Flowers are talking and I'm silent escrita por Ariel F H


Capítulo 8
Solangelo


Notas iniciais do capítulo

oioioioi

então, a Luminy comentou uma ideia sobre um primeiro beijo solangelo nos campo de morango e eu juntei com um headcanon que eu tenho que o primeiro beijo deles aconteceu quando eles já tavam namorando há alguns meses..... e mais um pouquinho sobre o nico ter homofobia internalizada, então esse cap é basicamente sobre isso akjsdfhkasd

espero que gostem ❤️



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— Você precisa comer mais frutas.

Nico virou a página do livro, decidindo ignorar mais uma vez o que Will disse.

Os dois estavam no campo de morangos, sozinhos. Will havia insistido que Nico precisava tomar mais sol, enquanto Nico foi bem claro sobre querer terminar aquele livro logo.

“Você pode ler enquanto seu corpo absorve vitamina D.”

Foi assim que acabaram ali às quatro da tarde, um horário que Will havia dito que era ótimo para “absorver vitamina D”.

— Nico.

Dessa vez, Nico moveu o rosto para o lado e olhou para o namorado.

Namorado ainda era uma palavra complicada, mas Nico gostava de repeti-la em sua mente.

Quero dizer, há quatro meses atrás Will o pediu em namoro no meio de uma conversa muito confusa. Nico acabou respondendo “sim” sem nem pensar direito. Ele queria aquilo. Tanto. Então, assim, quando percebeu, estava de mãos dadas com Will.

Eles agiam como um casal desde esse dia. Ao menos era assim que Nico pensava.

Os dois iam a lugares juntos (como quando Will o chamava para ver o nascer do sol simplesmente porque achava lindo e Nico se forçava a sair da cama porque gostava de se sentar na areia da praia com Will e apenas conversar enquanto o sol aparecia), compartilhavam coisas (como Nico roubando a sobremesa de Will sempre que era sorvete de morango, ou Nico usando o moletom amarelo que Will havia esquecido no chalé 13), passavam muito tempo juntos (Nico já estava acostumado com a enfermaria e Will já conhecia muito bem o chalé de Hades) e até mesmo andavam de mãos dadas às vezes.

Faziam muitas coisas.

Exceto…

Nunca deram um beijo sequer.

Nico sabia que aquilo seria a coisa mais completamente normal se estivesse nos anos trinta, mas ali, no século vinte e um, pelo que Nico ouvia, já era estranho estar em um relacionamento de quatro meses sem sexo, quem diria sem beijo algum — suspeitava que todos os beijos que Will deu em sua testa ou em suas bochechas não contavam como beijos, então…

— Você precisa comer mais frutas. — Will repetiu, tirando Nico de seus pensamentos.

Nico olhou para a cestinha de morangos que Will tinha entre as pernas cruzadas. Ele estava vestindo o shorts jeans de sempre, junto com a camisa do acampamento, além de estar de pés descalços e ter todos os dedos lambuzados por culpa dos morangos.

— Coma um. — Will sugeriu, pegando um morango e levando em direção à boca de Nico.

Nico afastou o rosto.

— Eca, eu não gosto de morango.

Will olhou para Nico com cara de indignação.

— Você sempre rouba o meu sorvete de morango.

— É diferente. Sorvete é doce. Essa fruta é azeda.

— Não é azedo. Morango é a minha fruta favorita. — Will resmungou, comendo o morango que havia oferecido para Nico.

— Eu percebi. — Nico comentou, com uma pequena risada, vendo as mãos de Will lambuzadas.

Will mostrou a língua para Nico. Nico fez o mesmo, mas estava rindo ainda.

Voltou a atenção para o livro, que estava apoiado em um de seus joelhos. O sol atrapalhava um pouco a leitura, mas nada podia fazer quanto a isso.

Sentiu Will se aproximar. Seus ombros se tocaram. Aquilo era bom.

— O que você está lendo? É aquele livro sobre a Segunda Guerra Mundial de novo?

Nico concordou com um aceno, tentando se concentrar para ler, mas…

— Você pode parar de me encarar, Solace?

— Eu não consigo. Fica difícil com você sendo a pessoa mais linda do mundo e tal.

Sentiu suas bochechas ficarem vermelhas assim que interpretou aquela frase. Levantou o livro para esconder o rosto entre as páginas. Inferno, ele conseguia imaginar Will sorrindo com aquilo, e o pior é que Nico amava o sorriso de Will.

— Por que você diz essas coisas? — Nico perguntou, ainda com a cara enfiada no livro.

— Ei. — Will respondeu, com uma risada. — Eu só estou sendo sincero.

Nico abaixou o livro, ainda sentindo seu rosto vermelho.

— Coma um morango que eu paro de te encarar.

— Eu odeio você. — Nico murmurou. — Só não odeio mais do que odeio essa coisa azeda.

— Você não odeia morango. Coma um.

— Eu não quero

Não adiantou: Will pegou outro morango e tentou empurrar para a boca de Nico. Ele, na tentativa de se afastar, acabou caindo para trás, na grama, se apoiando nos cotovelos.

Quando se deu conta, não havia outra alternativa a não ser abrir a boca e aceitar a droga do morango. Enquanto mastigava — não era tão azedo quanto se lembrava — viu o sorriso de vitória de Will.

— E então? — Will perguntou.

— Horrível. — Nico mentiu.

— Você está mentindo.

Nico revirou os olhos e se deitou completamente na grama úmida. Havia chovido mais cedo.

— Você está obcecado por história. — Will comentou, pegando o livro da mão de Nico e olhando para a capa dele.

Nico levantou o rosto e disse, enquanto Will parecia ler o título e a sinopse:

— Você é todo obcecado por coisas medicinais e eu não reclamo.

— Ei, eu não estou reclamando. Eu adoro quando você fala todos aqueles termos históricos e diz coisas que eu nunca entendo direito.

Nico riu, sentindo seu estômago estranho.

— Bem. — respondeu. — E eu adoro quando você diz todas aquelas coisas medicinais.

Will olhou para ele.

— Que tipo de coisas?

— Aquelas… Coisas.

Will levantou as sobrancelhas.

— Eu não sei nada sobre medicina. — Nico reclamou.

— E eu não sei nada sobre história. A gente se completa.

— Talvez.

— Talvez?

Nico concordou. Não sabia muito bem sobre o que estavam falando.

— Ei. — Will o chamou. Ele se aproximou de Nico, se deitando perto dele, de lado, apoiando todo seu corpo em apenas um dos cotovelos, enquanto a palma da mão estava contra uma das bochechas. — Eu não estava mentindo quando falei que você é a pessoa mais linda do mundo.

Nico sentiu seu rosto ficar vermelho novamente.

“Não.” queria dizer “Você mentiu sim. Porque a pessoa mais linda do mundo é você.”

Por algum motivo, não conseguia falar aquilo em voz alta. Ao invés disso, desviou o olhar e deu um leve chute nos pés de Will.

— Pare de dizer isso. — falou.

— Eu preciso falar até você perceber que é verdade. — Will devolveu o chute.

— Você é bobo.

— Bobo de amor por você.

— Will! Pelos deuses, onde é que você tira ideia pra falar essas coisas?!

Will deu uma gargalhada, enquanto Nico não sabia se ria ou ficava com vergonha. Ele escondeu o rosto com as mãos. Às vezes, Will aparecia com aquelas frases que Nico jurava que foram feitas apenas para criar situações embaraçosas.

— Ei. — Will falou.

Nico tirou as mãos da frente dos olhos e sentiu aquelas vibrações estranhas dentro de si que só sentia quando estava com Will.

Encarou o rosto de Will, que estava em cima de si, com uma das mãos em cada lado de seu corpo, mas ainda sentado na grama.

“Olhe a posição que vocês estão” pensou “Ele é um garoto e está em cima de você”.

“Pare de pensar isso” quis gritar consigo mesmo.

Por vezes, Nico ainda tinha esse tipo de pensamento.

Ele sabia que não era errado estar apaixonado por Will e sentir tudo o que sentia, mas, de alguma forma, continuava a se sentir como um criminoso ou um depravado.

Sempre acabava com um lado de sua mente dizendo que, sim, ele era um depravado, enquanto outro lado dizia que não, que ele estava apenas sendo ele.

— Eu não estou mentindo. — Will disse, com um pequeno sorriso sincero. — Eu realmente sou bobo por você.

Nico desviou o olhar — não conseguia olhar para Will naquele momento.

Se apoiou nos cotovelos, fazendo seus rostos ficarem próximos, mas ainda encarou qualquer lugar que não fosse os olhos de Will.

— Ei. — Will o chamou. — Você está bem?

Nico mordeu a ponta da língua, algo que costumava fazer quando estava nervoso.

— Sim. Eu só…

Não conseguiu terminar a frase.

Voltou a encarar Will.

Os olhos azuis dele sempre lembravam para Nico um céu calmo, sem nuvens. Tudo em Will transpirava calmaria e conforto.

— Você o quê? — Will perguntou.

Nico, sem pensar, olhou para os lábios de Will. Sempre se perguntava como seria beijá-lo.

Só não tinha a mínima coragem para isso.

Se obrigou a voltar a olhar para suas íris azuis. Will também o encarava, com uma expressão confusa que não soube interpretar. Nico engoliu em seco.

Um pânico cresceu dentro dele quando se deu conta que seus rostos estavam próximos demais. Quando isso aconteceu? Quem foi que se aproximou?

Nico fechou os olhos. Todo seu corpo estava mole.

Quando sentiu os lábios de Will se pressionando contra os seus, foi como receber uma onda de calmaria e de sentimentos conflituosos ao mesmo tempo. O que ele deveria fazer? Nunca havia beijado ninguém. E se fizesse algo de errado? E se Will decidisse que, por Nico não saber beijar, não queria mais namorar ele?

Antes que pudesse concluir qualquer coisa, Will se afastou. Nico abriu os olhos. Seus rostos ainda estavam próximos demais e, através da expressão de Will, Nico percebeu que ele estava tão confuso e perdido quanto Nico.

Jamais havia visto Will tão nervoso quanto nesse momento.

Nico respirou fundo, forçando seus pulmões a funcionarem direito — tinha a impressão de que nada nele estava funcionando como deveria.

Dessa vez, foi Nico quem uniu seus lábios, mas em um selinho um pouco mais rápido.

Quando voltou a se afastar, Will parecia mais calmo.

Nico respirou lentamente, tentando absorver o que havia acontecido.

Ele viu um sorriso crescer no rosto de Will, o que o fez sorrir também. Depois, se sentiu bobo por isso. O que é que eles estavam fazendo? Por que estavam agindo assim?

— De que fruta você gosta, já que não gosta de morango? — Will perguntou de repente.

Nico piscou, confuso por um instante.

— Ameixa. — respondeu, devagar. — Eu gosto de ameixa.

— Eu vou trazer ameixa pra você na próxima vez, então.

Nico não conseguiu não sorrir.


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