Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 8
Acorrentada


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Espero que gostem do cap.
Queria agradecer de novo pela recomendação divosa feita alguns dias atrás. Obrigada, Sky Mikaelson! ♥



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DIAS DEPOIS

—Isso vai doer?-Damon perguntou, enquanto a bruxa, Bonnie, se aproximava de mim.

—Apenas se ela resistir.

—O que vão fazer?-Tentei lutar contra as correntes, mas estava fraca demais e muito presa a cadeira.

—Vamos acessar sua mente. -Damon respondeu, se abaixando e segurando minhas mãos com força. -Na verdade, apenas eu verei alguma coisa.

—Minha... Mente? Não... Não, você não pode... Não...

—Não resista, ou vai doer. Vamos começar, Bruxa Onilda. -A garota respirou fundo e colocou as mãos na minha cabeça.

—Por favor, não resista. -Sussurrou.

—Damon, não faça isso. -Pedi, tentando me soltar dele ou de Bonnie. -Damon...

Aí começou a dor. Como se estivessem abrindo minha cabeça com um machado, ou algo assim. Minhas memórias começaram a aparecer como um filme, mas muito rápido. E eu sentia Damon lá, observando cada detalhe. Senti raiva, vergonha... E uma sensação de nudez. Ele estava vendo toda a minha vida. Isso não era certo, não era justo.

Quando acabou, Damon me soltou como se eu tivesse o queimado. Bonnie se afastou. Mantive meu olhar baixo, humilhada. Lágrimas queriam sair, as impedi.

—Satisfeito?-Perguntei, a visão borrada.

—Sinto muito, Lud...

—Saia daqui... Saiam daqui, saiam!

—Vamos, bruxa. Terminamos aqui.

***

—Sim, eu achei.

Abri um pouco os olhos, exausta. Eu estava muito mais fraca. Em pouco tempo, estaria mumificada... Não bebia sangue a dias. Me foquei na voz feminina que se aproximava.

—Eu preciso mesmo entrar?-Fechei os olhos. -Sim, eu sei, Elena. Nenhum dos garotos está aqui, mas... Okay. -A porta abriu. Era Caroline amiga de Elena. -Acho que ela tá morta. Ela tá parecendo meio... Cinza. Não vou me aproximar! E se ela... Okay. -Se aproximou, os dedos na lateral do meu pescoço. -Ela tá mortinha...

Então eu ataquei. Consegui morder o pulso da garota, o mais forte que pude. Caroline gritou, derrubando o celular.

—Me solta! Me solta! Elena, socorro! Ela me pegou! Elena!

Conseguiu se afastar, segurando o pulso, e chorando baixinho. Soltei as correntes.

—Ai meu Deus! Ela se soltou!-Correu.

Quando terminei de me soltar, corri atrás dela. Não queria machucá-la, mas precisava de sangue. A garota conseguiu chegar a porta principal, e saiu. Quando cheguei na porta, a luz do sol começou a me queimar. Gritei e recuei para dentro de casa. Eu estava sem meu anel.

—Droga.

Voltei para a minha “cela” e peguei o celular que Caroline derrubou. Elena ainda estava na linha, chamando a amiga.

—Caroline está bem. Agora avise Damon e Stefan que eu quero meu anel de volta. -Desliguei.

Revirei os quartos dos Salvatore, mas não encontrei o que estava procurando.

—Ludmille!-Desci as escadas e me aproximei da porta principal, ficando fora do alcance da luz solar. -Você se soltou.

—Eu quero meu anel. Me devolva.

—Eu não posso deixá-la ir.

—Em breve vai anoitecer, vou sair de qualquer jeito.

—Então você tem que voltar agora...

Atacou na minha direção, me derrubando numa área de luz que passava pela janela. A dor me distraiu da tentativa de me soltar. Verbena foi injetada em mim, a dose me fez apagar.

***

Dessa vez não era apenas os pulsos e os tornozelos presos. Havia uma corrente grossa na minha cintura, e uma mordaça muito parecida com aquela que o Conselho usou ao prender os vampiros antigamente.

—Eu sei que é desconfortável, mas... Por enquanto, vai ser assim. -Damon disse. -A corrente tem verbena, mas como não está encostada na sua pele, não vai incomodar. -O encarei, querendo expressar toda minha raiva, mas lágrimas começaram a cair. -Eu juro que isso é temporário. Quando tivermos respostas... -E se não tiverem?—Volto pra te ver mais tarde. -Saiu rapidamente.

Os dias foram passando. Ao contrário do que Damon tinha dito, ele não voltou pra me ver. Stefan espiava pelas grades da porta, mas não entrava. Elena fazia o mesmo que o namorado, só que falava comigo. Eu achei estranho, no começo, mas me acostumei. Nas primeiras visitas, ela tentou entrar, mas Stefan disse que Damon proibiu. “Ela foi enfraquecida com verbena, e não recebe sangue, mas pode ter algum resquício de força”. Não sei se isso a assustou, ela não tentou entrar mais.

—O céu está escuro hoje. -Comentou, olhando pelas grades. -Um vento frio está fazendo todo mundo vestir roupas mais quentes. Tem umas nuvens negras e talvez chova um pouco, mais tarde. Ontem teve uma festa, dos Fundadores. Não foi muito boa. Damon incomodou a noite toda, com os comentários dele. Ninguém se feriu. Tia Jenna perguntou sobre você. Stefan disse que você foi visitar alguns amigos fora de Mystic Falls. Ela disse que quando você voltar, vamos fazer outro jantar. Acho que ela gostou de você. -Suspirou. -Preciso ir. Espero que possa sair logo daí. -E se foi.

***

—Entre, por favor, senhora Haus. -O senhor Salvatore disse, abrindo a porta. Passei por ele e me sentei. -Em primeiro lugar, queremos dizer que lamentamos a morte do seu marido. E gostaríamos que soubesse que se precisar de algo...

—Obrigada. -Agradeci. -Mas... Os senhores não me chamaram apenas para isso, chamaram?

—Não. Queremos que nos diga o que houve na noite da morte do seu marido. -Assenti.

—Era o dia de folga dos criados, então estávamos sozinhos. Eu estava sem sono, e fui até a cozinha fazer um chá. Perdi a noção do tempo, devo ter ficado muito tempo lá embaixo. Não me lembro exatamente. Quando subi... Encontrei Robert morto... Foi horrível.

—A senhora não ouviu nada suspeito?-O senhor Fell perguntou.

—Não. A noite estava muito silenciosa.

Terminei meu depoimento e saí tranquila. Eu não era suspeita. Eles não desconfiavam de mim. Eu era apenas a viúva triste e desolada. Era tão engraçado... Afinal, eu matei Robert.

***

—Como foi?-Katherine perguntou, colocando a xícara de chá na mesa.

—Não desconfiam de mim. Eles me viram crescer. Sou filha dos amigos deles. Não acham que sou capaz disso.

—Ótimo. Não precisamos que desconfiem de você.

—E então, como estão os meninos Salvatore? Há anos eu não os vejo.

—Estão ótimos. Têm pensado em visitar você. Farei com que me tragam junto, para visitar a famosa Ludmille. -Riu. Estendeu a mão, apertando a minha. -Agora que aquele monstro do Robert está morto, as coisas serão melhores. Além disso, tenho planos.

—Que tipo de... Planos?-Sorriu.

—No futuro você saberá...

***

—Ludmille? Consegue me ouvir?-Abri os olhos. Damon estava apoiando minha cabeça, para que eu pudesse vê-lo. -Ludmille? Eu vou soltar você. Entende o que estou dizendo? Está aqui há quase três meses. E não deu sinais de agressividade ou... Que seja. Mas se tentar me atacar, eu te enfio aqui de novo. Entendeu?-Tentei assentir, mas não consegui. -Ótimo. Hora de sair daqui.

Pouco depois, eu estava no meu quarto, engolindo o máximo de sangue que podia, sem engasgar. Terminei com a terceira bolsa de sangue e me ajeitei na cama.

—Se sente melhor?-Damon perguntou, perto da porta, onde se encostou após me entregar as bolsas.

—Sim. Obrigada... Por me tirar de lá. Você... Parecia motivado, e não... Parecia disposto a me soltar.

—Conversei com Stefan, e decidimos te soltar, já que você não mostrou sinais de ser a “noiva de sangue” de novo. Mas ainda não acabou. Bonnie quer ver se consegue descobrir por que você é assim. Talvez tenha uma dupla personalidade. -Deu de ombros.

—Ela... Vai entrar na minha cabeça?

—Não. Vai apenas falar com as bruxas e coisas assim. Tome um banho, precisamos ir. -Se virou pra sair do quarto.

—Damon. -Parou. -Por favor, esqueça o que viu naquele dia. Esqueça as lembranças... Esqueça da invasão na minha mente. Por favor.

—Tudo bem. Como quiser. -E saiu.

Tomei um banho longo e alguns minutos depois, Damon e eu estávamos indo encontrar Bonnie.

—Essa é a casa. Cheia de espíritos de bruxas nervosinhas, que ajudam a nossa bruxinha particular. É só entrar.

—Você não vem comigo?-Perguntei, parando em frente a porta, temerosa. E se fosse algum tipo de armadilha?

—As bruxas não gostam muito de mim, então vou esperar aqui. Boa sorte.

Suspirei e entrei na casa. Luz solar entrava pela janela, e me queimou quando me atingiu. Gritei e recuei, me escondendo nas sombras. Eu estava com meu anel, então que diabos...

—Parece que elas não gostam de você também. -Damon disse, debochado.

—Eu não entendo...

—Elas estão fazendo com que seu anel não funcione, pra você se queimar.

—O que a gente faz?

—Esperem escurecer. -Bonnie aconselhou, se aproximando. -Não vai demorar até que o sol se ponha. Então podem entrar.

—Tudo bem.

Saí da casa. Damon e eu esperamos do lado de fora, em silêncio, observando o sol. Quando escureceu, entramos juntos na casa, e fomos até Bonnie, que estava sentada no chão, rodeada de velas.

—Sente-se, Ludmille. -Olhei para Damon, que assentiu, e me sentei na frente da bruxa, cruzando as pernas. Bonnie segurou minhas mãos e fechou os olhos.

—O que vai fazer?

—Shh. Espere. -Sussurrou. Inclinou a cabeça um pouco, parecendo ouvir algo. -Elas não querem ajudar. -Abriu os olhos. -Dizem que você tem muito sangue nas mãos. -Parou, ouvindo mais alguma coisa, e franziu a testa.

—O que foi?

—Nada. Apenas... Algumas coisas sem sentido. Não posso ajudar, lamento.

—Por que é que a gente te paga?-Damon perguntou. Bonnie olhou pra ele, com uma expressão feia.

—Vocês não me pagam.

—Nem deveríamos. Você disse que as bruxas podiam ajudar.

—Eu disse que talvez elas pudessem ajudar. -Olhou pra mim. -Sinto muito.

—Tudo bem. -Murmurei, ficando de pé. -Obrigada mesmo assim.

—Onde você vai?-Damon perguntou.

—Não sei, mas sei que não vou ficar aqui. Você ouviu a garota, as bruxas mortas não vão me ajudar. -Olhei em volta, como se pudesse vê-las. -Acham que tenho sangue nas mãos? Se eu matar de novo, ele estará nas suas.

***

—Perdi muita coisa?-Perguntei, sentada ao lado de Damon, no balcão do Grill. Ele deu um gole na bebida antes de me responder.

—Sei que Elena estava te atualizando.

—Isso foi bem legal da parte dela, se quer saber.

—Você não está muito acostumada com pessoas sendo gentis com você, está?

—Não. E você sabe. -Virei meu copo, terminando o whisky. -Acho que vou pra casa.

—Quando eu chegar, é bom não estar com aquele vestido esquisito. -Lancei um olhar debochado pra ele.

—Foi feito pela melhor costureira de Mystic Falls. O vestido mais bonito da cidade, naquele ano.

—Sei. Aquela coisa feia.

—Ele é muito bonito... Tirando o sangue. -Sorri. -Até mais tarde. -Comecei a me afastar, mas ele me puxou de volta, quase me fazendo bater de frente com ele. -Que?

—Se sentir vontade de matar, me ligue.

—Vou tentar me lembrar disso.

***

—Ainda acordada?-Ergui o olhar. Damon entrou na sala e roubou meu copo de vinho.

—Ei.

—Hum... Black Magic. Há anos eu não bebo um desses.

—Está de bom humor. Deixe-me adivinhar... Matou Stefan e não deixou pistas que levem a você.

—Errou. -Encheu o copo e pegou outro pra mim. -Apenas aconteceu algo muito bom.

—Fala logo, te embebedar de Black Magic pra fazê-lo falar não deve ser tão rápido.

—Okay. Elena e eu nos beijamos.

—O que? Você beijou a namorada do seu irmão? Você é terrível. Não sei por que estou chocada.

—Por que é uma boba. Boa noite, Lud. -E saiu da sala.

—Maluco.

Enchi meu copo, acabando com a garrafa de vinho. Terminei de ler meu livro, com aquela sensação de que o fim não foi o suficiente.

—Pelo menos os dois irmãos não se matam no final. -Murmurei, ficando de pé.

—Isso seria extremamente trágico.

—Seria, é claro. -Meu corpo entrou em estado de alerta. Me virei rapidamente, encarando a garota na porta. -Katherine.


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Notas finais do capítulo

O vinho Black Magic é uma referência aos livros, onde ele pode ser encontrado.
Eu escolhi o livro "Dois Irmãos" não só como uma pequena referência aos Salvatore, mas por que quando estava escrevendo a fanfic, tinha acabado o livro fazia pouco tempo.
Katherine está de volta! Que confusões ela vai trazer consigo agora?
Até maaaais!



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