O Recomeço escrita por Katherine


Capítulo 6
VI




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Bree.

Abri os olhos em desespero, a sensação era que todos os meus sinais vitais estivessem sidos arrancados do meu corpo e novamente devolvidos depois de algum tempo. Meus olhos já não ardiam mais, na busca desesperada em algum humano pela qual pudesse cravar os dentes. Na verdade, eles tentavam localizar onde estávamos. Alexander e Riley estavam próximos, percebi que os braços do último estavam me envolvendo, provavelmente ele havia me tirado do castelo junto com o poder do Volturi. Me sentia envergonhada, e não brava. Minha falta de autocontrole era um tremendo problema.

— Desculpa – pedi em sussurros, os olhando rapidamente.

Os braços de Riley me soltaram.

— Você está legal? – ele perguntou.

Assenti em resposta.

—  Hum? Não – Alec falou atraindo a nossa atenção – Não tem nada legal. Bree, você precisa aprender a caçar antes que isso traga grandes problemas à você e aos Volturi. Eu posso te ensinar, não seria a primeira pessoa.

Senti meus ombros pesarem. Alec estava sendo legal, mas eu não queria aquilo.

— Não sei se consigo.

— Você não tentou – acusou.

— Alec, eu... Quero dizer que nem sei se realmente quero isso.

Ele franziu o cenho.

— Não entendi – falou – Está me dizendo que não quer se alimentar?

— Não – eu queria me alimentar, queria muito me alimentar. Não havia nada comparado com o gosto do sangue – Eu não quero matar ninguém.

— Vai ficar se alimentando de bolsas pelo resto da eternidade? – Riley pigarreou, mas gêmeo de Jane não deu muita bola, lançando-o uma carranca – Qual é, Riley? Você sabe mais do que Bree sobre isso. É impossível viver desse jeito. E tudo bem se você não quer matar pessoas inocentes, mas por favor, não diga que quer virar uma vegetariana como os Cullen.

— Vegetariana? – perguntei.

A ideia, seja lá qual fosse me parecia um pouco mais atrativa.

— É. Vegetariana – repetiu com desdém – Eles se alimentam de sangue animal.

— Só?

Alexander assentiu.

— Não pense nisso. Você ficaria mais fraca, seus sentidos não teriam tanta potência, sem contar os olhos amarelos. Eu sei que você não quer isso – disse.

— Tudo bem, então... O que quis dizer com você não precisa matar pessoas inocentes?

— Mate criminosos – sugeriu, dando de ombros – Além de saboroso, pode ser uma brincadeira bem divertida. Sabe, sempre tive vontade de ser detetive.

Franzi o cenho.

— Mostre-me como fazer – pedi vendo um sorriso animado aparecer em seu rosto.

Riley bufou, não estava tão animado com aquilo quanto Alec, mas nos seguiu. Estávamos em um beco, tão próximos da cidade que me surpreendi terem me levado para lá mesmo quando estava tentando ficar longe de sangue humano. O Volturi nos levou até o alto de um prédio, escalando em uma enorme escada que havia ali, o que demorou pouco menos de um minuto. Era estranho as coisas que eu conseguia fazer depois de uma simples mordida. No alto do lugar, tão próximo do céu que podia jurar que se ficasse na ponta dos pés conseguiria tocá-lo eu me senti viva novamente. As luzes das casas estavam ligadas, por conta do horário que já passava das nove e meia da noite. O vento batia contra o meu rosto levando os meus cabelos escuros para longe do meu rosto. Alec estava de pé no parapeito com um sorriso no rosto, e quando me dei conta Riley fazia o mesmo. Eles caminhavam sob o mesmo sem nenhum medo de cair, porque claramente se livrariam de um acidente com facilidade. Não havia o risco de sermos vistos, o prédio poderia ser considerado um arranha-céu e por conta da escuridão da noite, era impossível.

— Vem – Riley chamou, para que eu me juntasse aos dois.

Caminhei até o mesmo aceitando sua mão de bom grado. Quando humana eu tinha medo de altura, não acreditava que aquilo pudesse sumir junto com tudo o que restava, e eu estava certa. O medo ainda estava ali, mas era diferente. Havia medo e confiança. Ambos em uma mesma balança que mostrava claramente quem comandava. Meus pés tocaram o pequeno parapeito e naquele momento eu tive certeza de que a imortalidade talvez não fosse tão ruim assim. Riamos sem um motivo concreto, apenas pela felicidade e adrenalina extraordinário.

— E ai? Gostaram? – Alec perguntou.

— Sim – Riley concordou prontamente.

— Agora é tudo mais fácil, Bree – ele disse – Olhe as pessoas caminhando em volta. Você precisa analisar alguns aspectos. É claro, o sangue mais atrativo pra você é o melhor deles, mas não é só isso. Não queremos chamar atenção... nunca... então não importa quem seja, você precisa olhá-lo antes, será que alguém sentiria falta daquele humano? O que menos sentir, você ataca.

— Tudo bem.

— Não é tão difícil. Vamos lá, você consegue – incentivou – Ah, tem algo bastante importante. Às vezes, o melhor para atrair a nossa presa é usando o nosso poder de persuasão. Nós, vampiros ganhamos esse poder quando nos transformamos, use ao seu favor. Aliás, por que não vai dar uma volta? Você é jovem, não vai demorar muito para que algum cara venha falar com você.

— E se eu não conseguir me controlar? – perguntei.

— Bree – Riley chamou – Vamos estar aqui.

Suspirei me dando por vencida.

Me inclinei no parapeito, certificando-me de que não havia ninguém lá embaixo, encarei os garotos que novamente me incentivaram antes de pular do mesmo. A sensação era incapaz de ser explicada. Quando meus pés tocaram o chão do beco me senti confiante o bastante para fazer o que Alec havia dito. Fechei os olhos e inalando o cheiro, era um misto de tantos, pois estava muito perto da avenida central. Forcei as mãos em punho, tentando controlar à vontade enquanto ouvia passos se aproximarem. Alguém havia entrado no beco e estava a poucos passos de mim, não sabia quem era, pois ainda não havia aberto os olhos.

— Oi – ouvi a voz dizer, fazendo com que minha garganta ardesse ainda mais por sangue – Moça, você está bem?

Finalmente abri os olhos. O homem estava bem próximo, se esticasse o braço podia me tocar, mas ele não faria isso. Seus olhos se prenderam nos meus e pude observar a expressão de dúvida em seu rosto. Ele não aparentava ter mais de vinte e cinco anos e carregava uma mochila de viagem nas costas, o sotaque também não deixava com que eu me enganasse, ele não era um italiano. Talvez fosse a vítima perfeita.

— Tudo – assenti, tentando controlar a queimação – Só estou com um pouco de dor de cabeça.

— Seus olhos... são vermelhos?

— Lente de contato – dei de ombros. Encarei a sua mochila nas costas novamente – Viajando?

— Bem longe de casa – brincou.

— Bom saber – sorri, mas ele pareceu não entender.

Alec podia gostar, mas pelo jeito eu não seria uma daquelas que brinca com comida. Quando me dei por conta seu corpo sem vida estava caído aos meus pés. Alec pulou pouco a minha frente, junto com Riley.

— Ótimo – elogiou. Tirando um isqueiro de seu bolso – Segundo passo... não deixar rastros.


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