Civil War escrita por Dark Sweet


Capítulo 11
Lagos


Notas iniciais do capítulo

Hey, bebês! Como estão? Olha euzinha aqui com mais um capítulo em menos de uma semana! Estou me endireitando, né non? A missão em Lagos finalmente chegou e com ela os conflitos de Guerra Civil. O que será da vida da Melinda agora, hein? Boa leitura.



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—Melinda? Hey, amor, está na hora de acordar. — a voz de Tyler estava baixa, seus dedos acariciavam meu rosto. — Estamos chegando. —

—Hum. — resmunguei virando para o outro lado. — Minhas energias não estão totalmente renovadas. —

—Imagino que não, mas alguém precisa pousar o Quinjet. —

—Pousa você. É fácil, basta você... — ele me interrompeu.

—Eu não vou pousar essa banheira nem ferrando, Melinda. — bufei, abrindo os olhos de pouquinho em pouquinho.

—Acordei, satisfeito? — resmunguei

Me sentei, levando minhas mãos até meus olhos para coçá-los. Tyler segurou meus pulsos.

—Se fizer isso vai ficar com os olhos borrados. — alertou.

Lembrei que quando me arrumei tinha passado rímel. Bufei novamente.

—Maldita maquiagem. Não está borrada, está? — ele negou com a cabeça. — E meu cabelo está todo emaranhado? —

—Você está linda. — sorri pegando meu celular e colocando na câmera frontal.

Meu cabelo estava sim um pouco bagunçado.

—Mentiroso. — murmurei, arrumando-o.

—Não menti nem sobre você estar linda e nem sobre estarmos chegando. — falou. — O jato está há dez minutos do Complexo. —

—Mas era para ele avisar quando estivesse uns vinte minutos de distância. —

—E avisou, eu que deixei você dormindo mais um pouco enquanto arrumava as coisas. — olhei ao redor.

Tyler já tinha arrumado nossas coisas, sacolas, mochila, cesta de comida, e organizou tudo no canto do jato, próximo da porta.

A única coisa que ainda não estava guardada eram os cobertores e a almofada que estava comigo.

—Um perfeito gentleman. — ele sorriu. — Vou assumir o controle do Quinjet. —

—Eu dobro os cobertores. —

Levantei caminhando até a poltrona do piloto e desativando o piloto automático. Vez ou outra eu olhava para trás, vendo que Tyler já estava acabando de organizar tudo.

—Senta em uma poltrona que vou pousar. — falei assim que avistei o Complexo.

Tyler sentou na poltrona do co-piloto e colocou o cinto de segurança.

—Só para não perder o hábito. — explicou me olhando.

Pousei o jato no hangar, desligando ele e encarando Tyler que já estava sem o cinto.

—Obrigado. Por tudo. — sorri.

—Como eu falei antes, não precisa agradecer. Isso não foi nada e eu faria de novo sem pensar duas vezes. — Tyler retribuiu o sorriso.

—Você definitivamente não existe. Sou o cara mais sortudo do mundo tendo você como amiga. — meu sorriso aumentou.

—Nisso você não mentiu. — levantei. — Vamos, Cabeça de Alga. —

—Isso que você ganha sendo filho de Poseidon. — ele resmungou rindo.

Fiz um escudo surgir ao redor das nossas coisas, tirando elas do chão. Tyler abriu a porta do Quinjet e nós saímos com nossas coisas flutuando atrás da gente.

A alguns metros a nossa frente estavam os Vingadores. Bom, boa parte dos Vingadores.

Steve e Sam estavam vestidos com seus uniformes, Nat e Wanda com roupas comuns. Era evidente a surpresa nos olhares de alguns deles, mas precisamente do Capicolé.

—Ora, ora. O que temos aqui? — falei sorrindo. — Seria um grupo de super heróis indo para uma missão sem chamar a Valente? —

—Isso vai ser divertido. — ouvi Sam falar sorrindo.

—Melinda, sei que você pediu para Wanda te avisar se houvesse alguma pista a respeito do Rumlow, mas... — interrompi Steve.

—Mas ela não avisou. — encarei a Bruxinha.

—Natasha confiscou meu celular depois do Steve me pedir para não te avisar sobre nada e eu me recusar. — explicou.

—Você estava de folga, comemorando o aniversário do seu amigo. — a Dona Aranha disse rápida e direta.

—Mesmo assim eu falei que se tivessem novidades era para me contarem. Achei que fôssemos uma equipe, Romanoff. — cruzei os braços.

—Melinda, enquanto você fica bolada com eles por não terem te avisado sobre nada, a pista sobre o Rumlow pode esfriar. — o garoto ao meu lado falou.

—O Tyler tem razão. — disse o Capitão. — Olha, Melinda, sei que você queria participar da missão, mas eu achei que você gostaria de passar um tempo com seu amigo por isso pedi a Wanda para não te contar nada. —

—Estou chateada com você, Picolé. — murmurei, alto o suficiente para ele ouvir.

—Acontece que talvez seja uma pista que não dê em nada, tanto que o Visão e o Rhodes preferiram ficar aqui no Complexo. —

—Ou pode ser uma pista que dê em alguma coisa. Diferente do Rhodey e do Red eu não quero ficar aqui de castigo. — Nat arqueou a sobrancelha.

—Quantos anos você tem? —

—Cinco com muito orgulho. — Romanoff limitou-se a suspirar.

—Você quer ir mesmo? —

—Mas é claro. Acha que eu perco a oportunidade de chutar as bundas de alguns ex agentes da HYDRA? — sorri.

—Ótimo. Você ficará com a Wanda e a Natasha fazendo o reconhecimento do local. — arqueei a sobrancelha.

—Da última vez que eu fiz o reconhecimento do local você me criticou por dar detalhes demais. — ele sorriu.

—Economize nos detalhes, ok? Vamos. — a equipe passou por Tyler e eu, seguindo em direção ao Quinjet principal.

Me virei para Tyler que sorriu. Coloquei as coisas da surpresa no chão.

—Vai, eu arrumo as coisas para você. — ele falou me entregando um casaco.

—Nada disso. Pode deixar no meu quarto que eu arrumo tudo quando chegar. — peguei o casaco. — Vai para casa, aniversariante. — sorri, passando por ele e dando um tapinha em seu ombro.

Entrei no Quinjet e logo Natasha colocou o mesmo para voar. Sentei na poltrona, após vestir o casaco verde militar, e olhei para a equipe.

—Então, amiguinhos, para onde vamos? —

—Lagos. — Sam respondeu.

—Nigéria? — arqueei a sobrancelha. Ele assentiu.

—Soubemos que o Rumlow está atrás de uma arma biológica para vender no mercado negro. — o Capitão explicou.

—Típico. — murmurei.

Steve me entregou um ponto de comunicação. Tratei logo de colocá-lo na orelha.

—Sam e eu ficaremos escondidos nos prédios, vigiando qualquer atitude suspeita. — continuou a explicar. — Vocês três irão se misturar e nos passar informações sobre o local, coisas que definitivamente... —

—Está errada em vez de certa. — completei. — De acordo. —

Sam veio até mim ne entregando um boné. Arqueei a sobrancelha, pegando o mesmo.

—Com isso eu não estou de acordo. — falei encarando o boné preto. — Da última vez que fiquei para fazer reconhecimento do local e vocês me deram um boné fazendo uso da palavra "disfarce" eu falei que não disfarçava em nada. Tipo, é só um boné. —

—Você reclama demais, Melinda. — Wanda balançou a cabeça.

—Mas mentindo eu não estou. — coloquei o boné na cabeça a contragosto. — Se eu soubesse que teria que me disfarçar de novo, teria ficado com a peruca preta. —

—Peruca preta? — a voz de Sam era levemente confusa. — Por que você teve que se disfarçar com uma peruca preta? —

—Ah! — soltei uma risada. — Então... —

Comecei a contar sobre Paris e o resto da viagem com Tyler. A única coisa que omiti foi a parte de ter comprado perfume para todo mundo. Algumas partes da viagem geraram risadas neles e comentários engraçados.

Meu relatório sobre a surpresa de Tyler teve que ser rápido por motivos de: a) não podíamos nos entreter tanto na minha história para não desviarmos da missão; e b) estávamos quase chegando em Lagos.

***

Sentada em uma das mesas de uma simples cafeteria de Lagos, eu agradecia a garçonete pelo meu café.

Após dizer que se eu precisasse de mais alguma coisa era só chamá-la, ela se retirou sorrindo.

Abri o pequeno saquinho de açúcar, despejando todo o conteúdo na xícara e mexendo o café com a colher que estava sobre o pires.

Peguei a xícara e a levei aos lábios, bebendo o líquido preto e olhando ao redor.

Aquela era uma área comercial, tirando algumas pessoas zanzando para lá e para cá, a rua parecia calma. Nada que demonstrasse que um ataque terrorista ao estilo do Ossos Cruzados estava prestes a acontecer.

—Tudo bem. O que estão vendo? — a voz de Steve soou pelo ponto de comunicação.

—Policiais patrulhando. Poucos homens, rua silenciosa. — Wanda respondeu. — É um bom alvo. —

A Bruxinha estava sentada a algumas mesas da minha, mais próxima da rua. Natasha estava duas mesas atrás da dela.

—Tem uma caixa ao sul que significa? — o Capitão indagou. Discretamente olhei para a direção que ele falou.

—Câmeras. — Wanda respondeu baixo.

—As duas ruas são de mão única. —

—O que compromete as rotas de fuga. — falei, bebendo mais um pouco do café.

—Nosso cara não se importa de ser visto. Não tem medo de criar confusão para passar. Estão vendo aquela SUV a meio quarteirão? —

—Aquela vermelha? — Wanda foi mais rápida. — Uma graça. —

—Também é a prova de balas, segurança privada. O que significa mais armas e mais dor de cabeça para alguém, provavelmente nós. — Nat respondeu fazendo-me sorrir.

—Sabe que posso mover coisas com a minha mente, não é? — rebateu Wanda.

—Reconhecimento do local tem que virar rotina para você. —

Olhei ao redor, notando que Wanda e Nat continuavam em seus postos. Elas se alfinetavam, mas sem se olharem.

—Alguém já te disse que você é um pouquinho paranóica? — indagou Sam.

—Não na minha cara. Por quê? Te disseram alguma coisa? — bebi mais um pouco de café para esconder um sorriso.

—Foco na missão, galera. É a melhor pista que temos sobre o Rumlow, não quero perdê-lo. — Steve chamou a atenção.

—Se nos vir chegando não vai ser problema. Esse cara odeia a gente. —

—Sam, está vendo o caminhão de lixo? Vai nele. —

Após o pedido de Steve, não se ouvia mais nada pelo ponto. Até que a voz de Sam soou novamente, agora mais séria.

—O caminhão está levando peso pesado, o motorista está armado. — respondeu Sam e pelo barulho que seguiu logo depois, soube que ele estava seguindo o veículo.

—O caminhão é uma isca. — Nat matou a charada.

—Vão agora. Ele não é da polícia. — mandou Steve.

Tirei uma nota de US$ 10 do bolso e deixei sobre a mesa, levantando e andando apressada entre as mesas.

De soslaio, notei que Wanda e Natasha também andavam quase correndo.

Ao longe ouvi gritos e logo após um barulho de algo batendo em alguma coisa muito densa.

Assim que me afastei da cafeteria, tirei o boné jogando-o no chão e levantando vôo no exato momento em que ouvi barulhos de disparos.

—Armadura. AR-15. Contei sete oponentes. — Steve informou, provavelmente já tinha chegado ao local.

Ainda voando, observei que o alvo foi um laboratório, causando-me um pequeno lapso de memória que tratei de esquecer logo.

—Eu contei cinco. — Sam falou após abater dois oponentes.

—Rumlow está no terceiro andar. — Sam informou.

—Wanda, como treinamos. — falou Steve.

—E quanto ao gás? — indagou.

—Tire de lá. —

—Entendido. — falou contorcendo seus dedos e fazendo Steve sair do chão e logo atravessar a janela de vidro do terceiro andar.

Vi que mais homens deciam de um carro forte e foi na direção deles que eu pousei.

—Olá, rapazes. — sorri, ativando o escudo.

Eles dispararam as armas, as balas atingindo o escudo. Me aproximei o suficiente de um dos caras, desativando o escudo e acertando ele com um soco.

Assim que outro se aproximou com a arma apontada na minha direção, corri na direção dele, dando um chute na arma, girando e acertando outro chute no rosto dele.

Cerca de sete homens tinham descido daquele carro e os abatia usando meus jatos e alguns golpes.

O último cara se aproximou, corri na direção dele, apoiei um pé na coxa dele, pegando impulso e dando a famosa chave de buceta que aprendi com Natasha. Esse era o meu golpe preferido.

—Rumlow tem uma arma biológica. — a voz de Steve soou pelo ponto, fazendo-me olhar ao redor atrás do Ossos Cruzados.

—Estou atrás dele. — falou Natasha e pude ouvir o barulho do motor da moto dela se aproximando.

Corri na direção em que ela estava, vendo que também era onde o Rumlow se encontrava.

Lá tinha quase o dobro de homens com quem lutei, pensei em ir ajudar Natasha, mas após ver que ela estava se saindo muito bem sem ajuda optei por apenas observá-la.

Foi quando após lutar com dez caras, Rumlow a puxou pelo cabelo. Ela bateu nele e então deu um choque nele, que não surtiu nenhum efeito.

—Isso não funciona mais em mim. — falou, jogando ela dentro do carro. Fiquei em alerta. — Tampem os ouvidos. —

Assim que vi uma granada na mão dele, acertei um jato no mesmo, mandando-o para longe.

Corri na direção dele, mas o desgraçado já tinha entrado no carro.

—Sam, ele está no carro seguindo para o norte. — informei, levando a mão até o ponto de comunicação.

—Deixa comigo. —

Fui até o carro em que Nat estava. A única coisa que encontrei foi dois corpos inconscientes e a porta traseira aberta.

—Poxa, nem um obrigada antes? — murmurei.

Olhei o redor. Wanda se aproximava.

—Tudo bem? — ela assentiu. — E o Steve? —

—Também foi atrás do Rumlow. —

—Estou vendo quatro. Estão se separando. — a voz de Sam soou pelo ponto atraindo nossa atenção.

—Eu pego os dois da esquerda. — disse Nat e pelo visto parecia que estava correndo.

—Vamos. Quem chegar por último é a mulher do Padre. — falei sorrindo e voando.

Wanda estava logo atrás, também sorrindo.

Enquanto estávamos no ar, ouvi Sam dizer que a arma biológica não estava com os dois caras que ele seguiu. Ruídos de luta foram a única coisa que ouvimos de Natasha e então:

—Carregamento seguro. Valeu, Sam. —

Já que com a Nat e Sam estava tudo ok, Wanda e eu resolvemos ir até o Capitão que estava lutando contra o Ossos Cruzados no meio de uma feira.

Pousamos próximo a alguns curiosos que tinham formado um pequeno círculo ao redor da luta.

—Nós interferimos? —

—Não sei. — respondi. — O Capitão parece estar levando a melhor, como sempre. — a olhei sorrindo.

Steve arrancou outro equipamento do braço de Rumlow, jogando no chão. Seu escudo também estava no chão, a alguns metros de distância.

Rumlow partiu para cima do Capitão novamente, que depois de acertar alguns golpes no ex agente da HYDRA o jogou no chão, um pouco longe dele.

—Vitória para o Capitão. — falou Wanda sorrindo.

Steve caminhou até Rumlow que estava de joelhos e tinha retirado o capacete, jogando-o no chão. Aparentemente tinha aceitado a derrota.

—Até que estou lindo considerando o que houve. — Rumlow falou.

Steve o segurou pela armadura.

—Quem é o comprador? — indagou firme.

—Ele te reconheceu. Seu amigo e parceiro. Seu Bucky. — o olhar de Steve oscilou.

Oh, merda.

—O que disse? — questionou, a voz já não tão firme como antes.

—Ele lembrou de você. Eu estava lá. Ele ficou choramingando, aí voltaram a fritar o cérebro dele. Ele disse para mim: fala para o Rogers, quando chega sua hora, chega sua hora. — franzi as sobrancelhas levemente confusa. Tinha algo errado. — E você vem comigo. — Rumlow completou acionando algum botão em sua armadura.

Steve recuou rapidamente.

Fiz um escudo surgir ao redor de Rumlow no exato momento em que algo explodiu, uma bomba.

Wanda também tinha feito um escudo ao redor de Rumlow e eu vou agradecer ela eternamente por isso, porque minhas mãos já estavam começando a arder por conta do calor.

No entanto, nem mesmo com ajuda parecia que conseguiríamos conter aquela explosão e então uma ideia passou pela minha cabeça.

—Wanda, para o alto. —

Falei um pouco ofegante, e, compreendendo o que eu queria fazer, Wanda movimentou suas mãos no mesmo tempo que eu também movimentava minhas mãos para o alto.

Os escudos levaram a explosão para o alto e estava indo tudo bem, até que Wanda não aguentou manter o escudo dela. E no segundo seguinte eu também não aguentei, quebrando o escudo e deixando a explosão acontecer, destruindo um andar inteiro do prédio que estava perto o suficente.

O barulho foi alto o suficiente para ser escutada por três quarteirões. Gritos preencheram o local enquanto as pessoas corriam desesperadas pela até então feira.

Trouxe minhas duas mãos até meu rosto, cobrindo minha boca não acreditando no que tinha acabado de acontecer. Meus joelhos cederam com meu peso, fazendo-me cair sobre os mesmos.

Senti meus olhos lacrimejarem quando o pequeno lapso de memória que eu tive quando vi o laboratório que o Rumlow atacou veio a tona.

13 anos atrás, uma garotinha de 6 anos entrou numa sala de laboratório sozinha e mexeu onde não devia, e então uma explosão consumiu todo o andar.

—Sam, me escuta. — Steve falou levando a mão até o ponto de comunicação. Sua respiração estava ofegante, sua voz preocupada. — Nós precisamos de resgate. No lado sul do prédio. —

E então ele correu para ajudar as pessoas do prédio, que a essa altura já saiam correndo do mesmo.

Eu queria correr para ajudar, mas eu não conseguia me mexer. Simplesmente não conseguia.

Sam passou correndo por mim e Wanda e falou alguma coisa que eu não consegui compreender antes de entrar no prédio.

Minha cabeça estava novamente naquele fatídico dia, naquela porcaria de explosão.

As lágrimas rolaram pelo meu rosto quando as pessoas que foram atingidas por uma parte da explosão começaram a sair.

Elas estavam sujas de fuligem, algumas sangravam, outras mancavam. Algumas saiam sozinhas, outras eram ajudadas ou por um civil ou por Steve e Sam.

—Melinda? — uma cabeleireira ruiva apareceu na minha frente. A voz de Natasha parecia distante demais. — Melinda, você está me escutando? —

Senti suas mãos segurarem meu rosto com firmeza, pisquei os olhos. Minha visão estava turva por conta das lágrimas. Sirenes soavam não muito longe dali.

—Melinda, você e a Wanda precisam sair daqui agora. Vão para o jato, encontraremos vocês logo depois. Melinda, você está me ouvindo? —

—Minha culpa. — murmurei, atônita. — Tudo minha culpa. —

—Não, nada disso foi culpa de vocês, ok? Acreditem em mim. Agora eu preciso que vocês duas saiam daqui e vão para o Quinjet. Agora. — pisquei os novamente. Eu queria reagir, mas não conseguia. — Melinda, sei que para você deve estar sendo muito difícil, mas para a Wanda também está. Você sabe melhor do que ninguém como a cabeça de alguém fica após um ocorrido desse porte e ela está passando por isso pela primeira vez. —

—Não é porque é a minha segunda experiência com explosões que é mais fácil para mim. — sussurrei fazendo ela fechar os olhos com força.

—Eu sei, me desculpa. — pediu. — Mas eu realmente preciso que vocês saiam daqui, Melinda. Não é bom para nenhuma de vocês ficarem aqui observando tudo. Preciso que leve ela ao jato. — ela soltou meu rosto.

Virei meu rosto na direção de Wanda.

Ela também estava caída no chão, encarava o prédio com a expressão carregada de culpa, parecia em choque demais para liberar as lágrimas que preenchiam seus olhos.

—Tudo bem. — sussurrei, voltando a encarar Romanoff. Respirei fundo. — Eu vou... vou levá-la para o Quinjet. — Nat assentiu, me ajudando a levantar.

—Vou ajudar Steve e Sam. Avisem quando chegarem ao jato. — observei ela caminhar rapidamente até o prédio, entrando logo em seguinda.

Olhei ao redor alguns civis ajudavam os menos feridos, os paramédicos já chegaram ao local faz tempo e ajudava os mais feridos. E claro, tinha os curiosos, que não faziam nada além de observar tudo sem fazer nada e fofocar.

Fui até Wanda, me agachando o seu lado e dando o sorriso mais falso que dei em toda minha vida.

—Hey, vai ficar tudo bem, ok? — ela não me olhou, parecia nem me ouvir. — Wanda? Hey, bebê. — toquei seu rosto. Seus olhos encontraram os meus.

—Foi tudo minha culpa. — sussurrou com a voz trêmula.

—Não é verdade. Você não estava contendo a explosão sozinha. — falei com a voz um pouco mais firme.

—Mas eu cedi primeiro. Se eu tivesse aguentado mais um pouco... — a interrompi.

—Você não pode ficar se culpando pensando sempre no se. Aconteceu, Wanda. — ela fechou os olhos, as lágrimas finalmente escorrendo pelo seu rosto. — Vamos. Precisamos ir para o jato. —

—Temos que ajudar eles. —

—Não vamos conseguir ajudá-los nesse estado, Wanda. É melhor irmos para o Quinjet. —

A Bruxinha encarou o prédio mais uma vez e então assentiu. A ajudei a levantar e logo começamos a caminhar na direção onde o jato estava.

As pessoas nos encaravam e faziam os famosos comentários maldosos.

—As pessoas vão dizer que causamos a explosão e não ajudamos ninguém. — Wanda falou olhando para o chão.

—Já estão falando. — falei antes de passar meu braço ao redor dela e começando a voar.

***

Faziam algumas horas que tínhamos chegado no Complexo.

Rhodes e Visão nos receberam, mas eu não quis muito papo e fui direto para meu quarto. Acredito que Wanda fez o mesmo.

Tomei um banho demorado, com flashs da explosão no laboratório do meu pai e da explosão que aconteceu há algumas horas.

E eu chorei como não chorava fazia séculos.

Quando sai do banheiro e vesti uma roupa confortável, cometi a burrada de ligar a televisão.

Todos os canais falavam sobre o incidente que os Vingadores causaram, mas sobre a causa da explosão eram citados apenas meu nome e o da Wanda. E não demoraram para trazerem trechos da minha coletiva de imprensa quando fui apresentada como nova Vingadora e falei quem era meu pai biológico, e logo após matérias sobre a explosão do laboratório dele.

Desliguei a televisão.

Talvez fosse questão de tempo para que descobrissem quem foi que causou aquela bendita explosão, e então o bicho iria pegar não só para mim, mas como para os Vingadores também.

Passei as mãos pelo rosto, tentando afastar o questionamento que rondava minha cabeça desde que saímos de Lagos.

Por que eu não consegui absorver a explosão?

Na combustão há energia e energia é o meu lance, então por quê?

Assim que fiz o escudo surgir ao redor do até então Brock Rumlow, por que minhas mãos não absorveram a energia que foi liberada em forma de calor?

Encarei minhas mãos sobre meu colo. Quando as olhei no Quinjet, elas estavam levemente vermelhas. Agora estavam perfeitamente normais. No entanto, ainda não entendia porque não aconteceu uma absorção de energia durante a explosão.

Bufei, olhando o redor do meu quarto. Meu olhar caiu sobre as coisas da surpresa de Tyler. Ele tinha feito exatamente como eu pedi: deixou as coisas no meu quarto e foi para casa encontrar sua mãe e seus irmãos.

Automaticamente me veio na cabeça as inúmeras mensagens e ligações não só de Tyler, como da minha família e amigos. Todos queriam saber como eu estava, mas até agora não tive coragem para falar com eles.

Levantei, caminhando até as coisas que Tyler deixou no meu quarto e procurando pelas velas que ele tinha usado para iluminar o jato no Rio.

Peguei uma vela, o isqueiro e voltei para a cama. A ideia que se passava na minha cabeça era estúpida, mas eu precisava ter certeza se eu poderia ter impedido aquela explosão ou não.

Acendi a vela.

Deixei o isqueiro sobre a cama e, com a mão livre, aproximei ela da chama.

De primeira, não aguentei ficar mais que dois minutos. A palma da minha mão queimava.

Contudo, eu pensei nas pessoas que morreram na explosão. Pessoas que perderam seus familiares, pessoas queridas. Crianças morreram naquela explosão.

E novamente as lágrimas.

Não porque a minha mão estava consideravelmente perto demais do fogo e ela queimava para caralho. Mas porque eu novamente conseguia me ver assistindo uma reportagem sobre os familiares das pessoas que morreram em uma explosão.

—Melinda? Posso falar com você? — alguém bateu na porta do quarto, abrindo-a logo em seguida. — Que cheiro de queimado é esse? Melinda! —

Uma mão segurou meu pulso com firmeza enquanto outra retirava a vela da minha mão. Pisquei os olhos atônita.

Ergui a cabeça para ver quem era, encontrando um olhar incrédulo de Natasha.

—Você estava se queimando? — olhei dela para a vela, que a essa altura já estava apagada.

—Não. — sussurrei. — Eu só... só estava... — então ela compreendeu.

—Você só estava tentando ver se conseguia absorver a energia da chama para então ter a certeza de que poderia ter evitado aquele incidente em Lagos. — assenti, baixando o olhar. — Melinda... — ela começou a falar, mas eu atropelei sua fala.

—Está sendo difícil, Nat, muito difícil. — confessei. — Eu vejo tudo se repetindo de novo na minha cabeça. E não falo só da explosão em Lagos, como a de Washington também. —

—Eu posso imaginar o quão difícil está sendo para você, Melinda. — Natasha sentou ao meu lado, deixando a vela a uma boa distância de mim. — E aproveitando a conversa queria me desculpar novamente por ter dito que era mais difícil para a Wanda porque ela estava passando por tudo isso pela primeira vez. A verdade é que não foi justo comparar a dor que vocês estão sentindo em relação a essa explosão. Até o Steve está se sentindo culpado por tudo que aconteceu e, de certa forma, até eu e o Sam estamos nos sentindo culpados. Se tivessemos ido direto ao encontro de vocês assim que recuperamos a arma biológica, talvez... — ela suspirou, balançando a cabeça. — Bem, não vamos ficar presas no talvez, ok? —

—Mas eu não entendo, Nat. Eu devia ter conseguido absorver a explosão. — sussurrei.

—Seus poderes evoluíram bastante desde que você os ganhou, Melinda. Começou com o escudo que antes só protegia você e então ele também protegia outras pessoas, no mesmo dia você também descobriu que podia absorver energia. Alguns dias depois você soube que podia voar, levitar qualquer coisa que contenha energia e até hoje você vem desenvolvendo novas habilidades. — ela sorriu. — Talvez você possa absorver a energia de uma explosão, ou talvez não. Isso não é algo que dá para saber com antecedência. Quando for para acontecer, acontecerá. Agora o que eu não admito é você se machucar para tentar provar que há motivos para se culpar por algo que, claramente, não foi sua culpa. —

Ela ergueu a mão que eu tinha tentado absorver a energia da chama da vela. Minha mão estava queimada, bolhas de queimaduras estavam espalhadas pela palma inteira.

Acho que eu acabei de ver uma queimadura de segundo grau ao vivo e ela estava bem na minha mão.

—Vai curar. — Natasha arqueou a sobrancelha.

—Isso é uma queimadura séria, Melinda. Não quero você se machucando apenas para provar que podia ter salvado alguém, combinado? — sua voz estava séria. Suspirei.

—Combinado. —

—Onde tem um kit de primeiros socorros? — ela levantou.

—Não preciso de um curativo, Romanoff. Vai curar. —

—Não quero saber se você tem fator de cura avançado, Melinda. Sua mão não vai ficar exposta desse jeito. — revirei os olhos, mas não contrariei ela. Doido era quem discordava da Natasha. — Kit de primeiros socorros? —

—Banheiro. — resmunguei. — Toda vez que eu me livro de um, aparece outro no mesmo lugar. Sexta-Feira, Tony e eu temos que ter uma conversa muito séria. — notei um sorriso de lado nos lábios dela.

Romanoff foi até o banheiro do meu quarto voltando com uma maleta tamanho médio branca e com uma cruz vermelha. Fiz uma careta.

Simplesmente odeio qualquer coisa que envolva médicos.

—Para alguém que odeia médico e hospitais, ter um kit de primeiros socorros é essencial. — ela sentou ao meu lado na cama. — Assim você mesma faz seus próprios curativos ou deixa alguém da sua confiança fazê-los. — começou a tirar alguns itens da maleta.

Soro, gases, umas pomadas que nem sei pronunciar o nome, ataduras e esparadrapo.

—Pessoas que tem fator de cura avançado não costumam precisar de curativos. —

Hesitei quando ela pediu minha mão queimada. Após um longo suspiro, estendi minha mão na direção dela.

—De fato, não. Mas pessoas que tem fator de cura avançado e se machucam por conta própria, sim. — rebateu.

Ela começou a limpar minha mão. Tive que morder a minha outra mão para não soltar gemidos de dor.

—Pois é, Melinda. Queimaduras doem, de segundo grau doem mais ainda. —

—Cala a boca, Romanoff. — choraminguei, ainda mordendo a mão e duvidando se Natasha teria entendido alguma coisa do que eu disse.

—Seus pais me mandaram mensagens. O Tyler também. — comentou enquanto limpava minha mão. — Estão preocupados, te ligaram o dia todo e você não atendeu nenhuma ligação. Querem saber se você está bem. Na medida do possível, claro. —

—Não queria falar com eles. — respondi. Natasha me encarou, a sobrancelha arqueada.

Tirei a mão da boca.

—Não queria falar com eles. — repeti. — Eu queria ficar sozinha, pensar, remoer tudo e... me culpar, de certa forma. Ai, ai, ai! — gritei quando ela começou a passar a pomada.

—Desculpe. — pediu, tentando passar a pomada com a gase de uma forma delicada. Assenti, tentando não gemer de dor novamente. — Não devia se isolar tanto, Melinda. Sei que você precisava de um tempo sozinha, mas se isolar por tanto tempo não é bom. Sua mão é um ótimo exemplo de que você não pode ficar sozinha por muito tempo depois de um ocorrido como aquele em Lagos. — suspirei.

—Como a Wanda está? —

—Sozinha no quarto. — respondeu. — Ela não queria papo com ninguém, assim como você. Passou o dia remoendo tudo assistindo as reportagens. —

—Jornais não são muito confiáveis e, bem, alguns nos odeiam. Isso só fará ela se culpar mais e mais. — falei observando ela desenrolar a atadura.

—É assim que nos sentimos quando dizemos que algo não é sua culpa e mesmo assim você continua se culpando. — rebateu sorrindo.

—Touché, Romanoff. — sorri de lado.

—Isso vai doer. — meu sorriso se desfez. — Normalmente se usa anestesia, mas acredito que você não queira, certo? —

—Enfaixa logo isso. — resmunguei.

Natasha segurou uma ponta da atadura no meu pulso e então foi subindo, enrolando a atadura pela minha mão. Puxei a almofada que estava perto de mim, mordendo ela para abafar o grito de dor.

A atadura ficou bem apertada em minha mão e mesmo sentindo ela doer para caralho sabia que para curar logo ela tinha que ficar assim.

—Desculpa. — pediu novamente após ela prender a outra ponta da atadura.

—Tudo bem. — falei, a voz meio trêmula por conta da dor. — Afinal, eu me machuquei sozinha, você só quis ajudar, Nat. — sorri.

—Vai incomodar no início, mas você não poder deixar essa queimadura exposta, ok? — me encarou enquanto guardava as coisas de volta na maleta.

—Ok. — assenti, olhando minha mão agora enfaixada desde o pulso até a metade dos meus dedos.

—Talvez em um ou dois dias já esteja curando. Então basta aguentar firme. —

—Obrigada, Dona Aranha. — sorri.

—Me agradeça não fazendo nada estúpido nas próximas 24h. —

A Viúva sorriu, levantando e indo até o banheiro, guardando a maleta de primeiros socorros. Ela voltou, me olhou e caminhou até a porta do quarto.

—E, Melinda, fala com sua família e seus amigos. —

Natasha fechou a porta do quarto, deixando-me sozinha. Suspirei encarando a minha mão enfaixada novamente.

Levantei, caminhando até o criado-mudo ao lado da minha cama e pegando meu celular.

Tinha algumas ligações perdidas dos meus pais e meus amigos e algumas mensagens. Não tinha tantas mensagens quanto eu achei que teria.

Talvez eles tenham entendido que eu precisava ficar sozinha por um tempo.

Não tive coragem de olhar as notificações do Twitter. Os haters talvez estivessem tomando conta da minha timeline.

Me joguei na minha poltrona que balançava, já sabendo quem seria a primeira pessoa com quem eu falaria.

—Alô? — sorri, sentindo um calor em meu peito só por ouvir aquela voz.

—Oi, mãe. — falei baixinho.

—Olá, querida. — o alívio na voz dela era evidente. — Como está esse coraçãozinho? —

—Pesado. — respondi. — Por mais que eu tente, não consigo não me culpar pelo que aconteceu. —

—Está se culpando apenas pelo incidente em Lagos ou também pelo ocorrido em Washington? — sua pergunta veio rápido.

—Ambos. É difícil não notar uma pequena semelhança nesses dois acontecimentos. —

—Eu consigo notar essa semelhança, Melinda. — falou calma. — E ela mostra que nesses dois acontecimentos, você não teve culpa. E qualquer pessoa que realmente se importa com você sabe disso. —

—Mas ainda dói, mãe. — confessei em um sussurro.

—É claro que dói, meu anjo. Você perdeu pessoas que eram importantes para você. Isso faz parte da vida. —

—Queria que você estivesse aqui. — encarei a parede que tinha um mural de fotos com minha família e meus amigos.

—Saiba que mesmo não estando presente, estarei sempre com você. — sorri. — Eu amo você, Melinda. Mesmo você achando que cometeu um grande erro, seja em Lagos ou Washington, ainda continuarei amando você. Porque eu sei que a Melinda que eu conheço, a minha filha, fez tudo que podia para salvar aquelas pessoas. —

—Eu só espero que isso não pese tanto em cima dos Vingadores. — murmurei fitando o teto. — Algumas pessoas já não gostavam de nós e depois do dia de hoje duvido muito que pensem como a senhora. —

—Deixem que eles falem. Enquanto eles falam mal dos Vingadores, vocês estarão fazendo o que sabem fazer de melhor: salvar o mundo. — imaginei Michelle falando tudo isso com um sorriso nos lábios. — Não são os superpoderes ou as super habilidades que vocês têm que os tornam diferente de nós. O que os tornam diferentes de nós é que mesmo com o mundo fazendo críticas negativas sobre os Vingadores, vocês nunca deixaram de nos salvar. —

—Eu já falei que te amo hoje, dona Michelle? E que você é a melhor mãe do mundo? — indaguei sorrindo.

—Hoje? Não. — senti que ela sorria.

—Você, dona Michelle, é a melhor mãe do mundo. Eu amo você. —

—Também amo você, meu anjo. — sorri encarando minhas unhas. — Tem umas pessoas aqui querendo falar com você. — falou e eu mordi o lábio ansiosa.

Aposto que era Michael.

—Mel, antes de saber que você tinha poderes, você já era minha heroína. — foi a voz de Will que soou do outro lado da linha, me surpreendendo. — Eu te amo, maninha. — sorri, sentindo meus olhos marejarem.

—Eu sempre vou agradecer eternamente ao Coulson por ter me dado a missão de te ajudar a controlar seus poderes. — agora era Michael quem falava. — Porque com ela eu não ganhei apenas a experiência de conviver pela primeira vez com uma pessoa superdotada, mas porque eu também ganhei uma família com ela. Encontrei a mulher da minha vida e ganhei quatro filhos e um neto que eu faria de tudo para fazê-los felizes. —

—A melhor amiga e a melhor cunhada que eu poderia ter. Mesmo tendo que carregar nas costas a responsabilidade de salvar o mundo, você sempre esteve disponível para me ajudar seja para falar mal da vida ou me ajudar a cuidar do Theo. — falou Chris e sem que eu percebesse já estava chorando. — Obrigada, Melinda. —

—Tia Mel, você disse que tinha um presente 'pra mim e 'tô esperando até agora. — soltei uma risada e ouvi Christina repreender o filho. — 'Tô com saudades, tia, te amo e traga meu presente. —

—Fui eu quem mandou ele te cobrar pelo presente, maninha. Pode me agradecer. — Adam falou fazendo-me revirar os olhos, rindo. — Sei que você deve estar se culpando pelo que aconteceu, mas tem que realmente acreditar que você e a Wanda não tiveram culpa de nada. — sua voz pegou um tom mais sério. — E se as pessoas que vocês salvam todos os dias estão dizendo que os Vingadores tiveram culpa naquela explosão, elas são uns completos imbecis que não reconhecem que vocês arriscam suas vidas todos os dias para salvar as nossas. Ignora os comentários negativos, maninha, e foca nas pessoas que te amam, é a única coisa que realmente importa na vida. — sorri, sentindo mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — E eu aposto o seu carro que você, manteiga derretida do jeito que é, está chorando agorinha mesmo. —

—Não seja idiota, Adam. — falei, limpando o rosto. — Eu fui treinada pela Viúva Negra, jamais choraria apenas com essas pequenas declarações de carinho. —

—Agora está fazendo pouco caso das nossas declarações de carinho? Bom saber. — soltei uma risada com a fala de Michael.

—Eu amo vocês. — falei após um suspiro. — A melhor família que eu poderia ter e até hoje me pergunto se sou merecedora dela. —

—Merecedora até demais. — minha mãe respondeu fazendo-me sorrir.

—Amanhã eu dou uma passada aí. — falei tentando lembrar a última vez que apareci na casa dos meus pais. — E levo o seu presente, Theo. —

—Eba! — ouvi a voz animada dele.

—Eu também quero. — pediu Will.

—Ei! Eu também. — agora foi Adam quem falou.

—Eu tenho presentes para todo mundo. Relaxem. —

—Devia viajar mais vezes, Melinda. — Chris falou rindo.

—Tenho que desligar. Obrigada, pessoal. —

—Venha amanhã. — gritou Will.

—Eu vou. — garanti.

—Até logo, Melinda. —

—Até. — falei antes de finalizar a chamada.

Antes que eu pudesse iniciar a próxima chamada, meu telefone tocou. Sorri ao ver de quem era a vídeo-chamada.

Atendi.

—Pelo amor de Zeus! Achei que iria recusar minhas ligações pelo resto do dia. — sorri ao ver que ele estava descabelado e com uma leve expressão sonolenta.

—Estava dormindo? — perguntei.

—Acordei faz uns minutos. Na verdade, nem sei como consegui dormir depois de tentar falar com você e não conseguir. Estava preocupado. —

—Estava preocupado e com sono. Você dormiu quando chegou em casa? — arqueei a sobrancelha.

—Não. Fui contar para meus irmãos e minha mãe sobre a viagem e eles também me contaram sobre esses dias aqui sem a minha ilustre presença. — ele sorriu exibido. — E então algumas horas depois as notícias sobre a missão dos Vjngadores em Lagos chegaram. Eu tentei falar com você, mas nada de você me atender. —

—Eu queria ficar sozinha. —

—Depois de um ocorrido como aquele? Sabe que você costuma fazer besteiras quando acontece coisas daquele tipo. — queria poder chamar ele de mentiroso, mas não podia.

—Eu sei, mas eu precisava, Ty. —

—Você fez alguma coisa consigo mesma? — o tom de voz era preocupado.

—Não. — deixei a mão enfaixada sobre meu colo e procurei não movimentar muito ela. — Eu apenas fiquei pensando na missão... ou no fiasco que ela foi. — revirei os olhos. — A Nat veio aqui e nós conversamos, ela me disse que você e meus pais estavam preocupados comigos e me aconselhou a falar com vocês. Assim que ela saiu liguei para minha mãe, precisava ouvir a voz dela. — Tyler sorriu.

—Mãe em primeiro lugar, eu entendo. Quero dizer, eu só dormi porque a minha mãe confiscou meu celular. — ela revirou os olhos. — Segundo ela, se você não atendia minhas ligações era porque não queria papo no momento e então recolheu meu celular e me mandou para o quarto dormir. E ela fez isso na frente dos meus irmãos, perdi toda credibilidade que eu tinha com eles. — soltei uma risada.

—Tia Mary 1, agente Pierce 0. — ele sorriu.

—Como você realmente está, amor? —

—Sentindo que eu voltei para aquele dia em Washington. — suspirei. — Meu peito dói toda vez que lembro do fiasco da missão. Parece que o furacão finalmente chegou depois da calmaria. — sorri triste.

—Melinda, você não sabe o quanto eu me arrependo de ter falado isso. Se eu soubesse... — o interrompi.

—Ty, você não podia prevê o que iria acontecer. — falei calma demais. — Está tudo bem. Você não teve culpa. —

—E a Wanda? Como ela está? —

—Não sei. Nat me disse que ela estava reclusa no quarto, assistindo os noticiários. — suspirei.

—Sério? Ela realmente não devia fazer isso, não fará bem para ela. Eu e meus irmãos não aguentamos continuar assistindo quando começaram a falar que os Vingadores tiveram culpa pela explosão. —

—Eu vou falar com ela depois. — falei mexendo na cordinha da calça. — Ou pelo menos vou ficar deitada com ela remoendo todo o acontecido. —

—Leva uma panela de brigadeiro pelo menos. — sorri.

—Levo sim. E a sua festa? Como andam os preparativos? —

—Ah, estou achando que não tem condições de fazer a festa hoje depois do que aconteceu com vocês. — franzi as sobrancelhas.

—Ei. Vai cancelar só porque aconteceu aquilo em Lagos? —

—Qual é, Melinda. Vai me dizer que os Vingadores estão com disposição para vir até minha casa comer bolo e beber alguma coisa? — sua sobrancelha estava arqueada.

—Beber para esquecer. Melhor ditado. — dei de ombros. — Não cancele a festa, Ty. Por mais que haja a possibilidade dos Vingadores não irem, eu irei. Jamais furaria com você. — sorri.

—Tyler, sei que é seu aniversário, mas será que dá para você levantar sua linda bunda dessa cama e ajudar a guardar as compras? — a voz de Nicole veio do outro lado da chamada. Tyler revirou os olhos.

—Estou no meio de uma ligação, Nicole. Dá licença? —

—É a Melinda? — ouvi passos e logo uma cabeleireira loira apareceu ao lado de Tyler. — Oi, ruivinha! Como você está? — Nicole sorriu.

—Sobrevivendo. — respondi sorrindo. — Vejo que adotou um novo tom de cabelo. —

—Cansei do preto. — deu de ombros. — Você gostou? A Maddie amou a nova cor. —

Maddie era a namorada de Nicole. Ela era um amor, embora eu só a conhecesse por vídeo-chamada e fotos.

—Eu adorei. Combina com você. E o namoro? — indaguei.

—Vai muito bem. Bem até demais, na minha opinião. Não que eu esteja reclamando, não é mesmo? — ela soltou uma risada. — Te conto mais detalhes quando você chegar para a festa do Tyler. Você vem, não vem? — assenti. — Ótimo. Estou com saudades. Vou deixar você continuar a ligação só porque é a Melinda, mas isso não significa que você está livre de arrumar as coisas. — falou séria, encarando o irmão. — Te amo, Melinda, e não ligue para os haters. Se eles te conhecessem como te conheço, não te julgariam desse jeito. — sorri.

—Obrigada, Nicole. — ela se retirou do quarto de Tyler.

—Nem no meu aniversário me livro das tarefas domésticas. — revirou os olhos.

—Tem dois homens e três mulheres em casa. — observei. — Não estou entendendo porque você e o Nathan não estão fazendo todas as vontades das três mulheres da casa. —

—Se fizermos isso, a Nicole vai fazer a gente de escravos pelo resto das nossas vidas. —

—Certa ela. Homens foram feitos para serem escravos das mulheres. Isso é um fato. — ele riu.

—Queria poder estar aí com você. Só para ter certeza de que você está bem. — falou após um suspiro.

Pensei em minha mão. Eu devia contar ao Tyler, mas não queria que ele se preocupasse a toa. Afinal, iria curar em um ou dois dias.

—Eu estou bem, Ty. E se eu não estiver, não se preocupe porque eu ficarei. Sempre dou a volta por cima, lembra? — ele semicerrou os olhos.

—A forma que você costuma dar suas voltas por cima é que me preocupa. — revirei os olhos.

—Eu estou bem. É sério. — garanti. — Agora para de preocupar tanto comigo e vai preparar as coisas para sua festa. Mais tarde conversamos. —

—Você não precisa vir se não se sentir confortável para sair de casa após tudo que aconteceu. Eu vou entender. — balancei a cabeça.

—Eu irei, Tyler. Preciso ocupar minha cabeça antes que eu faça besteira. — ele assentiu.

—Então estarei esperando por você e pelo meu presente. —

—Oi? Outro presente? — questionei surpresa. — Eu já te dei mais de três presentes em menos de uma semana, Tyler. —

—Faltou o presente principal. — falou sorrindo. — Você do meu lado após o parabéns enquanto eu faço o pedido que é ter você ao meu lado pelo resto da minha vida. — sorri, revirando os olhos.

—Você é muito idiota. —

—E você gosta. —

—Tyler, você já encerrou a ligação? — Nicole gritou. — Nathan está fazendo tudo errado aqui. — ele revirou os olhos, bufando.

—Vai lá salvar o dia, vai. — sorri.

—Não sei porque concordei com a ideia da minha mãe de fazer uma festa. — resmungou.

—Para Melinda comer bolo de chocolate. — sorri. — Agora vai. Vê se não mata a Nicole. —

—Fica bem, amor. — ele encerrou a ligação.

Após a chamada de Tyler, cogitei a ideia de entrar no twitter e ver o que as pessoas andavam comentando. Antes que eu pudesse executar tal ideia, alguém bateu na porta.

—Melinda? — Rhodes abriu a porta.

—Oi, Coronel. — sorri.

—Como você está? —

—Mais calma. —

—Que bom. — ele sorriu minimamente.

Semicerrei os olhos.

—Tem algum problema? — indaguei preocupada.

—Vamos ter uma reunião agora. — respondeu colocando as mãos nos bolsos da jaqueta de couro.

—Ah. Chumbo grosso, né? — perguntei, já sabendo que o motivo da reunião era a missão em Lagos.

—Chumbo bem grosso. O Tony chegou com o Secretário de Estado. Parece que a coisa está realmente feia. — pressionei os lábios, apreensiva.

—Deu ruim? —

—Deu ruim. —


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Notas finais do capítulo

Deu ruim. Secretário Ross vai dar as caras e a pergunta que não quer calar: Melinda vai simpatizar com o santo dele? Será que ela vai ser team Tony ou team Steve? Façam suas apostas. É isso, galera. Esse capítulo veio rápido porque já estava em andamento, o outro eu ainda nem comecei embora na minha cabeça eu já tenho algumas cenas. Não sei quando vou atualizar, mas espero que seja logo. Bjinhos e bon revoar.



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