James Potter e Lílian Evans – Aprendendo a Amar escrita por Emma Salvatore


Capítulo 2
Desconfianças




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— Vocês têm certeza disso? – perguntou Profa. McGonagall.

— Absoluta – Lílian confirmou.

— Eles iam usar a Maldição Cruciatus, professora – James afirmou sério.

McGonagall contraiu os lábios, pensativa.

— Bem, nesse caso, devo informar ao Prof. Slughorn para ficar de olho nesses três alunos. E vocês dois, por favor, não façam nada! Caso comprovado, nós, professores, iremos resolver. Entenderam?

Lílian e James assentiram.

— Potter?

— Entendi, professora.

— Ótimo. Obrigada pela informação e agora podem sair.

Os garotos saíram, um tanto frustrados.

— Pensei... Achei... Achei que a Profa. McGonagall fosse fazer alguma coisa – James falou quando se afastaram da sala.

— Mas ela vai fazer! Vai comunicar o Prof. Slughorn!

— Ah, por favor, Evans! Você melhor do que ninguém sabe que o Prof. Slughorn não vai resolver nada! – James exclamou, irritado.

Lílian mordeu os lábios. Ela sabia que James tinha razão.

O garoto chutou a parede, soltando um grunhido de irritação.

— Preciso fazer alguma coisa! – ele disse, decidido.

— Não! Escute, Potter, a Profa. McGonagall...

— Evans! – James a interrompeu, furioso. – Eles são projetos de Comensais da Morte! A primeira coisa que eles farão quando sair de Hogwarts é se unir ao Lord Voldemort! Eu não consigo vê-los agindo e ficar parado. Não consigo.

Lílian o observou. Jamais tinha visto James tão aborrecido. E ficou com medo do que poderia acarretar.

— Potter, eu entendo o que você quer dizer – começou. – Mas só temos 17 anos. Não podemos...

— Eles também só têm 17 anos e já estão lançando Maldições Imperdoáveis – James falou sério, encarando a garota. – Será que você não está deixando que sua amizade com o Ranhoso afete seu julgamento quanto a isso?

— Quê?! – Lílian exclamou. – Eu e Severo não somos mais amigos há anos! Nunca mais sequer falei com ele!

— Bom, pois está parecendo que você está disposta a esquecer tudo de ruim que ele está fazendo. Está parecendo que você está defendendo-o! – James acusou. – Logo você, Lílian Evans, tão justa, tão certa... Apoiando um Comensal da Morte...

Lílian deu um tapa tão forte em James que a mão dela começou a formigar.

— Nunca mais se atreva a dizer algo assim, seu biltre arrogante! Eu nunca, nunca, apoiaria algo tão sujo como os Comensais da Morte!

E jogando o longo cabelo ruivo para trás, a garota se afastou, fazendo força para que as lágrimas não caíssem.

*

James e Lílian não se falaram pelo resto do dia. A garota não conseguia esquecer a acusação de ser cúmplice de um Comensal da Morte. Ela estava mais do que ultrajada, estava enojada.

— Eu não acho que ele realmente quis dizer isso, Lily – Marlene opinou enquanto as duas dividiam uma mesa na sala de Poções.

— Acho que ele deixou bem claro com suas palavras – Lílian falou com azedume, enfiando de qualquer jeito suas raízes picadas no caldeirão.

— Oh! Lílian! Parece que algo não está bem aqui, não é? – Slughorn comentou ao passar pela mesa da garota.

Lílian deu um sorrisinho tímido e voltou a concentrar-se na poção.

— Não se preocupe. Até os melhores têm os seus dias – Slughorn falou, carinhosamente, dando tapinhas no ombro da menina. – Oh, Potter! O que você está fazendo aí?

Lílian virou-se no mesmo instante e viu o caldeirão de James liberar uma fumaça musga fedorenta na cara de Pettigrew.

— Céus, menino! O que você estava pensando?! – Slughorn exclamou, atordoado.

— Desculpe, professor. Confundi o ingrediente – James pediu, meio embaraçado.

Ele olhou para o lado e notou que Lílian estava o observando. A garota virou o rosto na mesma hora.

— Bem feito – ela murmurou.

Marlene suspirou.

— Mas o que aconteceu hoje com os meus melhores alunos? – Slughorn perguntou de sobrancelhas franzidas, olhando de James para Lílian, esperando respostas.

— Problemas no Paraíso, professor – Sirius falou rindo e recebeu olhares mortais de James e Lílian.

— Ah, então quer dizer que, depois de muito tempo, o Sr. Potter finalmente conseguiu conquistar a Srta. Evans! – Slughorn exclamou, entusiasmado.

Snape deixou cair seu livro com um estrépito.

— Não é nada disso, professor Slughorn – Lílian disse depressa, irritadíssima com Sirius. – Estou apenas em um mau dia. Como o senhor disse, acontece. Não tem nada a ver com Potter.

— É isso mesmo – James confirmou, olhando para Lílian pela primeira vez depois da briga.

A garota desviou o olhar.

— Bom, se é assim, vamos esperar que isso passe. Detestaria ter que descontar pontos por causa de vocês dois – Slughorn falou, dando o assunto por encerrado.

Minutos depois, a sineta tocou e Lílian agarrou Marlene para fora antes que tivesse que aguentar as piadinhas dos colegas.

— Mas Alice...

— Ela está com Frank, se você não percebeu. Ou seja, não vai notar nossa ausência – a menina disse com rispidez.

Marlene olhou para a amiga, de cara fechada.

— Ei, Lílian! Acho melhor você parar de descontar a sua raiva em mim, certo? Sou eu, Marlene McKinnon, sua amiga. Ou será que você esqueceu?

Lílian suspirou.

— Desculpe. É que...

— Evans e Potter. Até que não tem muita surpresa – uma menina da Sonserina comentou, rindo, ao passar por Marlene e Lílian, cercada por suas amiguinhas risonhas.

— Olha aqui... – Lílian tirou a varinha das vestes, mas Marlene a segurou.

— Calma! Você é monitora-chefe. Não vá se meter em encrenca por causa disso – aconselhou.

A garota bufou com raiva.

— Isso tudo é culpa do Black! – carregando os seus livros com violência, Lílian rumou até o Salão Comunal sem esperar por Marlene.

Andava com tanta raiva que não percebeu quando esbarrou em um garoto magricela de nariz de gancho e cabelos oleosos.

— Desculpe – a menina pediu sem olhar para cima.

— Deixa que eu pego – o menino murmurou, se abaixando.

Lílian olhou para ele na mesma hora. Esbarrara-se em Severo Snape.

— Não precisa – falou com rispidez.

Ela levantou-se e, com um simples feitiço convocatório, os livros voaram novamente para a sua mão.

Snape olhou para Lílian. Tinha expressão culpada.

— Lílian, sobre ontem, eu queria te explicar...

— Poupe seu tempo! – a garota o interrompeu. – Acho que consigo muito bem reconhecer uma Maldição Imperdoável quando vejo uma.

— Lílian, você não...

— Já disse que não quero ouvir nada! – Lílian exclamou com grosseria.

Ela tentou se afastar, mas Snape segurou seu braço. Estava determinado a explicar para a menina algo que, evidentemente, não tinha explicação.

— Severo, já disse...

— Me ouça! Por favor! – Snape pediu com urgência, apertando com um pouco mais força o pulso de Lílian.

— Severo, eu não quero...

— Solte a Evans, Ranhoso! – eles escutaram a voz de James Potter se aproximando. – Ou serei obrigado a azarar você.

Com um rápido puxão, Lílian se desvencilhou de Snape e lançou um olhar de raiva para James.

— Não preciso que você me defenda, Potter!

E jogando para trás os cabelos longos e ruivos, foi-se embora.

*

Lílian tentava se concentrar no seu dever de História da Magia. O Prof. Binns pedira dois rolos de pergaminho para o dia seguinte e a menina estava apenas na metade do primeiro.

— Eu vou azarar alguém. Juro que vou azarar alguém! – ela murmurou apenas para Marlene e Alice.

As duas riram.

— Você está extremamente irritada hoje, Lílian Evans – Alice provocou, rindo.

— Bom, não é você que está tentando se concentrar em um dever particularmente difícil enquanto há uma algazarra no ambiente – Lílian resmungou, olhando feio para a amiga.

— Lílian, Alice tem razão – Marlene falou com seriedade. – Você precisa se acalmar. Depois da sua briga com Potter...

— Não me venha falar de Potter agora! – Lílian gritou, assustando dois primeiranistas que tinham acabado de entrar no Salão Comunal. – O que foi? Querem receber detenção? Vão já para o dormitório!

Os dois meninos não tiveram coragem de contestar a monitora e subiram correndo para os seus respectivos dormitórios.

Lílian olhou para Alice e Marlene, que a observavam atônitas.

— Lílian...

— Já vi que não vai dar para estudar aqui – a menina bufou e pegou seu material.

As amigas a assistiram fazer o percurso até o dormitório, esbarrando em algumas meninas pelo caminho.

— Foi Potter – Marlene disse com certeza.

— Sei que foi – Alice falou displicente.

Sua atenção foi logo desviada para um menino de cabelos pretos que havia acabado de entrar, absorto em seu livro. Herbologia, Alice imaginava.

Marlene seguiu o olhar da amiga e suspirou.

— Vai logo.

Alice não precisou que dissessem duas vezes. Correu até o namorado, Frank Longbottom, que rapidamente tirou os olhos do livro e ficou completamente absorto na menina que estava à sua frente.

Os dois saíram do Salão Comunal de mãos dadas.

Marlene suspirou mais uma vez e tentou escrever alguma coisa na sua redação sobre as propriedades do bezoar. Mas ela olhou para o lado e o viu.

Sirius Black estava um pouco mais afastado da entrada do Salão Comunal com uma garota. A menina percebeu que Black jogava todo seu charme para cima da sextanista, que Marlene reconheceu como Felicity Awer.

A garota não pôde deixar de se sentir aliviada quando James puxou o amigo de lá o levou para o dormitório.

*

Lílian espiou pelas escadas do seu dormitório. Pelo visto, o Salão Comunal estava vazio. Com um sorriso, a garota pegou seu pergaminho e seu livro e se atirou no sofá próximo da lareira.

Ela tentara fazer sua atividade no dormitório, mas não tivera sucesso. As acusações de Marlene não saíam de sua cabeça. Ela tentara dormir, mas também não obtivera sucesso. Viu as amigas e as companheiras de dormitório chegar, se despirem e se jogaram na cama, caindo no sono quase que instantaneamente. Lílian as invejou.

A jovem esperou ouvir o silêncio e decidiu tentar terminar a redação do Prof. Binns no Salão Comunal. Ela achava que algo no ambiente a inspiraria. E o crepitar da lareira era um ótimo som para os seus ouvidos.

Lílian conseguiu terminar o primeiro rolo e quando passava para o segundo, ouviu vozes.

— Ai! Rabicho, você pisou no meu pé!

Lílian parou no mesmo instante. Ela conhecia essa voz.

— Desculpe, Almofadinhas. Não vi.

Lílian apurou os ouvidos. Definitivamente conhecia.

— Silêncio, vocês dois! Querem acordar o Salão Comunal? – a terceira voz era mais grave e havia seriedade nela. E essa voz era tão conhecida de Lílian...

E então ela lembrou.

Era voz de Potter!

A menina levantou ligeiramente a cabeça e não viu ninguém. Mas o retrato da Mulher Gorda abriu misteriosamente e Lílian assustou-se.

Dividida entre o medo e a curiosidade, Lílian decidiu seguir os sons dos guinchos, que ainda podiam ser ouvidos.

Sorrateiramente, ela saiu do Salão Comunal e tentou acompanhar o que quer que fosse. Torcia para que os guinchos não cessassem e ela ainda pudesse segui-los.

A menina percebeu que iam para fora do Castelo. Mantendo uma boa distância, seguiu. Se isso envolvesse Potter, ele com certeza estaria encrencado.

Os guinchos pararam, mas Lílian teve a impressão de ouvir um farfalhar suave das folhas caídas na grama. Lílian espiou por trás de uma moita. Não havia nenhum sinal de vida. Ela virou-se para ir embora e, quando estava perto da entrada do Castelo, olhou para trás mais uma vez e ficou espantada.

O Salgueiro Lutador parara de se debater. Definitivamente algo não estava certo. Um tanto receosa, Lílian avançou novamente.

Estava quase na entrada do Salgueiro Lutador quando duas mãos fortes a puxaram.

— Mas quem...? – seus olhos se arregalaram em choque. James Potter colocou uma de suas mãos na boca da garota imediatamente.

— Por favor, não grita. Você não sabe o risco que está correndo – James alertou com seriedade. Lílian nunca tinha visto essa expressão no rosto do menino.

Ela assentiu e o garoto tirou as mãos da sua boca lentamente.

— O que você está fazendo aqui? – Lílian sussurrou com irritação.

James bagunçou o cabelo nervosamente.

— Escute, Evans. É complicado. Não posso te explicar agora. E você precisa sair daqui – acrescentou ao ver a boca da garota se abrir.

— Não vou a lugar nenhum até que você me explique o que está acontecendo! – Lílian reclamou, colocando as mãos na cintura.

James não pôde deixar de perceber como Lílian ficava linda quando assumia a postura de mandona.

— Já disse que é complicado, Evans – James falou, nervoso, olhando para o interior do Salgueiro. – Você precisa sair daqui.

— Eu exijo uma... – Lílian parou de falar quando um enorme cão preto saiu do interior do Salgueiro.

A menina não conteve um guincho de susto e deu alguns passos para trás.

James suspirou.

— Consegue segurá-lo por mais um pouquinho? – dirigiu-se ao animal.

O cão assentiu e voltou para dentro.

Os olhos de Lílian arregalaram-se ainda mais. Como o cachorro podia ter uma postura tão humana? Ela virou-se para James.

— Potter, você...

— Vou explicar tudo, Evans. Mas amanhã. Vá embora.

Quando Lílian não demonstrou que iria arredar o pé apesar do horror, James aproximou-se e falou em voz baixa:

— Lílian – a menina se espantou quando o ouviu tratá-la pelo primeiro nome. – Peço que você se lembre do que quase aconteceu com Snape... Ele quase morreu. Ele teria atravessado o Salgueiro Lutador e teria encontrado a morte ali. Não quero... Não vou permitir... Que algo assim aconteça com você. Por favor, Lílian, saia. Volte para o Castelo.

— Se é tão perigoso assim, por que você está aqui? – Lílian murmurou, um tanto assustada. Estava preocupada com James.

O menino engoliu em seco.

— Eu estou bem. E não me peça para explicar agora. Amanhã te contarei tudo – ele prometeu, olhando bem para aqueles olhos verdes.

Lílian suspirou.

— Está bem. Mas não pense que vai escapar amanhã, Potter! – Lílian falou e James sorriu.

Quando a garota começou a se afastar, James a chamou:

— Lílian! – ela virou-se para ele. – Só quero que saiba... Nunca desconfiei de você. Estava nervoso e... Bem, me desculpe.

Lílian sorriu e não falou mais nada. Jogou seus longos cabelos ruivos para trás e correu em direção ao Castelo.


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Notas finais do capítulo

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