Forbidden escrita por Marimachan


Capítulo 2
Capítulo 2 -Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Yo!! Como vão, meu povo? Sei que demorei, mas aqui está o segundo capítulo de Forbidden, fresquinho pra vocês! Aqui entenderemos mais o que anda acontecendo e porque Soo-won chamou Yona. :)
Muito obrigada a todos os favoritos e comentários! Eles me deixaram feliz demais da conta. ♥ Espero que eu continue agradando e não decepcione! ^^
E agora, sem mais enrolação: boa leitura! ;)

Ps: Não revisei direito (farei isso assim que possível), mas qualquer erro, podem me dizer! ^^



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Ao adentrar o amplo salão, os visitantes já puderam enxergar os cinco generais, mais Mundok e Soo-won sentados à mesa redonda; Kye-sook permanecia de pé, próximo à cadeira de seu superior. Embora Mundok não fosse há muito tempo um dos generais, o jovem Rei insistira para que ele estivesse presente, pois considerava a sabedoria do Ancião da Tribo do Vento de exímia importância para a discussão dos acontecimentos atuais.

Assim que Yona e seus companheiros despontaram na porta aberta por Mie-soon, todos os olhares presentes viraram-se naquela direção, o que fez com que o grande grupo ficasse um pouco desconfortável por ser o foco de atenção momentâneo. Ainda assim, os sete adentraram o recinto juntos, determinados a ignorarem os olhares fixos sobre eles.

― Que bom que chegaram, ― Sorriu levemente Soo-won. ― estávamos apenas os esperando para darmos início à reunião.

― Desculpem-nos o pequeno atraso ― fora Yoon quem pedira, vendo que Yona estava concentrada demais na cerâmica do chão para responder qualquer coisa, e Hak concentrado demais nela. Talvez ver Soo-won tratando-os tão cortesmente tenha pegado-os desprevenidos.

― Não faz muito tempo que chegamos todos ― respondeu Joon-Gi ao seu modo calmo.

― Acomodem-se, por favor ― pediu Mie-soon, agora indicando as cadeiras vazias que foram acrescentadas à mesa.

Apenas Yona, porém, sentou-se, ao que Jae-ha puxou a cadeira para tal. Todos os outros acompanharam Hak, pondo-se por de trás da princesa, deixando claro para qualquer um que quisesse ver que quaisquer coisas que tentassem contra a garota estariam arranjando uma grande encrenca.

O recado não precisava ser dado a grande maioria da sala, contudo.

Geun-tae recostava-se em seu assento, despreocupado, mexendo no papel sobre a madeira; Joon-gi permanecia em seu estado de espírito absolutamente zen, esperando que a reunião se iniciasse; Kyo-ga se mantinha com sua postura absolutamente nobre, com o olhar fixo à sua frente; Joo-doh olhava para qualquer lado do cômodo, mal-humorado, fazendo todo o possível para que seu olhar não encontrasse os visitantes; Mundok fechava seus olhos, tranquilo, também esperando o início do evento, e Tae-woo tentava qualquer contato silencioso com Hak, tentando chamar a atenção do irmão mais velho; e Soo-won permanecia com seu ar gentil, observando brevemente, com curiosidade, os dragões. O único que parecia não ter se agradado com o aviso silencioso fora o conselheiro.

Kye-sook encarava o grupo diversificado ainda com desaprovação, e não tentava esconder de si mesmo que sua vontade naquele momento era de enxotá-los para fora do castelo, no mínimo. Assim que recebeu o olhar do guardião da princesa, entretanto, preferiu desviar o seu próprio, não pretendendo alertar o homem, que mais parecia um cão de guarda às costas de sua protegida. Logo em seguida, a voz do governador de Kouka fez-se ouvir.

― Quero antes de tudo agradecer-lhes por terem aceitado ao meu convite ― iniciou dirigindo-se a todos os presentes. ― Em especial à princesa, e a Mundok-san. ­― Sorriu cortês, mas logo tornou-se mais sério. ― Chamei todos aqui porque Kouka novamente corre um perigo muito grande, e preciso da ajuda de todos para resolvermos este problema.

― Algum outro ataque inimigo? ― Kyo-ga atentou-se, preocupado.

― Não, pior ― negou com pesar o jovem líder. ― Nosso reino está sendo mais uma vez assolado por uma droga assombrosa e, dessa vez, não é apenas a Tribo da Água que está sofrendo com isso.

― Como o Nadai? ― Tae-woo quem se pronunciou.

― Sim, mas pelo que parece, é uma versão ainda pior ― Joon-gi também entrara na explicação.

― Sim ― confirmou Joo-doh, falando pela primeira vez ―, aparentemente é o Nadai misturado e processado com outras drogas parecidas, o que a torna ainda mais eficaz. Eles a chamam de Kuro Nadai.

― O maior foco, infelizmente, voltou a ser a Tribo da Água, mas já temos relatos de que ela está rapidamente se espalhando pelas Tribos da Terra e do Céu ― Soo-won acrescentara. ― Por enquanto, as únicas tribos que parecem ter escapado são a do Fogo e do Vento. Mas não podemos contar com isso, porque os traficantes parecem agir muito rápido.

― O primeiro relato de uso dela por lá foi há uma semana, e já tive uma cidade devastada por essa maldita droga ― informou Geun-tae sério, embora com pesar.

― Então temos uma situação realmente grave ― alarmou-se o General do Fogo.

― Sim, por isso precisamos agir agora, no começo ― concordou o Rei.

― E o que tem mente, Majestade? ― Kyo-ga voltara a questionar.

― Antes de tudo precisamos saber de onde está vindo essa droga. E é por isso que chamei a princesa para se reunir conosco. ― Encarou-a, embora não tenha sido retribuído de imediato. ― Vocês vêm investigando a Kuro Nadai há alguns dias, certo? Poderia nos dizer o que descobriram?

Yona passara todo o tempo desde que sentara encarando os dedos entrelaçados sobre seu colo. Até entrar no salão, ela acreditava firmemente que conseguiria manter-se neutra e concentrada na situação o tempo todo. Mas, estando ali, no castelo, cercada por aquelas pessoas e, principalmente, sentada imediatamente de frente para Soo-won, ela vacilava em suas próprias certezas e determinações. Por mais que tivesse encontrado o primo por diversas vezes desde aquela noite fatídica, aquela sem dúvidas era a mais diferente (e complicada) de todas elas. Pensava seriamente em responder ainda com os olhos baixos, mas quando pensara em fazê-lo sentira duas mãos sobre seus ombros; duas mãos que ela conhecia bem, e que não existiriam melhores para acalmá-la.

Recebendo o gesto de Hak com um suspiro corajoso, Yona levantou seu rosto, pronta para encarar os olhares que se dirigiam todos a ela.

― Sim ― respondeu finalmente, com firmeza. ― Nós descobrimos uma das fontes da Kuro Nadai.

Os generais presentes delimitaram-se a arregalar levemente seus olhos, um tanto quanto surpresos com a informação. Soo-won, por sua vez, esmerou um pequeno sorriso de satisfação; fora exatamente por aquela informação que ele decidira pedir a ajuda da prima.

― E quem é? ― Geun-tae questionara o que todos esperavam pela resposta.

― Mue Kay-to, um nobre de Xing ― declarou para ainda maior surpresa dos homens. ― Mas as princesas não sabem disso. ― Tratou de informar antes que pensassem o contrário.

― Na verdade ― completou Yoon ―, descobrimos que ele e toda a fortuna que possui é de Xing, mas que mora aqui há alguns anos. Casou-se com uma nativa da Tribo da Terra. Eles vivem em Yuna-o, uma cidade da tribo que faz fronteira com a Tribo da Água e com a Tribo do Céu.

― Isso explica porque a droga está se espalhando primeiro nas três ― Tae-woo concluiu, recebendo o aceno afirmativo de Yoon.

― Então só temos que acabar com esse desgraçado e resolvemos? ― Geun-tae socara a mão esquerda espalmada com a sua direita fechada.

― Não seja idiota ― xingou Joo-doh mal-humorado. ― Há muito mais problemas do que apenas o traficante!

― E o que mais o sabichão pretende fazer? ― debochou implicante, apenas para receber as palavras vociferadas do outro.

― É pra decidir isso que estamos aqui!! ― Uma veia saltou na testa do general.

― De qualquer forma, temo que não seja apenas um traficante ― Soo-won pronunciara-se antes dos dois continuarem a discussão; o que claramente fariam se não tivessem sido interrompidos.

― Sim, sabemos que Kay-to distribui a droga a partir de Yuna-o ― Yona concordara, acrescentando. ― Mas existe alguém que a entrega a ele.

― Desconfiamos que venha de Sei, assim como a Nadai vinha ― Yoon completara mais uma vez.

― Precisamos então descobrir quem entrega a droga para esse cara ― Tae-woo comentara pensativo. ― A questão é: como? ― Olhou um por um, buscando alguma sugestão.

― Com licença ― a voz de Jae-ha ecoara pela primeira vez no recinto. ― Desculpe a intromissão, mas antes de sermos chamados aqui, tínhamos um plano para isso.

― E qual seria? ― O rei o encarara, curioso.

― De nos aproximarmos de Kay-to ― Kija, porém, fora quem respondera.

― Expliquem-se ― Joo-doh exigira ainda mal-humorado.

― Jae-ha e Kija se passariam por nobres da Tribo do Fogo, e se ofereceriam para comercializar a droga lá ― Yona explicara.

― Faríamos isso no dia em que ele receberá o lote de Kuro Nadai na próxima semana ― Kija complementou.

― E então poderiam conseguir descobrir quem é fornecedor ― concluiu Soo-won, pensativo ―, me parece um plano interessante ― comentou por fim, após uma pequena pausa.

― E vocês acham que conseguiriam enganá-lo com isso? ― Geun-tae questionara, levemente cético quanto ao plano.

― E mesmo que consigam enganá-lo ― Joo-doh completara o questionamento ―, realmente acreditam que ele exporia logo no primeiro encontro quem é o fornecedor?

― Ele seria um cara bastante descuidado se fizesse isso ― Tae-woo concordara.

― Não faríamos ele nos contar ― Yoon declarara, para em seguida Jae-ha completá-lo.

― Eu e Kija providenciaríamos para que outros de nós entrassem enquanto o descarregamento da droga estivesse acontecendo.

― E assim teriam chances de descobrir quem fornece ou, no mínimo, um servo do fornecedor ― Soo-won concluíra muito mais para ele do que para os outros, pensativo.

― Pode ser que dê certo ― Geun-tae ponderara.

― O que nos diz, Mundok-san? ― Soo-won voltara-se para o mais velho, que permanecia de olhos fechados e braços cruzados, apenas ouvindo.

― É um plano que dará certo, desde que façamos alguns aprimoramentos ― sugeriu finalmente abrindo os olhos, encarando o jovem rei.

― Sem dúvida faremos. ― O soberano sorriu, fechando os olhos. ― Estive pensando em tentarmos não só descobrir o fornecedor da Kuro Nadai, como também amenizar um pouco da situação caótica que algumas cidades da tribo da Água e da Terra se encontram.

― E como pretende fazer ambas as coisas, Majestada? ― Kyo-ga tornara a olhar para o Rei.

― Dividindo-nos em grupos úteis, cada um com um objetivo diferente ― respondeu sucinto, para então explicar melhor. ― Por exemplo, a princesa, junto de seus companheiros Zeno-san e Yoon-kun, poderiam ir às cidades da Tribo da Terra, encontrar as vítimas da droga e ajudá-las, assim como também, descobrirem os pontos de distribuição. Isso claro, com ajuda de soldados que disponho para ajudá-los. ― Olhou para os três citados e então voltou-se para Mundok novamente. ― Mestre Mundok, General Tae-woo e General Joo-gin poderiam fazer o mesmo pelas cidades da tribo da Água, com ajuda de Lili e também dos soldados da tribo. ― Olhou para todos momentaneamente. ― Claro que não conseguiremos dar conta de todas as cidades em caos, mas já podemos começar desde agora a reverter a situação.

― E os outros grupos? ― Geun-tae encarou Soo-won. ― Quais serão? E o que farão?

― Podemos nos dividir em mais três grupos ― o loiro sugeriu. ― Ki-ja-san e  Jae-ha-san entram em contato com Mue Kay-to; um grupo fica responsável pela infiltração secundária e outro prepara soldados para que possamos agir com maior quantidade de força, caso seja necessário.

― Parece um bom plano para mim ― Geun-tae comentou ao terminar de escutar. ― Estão todos de acordo? ― Girou a cabeça para encarar a todos os presentes, os quais concordaram prontamente.

Joo-doh então voltou a se pronunciar.

― Quem ficará em qual grupo?

― O que nos diz, Mestre Mundok? ― Soo-won mais uma vez pedia a opinião do ancião.

Já possuía uma divisão em mente, mas preferia ouvir se o homem pensava como ele quanto àquele ponto.

Antes de responder, o senhor tomou fôlego rapidamente.

― Acredito que a melhor divisão seria o General Kyo-ga, junto do General Geun-tae e o Seiryuu prepararem os soldados e ficarem à espreita.

― A habilidade do Seiryuu será útil para o que decidirmos como sinal de aviso, caso realmente precisem que interfiramos ― o General do Fogo concordou.

― O grupo de infiltração então seria eu, Sua Majestade e o Raijuu? ― perguntou apenas para confirmar, quase cético com relação àquela proposta.

― Sim ― Mundok confirmou, mesmo que no fundo também desacreditasse que fosse uma boa ideia. ― Sua Majestade é mais indicado para infiltrar-se ― referenciou-se a sagacidade e inteligência de Soo-won ―, você o acompanharia para protegê-lo se for preciso, e a força de Hak é necessária para qualquer adversidade que precisem superar caso algo saia dos planos e vocês sejam bombardeados por soldados de Mue Kay-to ― explicou o raciocínio utilizado para tal conclusão.

― Foi pelo mesmo raciocínio que segui ― Soo-won concordou com as colocações. ― Todos concordam?

A reação geral à pergunta fora bastante diferenciada.

Geun-tae, Kyo-ga e Joo-doh encararam ao rei com certa dúvida no olhar, sobre aquilo ser ou não uma boa ideia ― Joo-doh principalmente; Joon-gi obviamente apenas permaneceu tranquilo, concordando sem problemas; Tae-woo, os dragões e Yoon acompanharam os três primeiro generais, num misto de dúvida e receio, revezando o olhar entre Hak, Yona e Soo-won. Enquanto isso Yona voltava a abaixar sua cabeça, encarando as próprias mãos, parecendo perdida em seus próprios pensamentos.

O primeiro a se pronunciar, contudo, fora Kye-sook, que até ali permanecia calado.

― Vossa Majestade, isso é, no mínimo, imprudente demais até para o senhor ― resolveu ser direto, por mais que estivessem cercados de pessoas.

Chamar a princesa e sua gangue ao castelo já era um absurdo aos olhos do conselheiro, trabalhar com o homem que visivelmente mataria o rei na primeira oportunidade que tivesse, já era demais até para o jovem governante.

― Talvez ― concordou vagamente, agora encarando Hak, que voltava seus olhos para Yona novamente. Não demorou a encontrar o olhar do loiro, entretanto. ― Todos concordam com a divisão? ― repetiu a pergunta, continuando a fixar sua atenção no ex-general.

Hak, por sua vez, não respondeu em voz alta, mas Soo-won compreendera que aquilo era um sim. Levantando-se, sorriu para todos.

― Então acho que já temos o plano básico. Acredito que podemos começar a nos mover.

Ele pretendia caminhar em direção à saída, acompanhado de todos os outros, que também se levantaram. No entanto, fora interrompido pela voz de Yona.

― Eu quero ir com você.

― Hime-sama, acho que não é preciso ― Tae-woo fora o primeiro a se contrapor.

― Mas eu quero ir ― repetiu, revezando-se em olhar para todos.

― Senhorita, acho melhor vir com Zeno e Yoon.

― Não, eu quero ir com eles ― insistiu, pegando a mão livre de Hak, levantando-se.

― Hime-sama, não há necessidade de ir junto com eles ― discordou Mundok, sério. ― Não há necessidade de correr perigo acompanhando-os. Por favor, vá com os outros dois ― referiu-se a Zeno e Yoon. ― A senhorita será muito mais necessária lá.

― Mas... ― Ela iria continuar a insistir, se não tivesse sido interrompida por Hak colocando-se à sua frente antes.

Agora envolvendo a pequena mão que o segurava com tanta força, o moreno abaixou-se levemente, fazendo com que seus olhos azuis se encontrassem com os lilás preocupados.

― Eu voltarei pra você assim que completarmos nosso objetivo ― afirmou com convicção, embora seu tom tentasse acalmar o coração da garota, o qual ele sabia estar temeroso por conta dos pesadelos que ela tivera alguns dias antes.

Yona, por sua vez, fixou suas ametistas nas safiras de seu companheiro.

Diferente do comum, que era Hak se preocupando o que poderia acontecer a ela enquanto estivesse na presença de Soo-won, agora era Yona que sentia um desespero absurdo ao pensar nos dois juntos. Isso se dava desde alguns dias atrás, quando ela acordara apavorada no meio da madrugada, ao fim de um pesadelo que ela definiu como o pior que tivera em toda a sua vida.

Era uma noite abafada, e ela e seus companheiros se encontravam em meio a uma floresta na Tribo da Água. Ela dividia a barraca com Yoon, como de costume, e após assistir Hak sendo assassinado pelas mãos de Soo-won em seus sonhos, não conseguira mais dormir. O medo que aquela possibilidade a trazia era imensurável, e não importava quantas vezes repetisse para si mesma que Hak era forte e não morreria tão fácil nas mãos de qualquer pessoa que fosse, ela não conseguira aquietar seu coração, escolhendo por se levantar e sair da barraca. Um ar fresco talvez a ajudasse a se acalmar.

Sentada sobre uma pedra, observando a água que corria pelo rio próximo ao acampamento, tentando ― e falhando miseravelmente ― não pensar no sangue de Hak escorrendo por seus braços: assim fora que ela passara todo o resto da madrugada.

Na noite seguinte, as cenas de seu última experiência adormecida ainda eram assustadoramente vívidas, o que a impedia de pregar os olhos. O medo que ela sentia de ter outro pesadelo era muito maior que o sono que a tomava.

― Yona, ainda está acordada? ― Yoon acabava de entrar na barraca, pronto para também se deitar.

Sua resposta veio apenas com o aceno afirmativo da amiga, que mesmo deitada há quase uma hora ― e morta de sono ―, não conseguira adormecer.

E então, num ímpeto de coragem momentâneo, ela se sentou, antes do garoto terminar de arrumar seu “colchão”.

― Yoon ― chamou abaixando seus olhos para os dedos que começavam a trançar em seu colo.

― Sim? ― Virou-se para a garota.

― Será que... será que Hak poderia dormir aqui hoje?

Eufemismo seria dizer que o menino ficou surpreso.

― Ãh... ok? ― respondeu mais com uma pergunta do que um consentimento, enquanto as maçãs ficavam rosadas. ― Bem, vocês estão juntos, acho que isso iria acontecer em algum momento ― dizia mais para si mesmo do que para a companheira, tentando conscientizar-se que aquilo era uma atitude normal e que ele tinha que aceitar.

― Kyah!! ― Somente ao perceber o que ele entendera, fora que a princesa negara esbaforida, gesticulando com as mãos, enquanto o rosto ficava mais vermelho que o próprio cabelo. ― Não é nada disso que você está pensando!!

― Não precisa ficar com vergonha, Yona ― afirmara, ainda que suas bochechas continuassem rosadas. ― Vou avisar ao Raijuu! ― avisou já deixando a barraca para ir à procura do moreno, deixando uma Yona completamente sem ação, mais vermelha que um tomate maduro.

Não demorou muito tempo para o guarda-costas aparecer na entrada.

― Hime? ― Entrou, não disfarçando a expressão de confusão após ouvir de Yoon que ela queria que ele dormisse lá.

― H-Hak... ― Mesmo que menos vermelha, a garota permanecia de olhos baixos, tentando esconder o constrangimento anterior.

― E então? ― Sentou-se no leito vazio de Yoon, cruzando suas pernas em posição de lótus, assim como seus braços. ― Por que exatamente eu estou aqui? ― questionou, de fato, curioso para logo em seguida mudar sua expressão. E então, sem aviso prévio, aproximou-se repentinamente do rosto feminino. ― Devo entender que isso é uma proposta? ― Sorriu sacana.

Levou alguns segundos pra Yona processar a insinuação, mas assim que o fez, gritou novamente, empurrando-o para longe de si.

― Não se aproxime, seu pervertido!! ― exigiu, voltando a ruborizar violentamente.

― Hime, eu não te entendo. Você me pede pra vir dormir com você, e agora quer que eu me mantenha longe? Decida-se.

― Não foi pra esse tipo de coisa que te pedi pra dormir comigo! ― declarou ainda vermelha.

Ele, por sua vez, somente riu com vontade; e Yona, finalmente percebendo que estava sendo sacaneada, apenas xingou-o mentalmente antes de explicar o que queria com aquele pedido inusitado.

― Eu só... ― Brincou um pouco com os dedos novamente. ― tive um pesadelo ontem e não consigo dormir...

― O quê? Fantasmas de novo? ― debochou de leve, só pra não perder o costume, mas não tardou a tornar sua expressão mais preocupada ao enxergar o olhar que ela direcionava ao próprio colo enquanto negava com a cabeça.

― Quer me contar com o que sonhou? ― Aproximou-se novamente, agora como um gesto muito mais terno e cuidadoso.

― Eu... ― Pausou por um momento, as cenas voltando a surgir como flashes horrorosos em suas retinas. ― eu sonhei que você... tinha sido... ― Hesitou. ― Que você tinha morrido ― liberou de uma vez; agarrou o tecido de suas vestes com as duas mãos ― pelas mãos dele ― finalmente concluiu, agora sentindo seus olhos marejarem involuntariamente.

Hak nem chegava perto de esperar por algo como aquilo, mas a sombra que tomou seus olhos azuis foi inevitável e instantânea.

Há algum tempo já vinha aprendendo a controlar seu ódio por Soo-won, e não negava de forma alguma que a garota contribuíra mais do que significativamente para isso. Tinha certeza de que, atualmente, se ele encontrasse o antigo amigo, não perderia a razão como deixara acontecer da primeira vez. Mesmo assim, ver que Yona ainda tinha pesadelos relacionados ao primo e a tudo o que vivera até ali, o doía mais do que poderia descrever; principalmente quando se colocava a pensar na dor que ela própria estava sentindo por conta daquela possibilidade, por mais que fosse muito vaga.

Com isso em mente, quando percebera a reação que tivera ao escutar o sonho ele já tinha a garota apertada em seus braços.

― Hime ― chamou baixinho, apoiando seu queixo sobre o topo da cabeça ruiva. ― Eu não vou permitir que isso aconteça ― afirmou com certo pesar, embora ao mesmo tempo sua voz carregasse firmeza, ternura e gentileza. ― Isso não irá acontecer.

A resposta que tivera fora somente o corpo feminino apertando-se ainda mais contra o seu próprio, numa tentativa de talvez espantar o medo que ainda a dominava, mesmo com aquelas palavras. Medo esse que ela ainda carregava no coração, por mais que naquela noite Hak tivesse conseguido feito-a dormir tranquilamente após aquele momento.

Ali no salão, em frente a todos, por vários segundos a princesa permaneceu olhando nos olhos do companheiro, até convencer a si mesma de que o que ele dizia era verdade, obrigando-se assim a sufocar aquele receio.

― Promete? ― pediu uma última vez, ainda hesitante.

Hak sorriu simples, dando sua resposta ao colar de leve, por alguns segundos, seus lábios aos da jovem.

― Prometo.

O momento entre os dois, entretanto, fora cortado pela voz trovejante de Mundok, gritando o nome de Hak, a qual fez os dois darem pequenos pulinhos de susto.

Com ambos voltando-se agora para todos os espectadores presentes, a cena seria hilária, caso não fosse tão perigosa. Talvez, só talvez, eles devessem ter tido o cuidado de não protagonizarem aquele beijo em frente à Mundok.


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Notas finais do capítulo

E então? Quais será que serão as atitudes de Mundok? ahsaushusha'
Confesso que estou me divertindo bastante imaginando o próximo capítulo (e já comecei a escrevê-lo).
Espero que tenham gostado! Um grande beijo e até o próximo! ^^



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