Civil War escrita por Dark Sweet


Capítulo 12
Tratado


Notas iniciais do capítulo

Hey, bebês. Voltei!!!! Cheguei com capítulo novo e me desculpem pela demora. Sem mais delongas, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767138/chapter/12

—Há cinco anos, eu tive um infarto bem no meio de uma partida de golfe. — o Secretário Ross falou fazendo uma imitação barata de alguém que vai realizar uma tacada no golfe. — Acabou sendo a melhor partida da minha vida, porque após 13h de cirurgia e três pontos de safena, eu descobri o que 40 anos no exército nunca me ensinaram: perspectiva. — revirei os olhos.

Estávamos na sala de reuniões do Complexo. Rhodes, Nat e Steve estavam sentados de um lado da mesa; Wanda, Visão e Sam estavam do outro lado da mesa. Eu estava sentada na cabeceira da mesa, de frente para o Secrechato, e Tony tinha arrastado uma cadeira para o canto da sala, isolando-se.

A nossa frente estava o cara que veio a tiracolo do Tony: Thaddeus Ross, o Secretário de Estado e um verdadeiro pé no saco.

Em outras palavras: meu santo não bateu com o dele.

Fazia alguns minutos que ele estava falando e até agora eu não entendi o motivo daquele ser está aqui tomando nosso tempo.

—O mundo deve aos Vingadores uma dívida imensurável. Vocês lutaram por nós, nos protegeram, se arriscaram, mas enquanto muitas pessoas os vêem como heróis, existem aqueles que preferem o termo vigilantes. —

—E que termo o senhor nos daria, senhor Secretário? — Natasha indagou.

—Que tal perigosos? — respondeu. — Como chamariam um grupo de aprimorados residentes americanos que rotineiramente ignoram as fronteiras internacionais e forçam sua vontade onde quer que vão e que, francamente, parecem despreocupados com o que deixam para trás? —

Antes que eu pudesse pensar numa resposta carregada de ironia, o Secrechato deu um passo para trás, permitindo que todos pudessem ver a tela que logo começou a passar alguns vídeos.

—New York. —

Conforme ele ia falando, o vídeo ia mostrando diferentes cenas de diferente lugares.

Começou mostrando uma parte da batalha em New York, mais precisamente mostrava o Hulk pulando de prédio em prédio, e, consequentemente, destruindo eles.

Rhodes baixou o olhar, encarando Nat e Steve logo depois.

Franzi as sobrancelhas.

O cara do bigode ridículo estava tentando nos manipular e nos fazer se sentir culpados pelos vilões destruirem tudo que viam pela frente e nós acabarmos ajudando nessa destruição enquanto tentamos salvar todo mundo?

—Washington DC. —

Agora a cena que se passava diante dos meus olhos era de um aeroporta-aviões da S.H.I.E.L.D. - que era comandada pela HYDRA - caindo no rio Potomac.

Notei Sam abaixar a cabeça.

Meu sangue estava começando a ferver.

—Sokovia. —

Um pedaço da cidade voando apareceu, prédios caindo. Tony baixou o olhar, provavelmente sentindo-se culpado novamente por ter criado o Ultron.

—Lagos. —

Imagens do prédio que a explosão destruiu apareceu. Pessoas correndo machucadas, apoiadas umas nas outras, pessoas caídas no chão, mortas.

Wanda desviou o olhar e virou a cadeira um pouco para o lado, fazendo de tudo para não encarar aquelas cenas novamente.

Aquilo foi o estopim para mim.

—Quem você pensa que é para chegar aqui e jogar essas imagens como se não fossem nada? — indaguei com a voz firme. Todos me encararam. — Está tentando jogar na nossa cara que enquanto tentamos salvar o mundo algumas pessoas morreram? Nós sabemos disso. Agora se você quer brincar de jogar a quantidade de civis mortos durante uma batalha, me dê 2 horas e eu reúno todos os números de mortos que as atividades do Governo ganharam nos últimos 10 anos. Aposto que os números de vocês são maiores que os nossos. —

—Ei. — Sam atraiu minha atenção por um breve momento. — Calma. —

—Você está me pedindo para ter calma? — o olhei incrédula. — Sam, eu não vou admitir que esse senhorzinho aí chegue aqui e venha dizer que eu pareço despreocupada com as baixas que nós temos após qualquer missão. Diga-me, senhor Secretário, isso parece a atitude de alguém que não se preocupa com os civis? — retirei a atadura da minha mão, revelando a palma toda queimada. — Eu queimei a minha mão a fim de tentar provar para mim mesma que poderia ter impedido aquela explosão e salvado aquelas pessoas. Se isso é ser uma pessoa despreocupada, então sim, eu sou uma pessoa despreocupada. —

A sala ficou em silêncio por um tempo, mas então Ross tomou a palavra e continuou a reunião como se nada tivesse acontecido.

—Nos últimos 4 anos vocês operaram com poder ilimitado e sem supervisão. É uma situação que os Governos do mundo não podem mais tolerar. Mas acho que temos uma solução. —

O assistente dele entregou um livro para o Secretário, que logo passou para Wanda.

—O Tratado de Sokovia, aprovado por 117 países, estabelece que os Vingadores não devem mais ser uma organização privada. Em vez disso, eles operarão sob supervisão de um painel das Nações Unidas apenas quando, e se, esse painel julgar necessário. — Ross andava pela sala de reunião, as mãos atrás do corpo.

Ótima solução. Vamos colocar coleiras nos Vingadores agora.

—Os Vingadores foram formados para tornar o mundo um lugar seguro. E nós conseguimos isso. — falou Steve.

—Diga-me, Capitão, você sabe onde o Thor e o Banner estão agora? Se eu perdesse duas bombas atômicas pode apostar que haveriam consequências. — encarei o Secrechato com a cara fechada.

—As consequências para você seriam diferentes das nossas já que você é um deles. — resmunguei.

Ross ignorou minha alfinetada.

—Compromisso, garantias. É assim que o mundo funciona. Acreditem, esse é o meio termo. — ele apontou para o Tratado.

—Então, existem contingências. — constatou Rhodes.

—Em três dias a ONU se reúne em Viena para ratificar o Tratado. Passar a limpo. —

Steve olhou para Tony, que desviou o olhar.

O cara com o bigode ridículo caminhou até a saída com seu assistente.

—E se tomarmos uma decisão que vocês não gostem? — Natasha indagou.

—Então saem de cena. —

***

Assim que Ross saiu do Complexo, os Vingadores em peso viraram as cadeiras na minha direção e então questionaram sobre a minha mão. E repreenderam a minha atitude estúpida, claro.

Natasha reclamou que iria ter que me ouvir resmungar de dor novamente enquanto refazia o curativo.

Minha mão queimada não foi motivo de conversa por muito tempo já que tínhamos coisas mais importantes para tratar.

Estávamos na sala de estar, discutindo sobre o bendito Tratado.

Steve estava sentado em uma poltrona lendo as primeiras páginas do Tratado. Tony estava jogado em uma poltrona, com a mão no rosto. Wanda e Visão estavam sentados em um sofá. Natasha e eu estávamos sentadas no outro, eu mordia uma almofada enquanto ela refazia meu curativo.

Já o Rhodes e o Sam estavam em pé atrás da poltrona de Steve batendo boca. Eles eram os que mais discutiam e ambos tinham argumentos bem convincentes.

—O Secretário Ross tem uma medalha de honra do Congresso. Uma a mais do que você. — Rhodey apontou para Sam.

Tony revirou os olhos.

—Digamos que a gente concorde com esse negócio. Quanto tempo vai demorar para nos rastrearem como se fôssemos criminosos comuns? — Sam rebateu.

—117 países querem assinar isso. 117. — frisou Rhodes. — E você fica: não, a gente dá conta. —

—Por quanto tempo vai jogar dos dois lados? — o Falcão cruzou os braços.

—Eu tenho uma equação. — falou Visão, atraindo a atenção de todos.

—Agora vai esclarecer tudo. —

Parei de morder a almofada. Natasha tinha terminado o curativo e agora podíamos dar total atenção a fala do Visão.

—Nos oitos anos, desde que o sr. Stark se assumiu o Homem de Ferro, o número de pessoas aprimoradas conhecidas cresceu exponencialmente. E, durante o mesmo período, o número de eventos com potencial fim do mundo subiu em uma taxa notável. — observou.

—Está dizendo que a culpa é nossa? — questionou Steve, erguendo a sobrancelha.

—Estou dizendo que pode ser uma consequência. — respondeu. — A nossa força convida para o desafio, desafio incita o conflito e o conflito gera catástrofe. Supervisão. Supervisão não é uma ideia que possa ser descartada. —

—Boa. — o Coronel falou com ar vitorioso.

—Tony. — Nat chamou, fazendo Stark tirar a mão do rosto. — Acho que é a primeira vez que te vejo calado dessa forma. —

—É porque ele já tomou uma decisão. — falou Steve.

—Você me conhece tão bem. — murmurou Tony, levantando com a mão na cabeça. — Estou com uma dor de cabeça eletromagnética. É o que está acontecendo, Capitão, é só dor. — foi até a cozinha. — Quem está jogando pó de café na pia? Estou dando abrigo a uma gangue de motoqueiros? — ralhou, pegando uma xícara.

Stark colocou o celular sobre o balcão, tocando nele duas vezes e fazendo a foto de um garoto negro e sorridente se elevar.

—Ah! Esse é Charles Spencer, a propósito. Garoto bom. Formado em Engenharia da Computação, tem um emprego promissor, vai trabalhar na INTEL, mas primeiro ele queria uma experiência de vida antes de passar o resto da vida atrás de uma mesa. Ver o mundo, talvez ajudar as pessoas. — franzi as sobrancelhas, tentando entender porquê Tony traria a vida desse garoto a tona num momento como esse. — Charles não queria ir para Vegas, que é o que eu faria. Não queria ir para Paris ou Amsterdã, que parece divertido. Ele decidiu passar o verão construindo casas sustentáveis para os pobres. Chutem onde. Sokovia! —

Abri a boca, não conseguindo falar nada.

Então era esse o motivo.

—Ele queria fazer a diferença, mas não vamos saber porque derrubamos um prédio em cima dele enquanto estávamos arrasando. — Tony colocou um comprimido na boca, bebendo água logo em seguida. — Não estamos aqui para tomarmos qualquer decisão, temos que ser controlados. Do jeito que for estou pronto. Se não aceitamos limitações, somos desgarrados, não somos melhores que os vilões. —

—Tony, se não conseguir salvar alguém não pode desistir. — disse Steve.

—Quem está desistindo? —

—Estaremos se não nos responsabilizarmos pelas nossas ações. Esse documento só transfere a culpa. — explicou o Capitão.

—Alguém foi até você e te acusou de ter matado o Charles, não foi? — indaguei encarando Tony. Seu silêncio respondeu minha pergunta. — Sei pelo que está passando, Cabeça de Lata. Passei pela mesma coisa quando o Zach foi até a escola e me acusou de ter matado o irmão dele em Sokovia. A verdade é que lutamos todos os dias para proteger as pessoas, mas algumas vezes nós... nós vamos salvar o mundo, mas não vamos salvar todos, entende? A real é que não importa o que eu ou vocês falem, a culpa ainda me consome por inteiro. — confessei. — E é por isso que eu digo que, de certo modo, nós precisamos agir com um pouco de cautela. Talvez precisemos de supervisão, talvez não, mas eu não concordo com essa supervisão. — apontei para o Tratado nas mãos de Steve. — Desculpem, mas fatoche do Governo eu não viro. —

—Desculpe, Melinda, isso... isso é perigosamente arrogante. — Rhodey tomou a palavra. — Estamos falando das Nações Unidas. Não é do Conselho de Segurança Mundial, não é da S.H.I.E.L.D. e nem da HYDRA. —

—Não, mas é comandado por pessoas com ideais e ideais se alteram. — Steve contrapôs no meu lugar.

—Isso é ótimo. É por isso que estou aqui. Quando percebi do que minhas armas eram capazes nas mãos erradas eu encerrei, parei de fabricá-las. — Tony voltou para a sala.

—Tony, você escolheu fazer isso. Se assinarmos estaremos cedendo nosso direito de escolher. E se esse painel nos mandar para um lugar que não queremos ir? E se um lugar precisar de nós e não nos deixarem ir? — Steve questionou. — Podemos não ser perfeitos, mas as mãos mais seguras ainda são as nossas. —

—Se não fizermos isso agora será imposto a nós mais tarde. E não será bonito. —

—E virão atrás de mim e da Melinda. — Wanda me encarou.

—Nós vamos protegê-las. — Visão falou encarando a Bruxinha e fazendo-me sorrir minimamente.

Proteger ela você quis dizer, né, Visão?

—Talvez o Tony tenha razão. — falou Natasha que, até então, só observava a discussão atenta. — Se tivermos uma mão no volante ainda podemos conduzir. Se tirarmos... —

—Espera aí. Você é a mesma mulher que mandou o Governo se ferrar a alguns anos? — indagou Sam, inclinando o tronco na direção dela.

—Só estou avaliando o terreno. Cometemos alguns erros bem públicos. Eles têm que voltar a confiar em nós. — respondeu a ruiva.

—Espera. — Stark se apoiou na poltrona, encarando Nat. — Que loucura. Estou pirando ou você acabou de concordar comigo? —

—Ah, eu retiro o que eu disse. —

—Não, não. Não retira não. Obrigado. — agradeceu Tony. — Sem precedentes. Ok, caso encerrado. Eu venci. —

—Eu tenho que ir. — Steve falou sério, jogando o Tratado sobre a mesa de centro e saindo da sala sob olhares confusos de todos.

Notei que ele estava com o celular na mão, então o que quer que tenha o feito mudar de semblante veio do aparelho.

—O que deu nele? — Rhodey perguntou.

—Acho que ele precisa de um tempo. — murmurei. — Então já acabamos? —

—Ao que parece, sim. — Wanda respondeu.

—Vou para meu quarto. Tenho que arrumar as coisas e uma roupa para ir a festa do Tyler. Vocês vão? — indaguei, mesmo duvidando muito que eles estão com ânimo para festa.

—No vídeo que ele nos mandou dizia que só a presença do Stark importava de verdade. — Natasha falou sorrindo.

—E só por causa disso vocês vão perder a boca livre? — brinquei, levantando. — Não se preocupem. Sei que vocês não estão com o espírito de festa, até mesmo você Tony, e o Tyler disse que está tudo bem. Eu mesma só vou porque é o Tyler, né. — dei de ombros, começando a caminhar em direção aos quartos.

—Vê se você não queima a outra mão. — falou Sam, fazendo-me sorrir amarelo.

—Pode deixar, Garibaldo. —

Quando me aproximei das escadas, observei que Steve estava parado na escada que dava para o andar debaixo com a mão cobrindo o rosto.

Suspirei, desviando do meu destino principal e descendo as escadas.

—Hey. Steve? — o chamei, tocando seu braço.

Ele afastou a mão do rosto e eu podia jurar que ele estava chorando.

—Está tudo bem? —

—Está, está sim. — ele assentiu.

—Mentindo para mim, bebê? — sorri de lado. — O que foi que você viu nesse celular que te deixou desse jeito? —

—Quando eu acordei depois do gelo, tive que lidar não só com o fato de ter passado mais de 60 anos congelado, mas que todos os meus amigos e conhecidos se foram. — começou, colocando as mãos nos bolsos da calça. — No entanto, eu descobri que alguém ainda estava vivo. —

—Margaret "Peggy" Carter. Uma das fundadoras da SHIELD. — falei, sorrindo. Steve me encarou um pouco surpreso. — A louca por super heróis, lembra? A agente Carter era uma das minhas heroínas quando criança. Era difícil encontrar figuras femininas para se espelhar em um tempo que os heróis eram apenas homens. — revirei os olhos. — Ela me pareceu um bom exemplo a ser seguido. Uma das primeiras mulheres a se alistar no exército e não foi para servir cafezinho, mas para comandar, ainda que não fosse um cargo tão alto assim. Logo depois entrou para o mundo da espionagem e ajudou a fundar uma das maiores organizações de segurança que já tivemos. Ela é uma grande mulher. — sorri.

—Ela era. — Steve me corrigiu com um fraco sorriso. — Peggy faleceu agora a pouco enquanto dormia. — então foi essa notícia que ele recebeu que o deixou tristonho desse jeito.

—Ela se foi sem sentir dor. — falei após um breve suspiro. — Permaneceu forte, como a mulher forte que foi destinada a ser, até no seu último suspiro, acredito. — sorri de lado.

—Sim, ela foi. Depois de perder tantas pessoas e coisas, achei que com o decorrer do tempo fosse ficando mais fácil. — falou baixinho.

—Ah, Picolé — suspirei. — quem foi que te contou essa mentira? — indaguei dando um passo na direção dele e passando meus braços ao redor dele. — Você poderia ter acordado depois do gelo e não ter encontrado nenhum rosto conhecido, mas acabou encontrando. E seja por ironia do destino ou não, esse rosto era o da Peggy. Uma Peggy um pouco mais velha do que a da sua época, mas, ainda sim, era a sua Peggy. Se eu estivesse no seu lugar, ficaria feliz por ter acordado e ainda ter ela. — afaguei suas costas.

—E eu estou. — confessou ainda me abraçando. — Mas ainda é difícil imaginar que amanhã irei acordar e não verei mais a minha Peggy. —

—Não sei se você é do tipo que acredita em vida pós-morte ou em almas gêmeas e reencarnação, mas algo me diz que vocês vão se esbarrar algum dia. — sorri, me afastando dele.

Steve sorriu de lado.

—Obrigado, Melinda. —

—Sabe que se precisar estarei sempre aqui, Capitão. Somos amigos e mais que um time. — dei um soquinho no ombro dele, mas logo soltei um gemido de dor.

Tinha esquecido que essa era a mão queimada

—Se precisar conversar, sobre qualquer coisa, sabe que pode contar comigo, não sabe? —

—Eu sei, isso foi só... um momento de fraqueza. Prometo não fazer outra idiotice como queimar minha mão. — garanti. Ele sorriu. — Eu preciso ir para meu quarto. Tudo bem para você ou quer companhia? —

—Pode ir. —

—Vai ficar bem mesmo? — perguntei só para ter certeza.

—Vou ficar. Vai fazer o que você tem que fazer. —

Assenti, dando um último abraço nele e subindo as escadas.

***

Quando cheguei no meu quarto procurei esquecer o acidente em Lagos, o Secrechato, o Tratado e a possibilidade de um conflito entre os Vingadores.

Pelo Tyler eu iria deixar tudo isso de lado. Apenas essa noite.

Por esse motivo eu tinha colocado minhas músicas para tocar no celular enquanto guardava as coisas da surpresa dele.

Roupas e cobertores sujos para lavar, roupas limpas e novinhas no closet, velas no lixo — queria era distância delas por um bom tempo.

Aproveitei o embalo e arrumei meu quarto. Na verdade, só passei o aspirador de pó e mudei a poltrona e a escrivaninha de lugar.

A preguiça me consumiu, a verdade é essa.

Eu estava em frente ao closet, passando as roupas e procurando alguma para usar essa noite. Na real, estava procurando uma roupa que combinasse com minhas luvas pretas.

Não importa se eu revelei que queimei a mão para os Vingadores, meus pais e os outros não precisavam saber disso. E luvas eram o melhor jeito de esconder a minha mão enfaixada.

—Melinda? — olhei sobre o ombro, vendo Wanda adentrar no meu quarto.

—Hey, Bruxinha. Já que está aqui por que não aproveita e me ajuda a escolher uma roupa que combine com essas luvas, hein? — sorri.

—Acabei de chegar e você já quer me explorar? — ela brincou, aproximando-se.

—Queria lhe explorar de outro jeito. — pisquei para ela, sorrindo com malícia.

—Melinda! — soltei uma risada. Wanda parou ao meu lado. — As luvas são para esconder sua mão? —

—Sim. Tenho também que lembrar de não cumprimentar ninguém com a mão esquerda e na hora de abraçar alguém ir com calma e não do meu jeito afobado. — suspirei. — Não acho que irei conseguir fazer isso. —

—E acho que você não precisa. Basta falar a verdade, dizer como se sentiu. —

—Não, obrigada. Eles não precisam saber. Se souberem sobre isso eles vão acabar criando uma pulga atrás da orelha em relação a minha saúde mental e acharão que eu preciso me consultar com o dr. Palmer. —

—E você não precisa? —

—Você não precisa? — rebati.

—Minha terapia é você, Melinda. — respondeu. — Estar com você me acalma então não preciso de terapia. —

—Por que eu? Eu sou um desastre ambulante. — falei amarga.

—E eu não? — arqueou a sobrancelha. — Nós duas somos. É por isso que sei que você não irá me julgar. — ela deu de ombros.

—Os outros Vingadores também não, bebê. — pisquei, voltando a encarar minhas roupas.

—Você é diferente. — sorri.

—Também te amo, bebê. Agora anda. Me ajuda. —

—Eu iria sugerir um vestido preto, mas acho que com as luvas não iria combinar com uma festa casual entre amigos. — sorri, observando ela passar minhas roupas que estavam penduradas pelos cabides. — Uma calça também não acho legal. Que tal uma saia e uma blusa? Está frio então dá para usar um casaco ou um sobretudo e ninguém irá desconfiar das luvas. —

—O que você separar para mim está bom. —

—Quer dizer que posso dar pitaco em qualquer coisa? — ergui os ombros. — Ótimo. Aquele é o único par de luvas que você tem? —

—Não, né, Wandinha? Eu tenho uma gaveta cheia de luvas, mesmo não sendo muito fã desse item. — apontei para a gaveta. — É aquela ali. —

Wanda foi até ela. Eu me sentei na penteadeira, com as luvas pretas nas mãos. Enquanto esperava a Feiticeira escolher sabe-se lá o que, coloquei as luvas encarando elas já cobrindo minhas mãos.

—Por que você já não vai tomando banho? —

Ergui o olhar para Wanda que segurava o cabide de um vestido preto florido e junto com ele um casaco um pouco comprido também preto. Na outra mão tinha um par de luvas branca que eu tinha quase certeza que eram de lã ou algum material próximo disso.

—Certeza? — arqueei a sobrancelha 

—Você disse que o que eu separar está bom. Vai tomar banho, eu te espero. — saiu de dentro do closet, colocando a roupa que separou sobre a cama.

—Não quer tomar banho comigo? Assim economizamos água. — tirei as luvas, guardando de volta na gaveta.

—Você não vai parar de dar em cima de mim, não é? — quando sai do closet, ela tinha um sorriso nos lábios.

—Eu disse que ia parar de te agarrar, não de flertar com você. — fechei as portas do closet atrás de mim. — Eu saio em 15 minutos, eu acho. —

***

Acabou que a escolha da Wanda surtiu um efeito positivo em mim.

Além do vestido, casaco e luvas, ela tinha pego uma meia-calça preta mais grossa. Nos meus pés, uma bota cano médio preta fechada e salto fino.

Wanda arrumou meus cabelos. Ela puxou algumas mechas e fez um coque com elas, no resto do cabelo solto ela fez cachos.

Wanda também deu pitaco na minha maquiagem que foi algo leve e simples. E então eu estava pronta.

—Certeza que não quer ir? — perguntei uma última vez. — Eu espero você se arrumar. —

—Não precisa, Melinda. Prefiro ficar aqui no Complexo. Diga ao Tyler que eu mandei um abraço. — ela sorriu.

—Nem para ocupar a cabeça? —

—Eu já ocupei minha cabeça com você. Não estava mentindo quando disse que você era minha terapia. — sorri.

—Tudo bem então. Obrigada pela ajuda, bebê. — a abracei. — Vou te trazer um pedaço de bolo. —

—Eu te mataria se não trouxesse. — sorri, dando as costas e caminhando até a cozinha.

Abri a geladeira e peguei a bebida, colocando em uma sacola mais arrumadinha.

Joguei um beijo no ar para Wanda e sai do Complexo, indo em direção ao estacionamento.

Entrei no meu carro, deixei minha bolsa e a sacola com a bebida no banco do passageiro e dei a partida, me afastando do Complexo.

—Ligar para Adam. — falei com os olhar na rua.

—Ligando para Adam Sangue Ruim. — a IA do meu Audi falou prontamente.

Sorri, lembrando de quando chamei meu irmão de Sangue Ruim pela primeira vez e ele ficou uma semana sem falar comigo.

—Oi, maninha. Qual a boa? —

—Onde você está, capeta? —

—Festa do Tyler. Onde mais eu estaria? Aliás, você vem? Ele disse que quando falou com você estava confirmado para você vir, mas depois que Tyler soube do Tratado ele acha que você não vem. —

—Epa, epa, epa. Espera aí. Como vocês sabem do Tratado? — questionei confusa.

—Ué, passou na tv, Melinda. E só o que falam no momento. Bom, isso e do ocorrido em Lagos. — revirei os olhos.

—Aquele palhaço não podia ter nos dado o resto do dia como uma espécie de folga? Tinha que colocar a boca no trambone? — bufei, virando em uma esquina.

—Que palhaço? —

—O Secretário de Estado. Já gostava muito dele por ter feito todo aquele furdunço com o Hulk em 2008. Enfim, eu estou a caminho da casa de Tyler. — 

—Então você vem mesmo com o mundo caindo. —

—É o Tyler. — falei como se isso respondesse tudo. E de fato respondia.

—Tudo bem. Está trazendo uma bebida, não é? Não pode chegar aqui de mãos vazias. — sorri.

—Relaxa, maninho. Estou levando a melhor bebida que você já viu. Quem já está tanto aí? — parei em um semáforo.

—Família Hunters em peso, Charlie e os irmãos dele, a equipe do Coulson, os irmãos do Tyler, tio Harry e a tia Mary. Só falta você e a Amy. —

—Amy já voltou da missão em Singapura? — perguntei surpresa.

—Voltou faz algumas horas, segundo a Daisy contou. Porém, ela decidiu ir no Complexo ver como o Steve estava primeiro. Achei que vocês viriam juntas. —

—Droga. Me desencontrei com ela. — resmunguei. — Tudo bem. Eu a vejo quando ela chegar. Vou desligar. Chego em 15 minutos. —

—Sem atrasos. — brincou, encerrando a chamada.

Eu cheguei em menos de 15 minutos o que era um milagre vindo da minha pessoa. Estacionei meu carro algumas casas da de Tyler já que todas as vagas pareciam estarem preenchidas.

Antes de sair do carro encarei minhas mãos, checando se alguma parte da atadura aparecia.

Sorri, satisfeita e sai, caminhando até a casa de Tyler. Do lado de fora já dava para ouvir alguma música tocando lá dentro e risadas.

Entrei na casa, conseguindo distinguir algumas vozes já do hall de entrada.

Daisy, Dani, Charlie, Nathan e outras.

—Se tiver algum diabético que eles saiam da casa porque o docinho acabou de chegar. — falei abrindo os braços e exibindo um enorme sorriso.

—Melinda e suas entradas. — Charlie falou rindo.

—Eu pretendia chegar voando pelo teto, mas não estava a fim de pagar um teto novo para tia Mary. — o abracei.

Logo depois abracei Nathan e suas irmãs. Um a um foi me abraçando e eu fui me dando conta que fazia um intervalo de meses, no mínimo, que eu não via alguns deles.

Minha família duas semanas. Os irmãos de Tyler faziam meses. O pessoal da SHIELD então nem se fala.

Quando abracei meus pais, me senti abraçada por todo amor e carinho que eles me davam e a vontade de desabar ali mesmo me atingiu em cheio. No entanto, pelo Tyler, eu me manti firme.

Só faltei matar o Pinguim, Daisy e Fitz-Simmons sem ar quando os abracei.

—Bobbi! Voltou para o loiro, bebê? — indaguei, a abraçando.

—Meu momento de disfarce acabou. E você, quando irá mudar a cor desse cabelo? —

—Espero que nunca, mas estou pensando seriamente em adotar o lema "mudar é preciso". — sorri. — E aí, Hunter. — cumprimentei com um aceno com a cabeça.

—E aí, Hunters. — ele ergueu sua cerveja.

—Cadê o aniversariante? —

—O aniversariante eu não sei, mas seu irmão lindo está bem aqui. — virei, sendo surpreendida por um abraço apertado de Adam. — Chegou antes de 15 minutos. Estou orgulhoso. —

—Vá plantar cenouras, Adam. — falei rindo.

—Que bebida você trouxe para nós? — indagou me soltando.

—A melhor de todas. — entreguei a sacola para ele, sorrindo.

Adam a pegou, abrindo-a e retirando a bebida. Ele me encarou sério.

—Suco de caixinha? Está tirando onda com a minha cara, Melinda? —

—Não. Tem duas crianças nessa casa que não bebem e o seu filho não toma refrigerante. — expliquei. — Eu pensei no meu irmão e no meu sobrinho. — dei de ombros, sorrindo com a cara de tacho de Adam.

—Tia Mel! — a voz de Theo soou estridente e feliz vindo da cozinha.

Ao me virar, vi ele entrar na sala correndo. O peguei no colo, segurando um gemido e escondendo a careta de dor ao sentir minha mão queimada doer.

—Oi, meu amor. Que saudades de você. — falei, apertando ele no abraço, tomando cuidado para não me machucar novamente.

—Também senti sua falta. — falou com o rosto ainda afundado no meu pescoço. — A tia Wanda veio? —

—Não. Elas e os outros Vingadores preferiram ficar em casa. Você sabe que eles estão com uns problemas. — o pequeno assentiu, compreendendo.

—Mana! — Will correu para me abraçar. — Achei que ia ter que dizer que estava morrendo para conseguir ver você. — ri, o abraçando.

—Passou tempo demais com o Adam e ficou dramático que nem ele. —

—Só um pouquinho. — ele sorriu. — Você está bem? —

O silêncio se fez presente na casa. Tirando a música eletrônica, todos ficaram calados, me encarando. Acho que todos os presentes se perguntava isso.

—Melhor agora que estou com todos vocês. — sorri.

—E os outros? — perguntou Chris.

—O Capitão deve estar arrasado após a última notícia. — falou Coulson com uma pontada de preocupação.

Eu achava fofa essa admiração dele pelo Capitão América.

—É, ele está. A real é que todos estamos arrasados seja com as primeiras notícias do dia ou as últimas. — suspirei. — Mas nós vamos conseguir dar a volta por cima. Digo, já enfrentamos coisas piores, não? —

—Qualquer pessoa que consegue lidar com fins do mundo pode lidar com um Tratado idiota. — minha mãe falou causando-me um sorriso.

—Agora vamos deixar essa conversa para depois, sim? Onde está o Tyler? —

—No quarto. — respondeu tia Mary. — Ele teve que ir trocar a camisa já que o Adam derramou bebida nele. — completou rindo.

—Foi o Will! — Adam falou rápido.

—Que mentira, pai. — Theo defendeu o tio. — Você tropeçou e sujou o tio Tyler todinho. —

—Ninguém mandou você deixar seu brinquedo no chão. — rebateu.

Alguns de nós rimos.

—Eu vou falar com ele. —

Tia Mary assentiu.

Subi a escada, indo até a porta de Tyler.

—Toc, toc. — falei entrando.

—Hey. — ele sorriu.

Tyler estava terminando de abotoar sua camisa social branca.

—Sabia que era sua voz. —

—Eu trouxe minha contribuição de bebida. Suco de caixinha. — ele riu.

—O de uva? — assenti. — Melhor suco de caixinha. —

Ficamos nos encarando por um tempo.

Eu tinha visto o Tyler hoje de manhã, mas desde a explosão em Lagos eu desejava vê-lo tanto que parecia que não nos víamos a séculos.

—Como está as coisas? —

—Um inferno. — sorri.

—Quer conversar? —

—Não. — balancei a cabeça, sentindo as lágrimas querendo vir a tona. — Não pergunta nada. Eu não quero desabar no dia de hoje. — sussurrei.

—Hey. — ele se aproximou, segurando minhas mãos. — Não importa que dia é hoje. Se você precisar conversar, eu vou conversar com você. —

Pressionei os lábios, dando um passo para frente e o abraçando.

—Está tudo uma droga, Ty. A explosão, o Tratado. Os Vingadores não estão em acordo com ele e por mais que eu tenha presenciado momentos em que eles se desentenderam sobre diferentes pontos, acho que dessa vez é mais complicado. A coisa está realmente feia. — falei, sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto.

—Pode falar. Estou aqui com você. — Tyler afagou minhas costas. — Sempre estarei. —

—Eu não sei o que fazer. — confessei, afastando-me dele. — Não sei se eu devo ou não assinar. —

—Vem, vamos sentar. — ele segurou minha mão, levando-me até sua cama.

Sentamos, Tyler segurando minha mão, afagando ela e eu encarando nossas mãos juntas.

—Antes de tudo eu preciso perguntar. — falou, atraindo minha atenção. — O que você fez? — franzi as sobrancelhas. — As luvas, Melinda. Você não gosta de usar elas. Só as usa quando está frio e não está tão frio assim. E estou sentindo uma elevação diferente dentro dela. — fechei os olhos, respirando fundo. — O que você fez, amor? —

Puxei minha mão, fazendo-o soltar ela. Retirei a luva da mão esquerda, revelando minha mão enfaixada.

—Melinda... — o interrompi.

—Eu me queimei. — falei, olhando nos olhos de Tyler. — Eu estava com a total certeza de que consegueria absorver a energia da explosão em Lagos e estava convicta a mostrar para mim mesma isso. — expliquei, baixando o olhar para minha mão. — Acredito que isso mostra o quão errada eu estava. —

—Você estava querendo mostrar que podia ter salvado aquelas pessoas. — falou segurando minha mão com cuidado. — Mesmo machucando a si mesma, você, Melinda, tentou provar que poderia salvar todas aqueles civis que morreram naquela explosão. É isso que te torna tão especial e diferente dos vilões você enfrenta todos os dias. —

—Como se já não bastasse a culpa corroendo tanto eu como a Wanda, o Secrechato do Estado chega para apresentar o Tratado de Sokovia. — retomei. — Ele poderia ter simplesmente chegado e dito: "olha, o Governo quer colocar coleiras nos Vingadores e controlar vocês". Mas não. O desgraçado preparou um vídeo com todas as batalhas dos Vingadores e os destroços que foram deixados para trás. Isso atingiu todos em cheio e eu não aguentei e bati boca com ele. E o que ele fez? Me ignorou e continuou a reunião como se nada tivesse acontecido. Eu odeio aquele cara. — grunhi.

—Você odeia o Ross desde aquele episódio do Hulk. —

—Exato. — concordei.

—O que é o Tratado exatamente? Digo, talvez não tenham contado tudo no jornal. —

—Basicamente, 117 países apóiam a ideia de que nós não devemos mais ser um organização privada. — expliquei. — Um painel da ONU irá nos supervisionar e controlar nossas missões de certo modo, escolher para onde podemos ou não podemos ir. —

—E quem não aceitar? — suspirei.

—Sai de cena, como o Sr. Bigode Ridículo disse. — revirei os olhos.

—E o que você acha disso tudo? —

—Uma palhaçada, é claro! — falei rápido. — Não gostei do modo que o Tratado foi imposto para nós e muito menos como o Secrechato falou conosco. Digo, nossas opções são basicamente virar capacho do Governo ou virar criminosos. Que raios de opções são essas? —

—Alguém já tomou partido? —

—Tony, Rhodes, Visão e Nat acham que o Tratado é a melhor escolha. Steve e Sam acham que isso nos tira a opção de escolha. Wanda ainda está um pouco confusa com tudo e eu... — olhei para baixo. — Bom, eu estou em dúvida. Talvez nós precisemos de supervisão ou talvez não, mas será que essa supervisão tem que vir do Governo? —

—Você tem medo de que aconteça que nem aconteceu quando a SHIELD entrou em colapso. — falou atraindo minha atenção novamente para seus olhos. — Que haja pessoas no Governo realmente más que em vez de tentar ajudar só que pegar as pessoas com certo potencial para usar em benefício próprio. —

—Você sabe que eu sempre tive medo dos meus poderes. De certa forma ainda tenho um pouco levando em conta que todo dia surge uma habilidade nova, aparentemente. — admiti, brincando com a luva. — Quando eu cresci mais um pouco e pensei nos dias em que passei no hospital com aquele enfermeiro colhendo amostras do meu sangue para fazer sabe-se lá o que, imaginei o que ele queria com aquilo. Digo, ele queria usar meu sangue, meu DNA aprimorado para fazer outros com poderes similares? Desenvolver algum tipo de droga para tentar me controlar e trabalhar para ele ou alguma organização do mal? Após a explosão em Washington, tive a total certeza de que jamais desejaria machucar alguém bom novamente e é por isso que tenho tanto medo de que alguém consiga me controlar e me usar como arma para machucar as pessoas. —

Ergui o olhar novamente, encarando Tyler nos olhos. Ele, aparentemente, não tinha desviado o olhar uma única vez sequer.

Senti ele diminuir um pouco a distância entre nós. Suas mãos seguraram meu rosto com firmeza enquanto ele falava sem desviar o olhar do meu:

—Não acho que alguém pudesse controlar você e forçá-la contra sua vontade. Você é Melinda Hunters, a Valente. A mulher que aprendeu a se defender sozinha e que sabe se sair bem com qualquer tipo de arma, palavras da Viúva Negra. Idiota é a pessoa que tentar te enfrentar. — sorriu. — Acredito que você saberá fazer a escolha certa. Não vá pela cabeça dos outros, Melinda, você é totalmente capaz de pensar por si só. Se assinar o Tratado vai contra seus princípios, não assine. Se não vai, então assine. Você decide. E saiba que o você decidir, estarei aqui, do seu lado, te apoiando como sempre apoiei. —

Sorri, segurando seu rosto e beijando seus lábios.

—Eu amo você. — sussurrei.

—Eu amo a Valente, mas amo muito mais a Melinda. — ele sorriu. — Está melhor? —

—Um pouco, talvez muito. — respondi.

—Da próxima vez que você queimar a mão ou algo do tipo, vê se me conta. Não importa se é meu aniversário ou não. — falou sério.

—Fechado. — Tyler sorriu.

Ele pegou a luva e colocou na minha mão cuidadosamente. Logo após depositou um beijo no dorso.

—Vamos descer. Estou doido por um suco de caixinha. —

***

A festa de Tyler estava animada, mas dava para perceber que a maioria, se não todos, estavam preocupados com as consequências que o Tratado poderia trazer.

No entanto, pelo Tyler, ninguém falou mais nada sobre os acontecimentos de dia de hoje. Hoje era o aniversário de Tyler e só.

Coloquei o papo em dia com o Pinguim e sua equipe, pude ouvir Nicole suspirar pela Maddie e Nathan reclamar que não aguentava mais a fase apaixonada da irmã, Will reclamou da escola comigo e Theo comentou que estava animado para ir para creche.

Adam ganhou uma promoção na empresa em que trabalha e irá começar na próxima semana, ri com a Dani dando em cima do Mack e ele todo por fora sem saber como dizer de uma forma gentil que não estava interessado.

Meus pais disseram que sentiam falta dos programas em família e prometi que hoje dormiria na casa deles para que pudéssemos aproveitar o máximo do dia de amanhã. Como era final de semana, nem eles e nem Adam e Chris trabalhavam então estava tudo certo.

Quando Amy chegou, a festa animou mais ainda. Todos estavam felizes por a verem depois de tanto tempo. Ao me abraçar, percebi que ela não estava bem, mas como não falou nada preferi deixar para perguntar sobre o que a afligia outra hora.

A festa teve diferentes tópicos de conversa e agora estávamos na minha viagem com o Tyler para Paris.

—Melinda, meu aniversário é daqui a alguns meses e sempre quis conhecer Veneza. Você me leva? — indagou Nathan causando algumas risadas.

—Queria ser o Tyler para ter uma amiga que nem a Melinda que me dá uma viagem até Paris como presente de aniversário. — comentou Daisy.

—Mas você tem a mim. Tem Melinda para todo mundo. — abri os braços, causando mais risadas neles.

—Paris ou Brasil, Tyler? — Hunter indagou, fazendo-me encarar o aniversariante.

—A Melinda. — respondeu.

Algumas pessoas riram, outras soltaram um "ah" demorado enquanto os irmãos de Tyler apenas reviraram os olhos.

—Casem logo. — Dani resmungou.

—Eu até tento casar com ela, mas a Melinda sempre me rejeita. —

—Eu ainda não dormi com a Nat, ok? Quando eu dormir com ela você me pede em casamento de novo. — respondi.

—Ainda na luta? —

—Claro. Quem é o louco que desiste de Natasha Romanoff? — questionei com as mãos na cintura.

—Realmente, só um louco mesmo. — encarei Nathan com os olhos semicerrados.

—Tira o olho, rapaz. — dei um soco de leve no ombro dele que riu.

A conversa tomou outro rumo que não me chamou muita atenção. O que atriu minha atenção mesmo foi a Amy sair da sala e ir até a cozinha, o semblante triste.

Daisy a seguiu.

Suspirei, atravessando a sala e indo na direção delas.

—Eu estou bem, Daisy. Sério mesmo. — Amy deu um sorriso amarelo.

—Ah, mas não está mesmo. — falei me aproximando. — O que aconteceu, bebê? —

—Qual é, meninas. Está tudo bem. Eu só... —

—Amélia Rivera, se você disser novamente que está tudo bem sendo que tanto eu como a Daisy estamos vendo pelo seu rosto que seu mundo está desabando, eu juro que te bato. — disse séria.

—Eu... eu não quero estragar a festa, Lindinha. Tyler não merece que a festa dele fique com um clima chato só porque estou com problemas. —

—Posso não merecer, mas você também não merece guardar tudo para si só porque não quer estragar minha festa. — Tyler falou atrás de mim. — Eu juro que não estava ouvindo atrás da porta, vim apenas buscar mais bebida. — ergueu as mãos, explicando-se.

—Tudo bem. A casa é sua. — ela sorriu de lado.

—E é por esse motivo que eu digo, vão para meu quarto e conversem lá. Prometo que ninguém irá importunar vocês. — Ty sorriu, solidário.

—Não precisa. Eu estou... —

—Precisamos, sim. Muito obrigada, Tyler. — Daisy segurou o braço de Amy e saiu da cozinha, subindo a escada.

—Devia acompanhá-las. Não acho que elas saibam onde fica meu quarto. E você conhece ele melhor que ninguém. — sorriu com malícia.

—É, talvez eu apareça de madrugada para conhecer ele melhor ainda. — passei por ele, deixando um beijo no canto da boca dele e subindo a escada.

—Qual é o quarto do Tyler? — Daisy perguntou assim que subi a escada.

—Primeira porta a direita. — respondi caminhando até a dita cuja e a abrindo, dando passagem para elas passarem.

Fechei a porta, virando-me na direção da Amy com os braços cruzados.

—Vamos, Amélia, conte-nos tudo e não nos esconda nada. —

Amy estava sentada na cama do Tyler, a cabeça baixa encarando as mãos sobre o colo.

Uma vez ela me contou que desde criança tinha um sério problema de mexer sempre as mãos freneticamente quando estava aflita, mas como uma boa agente ela aprendeu a disfarçar esse gesto para não a comprometer nas missões.

Como hoje e especialmente agora a agente Rivera não estava trabalhando, ela não se deu ao trabalho de disfarçar sua mania.

—É o Steve. — falou após um suspiro. — Nós estamos... distantes. —

—Você estava em missão na Singapura. Acho que distância era algo que ambos tinham que manter por um tempo, não? — indaguei.

—Se fosse apenas por causa da missão eu não ficaria tão aflita, Lindinha. —

—Está acontecendo desde antes da missão então? — Daisy questionou.

Ela estava em pé a alguns metros de mim e com as mãos nos bolsos da jaqueta.

—Sim. — Amy finalmente ergueu os olhos, nos encarando. — A real é que isso era para estar me apavorando e tudo mais, só que eu não estou apavorada. Digo, estou sim preocupada como que meu relacionamento com o Steve pode vir a ficar, mas quando eu imagino uma conversa com ele e, sei lá, a alternativa fim do namoro no meio, eu não fico triste. A ideia do término, na minha cabeça, não me parece ruim desde que nós dois ainda sejamos amigos. —

—E como o Steve está em relação a isso? —

—Achei que você pudesse me ajudar, Melinda. — me encarou. — Eu fiquei um mês fora em missão e não falei com ele durante todo esse tempo. Você mora com ele. Notou se tinha alguma coisa de diferente no jeito dele? —

—Devia ter me mandado uma mensagem para vigiar seu namorado, Amy. Eu teria dado minha total atenção ao Capicolé durante todo esse tempo. — murmurei cruzando os braços.

—Até parece, Melinda. Como se você, justamente você, precisasse que alguém te mandasse ficar de olho em uma pessoa para notar se tinha algo de errado com ela. — Daisy sorriu.

—Tem todarazão, como sempre. — pisquei para ela, voltando meu olhar para Amy logo em seguida. — Bom, bebê, foi meio difícil notar que o Capitão Gostosão estava com caraminholas na cabeça. Nos últimos meses ele estava trabalhando na procura de pistas pelo Ossos Cruzados e toda vez que eu perguntava se ele estava bem Steve respondia que sim e que só estava frustrado por não ter pistas sobre a missão. O que eu não o julgava, porque estava realmente complicado ter alguma pista do paradeiro daquele embuste e... eu estou desviando do foco, não é? —

—Está sim. — foi Daisy quem respondeu.

—Ok. — suspirei indo até Amy e sentando ao lado dela. — O que eu posso dizer, Rivera, é que se o Steve está bolado com alguma coisa ele não demonstrou, certo? Ele não comentou nada de diferente sobre vocês durante esses dias e na conversa que tivemos mais cedo também não. —

—Que conversa? —

—Ah, sobre a Peggy. Estávamos todos discutindo sobre o... sobre a chacota do Tratado. Como se não bastasse os acontecimentos das últimas horas, o Secrechato, o Tratado... Steve recebeu a notícia por mensagem e ficou meio abalado. — pressionei os lábios. — Ok, ficou muito abalado. —

—Eu sei. Passei lá no Complexo antes de vir para cá e conversamos um pouco. —

—Me tira uma dúvida? Como é conversar com ele sobre ela? — Daisy questionou, sentando do outro lado de Amélia.

—Ah, é normal, de certa forma. — ela deu de ombros. — Steve nunca gostou de falar muito sobre a outra parte da vida dele, falar do passado para ele é complicado e eu sempre respeitei isso. No entanto, sempre que ele citava uma coisa ou outra, eu ouvia com atenção e curiosidade. Falar da Peggy já era bem difícil para ele, no dia de hoje então... — ela encarou novamente suas mãos. — Nossa conversa foi mais como amigos do que namorados. —

—Acho que o problema é mais simples do que pensávamos então. — Daisy encarou Amy nos olhos. — Como nossa grande amiga Melinda Hunters costuma dizer, acho que você e o Capitão Rogers, colocaram a carroça na frente dos bois. — dei um sorriso pequeno por ela ter usado a expressão. — Vocês dois, ao que parece, foram com muita sede ao pote. Vocês começaram ficando, acharam que poderia dar em alguma coisa mais séria e tentaram um namoro. Um ano depois e você, ou pelo menos você, está vendo que tem algo de errado. Até que durou um bom tempo. —

—Também com o Steve de um lado e a Amy do outro se esse relacionamento não durasse um bom tempo eu desistiria da vida. — falei, fazendo-as rir.

—O que eu devo fazer? Magoar o Steve nunca esteve nos meus planos, mas continuar um namoro desse jeito também não está. — bufou.

—Conversa com ele, ora bolas. — falei como se fosse óbvio. — Fala sobre como as coisas estão, como você está se sentindo em relação a essa distância entre vocês. Coloque as cartas na mesa e ouça o lado do Capitão também. Talvez ele esteja se sentindo da mesma forma, mas cavalheiro e meio lerdinho com as mulheres do jeito que ele é, Steve pode apenas não ter comentado nada ainda com medo de ferir seus sentimentos. — expliquei dando de ombros. —Conversar com ele realmente é a melhor opção agora. — Daisy concordou.

—Tudo bem. Eu vou chamar ele para sentar e colocar os pingos nos is. — sorriu um pouco mais aliviada.

—É, só não chama ele para conversar agora, ok? — pedi, pensando em como a cabecinha do Steve estaria no momento. — O Tratado, a morte da Peggy. Não vamos deixar o Picolé biruta. —

—Eu jamais faria isso. — Amy prometeu. — Muito obrigada, meninas. Não sei o que seria da minha vida sem vocês. —

—Um tédio. —

—Com toda certeza. — concordei com a agente Johnson.

Amélia riu.

—Então, Melinda, por acaso tem algo que você não tenha contado lá embaixo sobre a sua viagem com o agente Pierce? —

—Ah, sim. Algo que, sei lá, fosse impróprio para as duas criaturinhas fofas que são seu irmão e sobrinho? — Daisy entrou na onda.

Soltei uma risada lembrando de Paris.

—Fomos no Sexodrome. — falei simplesmente.

—Espera. O que? — ambas falaram juntas.

Soltei outra risada antes de começar a contar sobre aquela parte da surpresa.

***

A festa ainda continuava, mas com menos pessoas do quequando começou.

Na verdade, só quem tinha ido embora eram meus pais, Will, Adam, Chris, Theo e o tio Harry. As crianças já estavam com sono, mesmo com o Will não admitindo.

Tia Mary subiu para seu quarto e todos nós teríamos ido embora se ela tivesse permitido. No entanto, ela apenas sorriu e disse que podíamos continuar com a festa.

E nós continuamos conversando, rindo, bebendo e nos divertindo.

Eu realmente estava melhor aqui do que no Complexo remoendo sobre a missão em Lagos ou o Tratado.

—Uma competição. É isso que vamos fazer. — Dani falou rindo logo em seguida.

Ela já estava bêbada, assim como Hunter e, talvez, a Amy. Os outros variavam de poucos bêbados para nenhum pouco bêbados.

Coulson e Fitz-Simmons mal tinham passado de três garrafas de cerveja durante toda a festa.

—Competição de que? — Nathan indagou.

—Quem bebe mais rápido! — respondeu empolgada. — Estou propondo isso só porque sei que eu vou ganhar. —

—Dani, eu acho que se você beber mais um copo, demaia. — Bobbi falou rindo.

—Tentando me tirar da competição, agente Morse? — ela arqueou a sobrancelha.

—Eu jamais faria isso. Até porque duvido muito você conseguir passar da primeira rodada. — Bobbi cruzou os braços, um sorriso desafiador nos lábios.

—Espera. Vai ser dividido por rodadas? —

—Se fosse uma única rodada qual seria a graça? — indagou Daisy. — Podemos começar com dois shots. A cada rodada, aumentamos mais um shot. —

—Mesmo que seja por rodadas ou não, por que estamos falando como se todos fossem participar? — falou Jemma.

—Porque nós vamos. — Amy respondeu sorrindo. — Tyler, aqui tem vodca, não é? —

—Claro. O Hunter fez questão de trazer como presente. — o aniversariante sorriu.

—Devia ter dado caipirinha. Soube que o Tyler tem um carinho especial por essa bebida. — Nicole sorriu travessa.

Todos riram lembrando da minha narrativa contando o episódio do Tyler bêbado naquele bar no Rio.

—Você também não teria aguentado, acredite, maninha. — ele levantou indo até a cozinha. — Vou pegar a bebida. Vai valer o que? —

—Uh! Vai estar valendo alguma coisa? — questionei, me interessando mais ainda pela tal competição.

—Ah, não. Você não vale, Melinda. — Nathan protestou. — Tyler me contou que você sempre vencia uma competição de quem bebia mais cerveja no bar que vocês frequentavam. —

—Não tenho culpa se eu sou uma ótima cu de cana. — dei de ombro. Diante da expressão confusas deles, revirei os olhos, explicando: — Cu de cana. Uma pessoa que bebe demais. —

—Eu acho que pessoas com poderes não deviam participar. Daisy e Melinda, é melhor vocês só assistirem. — encarei Hunter com os olhos semicerrados.

—Está com medo de perder, Hunter? —

—Quando o assunto é bebida eu nunca perco, gatinha. — sorriu.

—Ótimo, porque eu também não. — pisquei para ele. — Então, o que vamos apostar? — sorri.

—Que tal dinheiro? — sugeriu Amy.

—Querendo ganhar dinheiro as custas da nossa bebedeira, Rivera? — Amélia riu da pergunta de Daisy, assentindo logo em seguida.

—Por mim tudo bem. Tudo que vocês tiverem na carteira. —

Nicole falou subindo a escada e voltando logo depois com duas notas, uma de US$ 50 e outra de US$ 20.

—Você só tem 70 dólares na sua carteira? —

—Claro que não, mas diferente de vocês eu moro em Massachusetts e ainda tenho um final de semana para passar em New York. Setenta pratas está de bom tamanho. — explicou jogando as notas sobre a mesinha de centro. — Sou capitalista, meu amigo, preciso de mimos. —

—Tudo bem. — Amy concordou, pegando seu dinheiro na bolsa e jogando na mesa. — Cem dólares. E lá se vai meu dinheiro do táxi. —

—Eu te levo para casa, bebê. Sem problemas. — falei, abrindo minha bolsa. — E livre de qualquer blitz. — pisquei para ela, pegando todo dinheiro que tinha na minha carteira. — Cento e ciquenta. — joguei o dinheiro na mesinha.

Aos poucos, cada um foi colocando seu dinheiro sobre a mesinha de centro. No final, restou apenas Coulson, Jemma, Leopold e Mack.

—Vamos. Só faltam vocês. — Dani os encarou.

—Prefiro apenas observar. — Coulson sorriu, as mãos cruzadas em frente ao corpo. — Alguém terá que dirigir para levá-los para casa. —

—Admita, Pinguim, você só não quer que saibamos como é você bêbado. — falei vendo seu sorriso aumentar.

—E espero que continuem sem saber. Serei o fiscal. Fitz-Simmons podem me ajudar já que não querem participar também. —

—Ah, mas por quê? Vocês sabem estragar uma festa, hein. — Amy resmungou.

—Não reclame, Amy. Se você entrar em coma alcoólico pelo menos estarei sóbria o suficiente para lhe socorrer. — Jemma brincou.

—E você, grandão? Ficará de fora? — Daisy perguntou a Mack.

—Não sei não, Tremor. Ficar de ressaca em pleno sábado não está nos meus planos. — respondeu.

—Em outras palavras, o Mack pode ser grande, mas não resiste a alguns copinhos de vodka. — brinquei com um sorriso.

—Acredite, ao não participar estou dando a vocês o direito de vencer. — arqueei a sobrancelha.

—Ah, então está dizendo que vai ganhar? É bom não cantar vitória antes do tempo, Mack. — sorri, cruzando os braços. — Até porque essa grana aí vai ser minha. Com Nathan lembrou, eu era e ainda sou a vencedora da competição de quem bebia mais cerveja no bar que frequentava. Ninguém bateu meu recorde até hoje. —

—Você tem poderes, Melinda. Então seu recorde não vale, as pessoas consideram isso trapaça. — Nicole falou.

—Não dá para trapacear nisso. — falei.

—Dá para trapacear em qualquer coisa, Melinda. — Bobbi rebateu.

—Ok, vamos logo com isso. — Tyler murmurou começando a encher os copos. — Eu não tenho copos de shots suficiente para todo mundo, então vai ser copo normal, do mesmo tamanho e com a mesma quantidade de vodka. Para não dizerem que teve trapaça. — ele me encarou rapaidamente.

—Au. Essa eu senti. — coloquei a mão no peito, fingindo-me ofendida.

—Eu não ia participar, mas depois dessa da Melinda agora eu quero que ela perca só para vê-la sem esse ar de superior junto com seus 150 dólares. — Mack falou retirando seu dinheiro da carteira. — US$ 130. — ele jogou as notas sobre a mesa.

—Ah, pobre Mack. Quem irá perder toda essa pompa é você. Esses 950 dólares são meus. — sorri com desdém, meus braços cruzados.

—Veremos. —

—Coulson e Fitz-Simmons serão os fiscais. Eles estarão vendo quem bebeu tudo primeiro e os que demoraram demais para beber. — Bobbi explicou. — A primeira rodada é só um shot, a segunda dois shots e assim por diante até que restem apenas dois. É uma eliminação por rodada ou não? —

—Duas eliminações por rodada. Eu realmente não quero ter que socorrer ninguém vítima de coma alcoólico. — Jemma falou.

Concordamos.

—Cada um pega um copo e que a Força esteja com vocês. — Fitz desejou com um sorriso.

E então Coulson deu a largada.

***

—A etapa final envolve três bebidas diferentes: a vodka, o conhaque e a tequila, que eu quero muito saber se vocês vão virar com tanta facilidade como viraram a vodka. No meio dessas bebidas vocês podem tomar uma bebida doce que é o licor de morango que a Nicole preparou. —

Jemma dava as instruções de como seria decidido o vencedor como se essa brincadeira entre amigos fosse realmente uma dessas competição que aparecem na TV.

Posso dizer que isso rendeu algumas cenas muito engraçadas como Dani ficando mais bêbada do que já estava, assim como a Amy. Hunter, depois que perdeu na penúltima rodada com a Daisy, conseguiu cair da poltrona em que ele estava sentado e olha que ele estava parado, sem fazer nada.

Mack e eu estávamos na final, nos encarando com o semblante sério enquanto ouvíamos as palavras de Simmons com atenção.

Ele não estava brincando quando disse que queria me ver perdendo toda essa pompa de sabichona. E olha, se eu não estivesse com a remota possibilidade de perder essa competição, ficaria impressionada com a velocidade e destreza que Mack tinha ao virar um copo com vodka - e detalhe: depois de mais de 10 shots virados ele ainda estava relativamente sóbrio.

Um pouco zonzo, é verdade, mas, ainda sim, lúcido o suficiente para me vencer caso eu vacile.

—Serão cinco shots de vodka, quatro de conhaque e três de tequila. E o bônus que é um licor de morango que pode ser tomado na hora que vocês bem entenderem. —

Jemma voltou a falar, colocando os copinhos de shot sobre a mesinha de centro com a ajuda de Nicole. No meio estavam as notas de dinheiro da aposta.

—Quem terminar primeiro de beber tudo, até a última gota, vence e sai 950 dólares mais rico. Alguma dúvida? — nos encarou. Ficamos calado. — Se preparem. Coulson, quando quiser. —

—Esse dinheiro vai ser meu e eu vou fazer questão de lembrar todos os dias que você perdeu para uma garota de 19 anos e de 1,60cm. — sorri com desdém.

—Você tem poderes, então não irei sair tão humilhado caso eu perca. — arqueei a sobrancelha. — Mas saiba que eu não vou perder, Valente. — ele falou o nome Valente com ironia.

—Será que dá tempo de preparar uma pipoca? — Bobbi brincou.

—Eu posso preparar a pipoca para você, amor. — Hunter falou sério, sua voz saindo arrastada.

—Preparem-se. Isso realmente está redendo um bom divertimento, então, Melinda, sem trapaças. —

—Assim você me ofende, Pinguim. — murmurei, o encarando. Coulson sorriu.

—Não acho que isso vá valer de alguma coisa para vocês já que ambos tem esse espírito competitivo, mas saibam que isso é apenas uma competição saudável entre amigos. E é por esse motivo que eu acho que vocês já deviam estar bebendo suas bebidas. —

Automaticamente Mack e eu começamos a virar os líquidos dos copos goelas abaixo. As pessoas as nossas voltas ficavam falando "vai, vai, vai" repetidamente sempre que mais um copo era virado.

Notando que Mack estava no mesmo ritmo que eu, decidi virar dois copos de uma só vez quando cheguei no conhaque. Ele franziu as sobrancelhas e por um momento achei que ele pararia de beber para dizer que eu estava trapaceando.

Isso não aconteceu.

Pelo contrário, Mack começou a fazer o mesmo que eu e estava quase me alcançando novamente quando eu cheguei na tequila.

Ok, eu tinha poderes e um fator de cura avançado que impedia que eu ficasse machucada pelo mesmo tempo que as demais pessoas assim como também me impedia de ficar bêbada e sentir os sintomas da ressaca.

No entanto, meus poderes não evitavam que eu sentisse o ardor da tequila quando a mesma entrou em contato com a minha boca. Senti minha garganta queimar e vi que o mesmo tinha acontecido com o Mack que deu uma leve tossida.

Como eu tinha virado dois copos de tequila uma única vez restavam apenas mais um shot e então o licor. E sem pensar duas vezes, eu simplesmente misturei a tequila no copo do licor e bebi tudo de uma só vez.

Coloquei o copo com um pouco de força sobre a mesinha, o pessoal gritou animado, Mack tinha virado o licor dois segundos depois de mim.

—Chupa essa manga, Mack! — gritei animada enquanto o pessoal ria e batia palmas. — Você acabou de perder sua dignidade e 950 pratas. Obrigada, de nada. Sei que sou incrível. —

—Você misturou a tequila e o licor. Esperto da sua parte. — falou estendendo a mão. Arqueei a sobrancelha. — Eu não acho que foi trapaça. Ninguém falou sobre misturar as bebidas. Eu sei aceitar uma derrota, relaxa. — sorriu.

—Para com essa pinta de bom moço, ok? Não me faça gostar mais ainda de você. — falei sorrindo e apertando a mão dele.

Tive que morder a parte interna da minha bochecha para evitar que um grito de dor escapasse dos meus lábios quando Mack apertou minha mão — a minha mão queimada — com firmeza.

—Mais alguém quer beber ou já chega? — Tyler indagou me encarando rapidamente. Talvez tenha captado o que tinha acabado de acontecer com a minha mãozinha.

Mack soltou minha mão.

—Eu quero! — Hunter levantou a mão.

—Não. Já chega. — Bobbi cortou o barato dele. — Você já bebeu demais. —

—Só mais um pouquinho, amor. — murmurou fazendo bico. A agente Morse permaneceu firme.

—Acho que nós devemos ir. Pelo estado da srta. Turner acredito que já passamos do horário. — Coulson falou olhando na direção de Dani.

Todos acompanhamos seu olhar, dando de cara com ela dormindo com a cabeça apioada no ombro de Nathan. Nem o próprio Nathan tinha se ligado que a irmã dormia.

—Vou levar ela para o quarto. — falou, pegando Dani no colo e subindo a escada.

—Então quem vai com quem? — Bobbi questionou. — Não estou em condições de dirigir. —

—Cabem quatro no meu Audi. Um lugar já é da Amy. — vi a agente bater continência, rindo logo em seguida. — Se você vomitar no meu bebê eu te mato. —

—Viemos em dois carros, Melinda. Coulson pode ir dirigindo um e eu outro. Se quiser podemos levar a Amy, temos vagas sobrando. —

Jemma ofereceu com um sorriso.

—Obrigada, Jem, mas eu prometi para Rivera que ia deixá-la em casa. — Simmons assentiu.

—Bom, acho que estamos resolvidos então. Daisy e Mack vem comigo e os outros podem ir com a Jemma? — eles assentiram.

Saímos da casa de Tyler, todos aqueles agentes parados na frente, um encarando o outro.

Um por um foram nos abraçando e dizendo o quanto se divertiram durante a noite. No final, restou apenas eu, Tyler, Nicole e Amy.

Amélia jogou os braços ao redor do pescoço de Nicole, dando aqueles abraços de bêbados.

—Você é um amor, Nicole. Tyler tem muita sorte de ter você como irmã. — sua voz saiu arrastada.

—Muito obrigada, Amy. — ela falou rindo. — Agora eu recomendo que você entre no carro com a Melinda e quando chegar em casa tome um banho gelado e durma. —

—Eu vou. — murmurou ainda abraçada a Nicole. Então soltou-se do abraço abruptamente. — Droga! Não me despedi da minha amiga Dani e do irmão dela! —

Amélia fez menção de entrar na casa novamente, mas eu segurei seu braço.

—Hey, bebê. Acho que eles não vão se importar se você for para casa sem se despedir deles. — falei, passando meu braço pelo dela. — Dani principalmente que, como você, abusou um pouco da bebida que desmaiou. —

—Eu queria esquecer os episódios de mais cedo. — ela respondeu rindo.

—Eu sei. Se eu pudesse ficar bêbada teria feito a mesma coisa. — disse, começando a caminhar com ela até o carro.

—Por que nós somos duas fodidas na vida, Melinda? —

—Porque somos maravilhosas demais e não podemos viver só a base do sucesso. O universo teve que equilibrar as coisas. — abri a porta do passageiro.

Amélia sorriu antes de entrar no carro. Prendi seu cinto de segurança e fechei a porta, dando a volta no carro.

—Eu volto assim que colocar ela na cama, ok? — encarei Tyler.

—Vai dormir aqui? —

—Estarei incomodando? —

—Nunca. — ele sorriu. — Estarei esperando. —

—Acordado, se não for pedir muito. — pisquei para ele, entrando no carro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, bebês! Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem!
O Tratado de Sokovia chegou e podem começar a fazer suas apostas. Melinda será team Cap ou mudará de ideia e será team IronMan?
O santo dela não bateu com o do Secretário Ross e isso não é novidade.
Melinda tentou beber para esquecer, mas seu fator de cura avançado não deixou.
Amy e Steve não serão mais um casal, decidi isso após ver aquela palhaçada que fizeram com o Capitão no final de Ultimato e resolvi deixar a Amy ser feliz sozinha.
É isso, galera, mais capítulos vêm por aí. Bon revoar!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Civil War" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.