James Potter e Lílian Evans – Aprendendo a Amar escrita por Emma Salvatore
— Preparem-se, meninas! Vocês verão o melhor jogo das suas vidas! – James avisou assim que chegou ao Salão Principal acompanhado por Sirius, Remus e Pettigrew.
— Tenho que certeza que sim! – Marlene exclamou, empolgada. – Vocês são ótimos!
James balançou o cabelo.
— Eu sei.
Lílian revirou os olhos.
— Evans não respondeu, Pontas – Sirius comentou rindo, sentando à mesa com as meninas. – Acho que ela não concorda com Marlene.
Lílian fez como se não tivesse ouvido o comentário e passou geleia em sua torrada.
— Como eu estava te dizendo, Marlene, Petúnia está noiva...
— Evans! – James exclamou, chamando a atenção da garota.
— O que foi, Potter?
— Não concorda com Marlene?
— Ah, sim. Acho que a Sonserina não tem chances. O time deles é horrível – Lílian admitiu, mas James percebera uma coisa: ela não elogiara o time da Grifinória; apenas criticara o time da Sonserina.
— É verdade – Sirius concordou com a garota. – Botaram o meu irmão como apanhador! Pior que isso só se o Ranhoso jogasse como goleiro.
James riu seguido por Pettigrew, Marlene e Alice. Lílian fechou a cara.
— Não tem graça, Black.
— Ah, Evans, você tem que admitir que seu amiguinho é uma vergonha quando está em cima de uma vassoura, não é?
Lílian não respondeu. Ainda de cara fechada, levantou-se da mesa.
— Encontro vocês mais tarde – comunicou às amigas e saiu do Salão Principal.
James deu um cutucão em Sirius.
— Que foi que eu fiz? – o menino perguntou, confuso.
— Você simplesmente zoou Snape na frente de Lílian. Realmente nada de mais, Sirius – Remus respondeu sarcasticamente.
— Valeu mesmo, Almofadinhas – James resmungou, mal-humorado.
O garoto esperava que Lílian ainda tivesse vontade de ir ao estádio.
Ele precisava que ela fosse.
*
O Salão Comunal da Grifinória estava em festa. Todos estavam comemorando a vitória sob a Sonserina no Quadribol.
Mas havia uma pessoa que aparentemente estava alheia a essa comemoração.
Lílian Evans estava a um canto da sala com um grande livro em seu colo. Não havia nenhum traço na expressão da menina que estivesse comemorando. Apenas concentrada.
Isso chateou James. E ele foi até a ela.
— Qual é, Evans? Vencemos! Por que não está comemorando?
Lílian ergueu os olhos do livro.
— Tenho que terminar essa redação, Potter – respondeu ríspida. – Não tenho tempo para comemoração boba.
— Comemoração boba? – repetiu James estupefato. – Evans, vencemos de 250 a 10! Acredite em mim, não é uma comemoração boba.
Lílian deu de ombros.
— Tanto faz.
— Se você tivesse ido ao jogo...
— Eu fui ao jogo! Só cheguei mais tarde e saí mais cedo.
— Ah, então você tem obrigação de comemorar! Wingardium Leviosa!
O livro de Lílian subiu ao ar.
— Potter! – gritou, enquanto pulava para tentar pegar o livro.
— Nada disso, Evans – o livro subiu mais um pouco e a garota acabou se desequilibrando, caindo em cima de James.
Os rostos dos dois estavam separados por pouquíssimos centímetros. James sentia o perfume floral que emanava de Lílian. Os olhos verdes da garota estavam presos nos olhos castanho-esverdeados do Maroto. Nenhum dos dois parecia ter a mínima pressa de sair dessa posição.
Mas quando James avançou, Lílian prontamente despertou de seu transe e saiu de cima do garoto.
— Você é um idiota, Potter! – gritou. – Devolva meu livro!
— Sinto muito, Lily. Mas nós já o escondemos no nosso dormitório – Marlene avisou em tom divertido.
— Você não tem outra opção a não ser se divertir, Lílian Evans. – Alice comunicou, rindo.
— Vocês evidentemente não pensaram que eu posso, simplesmente, usar um feitiço convocatório? – Lílian perguntou, vitoriosa, já sacando a varinha.
— Ah, não. Não pode – Marlene respondeu com um sorriso.
— Lançamos um feitiço que repele o feitiço convocatório – Alice explicou. – Como falamos, você só tem uma opção.
Lílian tinha um olhar assassino no rosto. Parecia que iria matar as amigas.
— Vamos logo, Evans! Deixe de bobeira e vamos comemorar! – Sirius falou, entregando-lhe um copo de cerveja amanteigada.
— Vamos, Lílian! Um dia só – Alice pediu.
A menina bufou e tomou um gole da cerveja.
— Gostaria de saber onde esses meninos conseguem tanta comida e bebida – resmungou.
— Isso, minha querida Evans, é segredo de Estado – James respondeu com um longo sorriso maroto.
*
— Onde estão as meninas? – Lílian perguntou ao chegar ao Saguão de Entrada. Ali só estava James Potter.
— Alice foi à frente com Frank. Eles vão para algum lugar sozinhos e depois encontrarão a gente no Três Vassouras – James explicou. – E Marlene foi à frente com Sirius e Remus. Pedro não vai. Está ferrado no sono.
Lílian ergueu uma sobrancelha.
— Você não está armando um encontro a sós, não é, Potter?
— Hoje não – James respondeu com um enorme sorriso. – Mas pode ter certeza que eu ainda consigo essa proeza algum dia.
— Em seus sonhos! – Lílian decretou.
James sorriu.
— Mas por agora, creio que estejamos atrasados. Vamos? – perguntou, oferecendo o braço.
— Posso andar sozinha, obrigada – Lílian respondeu seca e foi andando na frente.
James correu para acompanhar seu passo.
Durante todo o percurso para o Três Vassouras, James tentava puxar assunto com garota, que só dava respostas curtas e secas. Ainda não perdoara a atitude do dia anterior.
— Chegamos! – Lílian constatou e entrou na frente de James.
Ele seguiu-a de perto.
— Ah! Pensamos que tivessem se perdido! – Sirius provocou com um sorrisinho malicioso.
— Cale a boca, Black! – Lílian repreendeu e sentou-se ao lado de Marlene, em frente a Sirius. – Potter, peça uma bebida para nós.
— Depois eu sou o malicioso. Já está até dando ordens – Sirius murmurou alto o bastante para que Lílian pudesse ouvir.
A menina sacou a varinha.
— Calma, Lílian. Ele só está brincando – Marlene defendeu.
Sirius riu descontroladamente e Lílian guardou a varinha.
— Não quero causar estragos para Madame Rosmerta – justificou. – Potter! Já pediu?
James rapidamente atendeu à vontade da garota. Voltou do balcão com as garrafas fumegando.
— Prontinho!
Lílian tomou um gole e sentiu-se imediatamente aquecida.
— Perfeito – suspirou.
— Gente! Vejam! Ali não é o Ministro da Magia? – Marlene perguntou, apontando para o senhor que tinha acabado de entrar.
— É ele mesmo! – Sirius concordou. – O que ele estaria fazendo aqui em Hogsmeade?
James franziu as sobrancelhas. Apurou os ouvidos e conseguiu ouvir o ministro resmungar com Madame Rosmerta.
— Mais ataques a trouxas e nascidos-trouxas. Está cada vez mais complicado pegá-los. São muitos, muitos...
— Imagino que Dumbledore possa ajudá-lo, não, ministro? – Rosmerta perguntou num sussurro assustado.
— É o que eu espero – o ministro confessou. – Vim até aqui na esperança de falar com ele.
O homem esvaziou o copo de cerveja amanteigada num gole só.
— Bom, Rosmerta. Creio que já devo ir – o ministro falou apressado.
Retirou uma bolsinha de sicle do bolso e pagou à mulher.
— Só vim me aquecer um pouco. A conversa com Dumbledore será longa – justificou-se.
— Bem, boa sorte, ministro – desejou Rosmerta.
— Obrigado, minha cara. Obrigado.
O homem saiu e a mesa dos garotos ficou em silêncio.
Lílian esfregava as mãos por baixo da mesa. O que Avery falara tinha feito sentido afinal... Estavam atrás de nascidos-trouxas...
James deu um soco na mesa.
— Preciso fazer algo! – exclamou com fúria.
— James! – Remus repreendeu. – Você só tem dezessete anos!
— Não importa! – James gritou. – Tudo o que eles fazem... A quem eles servem... Isso me dá tanto nojo...
— Concordo com James. Não podemos ficar parados! – apoiou Sirius.
— Acho – Marlene se pronunciou – que não devemos ficar parados. Quer dizer, vamos sair de Hogwarts esse ano, temos que pensar em algo para fazermos. E agir contra as trevas me parece um bom trabalho.
— E o que você acha, Lílian? – Remus perguntou, encarando firmemente a garota.
Lílian ergueu os olhos. Suas mãos tremiam compulsivamente.
— Eu concordo – afirmou. – Me corrói pensar que eles estão à solta e que eu não possa fazer nada. Eles estão matando nascidos-trouxas. Matando gente como eu.
— Eles não vão encostar em você! – James rosnou. – Isso eu te prometo.
Lílian assentiu, mas não conseguia acreditar que James conseguiria realmente cumprir essa promessa. E não porque ele não quisesse – a garota admitia que a força de vontade dele era muito grande. E o que impediria James de protegê-la a fazia tremer.
A discussão sobre isso cessou quando Alice e Frank chegaram ao Três Vassouras mais sorridentes que de costume.
— Temos novidade! – Alice contou, animada, sem reparar no clima tenso em que a mesa estava mergulhada.
— O que é? – Sirius perguntou de mau humor.
Alice não reparou e levantou a mão de direita, exibindo o lindo anel de diamante em seu dedo anelar.
— Frank me pediu em casamento! – exclamou, excitada.
— Assim que sairmos de Hogwarts – Frank completou.
— Alice! Que maravilha! – Lílian se animou.
Os dois namoravam desde o 4º ano e Alice reclamava vez ou outra por nunca terem tocado no assunto "casamento". Aparentemente, Frank planejara algo especial.
— Como foi isso? – Marlene perguntou, tão excitada quanto Lílian.
Alice sentou-se ao lado das amigas enquanto Frank foi agraciado por apertos de mão pelos meninos. A garota se pôs a contar como tudo acontecera.
Detalhe por detalhe.
Contara que Frank levara-a para um belíssimo campo de lírios que ficava bem no final do povoado. James se interessou significativamente nessa parte.
Contara o que Frank dissera antes de fazer o pedido – palavra por palavra – até enfim, a caixinha com anel de noivado flutuar sobre as flores diretamente para a mão da garota.
Frank não se ajoelhara, apenas fizera as pétalas dos lírios levantarem e formarem os dizeres:
"Casa comigo?".
— E obviamente eu disse sim! – finalizou com grande animação.
— Não, amor. Você estava tão emocionada que se jogou com tudo em cima de mim – Frank corrigiu com um sorriso. – O “sim” só veio depois.
— É, mas tanto faz. Vamos nos casar! Isso é que importa!
— Com certeza! – Lílian concordou. – Vamos pedir mais cerveja amanteigada para comemorarmos!
Quando as garrafas cheias chegaram à mesa deles, os sete garotos brindaram e celebraram.
Lílian estava contente. Uma notícia boa em meio de tanta notícia ruim.
Alice contava a plenos pulmões o que esperava do seu casamento com Frank. O garoto apenas concordava com a noiva e Lílian não pôde deixar de achar graça.
E depois de longos minutos falando exclusivamente sobre o “casamento do século”, Sirius sugeriu:
— Que tal irmos à Dedosdemel? Essa conversa já está ficando chata.
Alice fechou a cara para o menino.
— Tudo bem, amor – Frank falou carinhosamente para a noiva. – Podemos ir à Dedosdemel e depois eu faço questão de ouvir todos os seus planos.
Alice deu um longo sorriso.
— Ok, então. Vamos à Dedosdemel.
Ela levantou-se e foi seguida por Marlene, Sirius, James e Remus. Lílian foi a última a levantar-se.
— Vão na frente. Eu preciso passar na loja de penas – avisou. – Estou precisando de uma nova.
— Eu vou com você – James se ofereceu.
— Não precisa, Potter – Lílian cortou. – Não vou demorar.
— Certeza que quer ir sozinha, Lílian? – Marlene perguntou insegura.
Lílian deu um fraco sorriso.
— Não se preocupem comigo. Estarei bem – garantiu.
James não se deu por convencido, mas acatou a vontade da menina.
O Maroto seguiu com os outros em direção à Dedosdemel enquanto Lílian ia para outra direção.
Enquanto caminhava para a loja de penas, a garota pensou nos nascidos-trouxas que estavam morrendo e na guerra que já durava décadas.
Como Lord Voldemort conseguia crescer tanto? O que levava os Comensais da Morte a seguirem-no com tanta convicção? E por que ela ficava tão tensa quando James lhe fazia alguma promessa? Por que ela tinha o mau pressentimento de que algo iria lhe acontecer? Por quê?
— Olha quem está aí!
Lílian virou-se para trás no mesmo momento.
Avery vinha à frente de Snape e Mulciber. Tinha um sorriso debochado no rosto.
— Que foi, sangue-ruim? Perdeu seus amigos?
— Não é da sua conta, Avery! – Lílian respondeu, ríspida, e virou as costas para o garoto.
— Ora, Evans! Tenha mais respeito pelos seus superiores! – Avery falou.
Mulciber riu. Snape cerrou os dentes.
Lílian deu uma risada sarcástica e voltou a olhar os três.
— Vocês? Meus superiores? Ah, façam-me o favor! São tão patéticos quanto o chefe de vocês! – Lílian deixou claro o nojo em sua voz e Snape se encolheu.
Mas Avery assumiu um olhar de fúria.
— Olha como você fala! Sua sangue-ruim nojenta! – exclamou, sacando a varinha.
— Melhor ser sangue-ruim do que ser um patético Comensal da Morte! – a garota enfrentou-o. – Não há nada mais nojento e repugnante do que isso!
Snape tremeu. Lílian sentia nojo dele.
— Acho, sangue-ruim – Avery falou com uma fingida calma, a varinha ainda em punho –, que você está precisando de uma lição. Crucio!
— NÃO! – Snape berrou.
Lílian sentiu mil facas rasgando sua pele e gritou como nunca gritara. As facas não pararam de cortar e ela se contorcia, urrando de dor.
— PARE! PARE COM ISSO! – uma voz gritava desesperada. Era uma voz conhecida... Talvez fosse um amigo... Talvez a ajudasse...
— Estupefaça! – outra voz gritou e a dor parou.
Ela ofegava no chão gelado. Tentou se erguer e viu James Potter vindo em sua direção.
O garoto a pôs de pé com delicadeza.
— Você está bem? – perguntou, segurando firmemente seus braços moles.
Lílian não respondeu. Olhou para os seus atacantes. Avery estava no chão, inconsciente, enquanto Mulciber tinha a varinha apontada para os dois. Snape tremia dos pés à cabeça.
— Lílian... – o garoto tentou falar.
— NÃO SE APROXIME DELA! – James gritou, empunhando a varinha na direção dos sonserinos. Um de seus braços estava ao redor do corpo de Lílian, segurando-a firmemente.
Snape parou no mesmo instante. Ele olhou para a menina na esperança de que ela demonstrasse algum sinal de compreensão, de entendimento. Mas os olhos de Lílian estavam vazios, opacos... Frios.
— Me tire daqui – pediu em voz baixa a James.
O garoto assentiu.
— Se vocês tentarem alguma coisa, prometo que vou lançar uma azaração que vocês jamais esquecerão – ameaçou.
Mulciber ainda mantinha a varinha em mãos, mas recuou diante da ameaça de James.
Snape olhou para os dois com tristeza. Ele não queria que isso acontecesse a Lílian e precisava dizer isso à garota.
Lílian agarrou-se a James como se sua vida dependesse disso e os dois caminharam a passos lentos de volta ao Castelo.
A garota tinha consciência das lágrimas quentes que desciam por sua face durante todo o trajeto, mas somente quando chegaram à Torre da Grifinória, Lílian desabou completamente.
Encolheu-se no sofá e se pôs a chorar.
— Severo... Severo... – soluçou. – Não... acredito... Ele... Meu a-amigo...
James acariciou os cabelos da menina.
— Ele é um idiota, Lílian. Não merece uma só lágrima que você derrame – consolou-a.
— A Maldição Cruciatus... Ele... Não! Não!
James agarrou a garota e ela chorou em seu peito.
Tudo que o Maroto mais queria fazer agora era lançar uma Maldição Cruciatus em cada um dos idiotas que atormentara a sua ruivinha. O garoto nunca vira Lílian tão imponente, tão fraca, tão perdida.
E ele se odiava por não poder fazer nada para impedir isso.
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