Delirium escrita por Karina A de Souza


Capítulo 5
Névoa Negra


Notas iniciais do capítulo

Olá



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—Acho que agora entendeu do que eu estava falando. -Olhei para o reflexo de Damon no espelho. -Não faça cara feia pra mim.

—Eles colocam verbena no abastecimento de água?

—Não. -Se encostou no batente da porta. -Alguns nem sabem sobre verbena ou vampiros.

—Como eu vou saber quem morder ou não?

—Você não vai. -Sorriu. -Para o bem maior, não vai se alimentar de ninguém. -Me virei.

—O que? Eu me recuso a beber de animais!

—Há um freezer no porão com bolsas de sangue. Sinta-se livre para pegar quando quiser.

—Okay. Tanto faz. -Tentei sair do banheiro, Damon se meteu no meu caminho.

—Espero que agora tenha entendido. Cansei de repetir as mesmas coisas.

—E eu cansei de te ouvir.

—Se comporte e eu não agirei mais como sua babá. -Fechei a cara.

—Está começando a me irritar, Salvatore.

—Posso dizer o mesmo sobre você.

—Achei que tivessem um acordo. -Stefan disse, entrando no meu quarto. -Espero que ainda tenham.

—Ah, nós temos. -Se virou, uma expressão debochada no rosto. -Somos muito amigos ainda.

—Eu não contaria com isso. -Murmurei, passando por ele. -Podemos ir ao “baile dos indecentes”?

—Esperei por isso o ano todo.

—Vocês estão falando sério?-Stefan perguntou.

—Sim. Elena disse que queria ir. Se você não for, posso levá-la.

—Achei que ia comigo. -Provoquei.

—Três é mais divertido que dois.

—Vou fingir que não ouvi esse comentário infeliz.

***

—É exatamente como eu me lembrava. -Comentei. -É quase como voltar no tempo! Parece 1860 de novo!

—Ah, quando você era mais pirralha ainda. -Olhei para Damon, ele estava sorrindo.

—Isso não o impediu de me trazer ao baile.

—Você seguiu Stefan e eu até aqui.

—Mas você me convidou para ficar com vocês.

—Estava sendo um bom amigo e cuidando para que ninguém colocasse sua honra em perigo, Lud. -Ri.

—Você é ridículo. Nunca se importou comigo.

—Nem vem. Éramos amigos. Ou algo assim.

Revirei os olhos e me foquei na festa.

Em resposta aos bailes dos Fundadores (todos cheios de frescuras e regras), surgiu o “baile dos indecentes”, criado por alguns cidadãos “imorais” de Mystic Falls. A música era meio celta, e nos faziam lembrar de filmes medievais. As danças eram rápidas, e quebravam todas as regras possíveis de 1800.

—A gente vai dançar, não vai?-Perguntei, começando a me animar.

—Em nome dos velhos tempos. -Estendeu a mão, pegando a minha e me puxando para o meio dos outros casais.

Em pouco tempo já estávamos no ritmo. Minha saia rodava tão rápido quanto os das outras garotas. Giros, palmas, gritos, risos. A atmosfera do baile era contagiante. Eu não conseguia pensar em ir embora.

Damon me fez girar para longe e me puxou de volta. Bati de frente com ele, rindo.

—Isso sim é Mystic Falls. Não aqueles bailes tediosos dos Fundadores.

—Só pra avisar, tem outro se aproximando. -Damon disse, sem me soltar. -E nós vamos.

—Nós? Pra que? Praquelas danças chatas e “sem contato físico”?-Riu.

—Exatamente.

—Não. Acho que não vai rolar.

—Não aceito não como resposta.

—Que pena. Então vai ter que ir com outra garota. Quando eu digo “não” é “não”. E não faça cara de cão abandonado. -Riu de novo.

—Como queira. -Voltou a me girar, bati de frente com ele mais uma vez, quase caindo. -Desastrada.

—Imbecil. -Aproximou o rosto do meu, parei de sorrir e me afastei. -Não tente fazer isso de novo.

—Eu apenas...

—Estou indo.

—Ludmille.

Comecei a me afastar, pegando a trilha para sair da floresta. Me surpreendi ao notar que estava anoitecendo. Tinha me distraindo com Damon e não vi mais nada.

O que ele pensava que estava fazendo? Aquele...

—Hey, Cinderela, espera. -Se meteu na minha frente.

—Damon, não enche.

—Por que a explosão?

—Quer mesmo saber?-Fez que sim, cruzando os braços. -Me casei aos 14 anos com um psicopata. Nunca estive com um homem que eu quisesse. Passei cinco anos aturando Robert Haus e seus abusos. Então se você pensa que vai conseguir algo de mim, é bom colocar na sua cabeça que sou uma garota inacessível. -Isso o pegou de surpresa. Desconcertado, desviou o olhar.

—Eu... Não sabia.

—Claro que não. Com licença, eu realmente quero ir embora.

Passei por ele e continuei andando.

Como no passado, o “baile dos indecentes” acontecia na floresta, longe da cidade para que ninguém ouvisse ou visse algo. Mesmo que o século fosse outro, manter a festa em segredo era a tradição.

Ouvi um som estranho atrás de mim, como um sussurro. Me virei, pronta para mandar Damon se foder por ter me seguido, mas não era ele. Não havia nada lá. Lancei uma onda de Poder, mandando o que quer que fosse se afastar, mas o sussurro ainda estava lá. Apenas um som baixo, que fazia minha pele querer desgrudar do corpo e fugir. Eu, no topo da cadeia alimentar, estava com medo. Medo de algo que eu não podia ver.

Então eu vi.

Veio de longe, de fora da trilha. Parecia uma sombra, mas conforme foi se aproximando, pude perceber que parecia uma névoa negra e espessa. Mandei outra onda de Poder, tentando espantar quem estava fazendo aquilo, mas a névoa continuou vindo na minha direção.

Me virei e comecei a correr.

A névoa aumentou de velocidade, flutuando até mim cada vez mais rápido.

Não pare, não a deixe te pegar! Não pare!

O sussurro, que só podia estar vindo daquela coisa, se tornou mais alto, fazendo meus ouvidos doerem.

Contrariando a “postura de vampiro”, tropecei em algo e caí. Então a névoa me engoliu.

***

—Acho que ela está morta.

—Tyler! Não fale isso! Ei. Garota? Hum... Ludmille?-A dona da voz era irritante, e estava cutucando meu braço. -Acho que eu devia ligar para... -Me sentei, abrindo os olhos. -Santa Mãe! Você quase me matou de susto! Hey... Você está viva.

—Caroline, devia ligar para a sua mãe. -Um garoto loiro disse. Eu tinha o visto trabalhando no Grill.

—É uma boa ideia.

—Não!-Agarrei o pulso dela. -Você não vai ligar para ninguém.

—Mas você estava caída na mata. Alguma coisa atacou você?-Franzi a testa. A garota devia usar verbena.

—Eu... Bebi demais. -Me levantei, soltando-a. -Acontece.

—Ah, eu a vi na festa... Com Damon.

—Hum. -Olhei em volta. Não estávamos na trilha. -Qual é o caminho?

—Venha com a gente, estávamos indo para casa. -Começamos a andar.

—Como me encontraram?

—Matt e eu ouvimos alguém gritando. Então Tyler apareceu, e te encontramos aqui.

—Gritos?

—Yep. Femininos. Você tem certeza que está bem? Nós podemos te levar ao hospital.

—Estou ótima.

Não me lembrava de gritar. Tinha sido mesmo eu? E por quê? Tudo havia apagado assim que a maldita névoa negra me pegou.

Lancei uma onda de Poder, procurando por algo estranho, mas não havia nada, podia sentir apenas a presença de Damon, que era forte, e a de Stefan, um pouco mais fraca. Ambos estavam longe.

—Você saiu da festa com o Salvatore, não é?-O garoto... Matt, perguntou. -Se aconteceu alguma coisa... Bem, a mãe da Caroline é xerife.

—É. -A loira assentiu rapidamente. -Nós podemos te levar até ela. Ela vai resolver tudo...

—Eu me separei de Damon depois de sair. -Interrompi. -Ele não fez nada.

Ou fez? Damon tinha força o suficiente para fazer uma névoa negra que ataca vampiros? Mas por que ele me atacaria? Teve a chance de arrancar meu coração ou enfiar uma estaca no meu peito na noite em que matei aqueles garotos. Eu não estava morta agora também. É, não dava pra esquecer isso.

Os três adolescentes me ofereceram uma carona, acabei aceitando.

—A gente ainda pode te levar no hospital se quiser. -Caroline murmurou, se virando pra mim. Tyler parou o carro na frente da pensão.

—Vou passar essa. Obrigada, por tudo. -Saí do carro e entrei na casa sem olhar para trás.


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