Unidos pelo Amor, Separados pela Guerra escrita por Marry Black


Capítulo 2
Capítulo 1 - Consequências de uma batalha


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/76757/chapter/2

Visão do Narrador

 

Em um reino muito distante, onde todas as estações do ano era muito bem definidas, vivia uma linda princesa chamada Isabella, ou Bella, como gostava de ser chamada; ela era a princesa do reino Wynlla, era uma moca bonita, com cabelos castanhos, olhos chocolates, um corpo definido e muito bem moldado. Era uma garota calma, não fazia questão de nada muito luxuoso e, mesmo sendo responsabilidade de seu irmão mais velho, Emmett, Bella sempre estava dedicada a cuidar de seu povo.

Emmett era um jovem pouco mais velho que a irmã, tinha o corpo muito musculoso, os cabelos eram curtos e negros como a noite e seus olhos eram do mesmo tom. Era um rapaz inteligente e muito brincalhão; assumirá a responsabilidade de tomar conta do reino quando seu pai, Charlie, faleceu no campo de batalha.

Mesmo jovem, Emmett desempenhava muito bem o papel que era de seu pai; tinha um carinho e uma devoção tão grande quanto o da irmã para com seu povo.

Todo o reino idolatrava os irmãos Swan, respeitavam-nos e confiavam suas vidas neles cegamente, não os viam como seus donos, mais sim como amigos de confiança, e a recíproca, era verdadeira.

Infelizmente, o reino Wynlla estava em guerra com o reino vizinho, o reino de Volterra, dominado pela família Cullen, a muitos e muitos anos atrás esses dois reinos já foram aliados, mas por algum motivo que Bella desconhecia, esses reinos desfizeram sua amizade, e hoje, brigavam entre si para dominar um ao outro.

Bella não gostava das batalhas, ver seu povo sofrer por conta de um ódio que ela nem ao menos sabia quando e como nascera, a magoava. Também a desesperava ver seu irmão ir para o campo de batalha inúmeras vezes, ela temia que lhe acontecesse o mesmo que acontecera com seu amado pai.

Todas as vezes que uma nova batalha começava, Bella se retirava ao tempo, e lá, punha-se a rezar, pedia aos deuses para que seu irmão, e todos os bravos cavaleiros que se unirão a ele nessa luta, voltassem bem.

Era sempre um alivio quando seu irmão voltava são e salvo, mas ela sabia que nem sempre seria desse jeito.

Foi o que aconteceu, quando alguns poucos cavaleiros voltaram do campo de batalha, trazendo seu irmão em uma maca improvisada, mortalmente ferido.

 

Visão de Bella

 

Eu estava no tempo, de joelhos a rezar pelos bravos guerreiros que haviam partido para a batalha há alguns dias atrás. Era sempre angustiante ver meu irmão partir sem saber se o veria novamente com vida, mas eu tinha fé. Os deuses já haviam me tirado meu amado pai e dado paz a minha querida mãe, eles sabiam que me destruiriam caso levassem meu único irmão também.

Ouvi passos firmes se aproximarem de mim, mas não interrompi minhas preces.

-Eles retornaram, princesa. – a voz de Jasper, o conselheiro real do reino, e amigo intimo da família, interrompeu minhas preces.

Jasper era um rapaz de uma beleza espetacular, tinha um corpo forte, mas não tanto quanto o de meu irmão, seus cabelos era um pouco grandes de um loiro único, seus olhos eram verdes como as matas que cercavam as terras do reino.

No mesmo instante que suas palavras chegaram a meus ouvidos eu interrompi minha oração. Foi um grande alívio ouvir aquela simples frase, virei-me e encontrei o olhar de Jasper, com uma expressão suave de sempre.

-Finalmente! - mal consegui conter minha alegria quando ouvi as palavras dele.

Jasper estendeu a mão para me ajudar a levantar, aceitei-a e tão logo me coloquei de pé. Fiz menção de sair ao encontro de meu irmão quando Jasper me deteve.

-Espere, princesa. – pediu ele, segurando-me pelo braço. Assustou-me tal atitude, Jasper sempre fora muito sereno e sempre mantinha um sorriso nos lábios, mas agora, ao que eu podia ver, ele não sorria. Muito pelo contrário, em seu rosto estava um semblante preocupado e triste. – Há algo que eu preciso lhe dizer. – acrescentou ele receosamente.

Imediatamente, toda a alegria que transbordava meu ser transformou-se em preocupação. Algo estava errado eu sabia que estava.

-O que houve, Jasper? – Comecei a temer pela resposta, Jasper diminuiu a distancia entre nós e me abraçou, nesse instante, eu tive absoluta certeza que algo havia acontecido à meu amado irmão. O pânico começou a tomar conta de cada célula do meu corpo, tentei reprimir para mim meu desespero, não queria sofrer antes da hora, talvez eu estivesse sendo precipitada.

-Bella... – a voz de Jasper era rouca, seus olhos já estavam mareados quando ele voltou a me fitar. – O Príncipe Emmett foi gravemente ferido. – sua voz não passou de um sussurro, e mesmo sendo a voz aveludada de sempre; para mim, foi como se uma adaga tivesse transpassado meu peito.

Nada conseguiu dizer, ainda estava em choque, perdi meu pai no campo de batalha, e agora, estava prestes a perder meu único irmão da mesma maneira. Meu mundo estava desmoronando, se Emmett morresse nada mais me restaria.

Só percebi que lágrimas silenciosas caiam descontroladamente de meus olhos quando Jasper começou a limpa-las.

-Se acalme princesa, por favor, se acalme. – pediu ele desesperado.

Eu precisava dizer alguma coisa, precisava saber o que havia acontecido com Emm; ele sempre fora um grande guerreiro, saber que agora estava gravemente ferido, lutando pela vida e a morte, era difícil de acreditar.

-O que houve, Jasper? – finalmente consegui forçar as palavras a saírem.

Jasper olhou no fundo dos meus olhos, apertou, gentilmente, meus braços.

-Atacaram-no pelas costas, Bella, ele não tinha como se defender. – Jasper estava tão desorientado quanto eu, ele possuía a mesma idade que Emmett, crescerá com ele, eram irmãos por afinidade. Provavelmente, sentia a mesma dor que eu sentia, compreendia meu desespero. Amava Emmett tanto quanto eu.

Foi um choque maior ainda saber que os guerreiros de Volterra foram tão covardes, por mais que fossem inimigos de guerra a séculos, nenhum guerreiro de Wynlla atacaria o inimigo pelas costas, isso seria um ato sem um pingo de caráter.

-Oh, por Zeus! – Soltei chocada, levei as mãos até a boca para reprimir um soluço, mesmo sendo Jasper a minha frente, alguém que me conhecia como a própria mão, eu não queria parecer fraca. – Como puderam, Jasper, como? – Escondi meu rosto na curvatura do ombro dele para que o mesmo não me visse chorar.

-Foi o ato mais covarde que já vi! – Jasper declarou ao mesmo tempo em que seus braços envolveram os meus, confortando-me; sua voz agora estava repleta de ódio. – Os guerreiros de Volterra não prestam! Jamais faríamos isso com um deles, mesmo que fosse um simples soldado! Quem dirá o rei ou o príncipe de Volterra!

Eu mal escutava a indignação dele, meu mundo estava sem brilho, um buraco se expandia cada vez mais dentro de mim, meu coração estava destruído; mesmo sendo inimigos, como os Cullen tiveram coragem de um ato tão covarde como aquele?Quanto mais pensava, mais me sentia sem chão, eu não era nada sem meu irmão.

Minhas pernas já não eram mais confiáveis, elas acabarão por ceder, e se não fosse por Jasper que segurou, eu teria ido ao chão.

-Princesa, a senhorita está bem? – Jasper se desesperou com meu subido mal-estar. Tão logo, pegou-me nos braços e me conduziu até um sofá próximo.

-O que vou fazer, Jazz? – desabafei olhando para baixo. - Se meu irmão me deixar, nada mais terá sentido. – Fitei-o, seus olhos também transmitiam dor; abracei Jasper com forca, as lágrimas caindo com cada vez mais intensidade, ele correspondeu meu abraço, nele eu pude sentir a compaixão que ele sentia por mim.

-Princesa, se acalme. – Ele afagou meus cabelos. – Nossos melhores médicos estão cuidando do príncipe Emmett, faremos tudo que estiver ao nosso alcance para salva-lo.

Mesmo com tal informação continuei a chorar por mais algum tempo no ombro de meu amigo; quando meus olhos não tinham mais forca para derramar lágrimas, eu soube que era à hora de encarar a realidade e transmitir segurança e esperança aos meus amigos e ao povo de Wynlla, nunca gostei de parecer fraca perante ninguém.

Por fim, levantei a cabeça, encontrei o olhar receoso e preocupado de Jasper e com uma voz decidida e firme declarei:

-Quero vê-lo, Jazz. Por favor, leve-me até meu irmão.

Ele me avaliou por algum tempo, tentando, provavelmente, saber se eu estava em condições de ver Emm no estado em que se encontrava, mas Jazz me amava, eu era como uma irmã mais nova para ele, e ele jamais conseguiria negar-me algo. Era meu melhor amigo.

-Está bem. – ele retirou um lenço do bolso e entregou-me. – Vou levá-la, se voltar a colocar aquele sorriso encantador em seus lábios.

Abri um sorriso fraco, mas sincero; sequei o resquício de lágrimas que ainda estavam por meu rosto, com o lenço oferecido.

-Obrigada, Jazz. – foi tudo que consegui dizer.

Jasper colocou-se de pé com seu rotineiro sorriso nos lábios, ele sabia que me faria sofrer mais se ele estivesse sofrendo; estendeu a mão para ajudar-me a levantar, aceitei a ajuda, então nós dois seguimos silenciosos para o quarto em que meu irmão se encontrava.

 

Visão do Narrador

 

As terras de Volterra eram governadas pela família Cullen, era um reino repleto de montanhas e florestas, um lugar de uma paisagem excepcional. O rei e a rainha de Volterra, Carlisle e Esme, eram pessoas muito boas, de uma beleza singular, sempre muito devotos ao seu povo.

Carlisle era um homem alto e magro, loiro com os olhos verdes, era extremamente bondoso, mas possuía uma personalidade forte, sempre decidido; era um guerreiro fenomenal, sempre guiava seu povo durante as batalhas contra os inimigos do reino.

Esme, por sua vez, era uma mulher magra e bela, seu corpo era bem definido, sem nenhum exagero, seus cabelos eram ruivos e seus olhos eram de um ocre tão intenso que a tornava mais singular que qualquer outra mulher que o mundo já conhecera; ela era serena e maternal, sempre pensava com coerência, mesmo quando o marido queria agir tomado pelo impulso, seu carinho e dedicação cativavam a todos, sua voz mansa era como música a qualquer ouvido.

Juntos, o rei e a rainha, contraíram um amor puro e intenso, um só tinha olhos para o outro, e desse amor, nasceram seus dois filhos; Edward, o mais velho e Alice, a filha caçula.

O príncipe Edward era um rapaz tão belo quanto os pais, tinha um porte musculoso, mas nada muito exagerado, possuía os cabelos loiro-acinzentados, uma mistura perfeita do ruivo da mãe e o loiro do pai, seus olhos eram ocres, idênticos aos da mãe. Era o rapaz mais belo do reino, e mais cobiçado sendo ele tão belo e herdeiro do trono. Desde pequeno, o pai o educa para que, após sua morte, Edward assuma com dignidade e responsabilidade o trono que lhe é de direito, sem deixar que a ganância e a luxuria ceguem-no, fazendo-o perder o rumo de suas ações.

A princesa Alice, era uma moca miudinha, com o corpo pequeno e frágil, porem nada que a deixasse menos bonita que qualquer um de sua família; seus cabelos eram curtos e ligeiramente escuros, mas ainda sim, graciosos; puxara também, os olhos da mãe, ocres, mas a personalidade vinha do pai; era sempre decidida, tinha um pulso firme, mas sempre usava da persuasão para que as coisas acontecessem a sua maneira, ela sabia que jamais adiantaria bater de frente em qualquer que fosse a situação.

Alice e Edward eram irmãos extremamente unidos, amavam-se incondicionalmente, havia um elo muito forte unindo-os cada dia mais. Edward cuidava da irmã mais do que a si mesmo, sua irmã era seu maior tesouro, sua melhor amiga, sua maior confidente. Alice amava Edward com a mesma intensidade que era amada por ele, ela zelava por ele, deixar de vê-lo um dia que fosse era o pior dos castigos.

A pouco menos de dois anos, o rei Carlisle decidira que era hora de permitir que Edward, fosse para a guerra com ele, para que aprendesse na pratica, como comandar um exército.

O príncipe sempre se dedicou muito em tudo que o pai lhe ensinava, e permitir que lutasse, era a maior honra que o jovem já conquistara.

A princesa Alice, assim como a rainha Esme, nada gostaram dessa nova lição imposta ao príncipe, angustiavam-nas todas as vezes que o jovem saia junto com o pai para lutar.

Agora, Edward já estava com seus dezessete anos, muito bem treinado, Carlisle decidirá então que chegara a hora dele assumir a liderança nas batalhas, esta seria a primeira vez que lutaria no comando, sem seu pai ao lado. Era uma grande honra e ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade, tudo deveria sair direito, não podia haver falhas, se não, o direito de comandar o exército lhe seria tirado.

Porém nesta batalha, a única coisa que não podia acontecer, acontecera, um de seus soldados apunhalara o príncipe e herdeiro do trono de Wynlla, pelas costas, impedindo-o de se defender. Este era o ato mais covarde que um guerreiro poderia ter, era a prova viva da falta de caráter, não só do guerreiro, mas também do reino para o qual lutava.

 

Visão de Edward

 

Eu estava com os nervos à flor da pele, entrei no castelo de Volterra batendo os pés, nervoso. Quem fora o idiota que apunhalara o príncipe de Wynlla pelas costas? Esta era a primeira batalha que eu comandava sem o auxilio de meu pai, o que ele pensaria de mim com um absurdo desses em minha responsabilidade? O que o povo de Volterra pensaria? Eles me veriam com alguém sem caráter, sem honra; não me respeitariam quando eu assumisse o trono.

Caminhei a passos rápidos na direção do salão principal, onde, com quase toda certeza, estariam reunidos meu pai, minha mãe, minha irmã e Jacob, o comandante do exército de Volterra.

Jacob era um homem da mesma idade que eu, moreno, seus cabelos e olhos eram negros como a noite sem luar, seu corpo era musculoso. Era um bom homem, leal, porém, às vezes, muito prepotente, mas tinha um bom coração; tinha também, um espírito guerreiro, fora treinado para ser um soldado desde que largara as fraudas, e hoje, mesmo jovem, era o comandante do exército do reino, um homem de grande confiança da coroa.

Assim que cruzei a primeira porta do castelo, Rosalie, minha criada particular, veio ao meu encontro.

Rosalie era uma moca incrivelmente bela, seus cabelos eram loiros e compridos, seus olhos eram azuis como os céus, seu corpo era muito bem definido, com exageros nos seios e nos quadris, contrastando com a cintura finíssima. Era a moca mais bela do reino de Volterra; era uma boa pessoa quando queria, mas fora criada dentro do castelo desde criança, treinada ainda menina para me servir, e com isso recebeu alguns privilégios a mais que os demais camponeses, por conta disso, às vezes, Rose se mostrava superior aos camponeses.

-Príncipe Edward! – chamou ela, caminhando ao meu encontro. Ignorei-a, eu queria encontrar Jacob, e logo! – Príncipe Edward, por favor, espere! – pediu ela me seguindo. – O senhor esta ferido, deixe-me cuidar dos seus ferimentos primeiro.

-Agora não, Rosalie! – respondi-a de mal grado.

Foi só então que percebi que meu corpo estava cheio de cortes espalhados pelos braços e pelo tórax, mas não liguei, mal sentia a ardência dos cortes, a única coisa que eu queria era naquele momento era uma explicação de Jacob.

Rosalie me seguiu com um pano tentando, inutilmente, cuidar dos ferimentos; continuei a ignorá-la, andando a passos firmes até o salão.

-JACOB! – Gritei arrombando a porta do salão principal.

Como já havia previsto, ali estavam todos reunidos, meus pais em seus tronos, Alice estava sentada em um canto num sofá observando, Jacob estava ajoelhado perante meus pais, provavelmente prestando-lhes contas do que acontecera na batalha.

-Edward! – minha irmã se assustou ao ver meu estado.

Parei na porta e encarei, ainda furioso, Jacob; este encontrou meu olhar aturdido, provavelmente espantado com minha fúria. Rosalie parou um passo atrás de mim e tentou, novamente, cuidar dos cortes que sangravam compulsivamente pelo meu corpo. Aquilo estava me irritando ao extremo, será que ela não entendia que eu não queria que ela cuidasse de mim?

Num ato de fúria, eu virei-me para ela, agarrando-lhe o braço.

-PARE COM ISSO! JÁ DISSE QUE AGORA NÃO!

Ela me olhou assustada, logo seus olhos ficaram mareados, só então percebi o quanto eu havia me excedido. Arrependi-me no mesmo momento da minha atitude grosseira, soltei o braço de Rosalie, mas não sabia ao certo o que dizer, felizmente, Alice veio em meu socorro.

-Pode deixar comigo, Rose. – disse minha irmã pegando o pano de Rosalie. – Eu cuido disso, pode ir.

Rosalie olhou para Alice e depois para mim, ainda assustada com minha reação explosiva, em seguida, tentou se recompor, assentiu com a cabeça e saiu.

Observei-a sair então olhei para Alice, ela, obviamente, me repreendia com o olhar, eu sabia que mais tarde eu ouviria um grande sermão dela, enfim, me preocuparia com isso depois. Voltei a encarar Jacob.

-O que foi aquilo? – grunhi começando a me aproximar.

-Príncipe Edward... – Jacob levou um breve momento para responder-me. – Eu não sei como aquilo foi acontecer.

-Como um soldado de Volterra apunhala o governante do reino inimigo? – grunhi aspirado. – Não somos bárbaros! Nenhum guerreiro nosso agiria assim! Lutamos com honra! – eu ainda sentia a raiva percorrendo cada parte do meu corpo.

-Príncipe Edward, eu não sei como isso foi acontecer... – Jacob tentou argumentar, mas eu o impedi.

-Então descubra! – gritei furioso. Eu sabia que Jacob não tinha verdadeiramente culpa, mas eu precisava descontar minha raiva em alguém, e seria nele.

Comecei a andar de um lado para o outro numa tentativa inútil de me acalmar, tentei pensar com coerência, mas nada me ocorria, o nervosismo estava controlando minhas ações.

-Quem fez isso? – perguntei parando em frente a Jacob.

-Quem...? – Jacob não entendera a pergunta.

-Quem apunhalou Emmett Swan? – repeti a pergunta tentando manter minha voz num tom não muito alto.

-Eu... – Jacob estava visivelmente assustado com meu nervosismo. – Eu não sei, senhor.

-Então descubra! – grunhi semi-serrando os olhos.

-Ah... – Jacob não sabia o que dizer. Na verdade ninguém sabia, dificilmente eu perdia a calma como naquele momento, eu só queria saber quem fora o imbecil. Ele pagaria por envergonhar nosso reino!

Olhei para Jacob, ele continuava no mesmo lugar que antes.

-Por que ainda está aqui? Não vai descobrir quem apunhalou o Swan? – perguntei aspirado, no mesmo segundo, Jacob se levantou e fez reverencia.

-Agora mesmo, senhor. – garantiu ele e se retirou

Observei Jacob ir, a raiva aos poucos foi cedendo e o medo foi tomando seu lugar, meus pais e minha irmã, com certeza, me repreenderiam por minha atitude. Demorei alguns segundos para virar, quando o fiz, lá estavam, todos os rostos que eu temia encontrar. Papai estava com uma expressão zangada, mas algo me dizia que era por conta da batalha e não da minha atitude explosiva com Jacob e Rosalie; mamãe parecia muito preocupa com alguma coisa e Alice estava com uma expressão de fúria misturada com preocupação.

 

Engoli em seco e me aproximei de meus familiares, dei apenas alguns passos, então uma tontura me atingiu, meu corpo ficou pesado demais, minha vista embaçou, minhas pernas começaram a ceder; eu já podia até sentir a dor do impacto, mas ela não veio. As mãos firmes e suaves de minha irmãzinha me seguraram antes que eu e o chão colidíssemos.

-Papai... – chamou ela nervosa. Sua voz parecia distante, preocupada, baixa... Minha visão foi ficando cada vez mais escura. Algumas pessoas falavam coisas a minha volta, mas eu não conseguia mais distinguir o que era, os ferimentos finalmente estavam me atingindo, a falta de sangue e o cansaço estavam vencendo meu corpo. Então, a escuridão me tomou.

 

Visão de Bella

 

Adentrei no quarto de Emmett a passos lentos, de braços dados com Jazz, eu tinha medo do que poderia encontrar ali, tinha medo de confirmar meu medo de perder meu irmão.

Assim que o vi, meu coração se rasgou, senti que minha alma começou a derramar, copiosamente, lágrimas de sangue, senti-a ser torturada, dilacerada... Meu irmão estava morrendo.

Emmett estava deitado de bruços, o lençol repleto de sangue, as costas costuradas da melhor maneira possível, sua pele parecia mais branca que o normal, seu rosto estava frágil, sensível, debilitado, ele suava frio. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele sentia muita dor, e tentava reprimir esse sentimento, ele sabia que não adiantaria gritar. Seus olhos estavam fechados, mas eu sabia que a consciência pairava sobre ele.

-EMMETT! – Gritei já sentindo meus olhos mareados, desvencilhei-me de Jasper e corri até meu irmão.

-Princesa... – todos os criados disseram em unississo ao me verem, fizeram uma breve reverencia a qual eu ignorei totalmente, eu não estava com cabeça para aquilo, eu não tinha olhos para mais nada.

Joguei-me ao lado de cama, com cuidado, segurei a mão de meu irmão.

-Emmett... – as lágrimas já eram descontroladas. – Emm fale comigo...

Assim que ele reconheceu minha voz, meu irmão abriu os olhos. Seus olhos transmitiam dor, cansaço e até mesmo um pouco de medo.

-Bella... – ele tentou sorrir ao me ver, sua voz não passava de um sussurro.

-Shh.. – pedi colocando levemente o dedo sobre seus lábios. – Não se esforce... Você precisa descansar...

Emm respirou fundo, fechou os olhos por um breve momento e voltou a abri-los.

-Parece que eles finalmente conseguiram me pegar não é? – brincou ele. Como ele era bobo, mesmo a beira da morte ele ainda tinha humor para fazer piada.

-Pare com isso Emm! Sabe que eu não gosto quando você fala desse jeito... – pediu sentindo a amargura e o desespero subindo-me o corpo.

Emmett sorriu brevemente, soltou minha mão e limpou as teimosas lágrimas que caiam por meu rosto.

-Não gosto quando você chora... – comentou ele.

-Desculpe... – pedi limpando as lágrimas e tentando segurar o choro. – Mas o que posso fazer? Vê-lo aqui... – eu não consegui terminar a frase, as lágrimas voltaram a cair, eu era fraca... Eu não deveria estar chorando, principalmente na frente de Emm, ele se sentiria culpado. Enterrei meu rosto na beira da cama e deixei as lágrimas saírem.

-Está tudo bem... Está tudo bem... – ele disse-me tranqüilo, acariciou meus cabelos maternalmente. – Eu estou aqui com você, tudo vai ficar bem...

Eu levantei a cabeça e o encarei, como ele podia estar tão tranqüilo?

Emm estava com uma expressão serena, tranqüila, acolhedora; e ali, naquele rosto, naquele olhar, eu encontrei segurança, meu irmão estava ali, ele estava ali.

-Emm... – comecei a dizer, tentando de alguma maneira me explicar ou dizer alguma palavra de conforto, mas não conseguia.

-Shh... Está tudo bem, maninha... – disse-me ele – Não tente dizer nada, porque você não vai conseguir... – ela sorriu e eu mostrei-lhe a língua como uma criança de cinco anos.

Por mais que as palavras de Emmett tivessem me incomodado, ele estava certo, eu era fraca demais, jamais conseguiria consola-lo; isso era deprimente, frustrante.

Eu continuei a fitar seus olhos e a acariciar sua cabeça, pedindo, sem verbalizar nada, que o mesmo não me deixasse, eu não suportaria se Emm partisse, eu não suportaria mais uma perda em minha vida. Se existisse uma única maneira de eu sofrer ao invés dele, se existisse algum jeito deu partir no lugar dele, eu faria sem pensar duas vezes. Emm era tudo para mim, eu daria minha vida por ele, e o faria com um sorriso nos lábios.

-Bella... – Emmett me tirou de meus devaneios, ele pegou minha mão e a apertou.

-Shh... – pedi num sussurro, a voz dele estava mais fraca agora. – Não se esforce.

-Escute Bella... – ele me ignorou. – Eu... Eu não tenho como continuar a governar o trono nessas condições.

-Você vai ficar bom, Emm! – interrompi-o. – Basta você descansar...

-Bella, cale-te e me escuta! – ele me interrompeu ligeiramente nervoso, fiquei um pouco assustada com a maneira severa que ele havia usado, mas obedeci e coloquei-me a escutar. – Bella, eu estou morrendo... – acabei por estremecer com tais palavras.

-Não diga isso, por favor... – pedi num sussurro.

-Escute minha irmã, eu estou morrendo, somente os Deuses sabem se eu vou ou não conseguir sair dessa... Por isso, preciso lhe pedir um favor, minha irmã. – Emm apertou minha mão, seu olhar transmitia a emoção de suas palavras. – Sei que o que estou prestes a lhe pedir é mais do que tenho o direito, sei que é um fardo muito grande e sei também que tu pagaras um preço muito alto por meu pedido... Mas ainda sim, rogo-lhe para que o faça.

-Tu és meu rei e meu irmão, Emm, - disse-lhe com toda a convicção do mundo. – Peca-me o que quiseres e eu o farei de bom grado...

-Bella, você não entende, o que estou prestes a lhe pedir é um fardo grande demais... Não tenho o direito de pedir... – ele parecia desesperado.

-Apenas peca, Emm, peca e eu o farei... – sorri levemente.

-Bella, preciso que assuma o trono para mim... – Suas palavras foram um choque para mim. – Wyllan não pode ficar sem um governante, Bells, e eu não tenho condições de governar nada... Nem ao menos sabemos se eu vou conseguir sair dessa...

Eu nada conseguia dizer, eu não podia assumir o trono, mesmo que fosse temporário, até meu irmão se recuperar, era um fardo grande demais.

-Emm... Eu... Eu não posso... – as palavras de minha boca saíram mais incrédulas do que deveriam, mas eu estava em choque, eu não podia assumir o trono. – Eu não saberia o que fazer e...

-Bella, - ele me interrompeu. – Nós dois fomos criados para assumir o trono, papai sempre soube que poderia chegar o dia em que eu deixaria este mundo, e também havia a possibilidade deste dia ocorrer antes de você estar casada, não havendo assim um novo rei... – eu sabia que era verdade, fui criada da mesma maneira que Emmett, fui instruída da mesma maneira, para que, se necessário, eu assumisse o trono. – Você tem tanta capacidade do que eu para fazer isso, precisa fazê-lo!

-Emm, eu sempre estudei tudo na teoria! – eu estava desesperada. – Na pratica eu não saberia o que fazer... E se eu tomasse a decisão errada?

Emmett me avaliou por alguns segundos e depois olhou além de mim; virei-me, acompanhando seu olhar, ele olhava para Jasper.

-Jazz lhe ajudará no que for preciso! – declarou Emm finalmente. Voltei a fitar meu irmão, eu estava tão atordoada que não conseguia pensar com coerência, Wyllan era meu amor, meu povo... Eu amava as terras de Wyllan, amava o povo de Wyllan, não suportaria se algo acontecesse a meu reino, como eu poderia assumir a responsabilidade de governá-lo? E se eu levasse nosso reino à ruína? E se eu desapontasse meu povo? E se eu envergonhasse meus ancestrais?

-Bells... – Novamente Emm chamou minha atenção, ele apertou forte a minha mão. – Você conseguirá, sei que sim! Fará o que é certo... Você sempre faz.... – ele abriu um sorriso fraco. – Está escrito nas estrelas! Se os Deuses permitiram que eu chegasse a tal ponto, é porque é da vontade deles que você assuma meu lugar...

Emm soltou minha mão e afagou meu rosto, agora ele parecia mais tranqüilo, como se tivesse resolvido seu último assunto pendente, como se agora pudesse descansar em paz sabendo que tudo estava resolvido.

-Faca isso por mim, minha irmã... Faca isso por papai.... Faca isso pelo povo de Wyllan! – pediu ele suplicante.

Eu fiquei alguns minutos em silêncio, refletindo sobre tudo aquilo, eu não queria aceitar, pois sabia que isso seria a minha conformação para a morte de meu irmão, mas... Emm tinha razão, era meu dever fazê-lo, era meu destino...

Minhas lágrimas já haviam cessado a essa altura, mas então, uma única e solitária lágrima escorreu por meu rosto e caiu no meu colo... Uma pequena gota, solitária, molhando meu vestido; simbolizando meu destino certo e solitário.

-Se é da vontade dos Deuses... – eu encarei Emm, minha voz era segura, apesar de meu interior estar mais inseguro que a direção dos ventos. - Se é da vontade de meu rei, de meu amado irmão, eu assim o farei...

Emmett sorriu, aliviado, pegou minha mão e beijo-a.

-Obrigado, minha irmã... Sei que você conseguirá... – Emm olhou para Jasper. – Jazz...

Rapidamente Jasper se aproximou e se ajoelhou perante Emm, puro sinal de respeito e devoção.

-Sim, meu senhor? – respondeu ele com a cabeça abaixada, logo a levantou para fitar Emmett.

-Prometa-me que vai ajudar Bella, prometa-me que vai auxiliá-la em tudo que ela precisar, prometa-me que nunca a deixará sozinha... – pediu meu irmão em um tom maternal, sem tirar os olhos de mim.

-Enquanto meu coração bater, senhor, estarei ao lado da princesa Bella, não a deixarei sozinha por um instante se quer, como não fiz até hoje... – jurou Jazz

Emm, estendeu a mão para que Jasper se aproximasse, ele assim o fez, sentou-se ao meu lado. Emmett apoiou a mão no ombro do amigo.

-Você é um bom amigo, meu caro, nunca conseguirei agradecer-lhe por tudo que fez e faz por nós.

-Apenas fique bom logo, Emm. – disse-lhe Jazz com um sorriso fraco. – Para então podermos ir caçar juntos, novamente.

Emmett sorriu com essas palavras, a amizade que existia ali era algo muito profundo e intenso, quase tão intenso quanto meu relacionamento com Emm, era algo poderoso, algo de irmãos...

-Farei o possível! – prometeu Emmett, ele parecia cada vez mais fraco, tão logo fechou os olhos. – Agora creio que é melhor vocês irem... Se não me engano, Jazz tem um baile para promover, um baile dedicado a princesa Isabella, a nova governanta de Wyllan...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tem gostado!