O Recomeço escrita por Katherine


Capítulo 4
IV




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Bree.

Depois da minha conversa com Heide havia voltado para o meu quarto, e da janela pude ver que a luta já havia acabado, mas alguns deles ainda permaneciam conversando. Riley estava com os olhos fixos em Félix enquanto ele falava sem parar, forcei a audição para tentar ouvir o que dizia, mas ainda não era tão boa nisso, tudo não passou de sussurros sobre golpes da luta, Félix lhe ensinada algo sobre a forma que suas mãos estavam posicionadas. Riley virou-se na direção da minha janela, percebendo então que eu estava ali. Engoli seco quando ele lançou um sorriso sem mostrar os dentes. Entrei novamente no quarto, sem retribuir qualquer gesto, sendo arrancada de meus pensamentos por duas batidinhas na porta. Inalei o ar, sentindo o cheiro de Heide – pelo menos naquilo eu já estava ficando boa. Não precisei caminhar até ela, antes mesmo que pudesse dar dois passos a mulher já havia entrado no quarto com um sorriso no rosto e um copo nas mãos.

— Olá, docinho.

— Heide – sorri em resposta.

Meu olhar caiu sob o copo em sua mão, era sangue humano. Milhares de agulhas perfuraram a minha garganta naquele instante.

— Toma – sugeriu, entregando o copo na minha direção.

Virei todo o liquido sob o seu olhar atendo, não havia percebido o quanto estava com sede. A última vez que tinha me alimentado foi no avião, quando Demetri me ofereceu sangue, daquela mesma forma.

— Uau, você estava mesmo faminta – comentou.

— Obrigada.

— Não há de quê – sorriu, pegando o copo de minhas mãos – Hoje vou trazer alguns visitantes para o castelo, se é que me entende. E se você não pretender cravar as presas em alguém, sugiro que de uma volta.

— Ainda não me sinto confortável com isso.

— Eu sei – falou tocando os meus cabelos com carinho – Mas, eu garanto que uma hora isso passa.

— Espero que sim.

Heide caminhou até a varanda, depositando o copo que estava em sua mão sob uma mesinha, ela olhava para algo lá fora com atenção.

— Como foi a sua transformação? – perguntou, em um tom de voz diferente do que eu já estava habituada. Parecia... dolorido.

— Eu não me lembro.

Ela me olhou.

— De nada?

Pensei por um momento nas lembranças daquela noite.

— Estava voltando da escola, mas já era bem tarde e o meu carro quebrou. Então, eu liguei para o meu padrasto, mas acho que ele já estava tão bêbado que não ouviu o celular – dei de ombros – Minha mãe morreu a dois anos, então erámos só nós dois. Na verdade, eu o via cerca de três vezes por semana quando eu me transformei. Então, era só eu. Sabia que ele só continuava indo para se certificar de que eu estava viva, porque foi o último pedido dela, que ele cuidasse de mim.

— Sinto muito.

— Tudo bem, eu me virava bem. Trabalhava na biblioteca da escola no meu período livre e isso me ajudava – contei – Mas, naquela noite, tive que voltar andando para casa e era um longo caminho. Não haviam tantas pessoas nas ruas, disso eu me lembro e então alguém apareceu e tudo aconteceu muito rápido. Não me lembro de muitas coisas sobre aquela noite, mas quando acordei a sensação era horrível. Tinham carros, vampiros e fogo para todos os lados, e Riley estava ali também. Ele não dizia muita coisa, era comandado por Victoria. Eu nunca a conheci, mas Riley diz que foi ela quem me transformou. Que transformou todos nós.

Heide sentou ao meu lado na cama.

— E por algum momento você já imaginou que ele possa estar mentindo?

Franzi o cenho.

— Por que ele faria isso?

— Talvez por não querer que você o odeie. Ele não quer levar a culpa.

— Acha que ele pode ter me transformado?

Ela deu de ombros.

— É uma hipótese – murmurou – Se Riley era comandado por essa mulher, ela podia manda-lo transformar humanos, não acha? Além disso, ele cuida de você. Podia simplesmente tê-la deixado para trás quando Aro o propôs se tornar um Volturi, mas não, ele incluiu você na equação, e um mais um é igual a dois.

Bati palmas com ironia.

— Vamos lá, gênio. Continue sua teoria.

— Félix me contou que um vampiro se sente responsável por sua criação.

Franzi o cenho.

— Félix transformou você?

— Sim – falou sorrindo – Ele me salvou.

— Por isso vocês estão juntos?

Ela riu.

— Você é esperta. Mas, não, não estamos juntos por isso. Estamos juntos porque gosto dele, e não do que ele fez por mim. Como você! Você odeia o que Riley fez por você, mas gosta...

— Heide! – a interrompi – Não continue. Você nem sabe se foi ele realmente que me transformou.

— De fato, eu não sei – levantou-se caminhando em direção a porta – Mas, você pode perguntar. Venho com a janta as 21:00 horas, não esteja aqui.

Após as últimas palavras da vampira que até então havia sido a pessoa que eu mais gostei no castelo, sai de lá, rumando pelos corredores novamente em direção ao jardim. Senti um cheiro familiar se aproximando e decidi apressar o passo, depois de tudo o que havia escutado, não era uma boa hora para conversa.

— Bree – a pessoa chamou, mas eu continuei a andar, mas rapidamente o ignorando – Bree!

Parei quando vi o final do corredor, e em nenhum dos lados havia escada ou elevadores, me amaldiçoei por não ter decorado o trajeto. Virei-me para Demetri que já estava parado a poucos passos de mim com uma expressão de dúvida no rosto.

— O que houve? – perguntou – Não me ouviu?

— Não, desculpe – menti.

— Você me ouviria se eu estivesse no fim desse corredor – falou – Fale, o que houve?

— Não é nada – garanti – O que você quer?

— Pediram para lhe entregar isso – estendeu um cartão que estava em suas mãos em minha direção. Peguei mesmo sem entender – É seu. Para que compre o que precisar.

Tão rápido quanto um raio, Jane Volturi estava no final do corredor, caminhando em nossa direção.

— Isso. Agora você pode comprar roupas mais confortáveis para luta, não terá mais desculpas – disse entrando em umas das portas que ficavam atrás de mim.

Demetri suspirou.

Sentia minhas pernas tremerem, eu realmente tinha medo daquela diaba.

— Sinto muito por ela – falou – Se quiser posso te fazer companhia no shopping, caso você perca o controle vou saber o que fazer. Ou Heide, também. Se preferir.

— Você e Heide são bastante próximos, não é? – sorri maliciosamente.

Seu rosto se transformou em uma carranca.

— Ela contou? – assenti – Heide não consegue ficar com a língua dentro da boca.

— Literalmente.

— Bree! – me repreendeu – E o que mais ela disse?

Pensei por um momento em contar que sabia de Jane ou então sobre nossas suspeitas por Riley, mas decidi que não era hora.

— Bom, depois nos falamos – não esperei que ele protestasse.

Procuraria Heide em todos os lugares do castelo para que ela fosse comigo ao shopping, gostava da minha cabeça e não queria que Jane Volturi à tivesse sob uma bandeja. Depois de pouco mais de vinte minutos procurando, parecia já ter rodado todos os cômodos do castelo, e ela não estava em lugar nenhum. No final de um dos imensos e incansáveis corredores, Félix e Riley conversavam distraidamente, mas pararam no momento em que me viram chegando. Parei estática no lugar, deveria ignorar e dar meia volta? Sem dúvidas seria falta de educação da minha parte.

— Ei, garotinha – ouvi a voz do grandão se aproximar – Procurando algo?

— Alguém – falei – Heide. Você a viu?

Ele assentiu.

— Está na torre com as esposas – comentou.

— Torre? – franzi o cenho – Do que você está falando?

— Depois ela explica – garantiu.

Deu dois tapinhas – que poderiam desmontar uma parede – nos ombros de Riley e se retirou.

— Está mesmo procurando Heide? – assenti sem entender o motivo da dúvida – Por que?

— Ia pedir que fosse ao shopping comigo.

— Você confia demais nessa gente.

— E você não?

Ele negou.

— Podemos ir juntos – sugeriu.

— Não, acho que prefiro que seja Heide.

— Sei que minhas opiniões não são das melhores, mas, além de tudo também tenho que comprar algumas roupas para a minha sobrevivência.

Sorri para ele, me dando por vencida. Mas, como um flash as palavras de Heide atingiram-me novamente. Parei de andar, fazendo com que ele fizesse o mesmo, me encarando com um semblante de dúvida.

— O que houve?

— Preciso perguntar uma coisa. Só por desencargo de consciência.

Ele assentiu.

— Tudo bem, o que é?

Esperei que se aproximasse por alguns passos.

— Riley, você me transformou?


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