda Extreme Elite, o que era impressionante.

— Pode me chamar de Amari, só uso meu alter ego quando estou na base — lugar que ela não visitava há um bom tempo. — Vou adivinhar que vocês não vieram aqui só para baterem papo. Algo aconteceu?

Diego não parecia mais tão empolgado quanto antes, havia tensão em seus ombros agora, além de um semblante preocupado em seu rosto. Ele gesticulou para que fossem até a mesa de jantar ao lado da cozinha americana. Ele só começou a falar depois que Amari voltou com canecas de café para todos eles.

— Nada de ruim aconteceu, na verdade tudo está bem na medida do possível. A ONU está muito satisfeita com as ações que a Extreme Elite tem tomado, nossa base no Egito está com recrutas promissores para a equipe principal do Matt e os irmãos Hwang estão fazendo um ótimo trabalho com a segurança de todos os agentes — Amari deu um leve sorriso ao ouvir a notícia. — Essas são as boas notícias. A má foi me ver no meu escritório em Nova York ontem, e o nome dela é Julia Rodrigues.

O primeiro nome não era familiar para Amari, mas aquele sobrenome… Ela o ouvia sempre que alguém mencionava a primeira missão da Extreme Elite, quando ela e seis outros heróis ajudaram a salvar as vidas de milhares de Evolutioners em uma noite. Aquele homem era repugnante, cruel e ganancioso, e ela havia ficado mais do que feliz quando ele recebeu a sentença de prisão perpétua.

Suas mãos apertaram a xícara com força, mais um pouco e ela se quebraria.

— Aquele monstro teve uma filha? — a voz dela soou mais fria do que eles esperavam.

— Ela e a mãe se esconderam na Suíça depois que William foi preso. Jung provavelmente sabia sobre a família dele, mas não comentou nada — Diego não duvidava que a hacker sabia tudo sobre todos os humanos e Evolutioners do mundo.  — Ela veio até o meu escritório para se desculpar pelas ações do pai, queria falar pessoalmente com vocês, mas disse que não queria causar intrigas aparecendo de surpresa.

— Ela quer se desculpar com as pessoas que colocaram o pai dela na cadeia pelo resto da vida dele? Essa é boa — agora ela só estava com raiva.

— Pensei a mesma coisa, não acreditei nem por um segundo que ela estava arrependida pelas ações do pai. Nosso problema é maior que isso.

— Ela vai assumir os negócios legais do pai em dois dias, e decidiu que quer comemorar com uma festa em sua mansão na Áustria, numa cidade próxima de onde a base principal da equipe fica localizada — Katya deslizou um holophone na direção da Evolutioners, que o ligou e viu o convite. — Ela quer todos vocês lá e a imprensa já sabe. Todos estão falando dessa possível nova aliança entre a família Rodrigues e a Extreme Elite.

— Que nunca vai acontecer — Diego murmurou, falando o que Amari pensava. — Você é a líder, a decisão final é sua. Se disser que sim, voamos hoje mesmo para Viena e falamos com o resto da equipe. Se disser que não, eu tiro férias em Paris para não perder a viagem. Pense com calma, eu realmente quero férias.

Amari esfregou os olhos com os dedos e suspirou, devolvendo o aparelho holográfico para a jovem sentada à sua frente.

— O que você acha, novata? — ela geralmente não fazia perguntas do tipo a novos membros, eles sempre escolhiam a opção mais óbvia para agradá-la, já que era a chefe. Porém havia algo em Katya que lhe dizia que ela tinha atitude, do contrário não teria sido escolhida por Diego.

— Bom, eu acho que o objetivo da equipe é promover a paz entre Evolutioners e humanos, e não o conflito. Se por acaso se recusarem a ir, podem acabar criando um certo atrito aos olhos do público, — Katya guardou seu holophone novamente. — A família Rodrigues ainda tem muitos seguidores, muitos deles radicais que querem o extermínio da nossa espécie. Eles influenciam boa parte dos humanos, não seria ruim ter uma aliança com eles para amenizar o ódio. A Julia é uma, afinal de contas.

— Espera, a filha do homem responsável pela morte de centenas de Evolutioners é uma?

— Difícil de acreditar, mas é verdade. Aparentemente, William a mantinha em um laboratório especial em sua mansão no Brasil. Não estou certo de quais são as habilidades dela, mas podemos cogitar o fato de ela não querer fazer mal a Evolutioners como o pai queria — Diego dedilhava os dedos sobre a mesa de forma monótona, como fazia sempre que estava pensativo. — E tenho certeza de que a ONU vai ver esse encontro como uma oportunidade para controlar radicais que apoiam os Rodrigues.

— Eles não estariam errados em querer isso — Amari bebeu um gole de seu café, tentando ao máximo ser imparcial. Ela não conhecia Julia Rodrigues, não poderia julgá-la pelos crimes de seu pai, mas depois do que viu naquele laboratório há cinco anos, ficava difícil pensar em formar uma aliança com qualquer um ligado àquele homem. — Vamos para Viena, quero uma reunião com todos os outros membros fundadores, depois outra com nossos agentes. Não posso tomar essa decisão sozinha, não quando boa parte deles sofreu pelas mãos do pai dela.

— Como quiser, jefe — Diego deu um leve sorriso de canto, admirando a decisão da amiga. — Vou entrar em contato com os outros a caminho do aeroporto. Faça suas malas!

— Não vai insinuar que estou usando isso como desculpa para acabar com minhas férias mais cedo? — Amari sorriu e bagunçou o cabelo cacheado dele quando passou para subir as escadas.

— Você sempre faz isso, já desistimos de te fazer tirar férias.

— Nunca vejo vocês reclamando do Matt, ele não sai daquela base há sete anos — ela o ouviu dar uma risada antes de chegar ao segundo andar.

Ela, então, abriu seu armário e pegou uma caixa no alto dele, o local onde guardava seu uniforme. Se virou e viu um de seus portais menores abertos a sua frente. Aos quatorze anos, Amari descobriu que tinha a habilidade de criar aqueles portais, só não se lembrava de como havia aprendido a usá-los. Antes só jogava coisas dentro dele e não sabia como trazê-las de volta. Agora, poderia jogar um carro em um deles e depois fazê-lo cair em cima de algo, ou alguém, se fosse necessário.

Porém sentia que eles não funcionavam com seres vivos, já que quando mais nova tentou colocar um pássaro dentro de um pequeno portal e ele nunca mais havia retornado, por mais que ela tentasse trazê-lo de volta. Não estava disposta a testar, por mais que Harlan insistisse que seria muito maneiro se ele pudesse viajar por dimensões.

Sem hesitar, Amari jogou a caixa dentro do portal, assim como alguns sapatos e casacos. Em seguida, fez sua mala e também a jogou no portal, o fechando quando terminou. Vestiu roupas mais confortáveis para viajar, pegou seus documentos e seus óculos escuros, e desceu as escadas para encontrar os dois novamente admirando suas pinturas.

— Eu vou te dar esse quadro de presente se não parar de babar por ele.

— Como consegue fazer algo tão magnífico? Eu tenho imaginação infinita, mas você me supera nesse quesito — Diego estreitou os olhos, parecendo tentar entender do que se tratava o desenho abstrato.

— Eu sonho com isso literalmente todas as noites — ela se aproximou dos dois, inclinando a cabeça para olhar sua obra. — Não sei o que significam.

— Eles se parecem muito com os portais que surgiram em 2030 — Katya comentou, parecendo pensativa. — Me lembro de ter ficado obcecada por eles quando era criança.

— Alguns surgiram perto da minha cidade, mas eu nunca cheguei a vê-los pessoalmente… Nem mesmo em fotos. Na época fiquei com medo, então evitava até falar sobre o assunto — ela pensou em como a mera menção dos portais a fazia ter um ataque de pânico sem um motivo aparente. — Mas se gostam tanto, podemos levar para deixá-lo na base.

— Eu aceito! — Diego bateu as mãos uma vez e se virou para a amiga. — Então, está pronta para ver como a sua equipe tem se saído nos últimos meses?

Amari deu um sorriso que poderia iluminar uma cidade só de pensar em voltar para a base e ver todos os heróis que tanto admirava. Ela pegou o quadro e disse:

— Mal posso esperar.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que estão achando, e lembrem que podem mandar perguntas no tumblr :)

Obrigada por lerem e até a próxima!!



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