O Recomeço escrita por Katherine


Capítulo 2
II




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Bree.

 

Estávamos cercados.

Os mantos pretos varriam o chão para todos os lugares que olhássemos. Riley andava ao meu lado, passos firmes e sem demonstrar medo por nenhuma fração de segundos. De volta e meia podia sentir o olhar de alguns deles em nossa direção, não conseguia decifrar se era para certificar-se de que ainda estávamos ali, ou simplesmente para me amedrontar. Todo o cenário era assustador demais. A floresta estava seca e fazia frio, os animais se afastavam a medida em que nos aproximávamos. À alguns metros eu podia ouvir o barulho de uma cachoeira, de imediato desejei estar lá. Na verdade, preferia qualquer lugar que me deixasse afastada daqueles seres.

Riley segurou o meu braço com força.

— Continue andando – incentivou com a voz fria.

Ignorei a cachoeira e todo o cenário para novamente encarar os mantos.

— Onde vamos? – ele perguntou, finalmente livrando o meu braço de seu aperto.

A loira que dava medo até nos piores monstros o encarou.

— Seattle – disse com sua voz doce – Pegaremos um avião, e de lá iremos para Volterra.

Riley não fez mais perguntas e nenhum dos outros vampiros disse mais nada.

Seattle não trazia boas lembranças e o cheiro do sangue fazia com que a minha cabeça doesse. Pessoas estavam próximas, mas eu não queria machucar ninguém. Eu não queria ser um monstro. Em uma área reservada havia um jatinho, onde os mantos pretos se encaminharam, fazendo com que nós também adentrássemos. O cheiro já não era tão insuportável quanto do lado de fora, podia ver que no mesmo só existiam seres da nossa espécie. Procurei o banco mais afastado para que pudesse me sentar, deixando os olhos vermelhos de Riley para trás. Tentei me encolher o máximo que pude, queria que me esquecessem ali. Fechei os olhos novamente tentando abri-los e estar em casa, acordando de um grande pesadelo.

— Garota – abri os olhos virando-me para o homem que estava de pé ao lado da minha poltrona, ele tinha um copo em mãos, podia reconhecer o liquido que vinha dali. Ele esticou o mesmo em minha direção – Beba isso, vai se sentir melhor.

Franzi o cenho.

Peguei o copo com cautela, mas depois que o mesmo estava em minhas mãos não me restou nenhum pingo de autocontrole. Em menos de segundos não havia restado nada. Lancei meu olhar na direção dele mais uma vez.

— Vou pegar mais – se afastou, levando o copo consigo.

Tentei virar-me na direção da janela, mas o olhar fuzilante da loira que me causava arrepios estava ainda pior. Um dos vampiros, o moreno que estava ao seu lado tocou o seu braço, mas ela parecia querer arrancar a minha cabeça a qualquer momento.

O homem voltou, mas dessa vez sentou-se ao meu lado. Peguei o copo de suas mãos sorrindo em agradecimento, antes de despejar o liquido em minha garganta novamente. Procurei o olhar da loira, mas só encontrei o de Riley com uma terrível expressão de dúvida no rosto, me encostei no banco voltando a olhar para a janela.

— Está melhor? – o homem perguntou.

Assenti.

— Obrigada.

— Me chamo Demetri – falou – Sei o quão confuso isso pode ser no início, logo você se acostuma.

Concordei, não querendo papo.

Virei-me de costas para o vampiro estranhamente gentil e fechei os olhos.

***

Os corredores daquele lugar davam-me tanto medo quanto as pessoas que o frequentavam. Não estávamos mais cercados, havia apenas um deles ali, o grandão andava a nossa frente, como quem nos guiasse. Eu nem se quer havia visto quando os outros se afastaram. Riley ainda andava ao meu lado, com o mesmo semblante de antes, parecia inabalável. No fim do corredor havia uma enorme porta de madeira, com outros dois mantos pretos parados em frente a ela, o grandão fez sinal e os homens abriram-na sem dificuldade, revelando um enorme salão. Riley e o homem de cabelos pretos caminharam apressadamente para o meio do salão, fiz o mesmo, sem querer estar ali. Eu sempre fui apaixonada por arte e a estrutura daquele lugar me encantava.

— Oh, temos visitas – desviei minha atenção das paredes para encarar o homem assustador que estava parado a nossa frente – Obrigada, querido Félix.

O grandão fez uma breve reverencia e se afastou, ficando ao lado dos gêmeos e do Demetri.

Antes, com aquele armário em forma de gente à minha frente eu não me sentia tão exposta, mas quando ele já não estava mais ali, podia sentir diversos olhares na minha direção. Encarei Riley pelo canto do olho, não conseguia entender como ele podia manter tanta calma.

O homem parado à nossa frente esticou a sua mão para o homem ao meu lado e rapidamente seus olhos perderam o foco. Ele sorriu para Riley de um jeito estranho, e em seguida virou-se na minha direção e também esticou a mão. Relutei em ceder, mas assim o fiz, deixando que visse todos os meus pensamentos, ele não me olhou com curiosidade, mas sim com... pena? Não consegui entender.

— Junte-se à nós, meu caro – disse ao Riley – Seu poder de persuasão é bastante convincente!

Ele assentiu, grunhindo em resposta. Algo me dizia que Victoria havia contado sobre aqueles vampiros à ele.

— Não tenho escolha?

— Você não se arrependerá – garantiu.

Uma breve pausa quando o seu olhar caiu sob mim, novamente.

— E quanto a garota? – um dos homens que permanecia sentado perguntou.

— Doce Bree – saboreou as palavras que saíram de sua boca, encolhi mais ainda os meus ombros – O que poderemos fazer?

— Regras são regras – o loiro disse – Ela ainda não possui idade para ser uma de nós.

Procurei ajuda com o olhar ao entender o que suas palavras queriam dizer. Riley foi o único que me fitou, mas sem expressão alguma.

— Jane e Alec também não, irmão – lembrou-o.

Riley deu um passo em minha direção, ficando mais próximo. Pude ver o homem a nossa frente franzir o cenho.

— Eu fico e servirei à guarda Volturi desde que permitam que Bree fique!


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