Banzai! escrita por DetRood, Crica


Capítulo 7
Conhecendo o Inu




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CAPÍTULO 7: CONHECENDO O INU

Os três rapazes findaram a tarde na biblioteca, procurando livros e dados que elucidassem melhor sobre aquele espírito que supostamente havia tomado o sobrinho de Tanaka. Chang, ainda com um hematoma no rosto, causado pelo grandalhão careca, observava atentamente o trabalho dos rapazes, tentando encaixar as peças daquele estranho quebra - cabeças.

Sam olhou discretamente para o machucado do garoto e sentiu uma ponta de remorso por ele ser sozinho e acabar sofrendo às custas deles, no final das contas.

 - Então quer dizer que vocês são caçadores de espíritos? – Os olhos do garoto observavam atentamente os movimentos dos rapazes, o abrir e fechar de livros e manuscritos.

- É, só que sem os uniformes...” - Dean pensou em responder, mas provavelmente por sua idade, Chang não conhecia os filmes de referência que fizeram sucesso nos anos 90.  - Algo assim, garoto...  – Respondeu, sem tirar os olhos do pequeno livro em suas mãos.

 - Chang, queremos que você entenda que nosso trabalho é um pouco diferente do trabalho de policiais e investigadores... – Samuel, de alguma forma, queria explicar algo ao garoto, que nem tinha uma explicação plausível.

 - Eu acho que entendi, Sam... No que as pessoas normalmente não acreditam, vocês acreditam e isso é o trabalho de vocês... Lutar contra o mal...  – O olhar brilhante e tranqüilo do garoto chegava a assustar os rapazes, pois o pequeno demonstrava seriedade e serenidade tamanhas ao falar daquele assunto, que para a maioria dos adultos era um tabu.

 - Ouça, Chang... Nós agradecemos muito pela ajuda que você nos deu, mas acho que já é hora de terminarmos nosso contrato... – Dean sabia que não podia arriscar a vida de uma criança inocente em qualquer investigação.

 - Pois eu acho que ainda serei muito útil... Veja, os livros daquela estante ao fundo estão em japonês, e provavelmente em chinês... Vocês por acaso sabem ler nestas línguas? - Enfim, de alguma coisa serviram as infindáveis horas diante dos diagramas na escola comunitária.

Os rapazes se entreolharam, deram um suspiro, levantaram - se e foram em direção à estante, aparentemente esquecida no meio daquela imensidão de celulose e tipografias diversas...

 - Muito bem, GW, onde fica a parte de lendas e folclore? – Dean cruzou os braços, olhando para o garoto, que atentamente olhava os tombos dos livros, para identificar qual o assunto exato de cada um. Apontou para os livros que provavelmente interessariam. Estavam na última prateleira de cima, onde não alcançava. Fez um sinal para que alguém desse uma ‘forcinha’ para ele. Dean num movimento quase brusco pegou o garoto no colo, que rapidamente se apoiou nos ombros do loiro, pegando três livros da estante mais empoeirada do que preenchida pelas edições.

Após algumas folheadas, Chang detectou algo interessante, que estendeu aos irmãos.

 - Aqui diz que o Inu é um espírito canino, geralmente guardião de alguém ou alguma coisa no plano terreno – Chang dizia com um tom de voz muito sério, pois entendia que estava participando de algo realmente importante – Ele pode ser invocado para o bem ou para o mal, dependendo de para quê ou quem o invoque. Ele tem a capacidade de farejar os demônios malignos e os corações impuros e os persegue até a destruição. Diz também que, em algumas seitas é considerado um semi - deus.

 _ Daí os ataques à máfia ... Pelo menos alguma coisa ‘boa’ esse bicho está fazendo... – Dean interrompeu a leitura do pequeno Chang.

 - Aham... – O garoto limpou a garganta, achando ruim a intervenção do mais velho, que numa careta não acreditava na ousadia do moleque. Samuel observava as figuras do livro, onde uma grande sombra em forma de animal com longas garras era representada pelo texto lido pelo garoto.

 - Agora entendo por que Tanaka deixou a caixinha com óleo de sândalo, Sam... Ele previa que era alguma coisa desse tipo e nos deixou uma espécie de ‘ajuda’ caso ele desaparecesse, seja por conta dos mafiosos ou ainda do próprio sobrinho... - Dean franziu a testa, lembrando - se do pequeno objeto que Tanaka havia deixado para eles durante sua ausência.

 - É verdade, o sândalo é considerado um catalisador de energias, pelo que lembro do que li do diário do pai, vários povos, inclusive os muçulmanos, o utilizam em rituais fúnebres para encaminhar o espírito ao outro lado... – O mais novo completava o raciocínio do mais velho.

 - Então encurralarmos o cãozinho e damos um banho nele!

 - Não creio que seja tão fácil assim, Dean... Sabe que nem sempre um espírito se comporta como está registrado nos livros, ainda mais se nunca lidamos com algo desse tipo. Pode ser que exista alguma coisa além, devemos ficar atentos...

 - Bom, mas isso é tudo o que temos, não é? Ficar de braços cruzados certamente não vai acabar com o bicho, nem com as mortes...

 - Ok, afobado, então o que você sugere?

 - Eu sugiro que procuremos por aqueles caras do porto. Se o espírito está atacando gente do mal, certamente eles são os próximos. Garoto, deixamos você na casa de Tanaka, contamos a ele nosso plano e enquanto isso pensamos em como abordaremos a criatura. Sabe, eu não sou só um rostinho bonito... – Dean deu uma piscada para o irmão, que revirou os olhos, já juntando suas coisas em cima da mesa para saírem de lá.

 - E por que eu não vou com vocês? – Os olhos de Chang brilharam ávidos por toda aquela ação prometida.

 - Não queremos nenhum pentelho atrapalhando nosso trabalho – Dean respondeu secamente, mas se lembrando de quando era também uma criança e queria acompanhar seu pai nas caçadas, era deixado de lado muitas vezes.

 - Ele está certo, Chang... Será muito perigoso e queremos que você fique em segurança. Já basta o que aconteceu com você no porto... – Samuel olhava para o menino cheio de piedade.

O garoto nem respondeu, acomodando - se no banco de trás do carro, com a cara fechada e os braços cruzados. Os irmãos acharam melhor encerrar o assunto e voltar em silêncio para a casa de Tanaka. Aquela noite seria barra.

Chegando lá, contaram a Tanaka sobre tudo o que tinham e, em resposta, ele trouxe da cozinha, nas suas mãos, uma katana antiga.

 - Se realmente for isso, então basta ungirmos esta lâmina com óleo de sândalo e atingir a criatura – Tanaka guardava a espada numa grande mochila branca – Eu acompanho vocês, mas só ficarei de tocaia, caso alguma coisa dê errado.

 - Será arriscado, Tanaka... – Samuel olhava para o velho oriental, franzino e baixinho, mas lembrando - se dos objetos e manuscritos à mostra na sala de sua casa, que indicavam que ele não era somente um negociador de antiguidades.

 - Sam, sabemos fazer nosso trabalho, mas como não sabemos o que é aquilo realmente. Toda ajuda será bem - vinda – Dean mexia no seu arsenal.

Chang estava afundado nas almofadas do pequeno sofá, ainda emburrado com a sua exclusão da grande aventura.

 - Ouça aqui, moleque, se não voltarmos até amanhã de manhã, pode chamar a polícia, ok? – Dean repousou as mãos nos pequenos ombros do garoto, que ainda encarava o loiro num tom raivoso.

E assim os irmãos e o velho terminaram de arrumar suas coisas e no início daquela madrugada partiram na direção do porto, onde se encontraram com os mafiosos da primeira vez.

O que não repararam é que Chang foi mais esperto e entrou no porta - malas do Impala antes que eles pudessem perceber alguma coisa.

***


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