Titã estava de guarda observando a sailor dos ventos ali na sua frente. Não estava sendo nem um pouco fácil. Tudo bem que era apenas um aquecimento antes do treino começar de verdade, mas, ainda assim, ela estava lhe dando um trabalho danado.
     - Certo meninas  - disse Rei entrando no dojo e fazendo com que a sailor parasse seu ataque no meio do caminho - chega de brincarem. Agora o treino vai começar de verdade.
     - Mas nem todas chegaram ainda - Titã olhava de lado - acho que vamos ficar desfalcadas.
     - Elas estão vindo. Na verdade, aposto que já estão chegando ao jardim agora. Bem princesa, Miranda, podem vir.
     Ela se posicionou no centro do tatame e aguardou as duas se aproximarem. Elas já anteviram que aquilo iria doer.
     Como sempre, alias.
     - Muito bem, minhas caras sailors. Vamos ver se praticaram o movimento de perna que estou lhes dando já faz duas semanas. Princesa, primeiro você.
     Sem esperar ela se preparar, Rei saltou em sua direção com fogo nos olhos, e levou sua perna diretamente para o quadril dela.

     Perto dali, Haru-chan, Joynah e Marina pousavam, ao passo que Haru-chan se encostava em uma arvore, observando Rei.
     A mestra. A marciana. A lendária.
     Aquela que ainda iria ser a avó de Hip-chan, sua grande amiga.
     E do jeito que estava tratando a futura rainha, ainda estava longe de perder o seu tato.
     A princesa tentou mover a perna para bloquear o golpe, mas acabou se atrapalhando e levantou a perna errada, levando o chute na barriga.
     - Como eu imaginei... andou mesmo praticando, ou fazendo outra coisa?
     - Eu... hã... puxa, Rei, dá um desconto!
     - Desconto, é? Vamos ver. YOKUTO!!!!
     - Senhora?
     - Leve sua namorada para lá e pratique com ela esse chute que ela pelo visto não praticou, e é bom que até o final do treinamento com vocês ela tenha aprendido, senão....
     Haru-chan evitou de levar a mão na boca. Claro que tinha ouvido suas tias comentarem de como agiam quando adolescentes, mas entre imaginar e ver as coisas ao vivo, havia um mundo de diferença.
     E pelo visto, Yokuto havia levado a ordem de Sailor Marte à sério. Aparentemente já imaginava o que a mãe dele iria fazer.
     E a princesa também.
     - E vocês - ela se virava para Ariel e Titã - quero ver como andam e... ora, ora... isso são horas, mocinha? - ela olhava quase fechando os olhos para Rita, já transformada em Sailor Miranda.
     - E porque não? - disse ela andando com as mãos nas costas - tive uma noite muito agitada ontem. Hã.. - ela lado para Haru-chan - o que você está fazendo aqui?
     - Passeando - respondeu a morena - e observando as coisas também.
     Levou algum tempo para Rita perceber que ela não deveria tê-la reconhecido estando transformada. Alias, ela devia estar surpresa de estar em uma sala com um monte de sailors.
     Ou não?
     - Passeando? Aqui?
     - Miranda - Rei batia o pé - pare de perder tempo e suba aqui em cima. E você - ela observava a moça com os olhos estreitados - posso saber o quem é e quem a convidou?
     - Muito prazer - ela se curva - meu nome é Haru-chan e estou aqui como convidada do senhor Sohar para assistir o treinamento.
     - Convidada é? - ela fecha um olho e observa a jovem. A postura dela, os músculos nos braços, a forma como ela observava as coisas ao redor... - bem, convidada para fazer exatamente o que?
     - Não sei... posso treinar também? - ela piscou o olho.
     - Tudo bem - retrucou ela sorrindo - pode treinar com... - ela olha para a direita e completa - sailor Terra.
     Ela observa a tia e sorri divertida. Ia ser interessante encarar alguém como ela. Muito interessante, alias.
     Todas ali, sem exceção, ficaram com os queixos caídos. Por acaso Rei estava louca? Ia mandar uma total desconhecida treinar... e com Joynah?
     Ela perdeu o juízo.
     Mas Rei, não. Sabia muito bem o que estava fazendo. Em verdade, a garota sabia se esconder, sabia ocultar seu poder... mas não o suficiente para escapar de uma guerreira com mais de mil anos de experiência na arte do rastreio. E pôde perceber um poder impressionante na garota.
     - Vamos lutar com tudo? - perguntou ela enquanto se dirigia ao tatame e se punha em guarda.
     - Não. Não podemos - a sailor observava sua postura e ficou muito admirada dela ser tão similar a de Anne - quem tirar o oponente da linha demarcada - ela indicou uma linha no chão - vence o treino.
     - Só isso? Nem vai ter graça...
     No entanto, a jovem observava cada ponto da tia, e analisava a situação. Apesar de um treino, aquilo tinha sim um objetivo. Mas na hora, um fato interessante sobre a tia no passado explodia em sua mente. A mesma fora pesada antes. Bem pesada, com mais de cem quilos.
     Claro, ela também tinha vantagem similar com seus braceletes, os quais estavam ativados... mas não podia se esquecer desse detalhe, e sobre os poderes da tia.
     Não podia subestimá-la, como fez com seu pai no passado e quase perdeu, só por que achou que ele não era um adversário a altura depois de ter tomado uma senhora surra de sua irmã.
     - Não vão começar não? - atiçou Rei encostada em uma parede.
     Haru-chan foi primeiro. Saltou por cima de sailor e lhe deu uma rasteira. Logicamente, ela saltou, escapando do golpe. Mas ficou levemente surpresa quando, no ar, ela girou o corpo e mandou-lhe um murro potente no rosto.
     Aquele bloqueio que ela precisou fazer, doeu! Quase tanto quanto a dor que sentia quando sua mãe a atacava assim. Sua tia parecia que estava dando tudo naquele treino.
     Melhor assim!
    
     Antes dela se afastar, dá uma joelhada na barriga dela, fazendo-a se curvar e expelir seu ar dos pulmões - aproveita-se que ela estava curvada e atinge violentamente a nuca desta, fazendo-a esborrachar-se no chão com um grande estrondo, forte o bastante para fazer as janelas tremerem nos batentes. E não satisfeita, ela salta e gira o corpo em parafuso, arremetendo seus dois pés nas costas dela.
     Para a platéia, aquilo tinha sido incrível! Nunca iriam esperar tal reação de uma desconhecia. Até então, só a sailor Titã tinha demostrado habilidade - e força física - capaz de fazer isso com a senshi honorária.
     Mas para ela, era pouco para deixá-la fora de combate. Assim que Haru-chan saiu de cima, ela girou o corpo e se levantou, observando a moça impressionada e com um ranger de dentes que mostrava que ela não gostou muito de ter subestimado o oponente.
     Ela se preparou para o que poderia vir a seguir, e acabou se amaldiçoando por cometer um erro primário daqueles. Esta sailor Terra não era a que ela conheceu no futuro. Estava esperando uma reação e acabou vindo outra. Com uma rapidez incrível ela lançou uma bola de energia que atingiu o seu braço, deixando-o por algum tempo imobilizado. E com um salto, a acertou no meio do rosto, arremessando-a para fora da área delimitada.
     Só que ela não tocou o piso. Surpreendendo a todos, ela ficou ali, pairando no ar e observando sua futura tia estupefata. Ela... ela quase perdeu.. e assim, a toa!
     O mesmo erro que cometeu com seu pai, achando que ele não poderia fazer mais do que já tinha feito.
     Ela retorna a área delimitada, posicionando-se novamente.
     - Belo truque - disse a senshi sem tirar os olhos dela.
     - Obrigada. O seu também é bom.
     Ia ser difícil. Com a força dela, e com essas regras simples, não duvidava que ela pudesse jogá-la para fora da área. Seu braço ainda ardia com o golpe que recebeu e não estava acostumada a enfrentá-la com essas habilidades diferentes.
     Na verdade, seria um bom motivo para levar um senhor sermão. Cometeu o erro básico de prejulgar o oponente, e ainda estava fazendo isso. Bom, ela usou poderes, certo? Que tal usar os seus e ver se a sailor honorária ali podia suportar uma bela rajada elétrica?
     Ela deu um passo para trás esticou o braço - o que não tinha sido atingido. imediatamente um raio potente saiu deste e atingiu a senshi, fazendo-a travar todos os seus músculos e ficar de boca aberta, não acreditando naquilo. Com dois passos ela atingiu o rosto desta e a arremessou contra a parede, fazendo uma marca nesta com a potência do golpe. sailor Terra se ergueu logo depois, meio cambalente e esfregando os lábios, que vertiam um pouco de sangue.
     Ela tinha perdido.
     Haru-chan estava satisfeita com a vitória. Não foi bem a luta que esperava, mas, dadas as circunstâncias, valeu. Mas seu punho estava doendo.
     E a sailor terra também estava um pouco impressionada. Podia jurar que havia sentido uma certa dor quando atingiu aquela moça da primeira vez, como se estivesse batendo em algo muito duro.
     - Nada mal moça - Rei observava ela e sorria intimamente por ter acertado na sua avaliação - mas vamos complicar as coisas. Titã...
     - Eu gostaria de desafiar a senhora.
     - Como?
     - O que a senhora ouviu, senhora Senshi de Marte. Eu, Haruka, a desafio para um combate. Aceita?
     Haruka? Ela dobra a cabeça e observa a menina ali. Devia estar muito confiante para desafiá-la. Ou então ser uma idiota completa.
     - Oi, mana. Se divertindo muito?
     - Só um pouco. Agora quero lutar com a Rei.
     - Que fominha! A Maya vai ter um ataque quando souber!
     - É? E o que você está fazendo aqui?
     - Passeando, oras.
     As outras observavam surpresas a nova recém chegada. Ela era idêntica a primeira. Eram gêmeas.
     E pelo jeito... ambas deviam ter capacidades similares.
     - Bom dona Rei... aceita meu desafio?
     - E... com que objetivo?
     - Precisa haver algum? Se encontro uma grande guerreira e sinto um desejo enorme de experimentar as habilidades da mesma, preciso de outro motivo para desafiá-la, além de apenas sentir um enorme prazer por uma boa luta, ainda mais diante de uma senshi tão poderosa? - dizia ela, enchendo a boca ao elogiar Rei.
     [[Mas que puxa-saco você é, heim, Haru-chan?]]
     [[Não enche! Vai dar certo, você vai ver]]
     - Hmmm... - Rei colocava a mão no cotovelo, um pouco envergonhada depois de tantos elogios - certo, aceito seu desafio, mocinha.
     [[Não falei?]]
     [[Sortuda!]]
     Ela aguarda Rei entrar na área delimitada do tatame, e tenta captar com seus sentidos o que ela estaria fazendo. Mas não consegue.
     - Vamos ignorar o espaço do tatame então, certo? - Rei a olhava
     - Certo - Haru-chan quase sorria. Estava analisando calmamente aquela mulher, a qual havia treinado com ela tantas vezes no futuro, e agora teria a chance de lutar a sério com ela, de dar o seu melhor.
     Um par de olhos cruzava toda a área do templo, observando a cena de camarote, tomando cuidado para não ser percebido.
     Haru-chan se posiciona, ainda analisando friamente aquela mulher. Era mãe de sua tia, mas não era sua tia. Não podia generalizar, achando que só por que lutou com uma, podia lutar com outra.
     Na verdade, ela reconhecia que suas chances contra ela eram poucas, e sua única vantagem seria o curto momento do elemento surpresa.
     - Quando quiser - disse Rei pronta e se preparando. E naquele instante algo veio a mente da viajante do futuro...
     Ela não mencionou as regras da luta!
     E o melhor... o campo de força estava ativado! A área estava totalmente protegida!
     Exatamente o que queria.
     Ela permanece parada, observando Rei atentamente, aguardando a melhor oportunidade, o melhor momento para agir.
     Só que ela atacou primeiro. Tão rápida, tão inesperada... Esquivou-se de sua perna que visava sua testa, e tentou contra atacar com uma joelhada no seu estômago.
     Mako-chan observou a irmã errar feio o golpe e levar um golpe na clavícula. Com a sailor da guerra não se podia brincar. Nem um pouco. Um golpe em seqüência no seu peito e outro torcendo o seu punho foi o bastante para Haruka beijar o chão pela primeira vez.
     Ela estava se mordendo de inveja...
     A mesma não podia perder tempo e, uma vez que estava com a mão posicionada quando percebeu que iria se chocar contra o chão, a encosta e impulsiona o corpo para cima, abrindo as pernas e girando o corpo em um "helicóptero", indo para cima de Rei.
     A mesma dá um passo para trás e se esquiva da primeira perna, abaixa-se para escapar da segunda, joga a cabeça para o lado para escapar da terceira, e vai movendo o corpo, esquivando-se de todos os golpes.
     Haru-chan une as pernas formando um parafuso e joga-se para trás, virando o corpo por completo e ao tocar o chão, coloca força nos pés e avança com o joelho esticado, obrigando Sailor Marte a bloquear o golpe para não ser atingida.
     Rei não apenas bloqueia, como move o braço e desvia a joelhada, do contrário sua mão, braço e antebraço estariam quebrados, muito provavelmente destroncados, ela percebe ao sentir uma leve dor na mesma. A moça Não perde tempo e, assim que tem o joelho bloqueado, aproveita que estava apoiada na outra perna e gira o corpo, abaixando-o e quando dá um volta, estica a perna por completo, fazendo Rei se esquivar, e a mesma gira mais uma vez, passando pela perna da marciana, a qual salta e estica sua perna para chutar sua adversária, mas a mesma toca o chão com a perna que estava atacando e erguendo rapidamente seu corpo, segura a perna de Rei com força, com um sorriso nos lábios.
     As sailors apenas observavam a cena, e os filhos da guerreira de Marte não acreditavam naquilo. A desconhecida estava usando tudo o que eles sabiam e mais um pouco. Só que tinha uma certa coisa ali que não se encaixava muito bem. Era quase como se ela soubesse o que sua oponente iria fazer.
     Mas ela não pensava assim. Não totalmente. Uma coisa era saber como uma pessoa luta, outra coisa é lutar com ela. E sabia muito bem do que a marciana era capaz.
     Tanto era verdade, que seu pai era uma prova disso, quando foram ao passado. Sabia como ele lutava, sabia todos os golpes dele... e mesmo assim, ficou bastante ferida na revanche.
     Rei estica a perna para o alto, atingindo o queixo de Haru-chan, impulsionando-a para trás. Em seguida ela massageia levemente a perna, observando a moça girar o corpo e cai no chão perfeitamente. Tinha a leve sensação de ter chutado uma parede de aço.Ou mais do que isso!
     Na verdade, sentia como se tivesse atingido a sailor Terra. Mas como? Nos poucos golpes que a acertaram até então, não percebeu seu corpo ser mais duro que o normal. No entanto, movê-la era uma tarefa árdua, e fazê-la sentir os golpes mais ainda. Era como se lutasse contra uma máquina insensível, e não contra um ser vivo.
     Haru-chan salta por cima da mestra ali e gira o corpo para tentar acertar sua têmpora. Esta se abaixa e ergue o pé, apenas para observar que a sua oponente o segura com as duas mãos e sorri com certa alegria pelo que devia estar antecipando fazer.
     Rei bem que tentou, mas não conseguiu evitar a joelhada que levou dela, apoiando-se em sua perna e a usando como alavanca. Foi impulsionada para trás e esborrachou-se no campo de força, ficando colada neste por alguns instantes. Sem esperar, Haru-chan partiu novamente para cima dela, antes mesmo desta escorregar pelo campo.
     Ela estava tendo seu grande momento. A irmã teve uma senhora luta com o pai, agora era a vez dela. Ia adorar ficar falando isso no ouvido de Hipólita e...
     No entanto, a marciana parou de escorregar, antes mesmo de tocar no chão e avançou em uma velocidade impressionante contra Haru-chan, acertando um chute em seu estômago, o qual a empurrou para trás.
     Como...?
     Não pôde continuar com o pensamento, pois um cruzado de esquerda a deixou zonza, um outro golpe na sua axila a deixou sem forças no braço direito, e algo que colidiu contra a sua nuca a fez beijar o chão.
     De novo!
     Estava demorando para ela fazer aquilo...
     Joynah não conseguia acreditar no que estava vendo, tampouco Yokuto e Herochi, os quais arregalavam ao máximo seus olhos. Rita torcia o pescoço junto com as demais, com exceção de Ariel, a qual ativa seu visor, apenas para comprovar que Rei, ou melhor, Sailor Marte, não tocava o chão, e seu visor não conseguia detectar nada que estivesse fazendo isso, a segurando. Asas, planadores, cintos de gravidade - cintos de gravidade? De onde tirou isso? - nada. A senshi do Fogo voava graciosamente diante delas, para a surpresa de todos. Ou quase todos.
     Desde quando ela podia fazer isso?
     Talvez não estivesse fazendo... talvez estivesse usando algum truque que eles não conheciam.
     Mas, fosse qual fosse o truque, ele não era exclusivo dela. A sua oponente começou a fazer o mesmo. Ambas flutuavam uma diante da outra, como se estivessem se avaliando. Era uma pausa inesperada aquela. Muito inesperada, alias.
     Mako-chan continuava observando ambas, com uma pontinha de inveja.
     [[Josh, cadê você quando a gente precisa? Minha irmã está lutando!!!]]
     [[Eu sei.]]
     [[Onde está? ]]
     [[Por perto. ]]
     [[Queridinha...]]
     [[Roger! O que houve? Por que a demora? ]]
     [[Resolvi não subir. Anne está ai, e já tinha esbarrado com ela antes, melhor não arriscar]]
     [[Esta perdendo uma excelente luta!]]
     [[Prefiro ver a outra edição]]
     [[Que outra edição?]]
     - A nossa - disse uma voz atrás dela ao mesmo tempo em que sentia uma mão no seu ombro. Ela se vira e observa ali, nada mais, nada menos do que Maya. E não estava com um olhar muito amigável não.
     - Bom dia, Maya.
     - Bom dia, minha cara priminha.... o que foi que nós combinamos?
     - Nós? Do que está falando?
     - Não se faça de desentendida, Makoto! Você sabe muito bem do que eu estou falando - ela olha furiosamente para Haru-chan - vocês duas sabem!!!
     [[Foi a tia Rei quem me pôs aqui]] - informou a outra gêmea enquanto desesperadamente tentava se esquivar dos golpes de Rei.
     [[Foram vocês duas que vieram até aqui, pelo que me consta. Diabos, Haruka, Makoto...o que pensam que estão fazendo? Não bastam os problemas que arrumaram com seu pai no passado, ainda querem mais encrenca aqui? Tem idéia do que estão fazendo?]]
     Um estrondo forçou Maya a observar melhor a luta, e ela viu que Haruka estava novamente no chão, e agora sendo socada por Rei sem piedade.
     [[Eu estou apanhando! É essa a idéia - AI! - que eu faço]]
     [[Apanhando? Ora... a linha do tempo Não é um brinquedo! O fato de estarmos aqui já a altera, mas podemos evitar maiores danos!]]
     - Nem parece que você é uma joviana, Maya - Mako-chan comentava.
     - Sou e tenho orgulho disso! Mas não deixo que isso suplante os verdadeiros problemas!
     - Qual o problema de praticarmos um pouco?
     - Qual problema? - disse ela com os dentes cerrados e uma raiva que não parecia ser fácil conter - que tal você enfrentar Titã e com isso lhe dar mais impulso para praticar mais e se tornar mais eficiente? E se com isso ela acabar não se casando com a pessoa certa do nosso tempo? Não só Roger e vocês podem deixar de existir, mas até Josh pode entrar nessa.
     - Maya... - ela a observou pelo canto dos olhos - as vezes você se preocupa demais.
     - Me preocupo? Ora, eu devia era dar uma surra em vocês! Vocês só pensam nisso, em lutar, lutar, lutar...
     [[Não está sendo justa, Maya. Nem um pouco.]]
     [[Até você, Josh?]]
     [[Elas são jovianas. Gostam de lutar por puro gosto. Não estou te culpando, mas caímos aqui, cheio de guerreiros e guerreiras poderosas. O que esperava? Você não deu nada para elas se distraírem.]]
     [[Você e seu primo poderiam ter feito isso.]]
     [[Fizemos, mas mesmo assim... não adiantou. Devia ter pedido a rainha que colocasse as duas na prisão, do contrário, elas iriam enfrentar as senshis, mais cedo ou mais tarde. Elas gostam disso, Maya. Estão excitadíssimas só de ver a luta]]
     [[Eu estou vendo em imersão total da realidade não virtual... ungh!]]
     Novamente a joviana foi arremessada no campo de força, e agora estava presa neste pelos golpes seguidos de Rei. Nem Makoto ou Maya se enganavam com a aparente visão de uma grande lutadora atingindo sua adversária. Ambas sabiam que Haruka estava sendo trucidada agora, talvez com golpes mais poderosos do que a própria mãe dela a atingia.
     - Vai me dizer que você não gosta de lutar, Maya? - Makoto sorria com seus olhos enquanto cochichava para ela - lembra quando ficou lutando contra o vovô por três horas seguidas tentando a todo custo que ele lhe revelasse seu outro eu? Estava doida para medir forças com ele, louca por uma luta realmente épica, no mesmo nível que meu pai. Afinal, vovô tem a versão solariana do punho do dragão.
     - Era outra situação e não havia nenhum problema de paradoxo envolvido, e eu realmente adorei cada minuto. Mas não tente distorcer as coisas. Se querem uma surra, era só falar comigo. Alias, acho que vou mesmo lhes dar uma surra só para aliviar minha raiva.
     - Ótimo! Que tal agora? - a joviana sorria, batendo palmas. Realmente, ameaçar uma joviana com uma surra não é uma boa idéia...
     Os olhos de Haruka brilham emitindo trovões, junto com o símbolo de Júpiter em sua testa, o que obriga Rei a se afastar.
     - Joviana? - disse uma das sailors que observavam atentamente o combate. E uma rápida avaliação de Mako-chan logo lhe indicou quem fora a autora.
     Sailor Titã.
     Aquela que até o momento fora a única, além de seu avô, a conseguir derrotar seu pai em uma luta total na arena.
     Na verdade, ela não se chamaria de Makoto se ele não tivesse perdido. Antes de enfrentar Maya, ela TINHA que ter um tete a tete com ela. Tinha que avaliar sua capacidade agora, como fez com seu pai no passado. Seria interessante uma comparação entre eles em uma idade da adolescência similar.
     - Não pense em besteiras - tornou a avisar Maya - entendeu mocinha?
     - Ora...
     - Nem pense, eu estou no comando agora, e com só uma palavra com Rei e você não vai nem suar, ouviu?
     - Hum.... - ela pôs as mãos na cintura e mexeu o quadril um pouco - mesmo? Vai revelar quem somos?
     [[Josh, fale com Rei agora]]
     [[Tem certeza?]]
     [[Eu disse, AGORA!]]
     Mako-chan abriu levemente os olhos, e logo em seguida uma grande seqüência de golpes foi ouvida. Quando ela olhou, viu sua irmã no chão, mal conseguindo se mover. Ela nem mesmo conseguiu usar seu maior ataque contra a senshi. Literalmente foi derrotada antes de começar.
     - Maya... você é muito, mas muito chata!
     [[Obrigada, Josh]]
     [[Disponha]]
     [[Josh, porque fez isso?]]
     [[Acha que vou conseguir encarar minha mãe caso não tenha atendido a senshi do tempo? Brincou, né? Fora que eu nem devia estar aqui]]
     [[Por falar nisso, onde você está?]]
     [[Bom Maya... eu.. olha. Depois eu conto, está bem? É que eu queria ver na surdina como Rita está. Fiquei curioso, sabe?]]
     [[Sei... está é sem vontade de ser paquerado, Não é?]]
     [[Hã...]]
     [[Você não é o primeiro a passar por isso. Se esconder não vai resolver nada.]]
     [[Tem razão]]
     [[Ótimo. Traga esse rostinho lindo até a gente]]
     [[Obrigado, mas ainda assim, prefiro ficar aonde estou]]
     [[Como queira. Hum... porque Haruka não admite que perdeu?]]
     Podiam ver a joviana tentar se erguer, mesmo sabendo que não tinha condição alguma de prosseguir. Rei iria trucidá-la de novo assim que ela se levantasse.
     - Já chega mocinha - disse ela cruzando os braços - pode ir ficar do lado de sua irmã enquanto as outras treinam. AGORA!
     Rei a observa. A garota ainda assim tentava se erguer, como se estivesse disposta a partir novamente para cima de Rei. Que garota insistente!
     E teimosa!
     Parecia com seu antigo discípulo.
     Um dos melhores que já teve.
     - Eu disse chega minha cara. Não sabe quando parar não?
     - Eu... - ela mal conseguia flexionar os braços para se levantar - ainda... ainda posso...
     [[Não pode nada, visitante do futuro]]
     - Você - ela apontou para Mako-chan - pegue sua irmã e a deixe descansar um pouco lá fora. Eu já falo com vocês. Com todos vocês.
     Ela engoliu em seco. Levantou-se e logo depois saía do dojo, carregando a irmã nos braços. Que droga! Maya tinha que estragar a diversão delas. Ela era joviana também! Devia saber que elas adoravam isso. Lutar, batalhar, era o melhor esporte que conheciam.
     Isso e paquerar a noite...
     Haru-chan estava com os olhos semi cerrados, tentando ver a luz. Que coisa... sua irmã a segurando...
     Ela cerra os dentes quando sente sua irmã a largar, mas no mesmo instante, sente que fora segurada por fortes braços. Ela abre os olhos, ao ver um anjo amparando-a.
     - Oi minha linda...
     - Se eu não estivesse... tão fraca... eu ia usar sua cabeça para... bater estacas.
     - Eu também te amo - disse Josh sentando-se na grama com ela ainda em seus braços - mas fiz o que fiz por todos nós. Você sabe muito bem que não devíamos intervir nesta época. Só não fiz isso antes em respeito a você. Percebi sua expressão. Tinha um sorriso lindo nos lábios enquanto lutava. E parecia maravilhosamente feliz. Eu não tinha o direito de estragar isso. Não a estaria te respeitando como guerreira se o fizesse.
     - Mas mesmo assim o fez - disse Mako-chan olhando feio para ele. Nem lhe passou pela cabeça que Roger não os estava acompanhando.
     - Eu apenas obedeci ordens.
     - Você? Obedecer ordens? - ela estava um pouco sarcástica - desde quando você é um soldado?
     - Preciso ser um soldado para isso? - ele não estava com raiva, mas aquilo o machucou muito - minha mãe é uma senshi, e meu pai nunca teve real interesse nisso. Mas quando ele atuava com os amigos, sempre agiu em equipe. Maya é a líder aqui. Tanto por experiência como por posto e até por ser a escolha lógica final, pois ela é a nossa senshi do tempo. Controle um pouco sua irritação, Mako-chan. Lembre-se de que temos coisas bem mais serias para encarar quando voltarmos para casa. E Não vai gostar de ver Rei irritada ao saber que perdemos sua neta. Melhor, que Maya perdeu a neta dela pelos corredores do tempo. Ela está preocupada, e com razão. Não está lutando contra nós, e sim do nosso lado.
     - Tá bom, tá bom! - ela bufou e cruzou os braços - mas estou irritada. E muito! Ela preferiu nos entregar, pura e simplesmente. Tudo bem. Mas se esqueceu que não foi só Hip-chan que perdemos? Seus tios também estão no meio.
     - Não me esqueci, mas é mais fácil encarar minha avó do que encarar Rei.- ele acariciava a face da joviana deitada em seu corpo, com uma doce expressão.
     - Mais fácil do que a rainha? - ela se curvou e o olhou diretamente - afinal, a filha dela está junto, lembra?
     - Não piore minha ulcera... acho que isso é mal de família... de todos nós. E você, minha linda?
     - Estou... toda moída...
     - Cure-se, oras.
     - Mana... não comece. Gasto muita energia para curar a mim mesma, e estou bem fraca agora.... droga....
     - Shhh - ele toca seus lábios com os dedos, silenciando-a - descanse agora. Você foi maravilhosa - ele sela seus lábios com os seus.
     - Muito bem - começou uma voz vinda da porta do dojo. Quando Mako-chan se virou, viu Maya,. Roger, e Rei do lado deles - posso saber onde estavam com a cabeça para resolverem lutar assim? Que droga! Vocês são do futuro. O que queriam fazer?
     - Bem... - Mako-chan começou a remexer o pé e a chutar a grama - agir normalmente....
     - Normalmente? Oras...
     - Maya... muda o tom! Você acabou de me dar essa bronca há um minuto!
     - Queriam se divertir, não é? - Rei as observava com seriedade e cara fechada, se esforçando para não perder a calma - não perceberam que podiam causar problemas? Maya, não foi para aprenderem que elas estavam fazendo esta... excursão?
     - Não fui eu que aceitei o desafio de uma total desconhecida de cara - dizia Haru-chan se livrando de Josh, mas tornando a beijá-lo em seguida.
     - Ora...
     Ai não... agora não. Porque ela tinha que cutucar a fera com vara curta?
     - Sailor Marte - disse ela se empertigando - como colega senshi, eu peço para controlar seus instintos.
     - Não é minha colega. Ainda não. Isso vai ser no futuro. Agora mocinha, era sua responsabilidade evitar problemas. Você adentrou meu dojo sabendo que teria chance de se por a prova. Se eu soubesse de onde era, nunca teria deixado envolver-se.
     Sem resposta. Ela ainda dividia um gostoso beijo com Josh, ignorando todos ao redor.
     - Dá para pararem com essa agarração e prestarem atenção? Até parece meus filhos... Elas são minhas parentes? - perguntou se dirigindo a Maya - netas talvez...
     - São jovianas - respondeu esta.
     - E... são minhas netas? Alguém aqui?
     - São jovianas - ela simplesmente respondia.
     - Bem... hm... meus dois melhores discípulos eram muito íntimos, sabe. - ela dava um sorriso de leve - quem sabe o que pode vir disso, não?
     - Hum... está querendo que eu lhe diga coisas que não quero dizer?
     - Não. Só quero saber se Akira e...
     - Não vou dizer.
     - Mas....
     - Elas são jovianas. Só posso dizer isso.
     - Adoraria tê-las como netas - ela dá um outro sorriso para Mako-chan - mas tenho um palpite... vocês duas... a franja... o ímpeto... é, realmente são filhas dele. Até que não ficaria chateada se descobrisse que são minhas netas, mocinha.
     - Vai ter uma neta para se orgulhar mais ainda - ruminava Haru-chan entre os lábios de Josh.
     - Como disse?
     - Hmmmmmmmm!!!!
     - Ela disse que vou ter uma neta? - perguntou se dirigindo a Maya.
     - Sim, disse. Mas isso não significa que iremos dar o nome dela ou de sua filiação. Olha Rei... já está muito complexa nossa situação aqui. Eu preferiria ficar fora de vista até o momento de nossa partida.
     - Uma herdeira, é? - ela tinha um sorriso que ia de um canto a outro da boca - interessante... seriam uma de vocês duas? Pensando bem, são jovianas, não é? Talvez o pai de vocês não seja quem eu esteja pensando que é...
     - Olha tia Rei, nós...
     - Chega Mako-chan! - cortou Maya - nem uma palavra sobre isso agora, estamos entendidas?
     Ela só bufou em resposta, ao passo que Rei ficou pensando no porque a chamarem de tia.
     Será que eram netas de Minako? Do jeito que a outra se agarrava naquele loiro - que por sinal lembrava alguém - poderia até dizer que elas eram filhas de Rita...
     Rita e... Akira? Não, ela não fazia o tipo dele... fazia?
     Hmmm... ele tinha um respeito enorme por Minako... talvez tivesse uma certa queda por loiras... melhor parar de pensar bobagens, antes que as coisas se compliquem ainda mais.
     - Muito bem, o que vocês irão fazer agora?
     - É, o que vamos fazer agora? - repetiu Mako-chan sendo agora abraçada pelo namorado.
     - Daqui até a hora de partirmos - Maya olhava sério para elas - não vamos fazer mais nada!
     - Mas nem uns tapinhas na sailor Europa?
     - EU DISSE QUE NÃO VAMOS FAZER NADA!!!!
     - Tá bom, tá bom... não precisa ficar na menopausa para isso...
     Bom, pelo menos - agora - parecia que elas iam se comportar. Talvez isso lhe desse folga suficiente para ela tentar localizar onde os outros caíram.
     - Você se casou, Maya?
     - O que? - ela olhou para Rei assustada. A pergunta foi totalmente inesperada.
     - Esse anel na sua mão esquerda parece uma aliança...
     - Hã... eu... quer dizer... a senhora vai saber, não precisa ter pressa.
     - Sei. - Ela caminha até Haru-chan - diga-me, mocinha... alguns daqueles golpes foram bons. Pratica sempre?
     - Na medida do possível, sim.
     - Mas... por que? - ela perguntava, embora soubesse a resposta.
     - Por que o que?
     - Por que luta?
     - Por que oras! É divertido! e excitante sentir o calor do combate e o seu ponto máximo! E eu ainda vou cobrar uma revanche da senhora.
     - Pode esperar sentada.
     - Só uns quarenta anos. É rapidinho. Bem mais fácil do que vencer a sailor Marte.
     - Eu sou a Sailor Marte, garota!
     - Não por muito tempo...
     - Como assim "não por muito tempo"?
     - Foi isso ai que a senhora ouviu. Vai passar o título para frente, ou melhor, ele vai ser tomado de você.
     - Jura? - seus olhos brilhavam só de ouvir as palavras - será tomado, é? Hmmm... alguém que eu conheço faria isso, mas não iria querer permanecer em meu lar, a não ser que se emancipasse... que se casasse... quer dizer que... hmmm...
     - Mas vocês gostam de abrir a boca, heim? - Maya não agüentava aquilo. Só faltava contarem agora todos os genros e noras da Rei - não sabem guardar nenhum segredo não?
     - Grande segredo - murmurava Mako-chan - bem, estou ficando entediada. O que faremos agora?
     - Já disse: Vocês não vão fazer nada. E eu vou ver se encontro nossos... amigos. Certo? Rei, que tal curar aquela dali?
     - Quem, eu? Não... deixa ela aprender um pouco. Um pouquinho de dor nunca fez mal a ninguém.
     Josh se ergue, carregando Haru-chan no chão, a qual gemia um pouco.
     - Aonde vai, Josh? - perguntava Maya, intrigada.
     - Já que ninguém vai se compadecer do sofrimento dela, então vou até alguém mais piedosa do que vocês.
     - E quem seria? Como se eu não soubesse...
     Percebendo que não havia muito o que fazer ali, Roger enlaça Mako-chan e ambos também partem, deixando Rei e Maya para trás.