Le Passé escrita por amanda c


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura bebes.

Feliz 2019! ♥



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“Uma metáfora”. Aquela ideia de estar completamente perdida e finalmente ver a luz no fim do túnel ocupava a mente de Nicole. Ela andava com passos largos e cabeça baixa em direção à antiga casa de seus avós paternos.

Um arrepio percorreu sua espinha e quando se deu por si estava parada no meio da rua principal da cidade. Rangeu os dentes com a lembrança do velório de sua querida avó anos antes de Clair, a irmã mais nova de Nicole, nascer.

Sentiu lagrimas escorrendo pelo rosto. Sentou-se em um banco de rua, retirou os óculos de grau e chorou silenciosamente. A saudade de casa, misturada com a saudade daqueles que já não estavam mais vivos lhe doía o peito.

— Vous allez bien? — a voz feminina seguida de uma mãe quente no ombro de Nicole assustou a futurista, que levantou o rosto e limpou as bochechas. Nicole não enxergava nada graças a ausência dos óculos. Sentiu-se envergonhada por chamar atenção de estranhos.

Ainda sem óculos, notou que se tratava de duas pessoas, uma mulher muito baixa e um homem muito alto. Finalmente colocando os óculos sentiu suas bochechas se esquentarem e respirou fundo.

Kentin estava segurando muitas sacolas de mercado, usava a roupa tipicamente militar e estava usandos os óculos de grau, que deixavam seus olhos verdes enormes. A mulher logo na sua frente era Manon, mãe de Kentin. Os cabelos cortados curtinhos e os óculos redondos, muito parecidos com os do filho lhe davam um ar de desenho animado.

— Sim, estou bem — limpou mais uma vez os olhos e sorriu em direção à Kentin. Esperava que ele se lembrasse dela.

— Você é uma das meninas estranhas lá da escola não é? — ele perguntou franzindo o cenho, parecendo se concentrar para lembrar.

— Kentin! — Manon disse autoritária — Não fale desse jeito com a fillette.

— Desculpa — Kentin enrubesceu e Nicole riu.

— Estou acostumada — disse se lembrando como o pai lhe tratava. Não era muito diferente daquilo, porém Kentin sendo pai era muito mais engraçado e autoritário do que qualquer um poderia imaginar.

— Mas você tem certeza que está bem? — sua avó perguntou, pedindo com os olhos que Kentin soltasse as sacolas de mercado no chão.

— Sim. Só estou com saudade da minha avó — ela disse encarando Manon, porém não parou de falar — com saudade da minha casa, que não é por aqui; e principalmente com saudade dos mes parents— ao dizer a palavra “parents” os olhos de Nicole encararam os olhos de Kentin. Ela pensou que poderia contar para Kentin sobre ela, já que ele iria esquecer assim que conseguissem voltar para o futuro.

— Eu queria falar com você, Kentin — Nicole disse sorrindo para Manon — Se você puder, é claro.

— Claro — Kentin sorriu. Ele achava Nicole estranhamente parecida com Aline, tanto fisicamente quanto nas suas ações , principalmente os olhos. Aqueles olhos tão azuis quanto o céu.

— Só me ajude a levar as compras filho — Manon disse pegando uma sacola do chão. Rapidamente Nicole retirou a sacola das mãos da mulher mais velha e pegou mais uma do chão, segurando cada sacola com uma mão. Kentin pegou as restantes e começaram a andar em direção à casa de Manon e Gil.

Jaqueline se sentia envergonhada. Sentia-se culpada. Acima de tudo, sentia-se como uma criança perdida no mercado, que não sabia onde os pais estavam.

Não sabia qual era o endereço em que Nathaniel estava morando sozinho, porém sabia muito bem onde sua mãe estava, já que ainda morava com os pais e sua avó continuou a morar naquela casa mesmo depois do casamento de seus pais.

A casa continuava a mesma coisa. Cheia de flores em vasos no lado de fora, a pintura amarelada na sacada da casa e o cheio de cookies até mesmo na rua. Jaqueline cruzou os braços e sorriu com a memória de vir na casa da avó no final de semana, se encher de leite e cookies e quando chegasse o fim do dia, chorar por ter que voltar para casa.

Nathaniel e Isabelle sempre trabalharam muito, já que Nathaniel é um empresário da área alimentícia e Isabelle uma bióloga botânica que vivia viajando para áreas perigosas atrás de plantas que Jaqueline achava totalmente inúteis.

Ir para casa de sua avó Haydée era o único momento em que se sentia realmente amada por alguém na sua infância. A ausência dos pais lhe tornaram o que ela era, uma menina fútil, artificial e impulsiva.

— Assez! — Jaqueline berrou. Seus olhos estavam fechados e os punhos cerrados — Chega de culpar eles pelo que sou! Não é culpa dele eu ter ido morar com Ambre, nem culpa dela eu pensar coisas ruins das pessoas!

Jaqueline estava prestes a chorar quando ouviu a voz de Isabelle chamando seu nome.

— Por que está gritando na porta da minha casa ? — a loira questionou se apoiando na mureta baixa que separava a rua do seu jardim.

— Perdão — respirou fundo e mordeu o lábio forte. Não iria contar para mais ninguém sobre o futuro, já havia causado muitos problemas abrindo a boca. Porém, sabia muito bem como influenciar garotas como sua mãe, e dessa vez iria fazer algo bom — Eu vim aqui conversar com você. Sobre o Nathaniel.

Adeline e Aaron estavam sentados na recepção do hospital. Adeline balançava a perna ansiosa e impaciente. Os olhos da garota não conseguiam se fixar em um único ponto, sempre acompanhando a movimentação do local.

Aaron sentia pena da garota, ela estava em um estado caótico, que ele nunca imaginou ver alguém daquele modo.

Então viu Lysandre sair do elevador, seu olhar estava distante e aparentemente vermelhos por ter chorado. Sem pensar Adeline correu e abraçou o pai com força. Lysandre se assustou no início, porém o abraço daquela menina era tão familiar e reconfortante que ele abraçou Adeline de volta e voltou a chorar, sussurrando:

— Ela esqueceu tudo que vivemos.

Adeline sentiu um arrepio na espinha. Estava acontecendo tudo ao contrário. Quem sofreu o acidente e perdia a memória no passado deveria ser Lysandre, não Louise.

Os dois ficaram abraçados por um tempo, ambos chorando com medo do que poderia acontecer de agora em diante. Aaron não conseguia parar de olhar para aquela cena. Pai e filha, com a mesma idade, chorando.

Aquilo era poeticamente melancólico e paradoxal.

— Não se preocupe — Adeline conseguiu falar, ainda abraçada ao pai — Vocês vão ser muito felizes.

— Como pode ter tanta certeza? — Lysandre se separou de Adeline, notando que estava abraçando uma estranha somente naquele momento.

Adeline sorriu, com medo de que o que poderia falar depois daquilo iria causar apenas mais problemas.

— Eu sou filha de vocês dois. Eu sei que vocês são o casal mais feliz de tout France.


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Notas finais do capítulo

Glossário: Francês — Português

Vous allez bien? — Você está bem?

Fillette — Menina

Mes parents — Meus pais

Assez — Chega/Basta

Tout France — Toda França



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