Civil War escrita por Dark Sweet


Capítulo 10
Calmaria antes do furacão


Notas iniciais do capítulo

Hey, bebês! Como vocês estão? Depois de anos-luz eu finalmente atualizei, né não? Não vou prolongar as notas iniciais só queria pedir desculpas pela demora. Nos vemos lá em baixo. Boa leitura!



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—Não vimos o sol nascer, mas podemos ver ele se pondo. O que acha? — perguntei arrumando as coisas na mochila.

—Por mim tudo bem. Veremos ele se pondo do Cristo Redentor ou do Pão de Açúcar? — Tyler questionou pegando as sacolas de roupas.

—A gente decide na hora. — falei procurando algum objeto perdido pelo quarto. — Acho que não falta mais nada. —

—Acabamos? — encarei Tyler.

—Acabamos. — confirmei. — Rio de Janeiro? —

—Rio de Janeiro. — sorriu.

Coloquei a mochila nas costas e peguei meu celular sobre a cama, saindo do quarto logo em seguida. Tyler e eu pegamos o elevador com um casal de velhinhos. Sorrimos para o casal, desejando bom dia.

—O táxi já deve ter chegado. Leva as sacolas para o carro enquanto eu pago o hotel, ok? — peguei minha carteira na bolsa.

—Quer que eu leve a mochila? — assenti, tirando a mochila das costas e segurando algumas sacolas para que ele pudesse colocar a mesma nas costas dele. — Vamos direto para o aeroporto, né? — Tyler pegou as sacolas de volta.

—Sim. Quer parar em algum lugar? — o olhei.

—Queria um açaí antes de irmos. — sorri.

—A gente compra no caminho. —

—Eles são quase nossa versão jovem. — a senhora comentou em português, sorri para eles.

As portas do elevador abriram.

Deixamos o casal de idosos saírem na frente. Eles agradeceram em inglês, causando um leve sorriso na gente.

Tyler saiu do hotel enquanto eu caminhei até a recepção para efetuar o pagamento. O homem que me atendeu perguntou se tínhamos gostado da hospedagem e do estado.

Disse que tudo foi maravilhoso e que com certeza voltaríamos mais vezes aqui. Pagamento feito, sai do hotel e entrei no táxi em que Tyler estava.

Antes de chegarmos no aeroporto, paramos para comprar açaí. Tinha alguns fãs no aeroporto, tirei foto e dei autógrafos para eles, passando pelo portão que dava para a pista de decolagem e então Quinjet.

—O que aquele casal falou? — perguntou assim que decolei.

—Oi? —

—O casal de idosos no elevador. Eles estavam falando da gente. — Tyler me olhou.

—Eles disseram que parecíamos a versão jovem deles. Fofo. — sorri.

—Fofo? — franziu as sobrancelhas. — Estou começando a achar que aqui no Brasil fizeram uma cópia mais romântica sua e a Melinda verdadeira foi trocada por ela. —

—Estou apenas aproveitando o momento. — falei dando mais velocidade no Quinjet.

—Então também está com essa sensação? — olhei para Tyler confusa. — Essa sensação de que vem alguma bomba pela frente. — soltei uma risada.

—É sério? —

—Qual é, Melinda. Vai fazer umas duas semanas que é só felicidade nas nossas vidas. —

—É o seu aniversário, Tyler. Claro que é só felicidade nesses dias. — falei digitando o nosso próximo destino. — Acha mesmo que eu deixaria algum problema atrapalhar meus planos? Nossos planos. — corrigi.

—Você nunca deixa, eu sei. Porém ainda sinto que isso que estamos passando aqui no Brasil é um momento de calmaria antes do furacão. — apertei o botão do piloto automático.

—Achei que a pessimista da relação fosse euzinha aqui. — virei minha cadeira ficando de frente para ele. Tyler fez o mesmo.

Agora estávamos cara a cara.

—Eu posso ter roubado seu posto por uns minutos. — sorri.

—Então — caminhei até nossas coisas que estavam sobre as poltronas dos passageiros. — eu separei umas coisinhas para usarmos no rio. — abri uma sacola, tirando aqueles chapéus que as mulheres usam na praia. — O que acha? — coloquei as mãos na cintura, fazendo pose.

Tyler levantou, vindo até mim.

Parece que a cada viagem ele fica mais confiante a passear pela banheira voadora.

Ele procurou algo em outra sacola.

—Acho que com isso daqui fica melhor. — ele colocou um óculos escuro em mim, o modelo dele era redondos, que nem os de John Lennon.

Peguei meu celular, colocando na câmera.

—Nada mau. Agora eu pareço uma turista. — falei olhando para meu corpo.

Eu estava usando uma saída de praia florida e um maiô retrô preto por baixo, nos meus pés as minhas amadas rasteirinhas preta. Eu amei elas e protegerei as mesmas com a minha vida.

Tyler estava de bermuda, camisa flanela e chinelo de gente metida a besta.

—Melinda, você é uma turista. — falou rindo.

—Você mesmo falou que eu daria uma ótima brasileira. Então fique calado. — peguei a sacola, pegando um boné preto e colocando em Tyler, assim como um par de óculos escuros no modelo retangular. — Nós fazemos uma bela dupla de turistas. — ergui minha mão, Tyler bateu nela rindo.

Ele pegou meu celular, tirando uma foto minha e logo em seguida uma de nós dois juntos. Peguei o aparelho das mãos dele, tirando uma foto dele sozinho também.

—Direitos iguais, bebê. — foi o que eu disse quando notei a cara feia dele ao apontar o celular na direção do mesmo.

Tyler deu um passo na minha direção afim de ver a sua foto e no exato momento o Quinjet deu uma leve balançada, fazendo o mesmo segurar meu braço com firmeza.

Soltei uma risada.

—Foi só uma pequena turbulência. — falei e quase um minuto depois o jato balançou novamente. — Ah, não. — murmurei olhando na direção do painel do Quinjet.
—O que foi? Isso significa que essa banheira vai cair? É isso? — balancei a cabeça, rindo.

—Está chovendo. — apontei, tirando o chapéu e colocando o óculos na minha cabeça. — Não está em época de chuva aqui no Rio e mesmo assim não costuma chover forte desse jeito. — caminhei com Tyler até as poltronas do piloto e co-piloto.

Ele sentou na cadeira dele, colocando o cinto. O boné e os óculos descansaram sobre suas pernas.

Sentei na cadeira do piloto, tirando do piloto automático e assumindo o controle.

—Foi você e sua boca grande dizendo que estávamos vivendo um momento de calmaria antes do furacão. — resmunguei.

—Aqui tem furacão? —

—Não. —

—Então significa que ainda podemos estar no momento de calmaria. — o encarei.

—Você quer mudar a rota? Não acho que esteja chovendo pelo Rio de Janeiro todo, ainda dá para ficar por aqui. Deve ter um lugar que esteja fazendo um sol de rachar. Se não tiver, isso sim será um baita azar. —

—Estou dizendo que ainda podemos ficar por aqui, nessa parte que está chovendo. A chuva não estragou nossos planos. — balancei a cabeça.

—Estragou sim. Meus planos eram dar uma volta pela praia de Ipanema, almoçar em um restaurante que tivesse uma boa feijoada, te apresentar o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar... —

—Talvez esses planos tenham que ficar para outro dia. — me interrompeu.

—Você jura, Sherlock? — falei sarcástica.

—Não vem bancar a chata, Melinda. — revirou os olhos. — O que eu estou querendo dizer é que talvez isso seja um sinal para que eu possa agradecer pela surpresa que você me fez com essa viagem. —

—Desde que saímos de New York eu escuto você falar obrigado. — franzi as sobrancelhas.

—Também não venha bancar a tonta. — ri, balançando a cabeça.

—Ty, você não precisa agradecer. Sabe que eu faria tudo isso de novo. —

—E é por isso que eu já arquitetei novos planos para a gente e você irá pousar próximo ao Pão de Açúcar. Deve ter um bom lugar para deixar o Quinjet lá, né? — tentei lembrar sobre o espaço ao redor do Pão de Açúcar.

—É, acho que tem sim. — franzi as sobrancelhas para Tyler. — O que você está planejando, mocinho? —

—É surpresa. — sorriu. — Lá está o Pão de Açúcar, pode pousar. Caramba. — ele inclinou o corpo para frente. — Aqui é lindo. — sorri.

—É, não é? — reduzi a velocidade do Quinjet quando passamos perto do Cristo Redentor.

—Uau. —

—E isso é porque está chovendo. Imagina esse lugar numa manhã ensolarada, uns 40°C, vários turista e nativos tirando fotos. — sorri.

—Aqui faz 40°C? —

—Não exatamente. O pessoal daqui diz que a sensação térmica de alguns dias costuma ser essa. — dei de ombros.

—Acho bom você começar a aprender a manipular a energia térmica do ambiente se quer me trazer de volta ao Rio durante o Verão. — soltei uma risada.

Passei pelo Pão de Açúcar e após procurar por uma parte que não fosse morro, pousei sobre alguns matos. Deixei o Quinjet ligado para usufruirmos do ar.

Podia estar chovendo, mas duvido muito que esteja congelando lá fora.

—Quais são seus planos? — virei minha cadeira na direção da de Tyler. Ele sorriu.

Observei Tyler soltar o cinto de segurança e levantar da cadeira, indo até a mochila e pegando algo.

—Você só pode estar de sacanagem, né? — falei rindo de nervosa.

—Um dia é da caça, outro do caçador. Não é assim que dizem? — ele debochou, vindo até mim.

—Você está querendo é me dar o troco. Isso sim. — ele sentou no meu colo.

—Desculpa, amor, mas isso é necessário para que você não estrague a surpresa. — e então Tyler colocou a venda sobre meus olhos, dando um nó apertado atrás da minha cabeça.

—Cafageste. — resmunguei.

—Que? — falou confuso.

—Devia aprender algumas palavras da língua oficial do país que você visita. — sorri com desdém.

—Por conta disso você vai ficar encarando o painel de controle do Quinjet. — falou levantando e virando minha cadeira na direção do painel.

—Que mentira. Você está me colocando de costas para a entrada do Quinjet para que eu não veja o que está aprontando. — retruquei.

—Tem razão. Porque além de trapaceira, você também tem poderes. — Tyler tirou o óculos escuro que estava na minha cabeça e colocou no meu rosto, sobre a venda.

—Está me zoando, né? —

Eu não precisava fazer meus olhos brilharem atrás da venda e do óculos para saber que Tyler sorria.

Foquei na minha audição, tentando adivinhar o que o Tyler iria aprontar. Ouvi ele abrindo a mochila, mexendo nas sacolas, o barulho de alguma coisa que eu não distingui o que era batendo em outra. E então o cheiro de fósforo aceso preencheu o ambiente.

—Ty, você não está tocando fogo no Quinjet não, né? —

—Não, Melinda. Está tudo sobre controle. Ai. — ouvi ele resmungar.

—O que dizia? —

—Foi só eu que cheguei perto do fogo. Nada demais. — explicou.

Mais longos minutos se passaram até que eu sentisse a presença dele do meu lado.

—Já posso me livrar da venda? —
—Não. — respondeu rápido.

—Estou querendo te matar. Sabe disso, não sabe? —

—Você vai gostar, resmungona. — ele se afastou novamente e então o som da porta do Quinjet abrindo me colocou em alerta.

—Tyler? —

—Estou aqui. — senti suas mãos em meus ombros. — Vou tirar sua venda, ok? — senti ele retirar o óculos do meu rosto e seus dedos logo desataram o nó da venda.

—Você reduziu a iluminação do jato? — arqueei a sobrancelha.

—Você é muito observadora, obrigado. — revirei os olhos.

—O que você fez? — fiz menção de virar a cadeira, mas ele me impediu.

—Calma. — pediu, segurando minhas mãos. — Fecha os olhos e vem comigo. —

Fiz o que ele pediu. Tyler me ajudou a ficar de pé e me levou até a parte traseira do Quinjet. Eu tropecei algumas vezes pelo caminho, mas isso não é relevante.

—Aqui. — ele sussurrou e me posicionou em um lugar estratégico. — Pode abrir. —

Ao abrir os olhos me deparei com uma imitação daquelas cabaninhas que fazemos quando criança.

Ele tinha pego vários cobertores e colocado eles no chão junto com as almofadas. A cesta de comida sobre a cama improvisada, uma garrafa de vinho que tínhamos trazido de Paris e duas taças do lado.

E o cheiro de fósforo queimando? Foi para acender umas velas.

A porta do Quinjet aberta dava visão para um pedaço de terra e então o mar. Estava tudo escuro lá fora por conta da chuva, mas ainda estava tudo belíssimo.

—Eu ia dizer que essa sua surpresa rápida quase colocou a minha no chinelo. —

—Mas eu ainda vou ter que batalhar muito para superar essa surpresa. — falou sorrindo. — A chuva não chegou a atrapalhar sua surpresa, Melinda. Nós só temos que aproveitar de outra forma. —

Tyler se agachou na minha frente, tirando minhas rasteiras. Ele ficou descalço também, segurando minhas mãos e me levando até a cama de cobertores.

—O que você tem para mim aí? — questionei depois que nos sentamos próximos a cesta de comida.

—Um ótimo vinho diretamente da França. — falou me entregando a garrafa para abrir. — Sobrou alguns doces de Paris, tem uvas, uns sanduíches com pasta de amendoim e geléia, pipoca de... microondas? Para que você trouxe pipoca de microondas se aqui não tem microondas? — ele me encarou.

—Tem as minhas mãos, oxe. — coloquei o vinho nas taças. — Quer testar? —

—Mais tarde. —  ele voltou a mexer na cesta. — E sobrou morango e chocolate. O que vai querer? —

—Sanduíche, uvas, morango e chocolate. — respondi.

—Eu fico só com os morangos mesmo. — falou retirando as coisas que íamos comer da cesta.

***

—Vamos até o Pão de Açúcar. — sussurrei enquanto sentia Tyler acariciar meu cabelo.

—O que? —

—Vamos para o Pão de Açúcar. — apoiei meu queixo em seu peito, encarando-o. — Até o topo. Eu levo a gente voando. —

—Isso não vai contra as regras do local? —

—Se aqui tem regras que impedem uma Vingadora de ir até o topo do Pão de Açúcar voando eu desconheço. — sorri.

—Podemos deixar a ida até o Pão de Açúcar para outro dia, Melinda, outra viagem. Temos todo tempo do mundo. —

—E aquele papo de que vem bomba pela frente? — arqueei a sobrancelha.

—Não importa tanto. Digo, você é uma Vingadora, eu estou treinando para ser um agente da SHIELD. — ele suspirou, sorrindo. — Seremos uma dupla imbatível. —

—Nada ficará no nosso caminho. — sorri, sentando-me e fazendo um coque no cabelo. — Arruma a mochila. Estou com fome e vamos atrás de algo que dê mais sustância que sanduíche com pasta de amendoim. —

—Arrumar a mochila com o que? —

—O essencial. — levantei. — Documentos, roupas, uma toalha, minha necesserie, dinheiro, a arma que eu trouxe... —

—Você trouxe uma arma? — ele me encarou.

—Foi para você. — dei de ombros. — Lógico que eu trouxe esperando que você não precisasse usá-la. —

—Também trouxe seu uniforme? — ele pegou a mochila, começando a arrumar as coisas.

—Não. Tudo que eu preciso para me defender está dentro de mim. — peguei minhas rasteirinhas e o chinelo de Tyler, levando para perto da porta do jato.

—Melinda? —

—Oi. —

—Temos um problema. — o encarei.

—O que foi? —

—Não temos guarda-chuva. —

—Ah. — murmurei pressionando os lábios. — Sabia que estava esquecendo alguma coisa. —

—Podemos esperar estiar. — soltei uma risada.

—Ty, aqui é um país tropical. O Rio de Janeiro é chamado de Hell de Janeiro pela maioria dos brasileiros e com razão. Aqui é quente pra caralho e quando uma chuva dessas começa a cair — apontei para o lado de fora. —, ela não para com facilidade. — cruzei os braços. — Então sim, nossos planos foram por água a baixo. —

Tyler revirou os olhos, levantando e vindo até mim. Ele me encarou, encarou a chuva lá fora e quando seus olhos encontraram os meus novamente eu só senti suas mãos segurarem meu rosto e seus lábios pressionarem os meus.

Eu fiquei um pouco confusa com essa atitude repentina, mas logo retribui o seu beijo. Se tem algo que eu não recuso é um beijo do Tyler.

Senti suas mãos descerem pelo meu corpo até minhas coxas. Entendendo o recado eu pulei, circundando sua cintura com minhas pernas e sentindo as mãos deles na minha bunda.

O beijo tornou-se mais urgente, minhas mãos procuravam os botões da camisa do Tyler enquanto as dele apalpavam minha bunda.

Foi então que novamente a atitude do Tyler me deixou momentaneamente confusa. Em vez dele dar meia volta e me deitar sobre a cama improvisada que ele preparou, Tyler começou a caminhar em direção a saída do Quinjet.

Um alerta acendeu em minha cabeça, no entanto, antes que eu pudesse fazer alguma coisa, a chuva já tinha encharcado nós dois.

—O que você está fazendo? — perguntei de supetão, parando o beijo.

—Provando para você que nossos planos não foram por água a baixo. — sussurrou, beijando-me novamente.

Tyler começou a girar, obrigando-me a parar o beijo de novo e abraçá-lo com um pouco mais de força, apoiando minha cabeça em seu ombro.

Quando parou, ele me colocou no chão, sua testa estava encostada na minha e seus olhos fechados.

Senti sua mão direita sair da minha cintura para procurar a minha, que ainda estava em seu pescoço. Ele entrelaçou seus dedos nos meus e logo começou a entonar a letra de Perfect, do Ed Sheeran.

—Dance comigo, amor. — sussurrou em meu ouvido.

Começamos a dançar na chuva enquanto ele cantava. Mesmo com o barulho da chuva ao nosso redor eu ainda conseguia ouvi-lo perfeitamente bem.

Me concentrar em apenas uma coisa ajuda a focar minha audição apenas naquilo que quero ouvir. Romanoff ficaria orgulhosa se me ouvisse falando isso.

Tyler soltou minha cintura, fazendo-me girar três vezes em torno de mim mesma antes de me trazer para perto de si novamente.

Encostei minha cabeça em seu ombro, erguendo o olhar apenas para vê-lo me encarando. Sorri ao notar que o que Tyler disse assim que chegamos no Rio era verdade.

A chuva não tinha estragado nossos planos. Independente da chuva, ele ainda estava curtindo a surpresa do seu aniversário. Tyler ainda estava feliz.

—O que foi? — ele indagou parando de cantar.

—O que? —

—Você está com esse sorriso bobo no rosto. — sorriu. — Estava pensando em mim, certeza. —

—Estava pensando em como você tinha razão ao dizer que nossos planos ainda estavam de pé. — ergui minha cabeça. Seu sorriso aumentou.

—Nada atrapalhará nossos planos, Melinda. Nem mesmo se a Wanda te mandar uma mensagem dizendo que os Vingadores têm uma missão. — ele parou de dançar. — Sabe por que? Porque eu já estava feliz desde que recebi sua ligação mandando eu me arrumar e ir para o Complexo. Ali eu já soube que nada iria nos atrapalhar. —

—A não ser uma invasão alienígena, é claro. Isso sempre atrapalha qualquer plano. — falei sorrindo.

—Fala de 2012? Loki tentando governar a Terra e o exército de Chitauri matando todos que viam pela frente? — arqueou a sobrancelha.

—Talvez. — murmurei.

—Tivemos sorte em estarmos em uma excursão naquele mesmo dia. — pressionei os lábios.

—Acho que eu preferia mil vezes estar no meio do fogo cruzado entre Vingadores e invasores alienígenas do que naquela excursão. — Tyler franziu a testa levemente.

—O que acha que teria acontecido caso você estivesse lá no fogo cruzado? —

—Eu já te respondi. Iria com minha cara de pau e determinação até o Loki e iria me ajoelhar aos pés dele de muito bom grado. — ele riu com escárnio, balançando a cabeça. Tyler me soltou.

—Nunca vou entender esse seu fascínio pelo Deus da Trapaça. O cara só faltou acabar com nós, midgardianos, como Thor mesmo nos chamou um dia, e você faz o que? Uma tatuagem do vilão. Não dá para te defender desse jeito, Melinda. —

—Ei! O Loki não é um vilão, ok? Ele só é mal compreendido. — cruzei os braços. — O Trapaceiro até ajudou o Thor com aqueles Elfos do mal que apareceram em Londres. E acabou morrendo no processo, então respeito, ok? — Tyler revirou os olhos, erguendo as mãos. — Agora nós estamos todos ensopados e no jato não tem banheiro. E aí? — mudei de assunto rapidamente.

Desde de 2012, o Loki era motivo de discussão entre Tyler e eu. Eu acho que o Deus da Trapaça estava passando por uns problemas com o pai e o irmão e por esse motivo aceitou a primeira proposta que lhe foi oferecida. Já o Tyler acha que a única coisa que o Loki queria mesmo era governar a Terra.

—Eu ainda estou com fome e agora não temos desculpas para não sairmos por aí pelo Hell de Janeiro. — suspirei.

—Essa expressão só tem graça quando está fazendo sol. — caminhei até o Quinjet e peguei a mochila, colocando nas costas. — Vamos para uma pousada. Tomamos um banho e depois vamos até um restaurante almoçar. — Tyler assentiu. — Fechar, Quinjet. — ordenei virando para o jato.

A porta se fechou. Tyler e eu nos afastamos, indo em direção a cidade.

***

—Meus irmãos já chegaram em New York. — Tyler falou checando seu celular.

—Coitada da tia Mary sozinha com aqueles três. — brinquei fazendo Tyler rir.

—Tio Harry vai estar lá com ela, fazendo companhia. — senti ele me encarando. — O que foi? Nenhuma mensagem da Wanda? — neguei.

—Acho que ela está mentindo para mim, me enrolando, sabe? — o olhei.

—E por que a Wanda faria isso? —

—Talvez seja como você disse. — dei de ombros. — Vai ver a Nat conseguiu ser mais persuasiva que eu e convenceu a bruxinha a não me contar sobre possíveis pistas da missão. — bufei.

—Ou vai ver os Vingadores realmente não conseguiram nenhuma pista da missão. Não acho que a Wanda enrolaria você, Melinda. — ele levantou da poltrona, sentando do meu lado na cama.

—Vai ter bolo de chocolate amanhã, não vai? — mudei de assunto. Ele sorriu.

—Não sei se é de chocolate, mas sei que terá bolo. Eu chamei alguns agentes. — ele começou a brincar com os anéis em meus dedos. — Bom, na verdade foi só a equipe do Coulson. São os que eu mais simpatizei até agora. —

—Você chamou até o Hunter? — ele assentiu. — Simpatizou com o Hunter? Estou surpresa. —

—Vê se não briga com ele, Melinda. —

—Ei! Aconteceu apenas duas vezes. E em minha defesa, o Hunter estava sendo mais idiota que o normal. — Tyler riu.

—É o nosso último dia viajando. Você preparou algo ou iremos fazer a primeira coisa que der na telha? — suspirei.

—Tem uma orquestra sinfônica que irá se apresentar em um teatro daqui em algumas horas. Eu estava pensando em irmos ver algo mais clássico e logo depois ir para um bar e ouvir um bom pagode como saideira. — sorri. — O que acha? —

—Parece um ótimo plano. — ele entrelaçou nossos dedos. — Embora eu não faça a mínima ideia do que significa a palavra pagode. — soltei uma risada.

—Você saberá logo. Agora vai tomar banho que eu vou comprar os ingressos pela internet. — peguei meu celular. — Como seu aniversário é oficialmente amanhã, eu deixo você escolher os lugares. Camarote ou... —

—Camarote, claro. — ele sorriu.

—Não aceitaria uma resposta diferente dessa. —

Tyler levantou, entrando no banheiro do quarto. Após fazer as compras dos ingressos, eu me dei conta que não tínhamos roupas apropriadas para um concerto na mochila que trouxemos.

Suspirei, caminhando até o banheiro e dando algumas batidas na porta enquanto ouvia a água do chuveiro cair.

—Tyler? —

—O que foi? —

—Estou no indo lá no jato pegar umas roupas, ok? Volto daqui 10 minutos, no máximo 20. — ele desligou o chuveiro, logo a porta foi aberta.

—Você vai voando? — arqueou a sobrancelha.

—Mas é claro. O concerto começa daqui duas horas. Você sabe que as vezes eu costumo me atrasar enquanto me arrumo e... —

—Escolha uma roupa bonitinha para mim, amor. —

—Eu nunca te deixei mal vestido, Tyler. Isso é uma ofensa ao meu senso de moda. — ele soltou uma risada.

—Toma cuidado. — senti ele me dar um beijo rápido.

—Eu sempre tomo. — pisquei para ele, saindo do quarto logo em seguida.

O vôo até o jato foi rápido, a escolha de roupas nem tanto.

Encontrar uma roupa para Tyler não foi problema. Tínhamos comprado dois ternos, um preto e um azul. Escolhi o preto, claro.

Já um vestido para mim que foi um pouco complicado. Eu estava indecisa entre um nude e um preto.

—Ai, caralho. — murmurei mordendo o lábio inferior.

Preferi deixar essa escolha de lado e comecei a procurar um sapato que combinasse com qualquer um dos vestidos.

Peguei um salto prata e coloquei na sacola de uma loja qualquer junto com o terno e sapatos de Tyler. Dobrei os dois vestidos e os guardei na sacola junto com meu kit de maquiagem.

Eu decido na hora, é isto.

Sai do Quinjet, fechando-o e alçando vôo em direção a pousada em que estávamos hospedados.

—Achei que tinha batido em um avião no caminho. — Tyler falou assim que abri a porta e entrei no quarto. — Mas então eu me toquei que sua demora seria explicada com algo chamado indecisão de que roupa usar, certo? — arqueou a sobrancelha.

—Certíssimo. — deixei a sacola com as roupas ao lado dele na cama. — Não sabia se eu usava o vestido nude ou preto. Trouxe os dois para ver qual ficará melhor. Diz que ainda temos tempo. — o encarei, vendo que continha um sorriso pequeno nos lábios.

—Temos uma hora e alguns minutos ainda. Relaxa, vai dar tempo. — tranquilizou.

—Vou tomar meu banho. — informei entrando no banheiro.

Tomei um banho de mais ou menos 20 minutos. Sai do banheiro encontrando Tyler já vestido, terminando de abotoar sua camisa social.

—Tomei a liberdade de escolher seu vestido. — falou, indicando a cama com a cabeça.

Sobre a mesma estava o vestido na cor preto, ao lado, os saltos na cor prata.

—Certeza? — arqueei a sobrancelha.

—Absoluta. — ele pegou uma calcinha preta rendada, vindo até mim com um sorriso no rosto e a calcinha pendurada no seu indicador. — Você fica bem em qualquer roupa, no entanto, nada se compara com você em um vestido preto com uma fenda. E o melhor para você: não precisa de sutiã. — sorri, pegando a calcinha e a vestindo.

—Muito obrigada. —

—Agora sente-se que quem irá maquiar você sou eu. — Tyler segurou minha mão, fazendo-me sentar na cama.

—Eu fiz alguma merda recentemente que te magoou e, por acaso, eu não lembro e essa sua atitude é para fazer eu me sentir mal por algo que eu não lembro? — indaguei franzindo as sobrancelhas enquanto Tyler retirava meu estojo de maquiagem da mochila.

—Eu só quero maquiar você, Melinda. Não é como se eu nunca tivesse feito isso antes. — semicerrei os olhos, observando-o sentar na cama ao meu lado.

—Tudo bem. — suspirei, me ajeitando na cama e ficando de frente para ele. — Use seus dotes de maquiador e surpreenda-me. — antes de fechar os olhos, vi um sorriso crescer em seus lábios.

Tyler passou primeiro a base, espalhando ela bem antes de passar o pó. Senti ele passar a sombra em meus olhos, esfumando o côncavo logo em seguida.

—Abre os olhos. — fiz o que ele pediu.

Ele pegou o lápis de olho e puxou um pouco a pele sob meu olho, passando o lápis na linha d'água cuidadosamente. Fez a mesma coisa no outro olho e esfumou os cantos.

Passou o rímel e então pegou dois batons, um cor chocolate e outro vermelho bordô, ambos matte.

—Deixo o batom a sua escolha. —

—Os olhos estão escuros? —

—Apenas o suficiente para chamar a atenção para eles. — sorri.

—Chocolate. —

Tyler guardou o vermelho bordô no estojo de maquiagem e passou o batom cor chocolate nos meus lábios, tendo cuidado para não borrar. Passou o polegar pelos cantos limpando os pequenos borrados e então sorriu.

Pressionei um lábio no outro enquanto ele pegava o espelho e erguia na minha frente. E como das outras vezes que o Tyler tinha me maquiado, estava tudo impecável.

—Eu lhe daria um beijo, mas não quero estragar essa obra de arte. — falei arrancando-lhe outro sorriso.

—Apenas vista-se e depois você pode me beijar a vontade. — levantei, pegando o vestido e o vestindo.

Ele era longo de alças finas, um decote em V realçando meus seios, marcado um pouco acima da cintura e uma fenda na perna direita.

Calcei os saltos prata e vendo que eu não tinha uma bolsa de mão, peguei o batom que Tyler passou em mim e minha carteira com dinheiro, cartão de crédito e documentos, e fui até ele que já tinha vestido o paletó.

Guardei o batom e a carteira em um dos bolsos internos do paletó, sorrindo.

—Você será meu SOS. São as únicas coisas que iremos precisar. — dei um selinho nele indo até a cômoda que estava com alguns itens de higiene.

Borrifei um pouco do perfume que compramos em Paris e senti Tyler atrás de mim, esperando que eu borrifasse um pouco do perfume nele.

—Estamos prontos? — perguntei.

—Estamos. — ele respondeu olhando algo no celular. — E faltam 15 minutos para a orquestra. —

—Vou chamar um táxi. — peguei meu celular, discando para a cooperativa de táxi e solicitando um. — Está a caminho. Vamos. — entreguei meu celular a Tyler que o guardou junto com o seu.

Saímos do quarto entrando no elevador e apertando o botão da recepção da pousada. Rita, a dona da pousada, estava atrás do balcão mexendo no celular. Ela deixou o aparelho de lado quando nos viu.

—Parece que alguém tem um compromisso importante. — sorriu, levantando da cadeira e apoiando-se sobre o balcão.

—Vamos ao teatro. —

—Então acataram minha sugestão. —

—Acatamos as duas sugestões. Depois vamos a um bar, ouvir um pagode. — respondi. — Tyler não faz a mínima ideia do que significa a palavra pagode. — ela riu.

—Sinto que ele irá gostar. Já chamaram um táxi? —

—Já sim. Rita, você se importa de tirar uma foto nossa? —

—Será um prazer desde que vocês permitam que eu a coloque na parede junto com as fotos de outros clientes. — ela sorriu pegando seu celular.

—Por mim tudo bem. — olhei para Tyler. — Pedi para Rita tirar uma foto nossa e ela aceitou com a condição de colocá-la na parede junto com as demais. Tudo bem para você? —

—Claro, amor. — ele sorriu.

Peguei meu celular do bolso dele e coloquei na câmera, entregando a Rita.

—Tyler concordou também. —

—Ótimo. Agora sorriam. — ela apontou seu celular na nossa direção.

Fiquei ao lado de Tyler, passando meu braço pelo dele.

Rita tirou a foto no celular dela e logo era o meu celular que estava apontado na nossa direção.

Ergui um pouco a cabeça apenas para olhar Tyler nos olhos, notando que o mesmo já me encarava.

—Conheço esse olhar. — sussurrei.

—E que olhar é esse? — sussurrou de volta.

—O olhar de quem quer me agradecer por algo mesmo sabendo que eu faria tudo de novo sem pensar duas vezes. — ele sorriu.

—Você está certa, como sempre. Obrigado, Melinda, por fazer desse o melhor aniversário de todos. — foi a minha vez de sorrir.

—Espera pelo aniversário do ano que vem que eu quero saber se esse ainda será o melhor aniversário de todos. — voltei a olhar para Rita, notando que o celular não estava mais apontado na nossa direção e que a mesma nos encarava com um sorriso bobo no rosto.

—Tem certeza que vocês são apenas amigos? — ela comentou sorrindo. — Aqui. Acho que o táxi de vocês acabou de chegar. — ela me entregou meu celular, indiquando a saída com a cabeça.

Pelas portas de vidro dava para ver um táxi parado esperando os passageiros.

—Obrigada, Rita. —
—Agradeçam se divertindo bastante. — acenou enquanto Tyler e eu saíamos da pousada.

***

Tínhamos chegado ao teatro fazia quase uma hora. Fomos muito bem recebidos, algo que eu não tinha dúvida de que aconteceria já que brasileiros são muito hospitaleiros.

O primeiro intervalo da orquestra já tinha acontecido, ficamos degustando ótimos vinhos e alguns pesticos enquanto o pessoal se preparava para a próxima apresentação.

Algumas pessoas vieram falar conosco. Eu traduzi boa parte da conversa para Tyler e para as outras pessoas, até que chegou um homem e disse que era o tradutor do teatro e que de agora em diante traduziria nossas conversas sempre que desejássemos.

A orquestra voltou a se apresentar fazia alguns minutos.

—Não é porque você é minha melhor amiga, mas tenho a total certeza que você toca violino melhor que todos eles juntos. — Tyler sussurrou em meu ouvido. Soltei uma risada baixa.

—Faz anos que eu não pego em um violino, Ty. Você está totalmente equivocado. — sussurrei de volta, o olhando. — Essas pessoas tocam violino melhor do que eu, sim. —

—Melinda Hunters aceitando que alguém faz algo melhor do que ela? O que o Brasil fez com você? — sorri.

—Estamos perdendo o espetáculo. — sussurrei voltando a encarar o palco.

Tyler soltou uma risada baixa.

Senti ele entrelaçar nossos dedos, seus olhos voltando a dar total atenção a orquestra.

Eu filmei alguns momentos da apresentação, postando no twitter logo em seguida e mandando também no grupo dos Vingadores e dos meus amigos.

Quando a apresentação acabou, todos no teatro levantaram aplaudindo a orquestra.

—Quero vir mais vezes aqui. — Tyler sussurrou enquanto os aplausos ainda rolavam. — Feriado de Ação de Graças? — soltei uma risada.

—Aqui não tem feriado de Ação de Graças. — ele franziu as sobrancelhas. — Mas podemos vir no próximo feriado prolongado e apenas se não tivermos trabalho a fazer. —

—Eu não aceitaria menos que isso. — ele sorriu segurando minha mão. — Agora vamos ao tal pagode. — soltei uma risada notando que Tyler tentou falar o nome pagode em português. — O que foi? —

—Está indo muito bem na pronuncia das palavras, embora eu ainda ache que preciso te dar algumas aulinhas. — respondi indicando a saída.

—E correr o risco de passar mais tempo com você? — ele arqueou a sobrancelha, sorrindo logo depois. — Credo que delícia, quero. — sorri.

—Vou pedir um táxi.  — falei desbloqueando meu celular e ligando para a cooperativa.

—Da próxima vez, pega o Quinjet que dá para trazer a sua moto. Assim não gastamos tanto dinheiro com táxi. —

—Cala a boca. — soltei uma risada.

Táxi solicitado, Tyler e eu ficamos em frente ao teatro esperando o carro. As pessoas que saíam do teatro nos cumprimentavam.

O táxi chegou alguns minutos depois. Dei o endereço do bar que Rita nos indicou e logo estávamos a caminho do mesmo.

Ele ficava localizado próximo a periferia do Rio. Quando indicou o lugar, Rita questionou se tinha algum problema e eu prontamente respondi que não.

Como eu ouvi da última vez que vim aqui: pobre sabe se divertir melhor do que rico.

Fora que eu também nunca tive problema com diferentes classes sociais. A culpa de ter tanta desigualdade social no mundo é culpa do governo e fim de papo. Todos sabem disso.

—Hey. — Tyler me cutucou de leve.

—Oi. —

—Me diz que nesse bar eles também vendem comida, porque aqueles pedaços de comida que serviram no teatro não mataram a minha fome. — soltei uma risada.

—Eles servem comida sim. Vou fazer você comer todos os diferentes tipos de churrasco que eles tiverem lá. —

—Com a fome que estou, aceito qualquer coisa. —

Alguns minutos depois já dava para ouvir a música ao longe. Observei um sorriso pequeno nascer nos lábios de Tyler.

O táxi parou em frente ao bar e eu pude efetuar o pagamento. Tyler e eu saímos do carro, olhando ao redor.

A música vinha de um grupo de homens que estavam sentados na calçada cantando e tocando alguns instrumentos como pandeiro, cavaquinho e tambores.

Algumas pessoas dançavam, outras bebiam e conversavam. Um ambiente perfeitamente harmonioso. Gostei.

Não demorou muito para alguns olhares caírem sobre mim e Tyler. Talvez pelos nossos trajes de gala enquanto todos estavam com roupas mais casuais.

—Devíamos ter trocado de roupa, como eu falei assim que saímos do teatro. — Ty sussurrou. Revirei os olhos.

—Besteira. — fiz um gesto de dispensa com a mão. — Vamos. Não podemos perder um minuto sequer, afinal nossa viagem termina hoje. —

Caminhei em direção ao bar, Tyler vindo logo atrás.

Dentro do estabelecimento tinham mais mesas e cadeiras ocupadas por mais diferentes grupos de pessoas que notaram nossa presença assim que entramos.

Paramos em frente ao balcão, sentando nos bancos que ali tinham.

—Boa noite. O que desejam? —

Um homem de mais ou menos 40 anos se aproximou detrás do balcão, era um pouco robusto, barbudo e um pouco calvo.

—A melhor bebida da casa assim como seus petiscos. — sorri. Ele retribuiu o sorriso.

—Vocês não são daqui são? — questionou pegando uma garrafa de alguma coisa nas prateleiras atrás dele. — Digo, você fala português, mas seu sotaque não é daqui. —

—Somos de New York. — respondi.

—Ah, sim. Lindo lugar. Nunca fui para lá, mas é um lugar que pretendo visitar antes de morrer. — colocou dois copos de drink sobre o balcão, enchendo-os com a bebida que havia escolhido.

—Posso recomendar alguns pontos turísticos, se quiser. —

—Eu agradeceria. — ele sorriu.

Empurrei o copo de Tyler na direção dele, atraindo a atenção do mesmo.

—O que é? — indagou pegando o copo.
—Você sabe as regras. — peguei meu copo. — Bebe primeiro, pergunta depois. — bati meu copo de leve no dele, virando o líquido goela abaixo no mesmo tempo que Tyler.

Observei ele fazer um careta, causando-me uma risada.

—Por Thor! O que era isso? Desceu queimando! —

—Caipirinha. — respondi animada. — O que achou? —

—Mais forte que um soco da Daisy, com toda certeza. — ele riu.

—Pode trazer outra rodada. — olhei para o homem que nos atendeu, que sorriu.

—É pra já! — ele falou, tratando de encher os copos novamente.

—Ah! Você pode trazer alguma coisa para comermos? Não quero que meu amigo apague antes do melhor da noite. — olhei para Tyler que tinha virado a caipirinha sem pensar duas vezes.

—Tem alguma preferência? —

—Churrasco. De todos os tipos, inclusive pão de alho. E os outros pratos você pode escolher. — ele assentiu, afastando-se. — O que está achando? — encarei Tyler, bebendo a caipirinha que estava no meu copo.

—Estou gostando. A música é muito boa e animada, reconheço isso mesmo não entendendo um a do que eles estão cantando. — soltei uma risada, virando meu corpo para ficar de frente para ele que estava com a lateral do corpo encostado no balcão.

—Quer dançar? 

—Eu não acho uma boa ideia. — ele olhou para o pessoal dançando na calçada do bar. Algumas em casal, outras sozinhas. — Não sei dançar esse tipo de dança, obrigado. — voltou a me encarar.

—É samba. Eu acho bem legal. — olhei para as mulheres sambando majestosa e graciosamente.

—Sabe dançar isso aí? — o olhei, arqueando a sobrancelha. — O que? Você sabe fazer várias coisas. Não me surpreenderia se você levantasse e se justasse a elas. — indicou com a cabeça.

—Acha mesmo que se eu soubesse sambar já não estaria ali no meio? Me gabando? — Tyler riu. — Eu não arrisco os passos nem descalça, imagine de salto como elas estão fazendo. —

Tyler inclinou o corpo dele na minha direção, aproximando sua boca da minha orelha e sussurrando logo depois:

—Eu adoraria te ver... — ele fez uma pausa. — Como foi que você disse mesmo? Ah. Sambando. Eu adoraria te ver sambando desse jeito. — sorri.

—Cuidado, agente Pierce. Se pensar demais nisso vai acabar conseguindo me imaginar sambando com aquelas outras mulheres ali. — sussurrei de volta.

—Eu não me importaria com isso. —

O homem que nos atendeu se aproximou com um prato na mão e um pano de prato sobre o ombro.

Ele deixou o prato sobre o balcão, na nossa frente. Nele continha os mais diversos sabores de churrasco, farofa e vinagrete.

—Bom apetite. —

—Obrigada, ahm... como o senhor se chama? —

—Francisco. — sorri.

—Obrigada, Francisco. Poderia deixar a garrafa de caipirinha aqui conosco? — seus olhos semicerraram na nossa direção.

—Antes preciso perguntar: vocês não estão dirigindo, estão? —

—Ah, não. Viemos de táxi. E mesmo se estivéssemos dirigindo, beber demais não seria um problema para mim. — dei de ombros.

—Seus planos envolvem embebedar apenas seu amigo? —

—O que? Não, não. Meus planos consistiam em ficar bêbada com ele, mas eu não fico bêbada. Nunca. — resmunguei.

—Como assim? —

—Ah. Meu organismo se regenera rápido demais para o álcool fazer efeito. — suspirei. — Nunca fiquei bêbada na vida. Eu costumava achar isso incrível, mas, sei lá, as vezes eu só queria saber como é a sensação, sabe? — olhei para Francisco. Ele tinhas as sobrancelhas franzidas.

—Seu organismo se regenera rápido demais? —

Algo na expressão dele me dizia que Francisco não fazia ideia de quem eu era.

—Espera. Você não me é estranha. Já nos vimos antes? —

Bingo.

—Na TV, talvez. Internet. — respondi em um tom divertido. Suas sobrancelhas franziram mais ainda. — Eu sou Melinda, a Valente. —

Francisco arregalou levemente os olhos. Notei de soslaio que Tyler tinha desviado a atenção do pessoal dançando para eu e o atendente.

—A Vingadora ruiva! — falou, como se sua mente tivesse puxado um fragmento de memória a respeito dos super heróis de New York. — Bom, a outra Vingadora ruiva. Sinto muito por não lembrar de você logo de cara, é que... — o interrompi.

—Nah! Sem problemas. Eu não ligo muito para isso, na verdade. — ele sorriu.

—Uma Vingadora visitou meu bar. Olha, irei me gabar pelo resto da minha vida por isso ter acontecido. — sorri.

Francisco deixou a garrafa de caipirinha sobre o balcão e se afastou, indo atender mais clientes. Enchi meu copo e o de Tyler com a bebida.

—Eu não entendi nada do que vocês estavam conversando, a não ser, é claro, as palavras Melinda e Valente. — ele sorriu.

—Resumidamente? Francisco, nosso mais novo amigo aqui do bar, perguntou se estávamos dirigindo. Respondi que viemos de táxi e mesmo se tivéssemos vindo dirigindo, não seria um problema para mim já que nunca fico bêbada. Ele ficou surpreso, talvez um pouco confuso. — peguei um espetinho de carne. — Então eu falei quem era e logo ele puxou na memória a Vingadora ruiva. — Tyler sorriu encarando o prato, parecia em dúvida de qual escolher.

—Qual é o seu preferido? — indagou.

—Coração de galinha. — apontei. — Esse que estou é de carne. Esse é de língua de boi, queijo, calabresa, frango e pão de alho. Vai, escolhe um e experimenta. — sorri.

Tyler pegou o pão de alho e me encarou. Assenti, o encorajando.
—Como foi que eles chegaram a conclusão de que as pessoas iriam gostar de pão de alho? — revirei os olhos.

—Eu não sei. Acho que os brasileiros não fazem esse tipo de questionamento, apenas fazem o que têm de fazer. Agora espera só um minuto. — peguei meu celular no bolso do seu terno, colocando na câmera. — Pronto, pode comer. —

—Você não vai me filmar comendo isso. — ele colocou a mão livre sobre a câmera do celular.

—Ah, por que não? É para o meu tcc. — ri, vendo a sobrancelha arqueada dele. — Ok, sem câmeras. — bloqueei o celular, deixando-o sobre o balcão. — Vai. O pão de alho é todo seu. —

Tyler me encarou uma última vez antes de dar uma mordida no pão de alho. Ele piscou algumas vezes, fazendo uma leve careta.

—Isso é horrível, Melinda. — falou pegando o copo com a bebida e virando com tudo, a fim de tirar o gosto de alho da boca.

—Não é não. — respondi rindo. — Você apenas não tem o paladar refinado. —

—Paladar refinado uma ova. Você que, aparentemente, não tem nada que não goste aqui no Brasil. — ele pegou um espetinho de frango.

—Eu não gosto do fato de alguns brasileiros simplesmente não se darem conta do quanto a cultura deles é rica. Aqueles que procuram sempre um jeito de menosprezar a cultura brasileira enquanto enaltece a americana. — coloquei um pouco de farofa sobre a carne que estava comendo. — Sim, eu meio que coloco a cultura brasileira em um pedestal alto demais, mas é porque gosto, acho linda demais, e não costumo menosprezar a cultura dos EUA. Afinal, é o meu país, e mesmo odiando o até então presidente, ainda tenho que fazer alguma coisa pelo país, não? Minha família vive nele. Odiaria que o Will e o Theo crescessem em um país de merda. —

—Amo quando você fala assim, sabia? Devia militar mais vezes perto de mim. — Tyler suspirou. Sorri balançando a cabeça. — Toda vez que você mete o pau no presidente eu fico excitado. —

—Será que a caipirinha já está fazendo efeito? — perguntei rindo.

—Se está eu não sei, mas que você devia bater no presidente disso eu tenho total certeza. —

—Eu sugeri isso para os Vingadores assim que ele assumiu. O cara é tão ele que até o Steve ficou do meu lado. — os olhos de Ty se arregalaram.

—E por que ele ainda está no cargo? — sua voz saiu em um tom de sofrimento. Soltei outra risada.

—Algo me diz que essa noite promete. —

Bebi a caipirinha que tinha no meu copo e enchendo tanto o meu como o de Tyler novamente com a bebida.

***

O Tyler bêbado já era engraçado por si só. Agora o Tyler bêbado no Brasil era outro patamar.

Depois da nossa conversa amistosa sobre bater no presidente dos EUA, Tyler ainda conseguiu falar normalmente. As vezes eles levava algumas coisas a sério demais ou na brincadeira demais.

Depois do sexto copo ele já estava confiante o suficiente para tentar conversar com qualquer pessoa que não fosse eu. Detalhe importante: ele tentou conversar em português.

Não preciso dizer que isso gerou uma crise de risadas em mim, nas pessoas que ele tentava puxar conversa e nele mesmo. E claro que filmei trechos dessas conversas, seria ótimo para mostrar a ele amanhã já que eu tinha a total certeza que ele esqueceria disso.

Após o que seria o oitavo copo, ele pegou meu celular e mandou um vídeo para o grupo dos Vingadores. No fundo, estava eu rindo enquanto Tyler enaltecia o Tony, dizendo, com a voz arrastada, claro, o quanto o Homem de Ferro era o melhor herói, e Tony Stark um maravilhoso amigo. No final, Tyler lembrou que amanhã era o aniversário dele e que todos os Vingadores estavam convidados, mas que só a presença do Tony importava realmente.

Eu juro que tentei, entre uma risada e outra, impedir ele de enviar esse vídeo, mas quando peguei o celular de volta o vídeo já tinha sido enviado e não adiantaria apagar, já que Tony tinha a melhor tecnologia do mundo.

Quando ele chegou no décimo copo resolvi intervir e parar com a bebedeira. Foi quando ele simplesmente decidiu que queria subir no balcão e cantar e dançar.

—Por que não? Eu quero dançar no balcão, Melinda. — sua voz estava arrastada. — Pode ser nas mesas também. Aposto que o seu Fernando não se importa. Uh! Podemos cantar e dançar uma música do Queen! Como fazíamos lá no Alvin. Nós três juntos, o que acha? Por favor. — ele fez biquinho.

—Tyler, o nome do dono do bar é Francisco, e não Fernando. — ele franziu as sobrancelhas confuso. — E o nome do nosso amigo é Simon, e não Alvin. Você o confundiu com Alvin e os Esquilos. — suas sobrancelhas franziram mais ainda. — E a respeito de dançar sobre o balcão e as mesas, não acredito que Francisco irá aceitar isso numa boa. Aqui não é o bar do Simon. — ele soltou um "ah" baixinho.

—Eu queria que nós três dançasse sobre o balcão. — murmurou cabisbaixo.

—Que três? —

—Ora bola! Eu, você e sua irmã! — falou como se fosse óbvio. Arqueei a sobrancelha.

—Tyler, quantos dedos tem aqui? — ergui dois dedos na frente do rosto dele.

Ele piscou algumas vezes, como se estivesse tentando focar nos meus dedos levantados. Então ele bufou, revirando os olhos.

—Ora, Melinda, não seja burra! É claro que tem quatro dedos aí! Achei que você fosse boa em matemática, sinceramente. — ele cruzou os braços.

—Me lembre da próxima vez que você não pode passar do quinto copo de caipirinha. — Tyler cobriu a boca com a mão, segurando uma risada. — O que foi? —

—Estou tentando lembrar quando foi o quinto copo. Se foi antes ou depois de você ir no banheiro. — respondeu risonho.

—Ao banheiro, Tyler, e não no banheiro. — corrigi, fazendo-o franzir as sobrancelhas tentando entender o seu erro. Então semicerrei os olhos na direção dele. — Você bebeu enquanto eu estava no banheiro? —

—Ao banheiro, Melinda, e não no banheiro. — arqueei a sobrancelha. — Eu falei errado? — questionou confuso.

—Tyler. — o chamei, séria.

—Só um pouquinho, juro. — respondeu balançando a cabeça freneticamente para cima e para baixo.

—Um pouquinho quanto? —

—Três copos? Ou será que foram quatro? — Tyler olhou para cima, contando nos dedos. — Não, não. Foram três, certeza. — voltou a me encarar.

—Pela barba do Profeta! Tyler! — o repreendi. — Como é que você está bebendo caipirinha pela primeira vez e já bebe trezes copos? Você comeu ao menos? —

—Cinco coração de galinha conta? — indagou rindo, vendo que eu estava séria ele parou. — Eu não estava com fome. — suspirei.

—Francisco, você pode trazer uma porção de batata frita? — pedi quando ele passou perto da fente. O homem assentiu, afastando-se.

—O que você pediu? Foi mais caipirinha? Diz que sim. — Tyler sorriu.

—Pedi comida para você, e é para comer tudo. —

—Certo, deixa só eu tomar mais um pouquinho de caip... — peguei a garrafa antes que Tyler a pegasse. — Ei! Você vai dividir, não vai? — ela estava pouco menos que metade cheia.

—Desculpe, amor, mas essa é só minha. — pisquei para ele.

Coloquei minha boca no gargalo e virei a garrafa, bebendo tudo sem para para respirar.

—Uau. — Tyler sussurrou me encarando. — Sempre fico impressionado quando você vira uma garrafa de álcool todinha, sem parar uma única vez. —

Coloquei a garrafa, agora seca, de volta no balcão. Encarei Tyler.

—Um dia você chega lá. — empurrei o prato com dois espetinho na direção dele. Ainda tinha sobrado vinagrete e farofa. — Agora come. Tudo, hein? — fez uma careta.

—Eu não quero vinagre. — ele pegou o churrasco de calabresa.

—Não é vinagre, é vinagrete. — corrigi. — E eu não quero saber se você quer ou não. Pode comer tudo. — Tyler abriu a boca para contestar. — É isso ou eu peço para Francisco trazer brócolis puro. — ele arregalou os olhos.

—Não! Brócolis, não! Eu como o vinagre. Vinagrete, vinagrete! — corrigiu-se depressa. — Eu como o vinagrete. — sorri.

Uma mulher se aproximou. Percebi que ela era uma das mulheres que estavam dançando próximo ao grupo de pagode que tocava.

Ela era negra, o cabelo preto estava com tranças, os olhos eram castanhos escuros e vinha caminhando até Tyler e eu com um sorriso de dar inveja a qualquer um.

—Olá. — ela sorriu mais ainda.

—Olá. — retribui o sorriso. — Como vai? —

—Muito bem. E vocês? Estão gostando daqui? —

—Ah, sim, bastante. É uma pena que iremos embora ainda hoje. Falta tanta coisa para ver. — ela assentiu compreendendo.

—Talvez isso seja um motivo para vocês retornarem mais uma vez. —

—Ah, nós voltaremos. Com toda certeza. — sorri, esperando que ela dissesse o que veio dizer. Duvido muito que ela se aproximou só para perguntar se estávamos gostando do Rio.

—Eu também vim perguntar se você não gostaria de se juntar e dançar com a gente. — ela indicou um pequeno grupo de mulheres que dançavam na calçada do bar. — A propósito, me chamo Silvia. —

—Muito prazer, Silvia. Me chamo Melinda e esse é meu amigo, Tyler. — Tyler sorriu, acenando. — Obrigada pelo convite, mas eu não acho que seja uma boa ideia. Não sei sambar. —

—Besteira! — ela fez um gesto de dispensa com a mão. — Venha. Nós ensinaremos você. —

—Ah, eu não... —

—Não aceitamos não como resposta, Valente. Ora essa! Você enfrenta vilões todos os dias, salva o mundo e está com medo de um sambazinho? — perguntou com um sorriso divertido.

—Acho que enfrentar vilões é muito melhor que passar vergonha inventando de dançar algo que não sei. — respondi. — Ainda mais com um salto desse tamanho e um vestido volumoso desse jeito. Acho que não estou vestida adequadamente. Mesmo assim obrigada, mas passo a oportunidade para outra. —

—Já falei que ensinaremos você. — ela segurou minhas mãos, me puxando e obrigando-me a levantar. — O vestido não irá atrapalhar você, é só erguer ele um pouco para não pisar nele. E se você acha melhor tirar o salto, sem problemas. —

—Ah, não. Vocês já são mais altas que eu e ainda estão de salto. Se eu descer do salto vou perder a pouca de dignidade que me resta. — Silvia riu.

—Você é como disseram que era: extremamente divertida e nem um pouco metida. —

—Disseram que eu não sou metida? Ih, acho que suas fontes estão erradas. — ela sorriu.

—Pode chamar seu amigo para aprender alguns passos também, se quiser. — ela olhou para Tyler.

—Estão te chamando para dançar com elas também. — falei.

—Ah, não. — ele riu. — Diga que agradeço o convite, mas ficarei aqui observando vocês dançarem. Bem, você, especialmente. — sorriu.

Sua voz não estava tão arrastada quanto antes. Notei uma garrafa de água em sua mão.

—Não é para beber mais nada, ok? Nem mesmo a cerveja mais fraca que tiver. Só água, refrigerante ou suco. Você escolhe. —

—Pode deixar, amor. Ficarei só na água e na batata frita. — falou, pegando uma batata assim que Francisco colocou a porção sobre o balcão.

—Muito bem. — virei-me para Silvia, que tinha um sorriso travesso nos lábios.

—Só amigos? — perguntou em inglês.

—Ih, ela é bilíngue. — Tyler falou sorrindo.

—Eu sou professora de inglês. — explicou.

—Muito chique. — falei enquanto ela me arrastava para fora do bar.

Cumprimentei as outras mulheres que estavam na rodinha e até mesmo os músicos. Silvia me perguntou novamente se eu não queria retirar o salto.

—Ah, não. Está tudo bem. O máximo que pode acontecer é torcer o tornozelo ou até mesmo quebrá-lo. — dei de ombros. — E mesmo que aconteça, não é motivo de alarde já que estaria curado em menos de uma semana. —

—Queria tanto um fator de cura desse jeito. — suspirou Beatriz.

—Está brincando? Eu bebi metade de uma garrafa de caipirinha e nem tive uma pontada de vontade de ligar para meu ex. — algumas delas riram. — Se bem que eu não tenho, de fato, um ex. No entanto, isso não importa. E aí, como é que a gente faz? Existe um módulo para iniciantes ou o que? —

Silvia e as outras meninas foram dizendo como que eu tinha que fazer e ia demonstrando devagar. De pouquinho em pouquinho eu fui vendo que não era tão complicado assim.

Talvez eu tenha dito isso porque eu estava apenas observando e não tinha arriscado nem mexer o quadril, como elas falaram em algum momento da aula.

—Agora vamos tentar juntas, ok? — Maria falou me olhando.

A garota não devia ter nem 17 anos ainda e sambava melhor que algumas das mulheres mais velhas aqui nessa roda.

—Que? Ah, não. Acho que eu vou precisar de uma pequena revisão. — sorri amarelo.

—A gente já fez duas revisões, Melinda. — falou Silvia.

—Talvez eu precise de só mais uma. Dizem que é depois da terceira vez que se aprende, não? — Bia riu.

—Façamos assim — ela falou atraindo minha atenção. — A gente começa e você vai imitando nossos passos. — arregalei os olhos. — Relaxa. Vamos começar devagar. — não me senti mais relaxada.

—Eu preferia estar enfrentando o Ultron novamente. — murmurei observando elas começarem a sambar.

Olhei sobre o ombro para Tyler, vendo que ele estava comendo algumas batatinhas. Ele me deu um sorriso encorajador.

Respirei fundo, voltando a olhar para as meninas sambando. Encarei seus pés e segurei a saia do vestido, levantando apenas o suficiente para que eu pudesse ver meus próprios pés.

E então eu tentei copiar os passos das garotas.

No começo eu tropecei algumas vezes, admito. Isso é típico de Melinda Hunters então nada de novo sob o sol.

—Está indo bem. — elogiou Silvia.

Eu tenho um sério problema chamado: me elogiaram demais? Minha confiança cresceu. E quando eu parei mais de fazer alguns passos tortos, as outras meninas também soltaram alguns elogios.

Foi então que abandonei a insegurança e aumentei o ritmo dos passos, me dando conta de que realmente não era assim tão complicado sambar.

—O segredo é mexer o quadril e os braços. — Ana falou causando-me uma risada. Aquilo era muito divertido.

Silvia colocou as mãos na cintura, rebolando enquanto girava em torno dela mesma. Quando terminou me jogou uma piscadela e fez um sinal com a cabeça para eu repetir o que ela fez.

Sem pensar duas vezes, fiz o mesmo.

Enquanto estava girando, notei que Tyler me filmava dançando. Na real, não só ele como também alguns outros clientes do bar.

Já consigo até ver a legenda dos vídeos: Vingadora Valente samba em bar do Rio de Janeiro.

Na minha cabeça não parece tão ruim.

Sem perceber, acabamos fazendo uma pequena roda e logo, uma a uma entrava na roda, sambava uns 30 segundos e dava o lugar a outra.
Eu acabei sendo a última e quando a música parou, eu ainda estava no meio.

As garotas bateram palmas, os clientes bateram palmas, Tyler assobiou enquanto ainda filmava. Eu soltei uma risada enquanto também batia palmas para as meninas.

Abracei cada uma, agradecendo e dizendo o quanto elas eram incríveis. O grupo de pagode começava outra música após beber um pouco das cervejas deles.

—Achou tão difícil assim? — Maria perguntou.

—Mais fácil do que aparenta, admito. — respondi sincera. Eu estava um pouco suada, porém extremamente feliz. — Obrigada, meninas. Vocês são uns anjos. — sorri.

—Nós que agradecemos, afinal é você quem salva o mundo junto com os outros Vingadores. — Silvia falou sorrindo.

—Vocês salvaram a minha vida me ensinando a sambar. Agora eu posso dizer que vou sambar na cara dos inimigos. — elas gritaram enquanto eu só conseguia rir.

—Você usa gírias brasileiras! — falou Ana, eufórica.

—Mas é claro. São as melhores. —

—Não mentiu. — concordou Bia.

—Agradeço novamente, meninas, vocês são uns amores. Agora eu preciso ir. Amanhã Tyler e eu precisamos estar já a caminho de New York e ainda temos que arrumar as malas. Fora que eu queria fazer um último passeio com ele. —

—Entendemos. — falou Ana. — Foi um prazer conhecer você pessoalmente, Melinda. —

—O prazer foi todo meu, acreditem. — sorrimos.

—Uma foto de recordação então? — perguntou Maria.

—Mas é claro. — ela pediu para o namorado dela, um cara chamado Marcus, tirar nossa foto.

Nos posicionamos uma do lado da outra, de modo que eu ficasse no meio. Sorrimos. Marcus tirou a foto.

—Vão me marcar no Instagram e Twitter, certo? — perguntei.

—Mas é claro. — abracei elas uma última vez e caminhei até Tyler que bebia uma coca.

—"Eu não arrisco os passos nem descalça, imagine de saltos como elas estão fazendo." — repetiu com um sorriso brincalhão.

—Você não pode falar um a. — disse, sentando-me. — Além de me ver sambando ainda filmou. — peguei uma batatinha frita que tinha sobrado.

—Claro, como você acha que estaria nosso vídeo de casamento se não tivesse você, Melinda Hunters, sambando? — ri, pegando a coca dele e bebendo um pouco.

—Está mais ou menos sóbrio? —

—O suficiente. — garantiu.

—Sabe que sou sua babá de bebedeira então nada de inventar de beber sem a minha presença. Quase me imaginei pedindo desculpas ao Francisco caso você começasse a colocar toda a bebida para fora. — ele riu.

—Nada de beber caipirinha sem a sua presença. Anotado. —

—Tenho uma proposta para você. — sorri.

—Que proposta? —

—Voltar a pé para a pousada e, se a oportunidade surgir, uma leve pegação pelos becos do Rio de Janeiro. —

—Leve pegação, é? — Tyler arqueou a sobrancelha.

—Estou brincando. Eu só queria caminhar mesmo. — quando sua sobrancelha arqueou mais ainda eu sorri. — Ok, também estava falando sério sobre a leve pegação. — ele riu.

—Vai dar 03:00 AM, Melinda. — dei de ombros.

—Nada que nunca tenhamos feito. —

—Por mim tudo bem. Queria mesmo esticar as pernas. — respondeu.

—Prometo não fazer a gente se perder pelo Rio. — falei procurando minha carteira no bolso do paletó dele que estava sobre o balcão.

—Vamos caminhar pelo Rio de Janeiro e você não conhece as ruas direito? —

—Não conheço as ruas daqui como conheço as de New York. — sorri, pedindo a conta a Francisco.

***

A caminhada pelo Rio de Janeiro foi divertida. Tyler tropeçava vez ou outra enquanto andava. Ainda por causa do efeito dos inúmeros copos de caipirinha que ele bebeu.

A verdade era que ele não estava totalmente sóbrio e nem totalmente bêbado. Estava quase no modus operante, que tropeça até no vento.

Paramos em um carrinho de churros, nos pegamos vez ou outra em um beco parcialmente escuro e saímos rindo quando um morador de rua nos expulsava com resmungos, as vezes, quando ouvíamos alguma música, Tyler pegava minha mão e me fazia girar em torno de mim mesma.

Decidi descer do salto com apenas 20 minutos de caminhada, o paletó de Tyler agora estava comigo, já que eu estava ficando com um pouco de frio e não estava a fim de manipular minha energia térmica, e era Tyler quem carregava meus sapatos.

Acabamos nos perdendo umas duas ou três vezes, mas, no fim, bastava pedir alguma informação a algum carioca que estava perambulando às 03:00 AM pelo Rio que logo chegamos no nosso destino.

O céu estava começando a clarear, sinal de que o nascer do sol estava se aproximando. Tyler e eu andávamos abraçados fazia alguns minutos.

—Chegamos. — falei parando de caminhar.

—Aqui não é a rua da pousada, Melinda. — Tyler comentou, olhando ao redor.

—Não, a pousada fica a três quadras daqui. — expliquei.

—Então o que... —

—Fecha os olhos. — pedi, erguendo a cabeça para olhá-lo.

—O que? — franziu as sobrancelhas.

—Vai, fecha os olhos. — sorri. — Confie em mim. —

Tyler estava um pouco desconfiado, mas mesmo assim fechou os olhos.

—Aconteça o que acontecer, não me solte. — falei, encarando o prédio de pouco mais de 10 andares que estava a nossa frente.

—Como assim? O que quer dizer? —

Não respondi. Em vez disso, simplesmente apertei mais o meu braço direito ao redor da cintura de Tyler e voei.

O braço de Tyler que estava sobre meus ombros segurou meu ombro esquerdo com firmeza, seu outro passo abraçou minha cintura pela frente, me apertando.

—Por que diabos estamos voando, Melinda? — sua voz estava trêmula.

Quando atingimos a altura do prédio, pousei no meio do terraço do mesmo. Os braços de Tyler não me soltaram.

—Pode abrir os olhos. — falei.

De pouquinho em pouquinho seus olhos foram abrindo, até que eu tinha eles me encarando.

—Por quê? — foi a única coisa que perguntou. Seus braços me soltaram, mas ele não se afastou.

—Desde da Bahia você quis ver o nascer do sol. Ali está. — Tyler virou-se na direção que apontei.

O sol ainda estava tímido, apenas pequenos raios solares davam as caras por enquanto.

Abracei Tyler por trás, ficando na ponta dos pés e sussurrando em seu ouvido:

—Feliz aniversário. — observei um sorriso surgir em seus lábios.

—Não poderíamos ter vindo de escada? — ergueu a sobrancelha.

—E que graça teria? — o sorriso sumiu.

—Eu tenho medo de altura, Melinda. Não é para ter graça. —

—Eu sei, eu sei. Desculpa. — pedi. — Mas o prédio está fechado, então não tínhamos como vir de escada. E se serve de consolo, eu não deixei você cair. —

—Você estava me segurando só com um braço. — contrapôs.

—E a gente não sofreu um solavanco sequer. Imagina se eu te segurasse com os dois braços? Você nem teria percebido que tínhamos saído do chão. — ele soltou uma risada curta.

—Você não existe. —

—Existo sim, amor, e no momento você me tem em seus braços. — fiquei na sua frente, o abraçando.

Tyler segurou meu rosto entre suas mãos e me beijou suavemente.

—Vamos esperar o prédio abrir e descer de escadas. — murmurou entre o beijo.

—Sem chances. — balancei a cabeça. — O prédio só abre de 07:00 AM. Não vamos ficar duas horas aqui em cima. —

—Devíamos ter ido para um prédio que fica aberto 24h. —

—O que fica aberto 24h são mais altos que esse. São hotéis e empresas. — expliquei, vendo que ele não estava muito satisfeito em ter que descer voando. — Prometo não te deixar cair e te segurar com os dois braços. Ok? —

—Hum, ok. — murmurou.

Sorri, dando um selinho nele e me virando. Encostei minhas costas em seu peito e senti seus braços me abraçando firme.

—É um belo nascer do sol. — sussurrou.

—É mesmo. — concordei bocejando.

—Está cansada? —

—Só um pouquinho. Agora fique quieto. —

Tyler e eu ficamos ali até o sol aparecer por completo. Descer do prédio foi que demorou um pouco já que ele ficou com um pouquinho de receio, mas no fim deu tudo certo.

Quando chegamos na pousada já beirava das 05:30 AM. Quem estava na recepção era o Alan, o sobrinho de Rita. Ele nos cumprimentou e perguntou como foi a nossa noite, respondi que foi melhor do que esperávamos.

Subimos para o nosso quarto e tomamos um banho demorado. O cansaço estava tomando conta do meu corpo legal.

Sai do banheiro enrolada na toalha, começando a catar as roupas espalhadas pelo quarto e as dobrando. Tyler saiu uns minutos depois já vestido com uma calça jeans e me ajudou a arrumar as coisas.

—Você tem que dormir. — ele falou quando eu bocejei novamente.

—Eu só estou com um pouquinho de sono, sabe, minhas energias estão esgotadas. — respondi escolhendo uma roupa para vestir.

—Você não dorme faz um dia inteiro, Melinda. —

—Você também, ora essa. — rebati.

—Sim, mas mesmo tendo os poderes que você tem, ainda precisa dormir como um ser humano normal. —

—Na verdade, eu tenho que dormir um pouco mais que um ser humano normal. — murmurei.

—Justamente. Você vai dormir enquanto voltamos para New York, ok? —

—E quem vai pilotar o Quinjet? — sorri.

—Você vai ativar o piloto automático. — revirei os olhos.

—Ou eu poderia absorver a energia de alguma coisa e então estarei novinha em folha. —

—Se você estiver certa e a Wanda, de algum jeito, está enrolando você sobre a missão que estão trabalhando, acha que absorver energia de algum aparelho vai te ajudar a enfrentar o Ossos Cruzados? —

—Touché. — resmunguei. — Você venceu essa. — ele sorriu.

—Agora vista-se. Eu termino de guardar as coisas. —

—Está bem, papai. —

Vesti uma lingerie preta, uma calça preta cintura alta e solta nas pernas, uma camiseta branca de alças finas e curta. Calcei minhas amadas botas marrom cano médio e passei meu rímel.

—Só rímel dessa vez? — Tyler arqueou a sobrancelha.

—Só rímel dessa vez. — concordei. — Pronto? — ele já tinha vestido a camisa.

—Tudo pronto. — respondeu colocando a mochila nas costas.

—Certo. — bocejei novamente. — Vamos pagar nossa estadia e voltar para o Quinjet. Iremos de táxi, né? —

—Do jeito que você está cansada não acho que você aguentaria uma caminhada até o Pão de Açúcar. —

—Ei! Estou cansada, não morrendo. — peguei meu celular e a carteira. — Vamos. —

Saímos do quarto e chegamos a recepção. Rita tinha acabado de chegar na pousada.

—Ah, não me digam que já estão indo embora. —

—Nossa viagem chegou ao fim, Rita. Temos que chegar em New York hoje. A família do Tyler também merece um tempo para comemorar o aniversário com ele. — nos aproximamos do balcão.

—Entendo. Mas como foi a noite de vocês? Se divertiram? — ela indagou com uma sorriso.

—Bastante. Aprendi até a sambar. — Rita soltou uma risada.

—Eu vi alguns vídeos. Para a primeira vez, você se saiu muito bem. Parabéns. —

—Obrigada. Então, Rita, quanto deu? —

—Bom, vocês não chegaram a passar nem uma noite inteira e temos um hóspede completando aniversário, então a estadia de vocês não saiu muito cara. — ela sorriu mexendo no computador.

—Amo essas promoções de aniversário. — Alan e a tia riram, enquanto eu pegava o cartão de crédito.

Fiz o pagamento e logo eu estava abraçando Rita e agradecendo por tudo.

—Eu quem agradeço, Melinda. Vocês dois são uns amores. — ela nos olhou sorrindo. — E venha cá você também. Posso não entender nada do que fala, mas mesmo assim gostei de você, Tyler. — Rita abraçou Tyler que estava um pouco confuso com as palavras dela.

—Ela disse que mesmo não entendendo um a do que você diz ela gostou de ti. — expliquei para ele que sorriu.

—Como diz "também gostei de você" em português? — soltei uma risada, aproximando meus lábios da orelha dele e sussurrando pausadamente:

—Também. Gostei. De. Você. — sorri, afastando-me. — Você consegue, amor. —

—Também gostei de você, Rita. — Alan e Rita sorriram.

—Acho bom vocês irem logo antes que eu guarde ele em um potinho e nunca mais devolva a você, Melinda. —

—Estamos indo agora mesmo. — falei rindo.

—Vão de táxi? — Alan perguntou.

—Vou chamar um. — respondi.

—Esqueça. Eu levo vocês. —

—Obrigada, mas não queremos atrapalhar, Alan. —

—Não estarão atrapalhando em nada, meu expediente já acabou. — ele saiu de trás do balcão com a chave na mão.

—Se você insiste. — dei de ombros. — Ei! Podemos tirar uma foto de recordação? —

—Vou querer uma foto também! — Rita falou tirando seu celular do bolso.

—Vem, Ty, vamos tirar uma foto. — chamei.

Nos aproximamos um do outro. Tyler e Alan ficaram atrás enquanto Rita e eu na frente deles.

Coloquei na câmera frontal e enquadrei a foto de modo que aparecesse todos. Logo depois foi uma foto no celular de Rita. Ela nos deu um último abraço e logo estávamos no Uno de Alan a caminho do Quinjet.

Dez minutos depois estávamos próximos do Pão de Açúcar. Nos despedimos de Alan depois de agradecer pela carona e então estávamos no jato.

—Preparado? — perguntei a Tyler que estava sentado nas poltronas reservas do Quinjet e detalhe: sem cinto de segurança.

—Vai logo com isso. — resmungou.

Sorri, colocando aquela banheira voadora para fazer sua principal função: voar. Quando estávamos alto o suficiente e a caminho de New York, digitei as coordenadas para o Complexo e ativei o piloto automático, descansando na cadeira.

—Melinda? —

—Oi. — virei a cadeira na direção de Tyler.

—Vem deitar um pouco. —

A cama improvisada que ele preparou ainda estava arrumada, mas não tinha nenhuma cesta de comida no meio dela.

Levantei indo até ele que estava sentado sobre os cobertores com as costas encostada nas poltronas. Me sentei ao seu lado.

—Você gostou da surpresa? — questionei baixinho.

—Está brincando? Melinda, essa foi a melhor surpresa que você já preparou para mim. — ele sorriu. — Acho até que não mereço tudo isso. —

—Merece tudo isso e muito mais. — sorri. — Você é merecedor de tudo isso apenas por ser você. —

—Obrigado, amor. — ele ainda sorria.

Inclinei um pouco a cabeça, beijando-o. Levei minha mão até o cabelo de Tyler, puxando ele de leve.

Passei minha perna sobre as dele, sentando-me em seu colo. Quando minhas mãos foram até a barra da camisa dele, Tyler me parou, segurando minhas mãos.

—O que? — sussurrei ainda pressionando meus lábios nos deles.

—Você está cansada, tem que descansar. — ele sussurrou de volta.

—A gente pode transar, eu fico mais cansada e então durmo por tempo suficiente para recuperar minhas energias. — sorri travessa.

—Não, amor. — ele afastou seu rosto do meu. — Você vai dormir. —

—Não quero dormir. — cruzei os braços, fazendo bico.

—Melinda, seu rosto está demonstrando o quão cansada você está. —

—Ah, meu pai. Estou com olheiras? — perguntei preocupada.

—Ainda não, mas está com resquícios. Vem dormir aqui comigo, vem. — chamou com a voz suave.

—Você vai cantar para mim? — sorri pendendo a cabeça para o lado.

—Canto. —

—Ok, o Quinjet avisa quando estivermos próximos de pousar. Uns 15 minutos antes do destino, eu acho. — expliquei sentando ao lado dele e encostando a lateral do meu corpo no peitoral dele.

—Tudo bem. Agora durma. — ele me embalou em seus braços, sua mão acariciando meu cabelo.

Fechei os olhos, aconchegando minha cabeça melhor no ombro de Tyler. Seu braço que me abraçava segurou meu tronco com mais firmeza.

—Você disse que ia cantar. — sussurrei sonolenta.

—Estou pensando em uma música. —

—Qualquer música está boa para mim. Desde que seja você cantando. — suspirei.

Desenhei um sorriso em seus lábios.

Após alguns minutos Tyler começou a cantar. Eu estava tão cansada que dormir minutos depois e nem percebi que ele estava cantando Garota de Ipanema em português.


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Notas finais do capítulo

Hey! Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem! Façam uma autora feliz. A viagem de Melinda e Tyler chegou ao fim finalmente (ou não) e no próximo capítulo (que já está em andamento) já vai trazer a missão em Lagos e alguns pontos importantes para o decorrer da vida da Melinda. Eh isto, bebês. Queria que vocês comentassem e agradecer por não me abandonarem mesmo depois de tanta demora. Espero não demorar tanto para postar o próximo. Bjinhos e bon revoar!



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