Esposa Sem Querer - CEO escrita por Sra Mellark


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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— Ele quer alguma coisa — disse Katniss enquanto Annie colocava a pizza na pequena mesa da sala. — Nin­guém faz uma oferta dessas sem motivo.

Annie retornou ao hall de entrada do apartamento de Katniss, tirou os sapatos e deixou sua bolsa.

Era tarde de domingo. O jogo do Mets estava começan­do no canal de esportes, e as duas amigas vestiam moletons, camisetas folgadas e meias confortáveis.

— Sem queixas de minha parte — disse Annie enquan­to seguia Katniss até a pequena cozinha. — Apenas acho que você deveria dizer sim.

Katniss abriu a porta do freezer e pegou os cubos de gelo.

— E ficar nas mãos dele?

A voz de Annie se tornou sonhadora:

— Uma ilha particular? Mansões? Todas aquelas histó­rias deliciosas de piratas? Eu não ligo para o que ele pre­tende fazer, nós vamos ter um fim de semana sensacional.

Katniss fez uma pausa, segurando a tampa do liquidificador, e olhou para Annie.

— Você não vai para Serenity Island sem mim.

— Eu não vou para Serenity Island! — Katniss despejou uma dúzia de cubos de gelo no liquidificador. Não passa­ria um fim de semana inteiro com Peeta, de jeito nenhum.

— É uma grande oportunidade. — Annie insistiu.

— Apenas para quem tem fetiche por piratas. — Katniss acrescentou manga, abacaxi, chá gelado, menta e vodca aos cubos de gelo, misturando sua receita secreta para a "loucura de manga"; era um a tradição do domingo, junto com a pizza entregue em casa e o jogo de beisebol.

— Não é um fetiche — Annie disse sarcasticamente. — É mais uma obsessão.

Katniss apertou o botão do liquidificador, enchendo o apartamento com seu ruído.

— Você quer dormir com um pirata — ela disse, mesmo com o barulho. — Isso é um fetiche. Pode procurar.

Annie sorriu sem culpa.

— Primeiro, eu tenho de provar que ele é um pirata.

Com a mistura pronta, Katniss desligou o liquidificador e a distribuiu em dois copos. Annie se levantou e se diri­giu para o armário, pegando dois pratos e servindo a pizza.

— Tenho uma ideia. — Katniss disse, voltando para a sala de estar. — Coloque seu vestido vermelho e dourado e seus sapatos Vishashi, então diga que vai dormir com ele se Finnick admitir que é um pirata.

— Isso não seria ético. — Annie a censurou. Katniss riu zombeteira.

— Ao contrário de ir para a ilha para recolher provas contra Peeta?

— Não é como se eu fosse invadir a casa dele. — Disse Annie.

— Você definitivamente não vai invadir a casa dele, uma vez que nós não vamos.

— Desmancha-prazeres...

Katniss se acomodou no sofá e pegou um dos pratos de pizza, olhando o jogo de beisebol enquanto mordia o pepperoni apimentado e o queijo derretido. Suspirou, apro­veitando a comida reconfortante.

— Eu não quero mais pensar nisso.

— Em ir para Serenity Island?

— Em Peeta. Na reforma. Nas discussões. Nos beijos. Tudo. Estou cansada. Só quero sentar aqui, assistir ao jogo e embotar meus sentidos com gordura e carboidrato.

— Parece uma grande perda de tempo. — Mas Annie pegou um pedaço da pizza e assistiu em silêncio ao que acontecia na televisão.

Embora Katniss tentasse se concentrar nos jogadores, sua mente continuava voltando para Peeta e os possíveis motivos dele para o convite.

— Eu gostaria de ter sua capacidade para jogos de xa­drez mentais. — Ela se aventurou em voz alta.

— Como exatamente ele a convidou? — Perguntou Annie, se virando para encarar Katniss, obviamente se prepa­rando para uma boa discussão.

Katniss voltou àquele momento em seu escritório.

— Ele foi educado... terrivelmente educado, e, acho, es­tava um pouco nervoso. Peeta disse que queria que eu co­nhecesse melhor a família dele, soubesse um pouco mais sobre sua avó.

— Houve beijos, carícias...?

Katniss ameaçou jogar pizza em Annie.

— Só palavras.

— Você ficou desapontada?

 — Não.

— Você está mentindo?

— Só um pouco.

Peeta era um homem incrivelmente sexy e excitava Katniss, fazendo-a perder a cabeça. Por isso, ir para Serenity Island era uma ideia muito, muito ruim.

Katniss tomou um grande gole de "loucura de manga".

— Eu sei que ele está tentando me enganar.

— Ainda bem que nós sabemos disso. — Disse Annie.

— Sempre que ficamos a sós, ele tenta me seduzir. Peeta pensa que está levando vantagem.

E provavelmente estava. Ela não conseguia pensar di­reito quando ele a beijava. Droga, não conseguia pensar direito quando ele olhava para ela.

— Então vire o jogo.

— Hã?

— Seduza-o também.

— Você está brincando comigo?

— Dois podem jogar esse jogo, querida. — Annie afir­mou sabiamente. — Há milhares de anos, as mulheres têm feito as coisas à sua maneira em matéria de sexo.

— Quer que eu durma com ele?

— Ele é seu marido. — Annie ressaltou.

— Ele não é aquele tipo de marido.

— Tudo bem. Esqueça. Mas veja desta forma: se nós não formos para a ilha, Peeta vai tentar alguma outra coisa. Se formos, ele achará que está ganhando. Mas nós conhe­cemos o jogo dele e vamos esperar sua próxima cartada.

Katniss era obrigada a admitir: a lógica de Annie ti­nha seus méritos. O problema era que só de pensar na próxima ação de Peeta, um surto de desejo a tomava.

* * *

Eles voaram para Serenity Island em um dos helicópteros de Finnick. Era a primeira vez que Katniss voava. Férias não fi­zeram parte de sua vida restrita, e viagens de avião não eram algo que ela considerasse de primeira necessidade.

A primeira parada após o desembarque na ilha foi na casa dos pais de Finnick, que ficava ao lado do heliporto particular. A garagem dos Odair abrigava uma pequena frota de carrinhos de golfe que Katniss e Annie soube­ram que eram os únicos veículos motorizados da ilha.

David e Darla Odair estavam em Chicago a negócios, mas os vários funcionários da casa se encontravam na re­sidência, junto com a tia de Finnick, Maggie, que recebeu os quatro no hall de entrada usando um vestido rodado, vermelho e brilhante, dos anos 1950, com um colar de pérolas de várias voltas e brincos combinando.

— Meus jovens! — ela gritou, segurando as duas mãos de Finnick. — Que bom que vocês trouxeram companhia!

Maggie era uma mulher muito atraente para sua idade. Seu rosto era enrugado, mas seu cabelo curto e branco estava perfeitamente penteado, e a maquiagem era impe­cável. Dois cachorrinhos brancos andavam pelo chão, até que pararam ao lado dela.

— Olá, tia — disse Finnick, dando um beijo no rosto empoado da mulher. — Como você está?

— E qual dessas duas encantadoras jovens é a sua? — perguntou Maggie, avaliando Katniss e Annie, os rostos, cabelos e roupas, como se estivessem em um desfile e ela fosse a juíza.

— Somos apenas amigos. — Disse Finnick. Um dos cachorrinhos latiu.

— Tolice! — Maggie piscou para Katniss. — Este jovem é um bom partido. — Ela se aproximou, baixando a voz, como se estivesse contando um segredo: — Ele tem dinhei­ro, você sabe.

Katniss não pôde deixar de sorrir.

— Mas este... — Maggie apontou um dedo enrugado na direção de Peeta. — Sempre foi um vadio.

— Olá, tia Maggie — disse Peeta, com paciência óbvia.

— Eu o peguei dentro do armário com Patty Kostalnik.

— Maggie... — Peeta protestou.

— Recentemente? — Katniss perguntou à mulher, seu tom mostrando um interesse óbvio.

— Ou era aquela garota, Pansy? Nunca gostei dela. Ela costumava roubar o meu creme de menthe. Era maio, por­que as macieiras estavam florescendo.

Katniss olhou para Peeta, se divertindo com seu cons­trangimento.

Ele balançou a cabeça, como se negando a acusação.

— Katniss e Annie ficarão na casa de Peeta por alguns dias — Finnick disse à tia.

— Tolice — retrucou Maggie. — Você precisa de uma espo­sa, meu jovem. —Aproximou-se de Katniss e Annie e to­mou cada uma delas pelo braço. — Elas precisam ficar aqui para que você possa cortejá-las. Qual delas você quer?

— Elas vão ficar na casa de Peeta. — Finnick repetiu. Maggie fez um muxoxo de reprovação.

— Você tem de lutar pelo que é seu. Não deixe Peeta ficar com as duas. — Ela olhou para Katniss. — Você o quer?

Katniss sentiu-se corar.

— Receio que eu já esteja...

Maggie se virou para Annie, inquirindo:

— E você?

— Com certeza. — Afirmou Annie com um sorriso tra­vesso. — Como você disse, Finnick é um bom partido.

Maggie sorriu, enquanto Peeta ria, e um olhar de horror tomou conta do rosto de Finnick.

Maggie puxou Annie para um lado.

— Vamos para a cozinha, minha jovem. Você pode me ajudar com a torta.

Finnick as observou enquanto elas deixavam o hall de entrada, indo por um longo corredor.

— Você não vai com elas? — Perguntou Peeta, ainda, ob­viamente, controlando o riso.

— Foi Annie quem se meteu na encrenca. — Disse Finnick, sacudindo a cabeça — Ela está sozinha nisso.

— E essa tal de Pansy? — Katniss perguntou a Peeta, não o deixando escapar.

— Eu tinha 15 anos, e ela era dois anos mais velha.

— E...? — Katniss esperou por mais detalhes.

— Pansy me ensinou a beijar. — Peeta admitiu.

— E...?

— E nada. Você está com ciúme?

Katniss franziu a testa, sentindo que ele se achava pres­tes a virar o jogo.

— De jeito nenhum.

— Por aqui. — Finnick os interrompeu, apontando mais para dentro da casa e os conduzindo.

Katniss estava feliz em parar a conversa e também mui­to impressionada com a casa.

Relativamente nova, a casa grande e luxuosa dos Odair estava no cimo de uma falésia e tinha vista para o oceano e para a distante costa de Connecticut. A parede oeste da grande sala tinha a altura de dois andares e era toda de vidro. Uma escadaria levava a uma parte que ficava acima da área da cozinha.

Depois de Katniss ter examinado os arredores, eles fo­ram para a área externa, onde havia um enorme deque, cheio de mesas e móveis confortáveis. Grandes vasos de plantas tinham sido colocados ali, e um teto retrátil estava meio fechado, proporcionando sombra em uma parte do deque e sol na outra.

— Você deve receber muita gente. — Katniss disse a Finnick, ao ver o bar e as duas churrasqueiras.

Ele concordou, balançando a cabeça.

— Há um grande salão de festas no andar de baixo. Mui­tos quartos extras. E você vê aqueles telhados verdes ali?

Katniss foi para a grade, inclinando-se para olhar o lado íngreme da montanha.

— Sim.

— São casas de hóspedes. Há uma estrada que leva até lá. Minha mãe adora receber hóspedes aqui.

Katniss viu uma piscina ao lado de duas banheiras de hidromassagem em um pátio de terracota. A área de na­tação era rodeada por um gramado esmeralda. E, mais além do terreno dos Odair, depois do que parecia uma praia e no sentido oposto às casas de campo, ela avistou uma torre de pedra e um teto irregular que ficava acima das árvores.

Ela apontou.

— O que é aquilo lá embaixo?

— É a casa de Peeta. — Finnick respondeu. Katniss olhou para Peeta surpresa.

— É um castelo. — Ela balbuciou, encantada com a ideia de explorá-lo. — Quando foi construído?

— Ele já existe há algumas gerações. — Disse Peeta.

— Desde o início dos anos 1700. — Informou Finnick. — Os Mellark acreditam em honrar suas raízes.

Existia algo que não fosse perfeito na vida encantada de Peeta?

— Quero muito conhecê-lo. — Katniss murmurou. Peeta olhou atentamente sua expressão.

— Os Mellark restauram e preservam. — Explicou Finnick. — Os Odair preferem demolir e começar de novo.

— Como está indo a torta? — Katniss perguntou a Annie, que acabara de se juntar a eles.

— Estamos todos convidados, ou melhor, intimados a jantar — Disse Annie.

— Essa é tia Maggie. — Finnick lançou um olhar severo para Annie. — Até a sobremesa, ela já estará falando so­bre seu vestido de casamento.

Annie tentava controlar seu rebelde cabelo ruivo ao vento, fingindo examinar o deque e a grande sala.

— Sem problemas — disse a ele. — Eu poderia facilmente viver aqui.

Finnick revirou os olhos para a irreverência dela.

— Eu não tenho nada contra viver dos frutos da pirata­ria — ela acrescentou. Então puxou a corrente de ouro em seu pescoço e retirou um medalhão de ouro de dentro da blusa, balançando-o na frente de Finnick.

Com surpresa, Katniss reconheceu a moeda que sua amiga adquirira na loja de antiguidades. Annie estava usando-a em seu pescoço!

— O que é isso? — ele quis saber.

— É produto da pilhagem de seu antepassado.

— Não é não. — Mas Finnick olhou mais de perto.

— Do Blue Glacier — ela o informou, triunfante.

— Você está certa. — Finnick pegou-a pelo braço e a pu­xou pelo deque. — Venha aqui.

 Katniss viu Finnick levar Annie até a grande sala.

— Aonde ele a está levando? — ela perguntou a Peeta, curiosa.

— Meu palpite é que Finnick irá mostrar a Annie as Cartas de Autorização.

Katniss estava espantada com essa competição dos dois.

— Annie gastou 2 mil dólares nessa moeda do Blue Glacier — Katniss informou a Peeta. — Pelo visto, esse na­vio foi afundado pelo Black Fern e o capitão Caldwell Odair.

— Eu conheço a história — disse Peeta.

— Então quando recebo os meus dez dólares?

Ele a olhou confuso.

— A aposta no jogo de beisebol — ela o lembrou. — Annie tem provas irrefutáveis de que Finnick descende de piratas. Acredito que isso signifique que ela irá ganhar a discussão. Portanto, você me deve dez dólares.

— Assinadas pelo rei George... — A voz de Finnick vinha das portas abertas.

— E lá vamos nós... — Peeta murmurou em um tom lúgubre.

— Elas ainda não foram legitimadas — dizia Annie.

— Você disse bem: ainda não.

Com a curiosidade crescente, Katniss se posicionou para observar atentamente a discussão, através do vão da porta.

Annie e Finnick estavam de perfil. Claramente olha­vam para alguma coisa pendurada na parede.

— Esqueça o fato de que Caldwell Odair saqueava em águas internacionais — disse Annie. — Só porque um re­gime corrupto lhe dá permissão para cometer um crime...

— Um ponto para mim — Katniss murmurou para Peeta.

— Você está dizendo que a monarquia britânica é um regime corrupto? — Finnick perguntou.

— Ponto para mim agora — disse Peeta, se apoiando na grade do deque.

— Seu tataratataratataravô, ou seja lá qual for o seu an­cestral, manteve pessoas sob a mira de armas.

— Boa, Annie — Katniss sussurrou.

— Eu suspeito de que ele tenha apontado uma espada ou talvez um mosquete — disse Finnick.

— Ele as manteve sob a mira de armas — Annie reafir­mou. — E se apoderou de coisas que não pertenciam a ele.

Katniss deu a Peeta um sorriso afetado e bateu com o dedo indicador no próprio peito. Finnick não sabia com quem estava discutindo.

— Ele afundou os navios deles. E matou pessoas. Não é necessário ser advogado para saber que ele era um ladrão e um assassino.

Finnick, de repente, deu um tapinha no traseiro de Annie.

— Ei! — gritou ela, dando um pulo.

— Você passou dos limites — ele a repreendeu.

O queixo de Katniss caiu. Ela prendeu a respiração, es­perando a reação de Annie.

Isso ia acabar mal. Muito mal.

Finnick comentou mais alguma coisa, mas Katniss não ouviu as palavras.

Em resposta, Annie se inclinou. Como se estivesse respondendo.

Katniss esperou. Mas não houve gritaria nem insultos.

Em vez disso, Finnick acariciou o rosto de Annie. Então ele se encostou no ombro dela e assim permaneceram.

Por alguma razão, ela não o repeliu.

De repente, Peeta pegou Katniss pelo braço e a tirou dali.

— Hã? — Foi o que ela conseguiu dizer.

— Eles não precisam de espectadores — disse Peeta.

— Mas... — Katniss não conseguiu deixar de olhar mais uma vez. — Por que Annie não o matou, Peeta?

— Porque eles estão flertando e não brigando. — Peeta se apoiou na grade, olhando em direção ao sol poente. — Assim como eu e você.

Katniss ficou sem ar.

— Nós não estamos...

— Ah, estamos sim.

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— Tudo bem até aqui? — Finnick perguntou, se aproximando de Peeta, na grade do deque, depois do jantar.

— Acho que sim. — Peeta apontou para as três mu­lheres dentro da casa, onde Maggie seguia o plano dele à risca. — Maggie está mostrando a elas as fotografias de quando ela e Sadie eram meninas. Ela era a pessoa perfeita para dar a Katniss uma ideia de quem tinha sido minha avó.

O pensamento de que Peeta poderia executar um gran­de plano por meio da excêntrica tia Maggie era risível. Mas era exatamente isso o que estava acontecendo.

— Annie se deixa enganar muito facilmente. — Finnick acrescentou. — Mencione piratas e ela seguirá a pista até o fim.

— Noto que você está protestando um pouco demais a respeito dos piratas. — Peeta observou.

Claro, Finnick era muito sensível com relação à sua ori­gem, mas Peeta nunca o tinha visto ficar nervoso de ver­dade por causa disso.

— Isso, com certeza, a deixa louca. — Finnick se divertiu.

— Nossos ancestrais não eram escoteiros.

— E a monarquia britânica não era um regime corrupto.

— Houve muitas decapitações.

— Época diferente, lugar diferente...

— Ah, é? Bom, boa sorte ao tentar levar Annie para a cama com esse argumento.

 — Não se preocupe comigo. Annie gosta de um desa­fio. E eu sou um desafio — disse Finnick, com uma expres­são pensativa.

— É esse seu grande plano?

— É esse o meu grande plano — afirmou Finnick, confiante. Peeta teve de admitir que era engenhoso.

— Vamos falar do seu agora.

— Peeta? — A voz imperiosa de Maggie chegou, enquanto ela aparecia à porta. — Venha aqui. Preciso de sua ajuda.

— Claro. — Ele inclinou-se para ouvir.

— Nós vamos descer para dançar um pouco. — Maggie sempre fora uma grande fã de música, particularmente das big bands. E a dança tinha sido sempre uma parte im­portante das funções sociais da ilha.

— Sem problemas — ele concordou com a cabeça. — Convide a morena, a srta. Katniss.

 Ela olhou para Peeta com cumplicidade.

— Tenho um bom pressentimento sobre a outra moça e Finnick. Ele parece ter um interesse específico no traseiro dela.

Maggie... — Disse Peeta.

Ela se vangloriou:

— Não sou ingênua.

— Nunca achei que você fosse.

— Vocês, jovens, não inventaram o sexo pré-nupcial, sabia?

Peeta não estava nem um pouco inclinado a continuar essa conversa.

— Vamos dançar — ele disse, decidido, e continuou em direção à casa. — Katniss? — chamou-a ao se aproximar das duas, que olhavam um álbum de fotos.

Uma dezena de outros álbuns se empilhava na mesa, à frente delas.

Katniss olhou para cima.

— Estamos descendo. — Ele apontou o caminho. — Nós vamos dançar.

Ela piscou para ele, sem entender. Ele sorriu com a surpresa dela e se aproximou, pegando-a pelo braço e levantando-a.

— Maggie está bancando o cupido.Peeta sussurrou, en­quanto eles caminhavam para a escadaria. — Eu fui instruí­do para escolher você como par, de forma que Finnick fique com Annie.

— Ela é um amor. — Disse Katniss.

— Eles são uma família de conspiradores. — Disse Peeta.

— Ah, é? Bem, você é uma boa pessoa para falar sobre isso...

Peeta não podia discordar.

Eles chegaram ao fim da escada, o grande salão de fes­tas se abrindo à sua frente.

— Uau! — Katniss se admirou, pisando no chão polido do salão. Estendeu os braços e girou, sorrindo como uma menina de 6 anos.

Não que ela se parecesse, mesmo que remotamente, com uma criança.

Ela estava usando sandálias sexies, de salto alto, e uma calça preta justa. Completando o traje, uma camiseta sem mangas com fios metálicos que brilhavam sob as luzes. Enquanto se movia, ela passava a mão pelo cabelo. Ele brilhava, ela brilhava, e Peeta não podia esperar para tê-la em seus braços.

Um funcionário da casa trabalhava no sistema de som, e acordes de Stardust fluíram, vindos de uma dúzia de alto-falantes.

Maggie, Finnick e Annie chegaram rindo e brincando ao pisar no chão polido.

— Você precisa de um parceiro, tia. — Declarou Finnick, pegando-a pela mão.

Era óbvio para Peeta que Finnick sabia exatamente o que sua tia planejava.

— Ah, não seja bobo! — Maggie enrubesceu e deu um tapinha na mão de Finnick — Estou velha demais para dançar.

Peeta foi em direção a Katniss. Ela definitivamente se­ria sua parceira de dança esta noite. Ele a trouxe para seus braços com leveza, e assim se afastaram dos outros, girando.

Já faz um tempo que não fazemos isso. — ele murmu­rou, com o corpo dela ajustado timidamente contra o seu.

— E a última vez não terminou tão bem. — ressaltou Katniss. Mas pegou o ritmo e foi relaxando enquanto ele a conduzia em direção às janelas.

— Poderia ter terminado melhor. — ele concordou. Pode­ria ter terminado com ela em sua cama. Deveria ter termi­nado dessa forma.

Peeta observou o belo rosto de Katniss. Por que não ter­minara dessa forma?

— Maggie disse que era a melhor amiga de sua avó quan­do jovens.

Peeta concordou com a cabeça.

— Naquela época, minha avó Sadie era a filha do zelador. Katniss relaxou um pouco mais.

— Maggie disse que Sadie cresceu aqui, casou aqui e morreu aqui. Tudo nesta ilha.

Peeta riu da descrição enganosa da vida de Sadie.

— Eles a deixavam sair de vez em quando.

— São raízes muito profundas.

— Acho que sim.

— As suas são ainda mais profundas.

— Suponho que sim. — ele disse a ela distraidamente, mais interessado em perceber a forma como Katniss se encostava contra ele do que em falar sobre a história de sua família.

Katniss relaxara completamente agora. Sua cabeça es­tava descansando no ombro dele, e um de seus braços re­pousava em suas costas enquanto as pernas dela tocavam as dele a cada passo.

Enquanto a música continuava, ela se aproximava cada vez mais. As coxas se encontravam, a barriga macia e os delicados seios se ajustando ao corpo dele. O calor dela chegava ao corpo dele, e Peeta podia sentir o cheiro suave do perfume dela. Esse perfume devia ser o favorito de Katniss, porque ele se lembrava dele em Vegas, no iate e em seu escritório.

A música terminou, mas o som de Count Basie ime­diatamente surgiu. It Could Happen to You. Maggie obvia­mente não estava dando a Finnick nenhuma oportunidade de escapar de seu plano romântico com relação à Annie.

Tudo ia bem para Peeta. Nem cavalos selvagens conse­guiriam tirá-lo dos braços de Katniss.

— Eu estava pensando... — ele começou.

— Shh... — ela o interrompeu.

— O quê?

— Será que você pode não falar por um minuto?

— Claro... — Mas a curiosidade rapidamente o dominou. — Por quê?

A voz dela era baixa e doce:

— Estou fingindo que você é outra pessoa.

— Nossa... — ele disse suavemente, ignorando a alfine­tada porque ela se aproximara ainda mais, fechara seus olhos e se abandonara aos movimentos.

— Estou fingindo ser outra pessoa também. — Ela sus­pirou. — Só por um minuto, Peeta. Só durante esta música. Eu quero me desligar do mundo e fingir que pertenço a este lugar.

Ele sentiu um aperto no peito.

Peeta a aproximou ainda mais de si e deu um delicado beijo em sua cabeça.

Você, de fato, pertence a este lugar, ele pensou, em silêncio.


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Notas finais do capítulo

E ai meninas?
Amo a tia do Finnick kkkkkkk



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