James Potter e Lílian Evans – Aprendendo a Amar escrita por Emma Salvatore


Capítulo 6
Problemas


Notas iniciais do capítulo

Oiii, gente!!!
Como prometido, aqui está mais um capítulo pra vcs!!!



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— É bom estar voltando para casa, não acham? – Marlene perguntou.

Ela, Lílian, James, Sirius, Remus, Alice e Frank dividiam a mesma cabine no Expresso de Hogwarts.

— Acho que sim – Sirius respondeu. – Agora que eu tenho uma casa de verdade.

O menino olhou para James, que sorriu.

— Nós vamos contar aos nossos pais nesse Natal – Alice contou aos amigos. – Primeiro aos meus pais e depois os pais de Frank.

— Imagino que a minha mãe surtará – Frank pensou em voz alta, arrancando risadas dos amigos.

Neste momento, Severo Snape passou pela cabine deles. Lílian ficou séria e desviou o olhar. James fez uma expressão ameaçadora e Snape, com um suspiro, saiu.

Ninguém mais na cabine percebeu o momento de tensão, afinal ninguém tivera o conhecimento do que acontecera uma semana atrás. Lílian não contara a suas amigas e pedira a James que fizesse o mesmo. E desde então, Lílian só era vista ao lado dos Marotos, porque a garota sabia que Snape não chegaria perto dela caso estivesse próxima de um de seus maiores inimigos. Ele era orgulhoso demais.

Lílian e James passaram o resto da viagem quietos, ouvindo os amigos falarem sobre suas férias. A ruiva deu graças aos Céus quando finalmente chegaram à Estação King Cross.

— Não deixe Petúnia te abalar, Lily – Marlene aconselhou dando um abraço na amiga.

— Boas férias, Lily – Alice desejou.

— Obrigada, meninas – Lílian agradeceu com um fraco sorriso.

Quando a menina desceu do Expresso de Hogwarts, logo avistou sua mãe. Ela começou a caminhar até ela, quando foi impedida por James Potter.

— Lílian – começou, encarando profundamente os olhos verdes da garota –, escute, não fique pensando no Ranh... Snape. Como já disse, ele não merece uma lágrima sua. E, se você precisar de alguma coisa, pode contar comigo. Sua coruja me encontrará em menos de dez dias. Te garanto.

Lílian sorriu, agradecida.

— Obrigada, James. Vou me lembrar disso.

O Maroto percebeu o uso do primeiro nome, mas ficou quieto. Apenas sorriu.

Ele aproximou-se e depositou um beijo na bochecha da garota, fazendo-a corar.

— Boas férias, Lílian – sussurrou com seu rosto próximo.

— Boas férias, Jam... Potter.

James sorriu novamente e se afastou.

Lílian viu o garoto aproximar-se de uma mulher de cabelos castanhos muito bem vestida e aparentemente de idade avançada. A garota supunha que era Euphemia Potter.

Sirius também estava do lado da mulher com um largo sorriso.

Lílian olhou para o outro lado da Estação e viu a mãe do garoto, Walburga Black, olhar para o filho com o mais completo desprezo. Regulus sustentava o mesmo olhar da mãe.

— Lílian! – Amélia Evans chamou, indo ao encontro da filha caçula.

— Mamãe! – Lílian abraçou a mulher com verdadeira adoração. – Estava com saudades.

— Eu também, minha querida. Eu também – a Sra. Evans respondeu, depositando um beijo nos cabelos ruivos da filha.

Lílian reparou que voz da mãe estava um tanto vacilante e desconfiou.

— Mamãe, a senhora está bem? – perguntou, preocupada.

— Eu estou. Mas tenho algo para te contar quando chegarmos em casa – Amélia respondeu, acariciando os cabelos da filha.

Lílian franziu o cenho.

— Mamãe, o que...

— Em casa, querida – Amélia abriu um mísero sorriso. – Vamos?

*

— Papai! – Lílian chamou quando chegou em casa. – Papai! Cheguei!

— Querida, preciso te contar...

— A senhora ainda contou a ela, mamãe? – Petúnia apareceu com seu rotineiro mau humor. Seus olhos estavam notoriamente inchados, como se houvesse chorado bastante.

A desconfiança de Lílian aumentou.

— O que está acontecendo? – perguntou.

— Lílian – Amélia começou, com voz trêmula. – Seu pai, ele... Ele sofreu um... Um acidente e... E...

— Não! – Lílian gritou. – Papai não morreu!

— Não, querida. Ele não morreu – Amélia tentou tranquilizá-la. – Ele está em coma.

— Mas é óbvio que você pode dar um jeito nisso, não é, Lílian?! – Petúnia disparou, cruzando os braços para a irmã. – Com suas... Magias. Você pode dar um jeito nisso, não é? Prove agora que você está aprendendo alguma coisa nessa escola de anormais! Prove, Lílian! Salve o papai!

— Não posso – Lílian murmurou sem encarar a irmã.

Lágrimas desciam pelo rosto da garota, ao mesmo tempo em que sentia um aperto no peito.

Seu pai estava em coma?

Podia morrer?

Isso não podia estar acontecendo.

— SABIA! – Petúnia gritou. – Você se diz tão especial com essa sua anormalidade e na hora de realmente provar que sabe alguma coisa, pula fora! Você não sabe nada, Lílian! Tudo que você faz é mentira! Você é uma farsa!

— Petúnia! – Amélia repreendeu. – Não ouse falar assim com sua irmã! Ela não tem culpa do que está acontecendo com seu pai!

— Eu adoraria poder fazer algo, Túnia – Lílian falou com uma fingida calma. Seu coração doía. – Mas não posso. Magia é algo muito complexo. Não posso tirar o papai da coma. Sinto muito, mamãe.

— Não se martirize, Lílian – Amélia tranquilizou-a. – Sei que você não pode. Jamais esperaria que você fizesse alguma coisa desse tipo.

— Eu esperava! – Petúnia contrapôs, indignada. – Esperava que você finalmente mostrasse que serve para alguma coisa. Sua aberração!

— Chega, Petúnia! – Amélia exclamou. – Seu pai está no hospital, sua irmã acabou de chegar, e eu não vou admitir que você fique com essas infantilidades. Você já tem 20 anos, Petúnia, logo estará formando sua própria família. Chega de agredir sua irmã!

Petúnia abaixou a cabeça, ainda com raiva.

— Mamãe, será que eu poderia visitar o papai? – Lílian perguntou, cautelosa.

— Mas é claro que sim, minha querida – Amélia respondeu com bondade.

— Podemos ir agora?

— Agora? Mas você acabou de chegar, minha filha.

— Quero ver o papai, mamãe – Lílian afirmou, decidida. – Por favor!

A Sra. Evans soltou um suspiro.

— Tudo bem. – voltou-se para a filha mais velha. – Você quer ir, Petúnia?

— Não. – A garota respondeu com arrogância. – Válter vem me buscar daqui a pouco. Ele vai me levar para almoçar em um restaurante fino.

— Bom almoço, então – Lílian desejou, seca. – Mamãe, a senhora pode aparatar comigo. É mais rápido...

— Não, Lílian! De jeito nenhum! – Amélia protestou. – Não gosto disso. Vamos de carro mesmo.

— Tudo bem – a menina aceitou sem reclamações.

Com um leve aceno da varinha, Lílian fez seu malão e a gaiola de sua coruja subirem as escadas.

Petúnia deu um grito e saiu correndo da sala.

Lílian revirou os olhos.

— É o estresse que está tendo com o noivado e com o que aconteceu com seu pai – Amélia tentou justificar.

— Sei – Lílian murmurou. A menina sabia muito bem que a aversão da irmã por ela ia bem mais além. – Podemos ir, mamãe?

*

Lílian guardava em seu armário todos os presentes que recebera no Natal.

Com a situação de seu pai, ela não tivera uma ceia divertida, mesmo com todo o esforço de sua mãe. Petúnia fora passar o Natal com os Dursley e só voltaria depois que Lílian retornasse a Hogwarts.

E para completar, Snape tinha aparecido na casa da garota repetidamente desde a volta de Hogwarts. Por sorte, ela vinha conseguindo evitá-lo.

Lílian sorriu ao pegar o presente de James; uma das poucas coisas que a fizera sorrir nesses dias. James mandara à garota um lindo colar de prata com um pingente em forma de lírio que continha o nome dela. Em poucos instantes, o lírio assumia uma coloração vermelha e os dizeres mudavam para "Ruivinha mais linda". Era um encantamento muito inteligente, Lílian admitia.

Ela guardou o colar em sua caixinha de bijuterias. Estava muito tentada a usá-lo, mas sabia que James e Sirius a provocariam até a morte.

Logo em seguida, pegou o presente de Marlene. Era o livro dos Contos de Beedle, o Bardo. Lílian suspirou. Se fosse há alguns anos, ela teria adorado receber esse livro. Mas agora perdera a graça – a garota sabia tudo sobre os contos.

Mesmo assim, guardou o presente da amiga com carinho em uma estante especial no seu armário.

Marlene também enviara uma carta que Lílian ainda não lera. A garota imaginava que eram apenas votos de "Feliz Natal", então simplesmente deixou-a em sua mesa; iria ler depois.

Guardou os presentes de Alice e Frank, que eram dois suéteres – um verde e um vermelho. Lílian imaginava que faziam referência, respectivamente, aos seus olhos e à sua Casa, a Grifinória.

Logo depois veio o de Remus. Um livro de Transfiguração muito avançado. A menina gostou da lembrança e guardou ao lado do de Marlene.

O último foi o de Sirius. O garoto mandara uma caixa cheia de guloseimas da Dedosdemel. Lílian não deixou de ficar impressionada por não ter nenhuma brincadeira.

Ela deixou a caixa em cima de sua mesa e pegou um chicle e teve uma surpresa bastante desagradável.

— BLACK! – gritou quando um líquido verde espirrou em sua cara. – Eu vou matá-lo! Ah, vou!

Lílian jogou a caixa no lixo e limpou a face com um simples feitiço. A garota ainda bufava de raiva quando percebeu que era observada.

A grifinória aproximou-se da janela e viu Snape sentado a uma árvore próxima, olhando diretamente para ela. A menina fechou imediatamente a janela e as cortinas.

Pegou a carta de Marlene e leu com raiva.

"Lily,

Espero que tenha tido um bom Natal! Eu sei que você deve ter adorado o meu presente, afinal sempre gostou dos Contos de Beedle, o Bardo. Mas, enfim! James me mandou uma carta hoje, me chamando para passar a última semana de férias na sua casa. Ele pediu para que eu te chamasse. Bom, é isso que estou fazendo.

Sirius e Remus já estão lá. Pedro ficou em Hogwarts, como você já sabe e Alice e Frank estão muito ocupados com as suas famílias.

Bom, eu vou. Adoraria que você também fosse.

Abraços apertados,

Marlene".

Lílian suspirou. Ela percebeu que Marlene não botava nenhuma fé que ela iria à casa dos Potter. E se fosse em qualquer outra circunstância, Lílian nem mesmo cogitaria a ideia.

Mas agora com o seu pai doente e Snape rondando a sua casa?

Não havia opção melhor a não ser passar uns dias na casa de James Potter.

Pegou seu malão e o arrumou, apressada.

— Escute, Pigmelle, será que você poderia me encontrar na casa dos Potter? – perguntou carinhosamente à sua coruja.

Pigmelle piou e Lílian sorriu.

— Ótimo.

A menina abriu novamente a janela e a coruja saiu de seu poleiro, voando para o céu aberto.

Lílian percebeu que Snape continuava a observá-la. A garota agarrou o malão e desceu rapidamente.

— Mamãe!

— Lílian! Aonde você vai? – Amélia perguntou, preocupada.

— Vou à casa dos Potter. Não se preocupe comigo. Ficarei o resto das férias lá – avisou.

— Lily, querida, eu sei que...

— Está tudo bem, mamãe – mentiu. – Não se preocupe. Me mande notícias sobre o papai, certo?

Amélia assentiu e deu abraço apertado na filha.

— Te vejo nas férias de Páscoa, então? – a mulher perguntou enquanto se desvencilhavam.

— Acho que antes. Eu espero poder estar aqui quando o papai voltar. Vou tentar pedir uma autorização especial a McGonagall.

Amélia tremeu.

— Claro. Claro. Quando o seu pai se recuperar...

Lílian percebeu o temor da mãe de que isso nunca fosse acontecer, mas preferiu ignorar.

— Bem, já estou indo, mãe. Qualquer coisa a senhora já sabe.

E sem esperar por resposta, Lílian aparatou.

*

— Não acredito! Você veio mesmo, Evans! – James exclamou, maravilhado.

— É. Soube que seu amigo Black estava aqui. Sabe, preciso dar uma lição nele...

— Ah, Ruivinha! – Sirius apareceu ao lado de James. – Foi só uma brincadeira.

— Realmente! – Lílian exclamou, irônica. – Uma brincadeira de muito mau gosto.

Sirius riu.

— Eu adorei!

— O que foi? O que você fez? – James perguntou, confuso.

— Digamos que dei a Evans um presente inusitado.

Sirius riu novamente.

— Você deveria ter tirado uma foto, Evans! – o menino falou ainda rindo. – Queria muito ver...

Levicorpus!

Sirius foi erguido pelo pé, ficando de cabeça para baixo.

— EVANS! – gritou. – Me tire daqui!

Lílian e James gargalharam.

— Pontas! Seu traidor! – Sirius gritou, irritado. – Me tirem daqui! Ah, se eu alcançasse a minha varinha!

Atraídos pelos gritos de Sirius, Marlene e Remus chegaram correndo à sala e não tardaram a rir.

— Sempre soube que você ainda ia nos azarar um dia, Lílian – Remus falou, rindo.

— Não acredito, Lily! – Marlene exclamou, tentando disfarçar o sorriso.

— ME TIREM DAQUI! – Sirius gritou mais alto e extremamente irritado.

Finite Incantatem— uma voz dura foi ouvida.

Sirius caiu no chão.

Euphemia Potter andou imponente até os garotos.

— James, será que você pode me explicar o que aconteceu aqui? – perguntou para o filho em tom acusatório.

— Foi minha culpa, Sra. Potter – Lílian se pronunciou antes que James pudesse abrir a boca. – Aliás, sou Lílian Evans.

A garota estendeu a mão para senhora com um sorriso tímido. Euphemia abriu um largo sorriso.

— Ah, então você é a famosa Lílian Evans! – exclamou, apertando a mão da menina. – Que prazer conhecê-la! James não para de falar de você.

— Mãe! – o menino reclamou.

As bochechas de Lílian ficaram vermelhas na mesma hora.

— É um prazer conhecê-la também, Sra. Potter – a menina murmurou.

— Não fique com vergonha, querida – Euphemia falou bondosamente. – Sinta-se em casa. Vejo que trouxe seu malão, então vai ficar conosco nesse restinho das férias. Pode dividir o quarto com Marlene. Ela te mostrará aonde é.

Marlene sorriu para Lílian.

Euphemia consultou o relógio.

— Já vi que Fleamont não chegará para almoçar conosco – lamentou. – Mas não tem problema. Você poderá conhecê-lo no jantar, querida.

— Papai está no Ministério? – James perguntou um pouco assustado.

— Ele deve estar em missão. – Euphemia ponderou. – Você sabe, James, com essa situação...

— Desculpe. O Sr. Potter é um Auror? – Lílian perguntou.

— O melhor Auror que o Ministério tem atualmente – James respondeu com orgulho.

— Não se gabe, James – Euphemia repreendeu com carinho. – Sabe que seu pai não gosta disso.

— Mas é a verdade, mamãe!

— Sei que é. Mas guardemos isso para nós, sim? – Euphemia falou, acariciando o rosto de James. – Bom, agora devo ir à cozinha. Preciso orientar Melly, nossa Elfo. Se me dão licença.

Euphemia se retirou e James exclamou:

— Meu pai é realmente o melhor Auror!

— Ninguém duvida disso, Pontas – Remus disse com um suspiro. – Só não acho que seja uma boa coisa ser o melhor Auror. Não nesses tempos tão sombrios em que a vida e a morte caminham lado a lado.

*

A semana em que Lílian passou na casa de James fora melhor do que a garota esperava. Ela tinha se divertido demais, embora algumas vezes ainda se afastasse um pouco dos companheiros para poder derramar as lágrimas, sozinha.

James percebia esses momentos e tentava achar uma brecha para falar com a garota. Ele tinha uma leve impressão de que Snape tinha a ver com isso.

Os McKinnon apareceram duas vezes na semana para jantarem. Eles eram muito amigos dos Potter.

No último dia dos garotos, Euphemia fez um jantar de arrombar e todos foram se deitar logo em seguida, empanturrados.

— Lílian! – James chamou antes de a garota entrar no quarto. Ela virou-se para ele.

— O que foi?

— Bem, se não se importa, poderia ir comigo ao jardim por um instante? – o menino pediu.

Marlene deu risinhos e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.

Lílian tinha uma leve impressão de que a amiga havia trancado a porta para obrigá-la a acompanhar James.

— Bem, só vou porque Marlene trancou a porta – Lílian respondeu.

James assentiu, sem sorrir. A garota estranhou.

Os dois caminharam até o jardim sem dizer uma única palavra, até que James cortou o silêncio:

— O que está acontecendo com você? E não adianta dizer que não é nada, porque eu sei que é alguma coisa.

Lílian suspirou. Ela achava que tinha conseguido esconder de todos a sua tristeza, mas vira que se enganara e, pela seriedade de James, sabia que não adiantaria mentir.

— É o meu pai – confessou. – Ele está em coma e estou muitíssimo preocupada com ele.

— Oh! – James exclamou, mesmo sem saber muito bem o que significava "coma". – Sinto muito.

— Petúnia disse que eu poderia tirar o papai do coma. Com a minha magia.

— Isso é impossível! – James exclamou. – Há certas coisas que a magia não pode fazer. E você não é curandeira!

Lílian suspirou mais uma vez.

— Petúnia acreditava que eu podia. Ou se quis me atingir mais uma vez. Mas eu queria poder, sabe, usar a magia para essas coisas... Salvar as pessoas... Salvar o meu pai.

Lágrimas silenciosas começaram a brotar no rosto de Lílian e James a abraçou.

— Não se preocupe. Seu pai ficará bem. Tenho certeza – consolou-a. – E quanto à sua irmã, ela vai perceber que você não é uma deusa. Apenas ganhou um dom especial.

— E é justamente por isso que ela me odeia – Lílian murmurou bem baixinho.

James não tivera certeza se era uma confissão ou um pensamento alto. Achou melhor não comentar nada.

— E ainda tem Severo – Lílian continuou, deixando as lágrimas fluírem no peito de James. – Ele veio me procurar. Várias vezes. Consegui evitá-lo, mas ainda me dói tanto. Quando eu me lembro do que ele fez... Do que ele deixou o amigo fazer...

James apertou ainda mais Lílian.

— Não se importe com ele.

— Ele era meu melhor amigo. Não consigo acreditar...

— Ele é um projeto de Comensal da Morte, Lílian! Não se pode esperar que ele se lembre das amizades. Tudo que existe agora para ele é Lord Voldemort.

Lílian apertou-se ainda mais contra o peito de James. Queria poder ajudar Snape. Queria que as coisas fossem diferentes. Queria que Snape não seguisse os passos de Lord Voldemort.

— Queria poder ajudá-lo – Lílian confessou baixinho. – Não queria que lutássemos em lados opostos nessa guerra.

James suspirou.

— Você é boa demais, Lílian. Mas não acho que você possa fazer mais nada por Snape. Ele, assim como Avery e Mulciber, é um caso perdido.

— James! Lílian! O que estão fazendo aí fora? – Euphemia Potter gritou, indo na direção dos garotos.

Os dois afastaram-se rapidamente. Lílian tentava limpar as lágrimas de seu rosto ao passo que tentava conter a vergonha que agora tomava conta dela.

— Por que não estão na cama? – Euphemia perguntou, franzindo a sobrancelha para os dois.

— Ah... É que... – Lílian tentou explicar, mas foi interrompida por James.

— Foi minha culpa, mamãe. Chamei Lílian para conversar. Eu estava sem sono e ela também, então pensamos que não teria problema. Na verdade, eu pensei.

Euphemia semicerrou os olhos para os dois. Claramente desconfiava da resposta de James, mas preferiu não discutir.

— Para a cama. Amanhã sairemos cedo – mandou.

James e Lílian obedeceram num piscar de olhos.

Subiram as escadas correndo e desejaram boa noite antes de entrar em seus respectivos quartos.

*

— O que está fazendo? – Marlene perguntou, olhando por cima do ombro de Lílian.

As duas dividiam a cabine com os Marotos no Expresso de Hogwarts.

— Terminei! – Lílian avisou. – É uma carta para mamãe. Mandarei assim que chegar a Hogwarts. Agora, tenho outro assunto pendente.

— O que é? – Marlene perguntou ao ver a amiga se levantar.

— Nada importante. – Lílian deu de ombros. – Não se preocupe. Voltarei logo.

A garota saiu da cabine sob o olhar atento de James. Depois da conversa da noite anterior, o menino tinha uma leve ideia do "assunto pendente" de Lílian e não gostava nem um pouco.

Determinada, Lílian caminhou por entre os corredores à procura de uma pessoa. Um menino da Sonserina que outrora chamara de amigo. A garota estava decidida a acertar as coisas com Snape de uma vez por todas. Não queria mais a perseguição inoportuna do garoto.

A menina caminhou mais um pouco até que o viu.

Ele dividia a cabine com Avery, Mulciber e outros dois sonserinos que Lílian não reconheceu.

Com coragem, ela abriu a porta da cabine.

— Quero falar com você, Severo.

Snape olhou para a garota com incredulidade.  Um sorriso esperançoso brotou de seus lábios.

— Ora, ora, Evans. Achou que a última vez foi pouco? Está querendo mais? – Avery perguntou, debochado, fazendo Mulciber e os outros companheiros rirem.

Lílian ignorou-o.

— Continuo querendo falar com você, Severo. Em particular. Posso?

— C-Claro – Snape murmurou, levantando-se imediatamente.

— Snape! – Avery repreendeu-o. – O que é isso? Vai seguir a ordem de uma sangue-ruim?

Snape ignorou o comentário e seguiu Lílian pelos corredores do Expresso de Hogwarts. Seu coração batia acelerado. Será que Lílian o tinha perdoado? Queria que voltassem a ser como antes? Que voltassem a serem amigos?

Rapidamente, os dois encontraram uma cabine vazia e entraram.

Snape não ousou sentar. E nem Lílian.

— O que tenho para falar é rápido – a garota começou sem nenhum tipo de emoção na voz.

— Não tenho pressa nenhuma – Snape assegurou, sorrindo.

— Pois eu tenho! – Lílian revidou grosseiramente. – Meus amigos estão esperando por mim.

O sorriso de Snape murchou. Ele sabia que os "amigos" a quem Lílian se referiu englobava James Potter e Sirius Black. E não o incluía – ainda, ele esperava.

— Pode falar – Snape avisou. – Mas antes de você começar, só quero que saiba que eu não queria que acontecesse o que aconteceu com você. Eu pedi para Avery parar. Eu implorei a ele. Eu jamais iria querer ver você em tamanho sofrimento. Acredite em mim, Lílian, por favor.

— Acredito, Severo – Lílian falou com calma. – Acredito que você, de fato, não tinha planejado me atingir com a Maldição Cruciatus. Contudo, não fez nada para impedir.

— Eu gritei! Implorei...

— Gritar e implorar não adianta. – Lílian cortou-o. – Você não agiu. Teve medo de enfrentar seus companheiros para me defender. Teve medo de ajudar uma sangue-ruim.

— Não! – Snape exclamou desesperado. – Jamais! Lílian, eu esperava que ele me escutasse, eu realmente...

— Não, você não esperava – Lílian afirmou com certeza. – Não sei quanto tempo sofri com a Maldição Cruciatus, mas foi tempo suficiente para perceber uma coisa, Severo.

— O quê?

— Que você é de fato um Comensal da Morte. E, sendo assim, a nossa amizade não tem mais volta. Definitivamente – Lílian decretou.

— Lílian! Por favor, você precisa...

— Portanto, te peço – a garota continuou sem importar com os protestos desesperados de Snape – que não me procure mais. Que siga a sua vida como se eu não existisse. Porque é assim que eu vou seguir a minha. O Severo Snape que fora meu amigo morreu. Agora só resta o Comensal. E acho que você me conhece muito bem para saber que não gosto de companhias de Comensais da Morte. É isso.

A garota virou-se para sair, mas foi puxada por Snape.

— Lílian, por favor! Me entenda, eu...

— Já disse que te entendo, Severo – Lílian falou brandamente, soltando seu braço do aperto de Snape. – Mas não aceito. Não aceito suas atitudes. Você não é mais a pessoa que eu quero ao meu lado.

— Você quer James Potter agora, não? – Snape disparou, movido pelo desespero.

— James Potter pode ter vários defeitos, mas ele jamais seria seguidor de Lord Voldemort. – Lílian revidou. – Ele jamais se uniria ao lado das Trevas. Ele jamais me decepcionaria como você.

E sem dizer mais nada, Lílian saiu da cabine a passos largos, deixando Snape completamente despedaçado.

Ele se perguntava agora por que não seguira o conselho de Avery. Por que acompanhara Lílian?

Ele já deveria saber que a menina não iria esquecer o episódio tão fácil.


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Notas finais do capítulo

E aí???
O que estão achando??